Banguela, o dragão Alpha, contou então a história, o conto do Dragão e a Pedra de Fogo. Lembro até hoje das palavras ditas enquanto estava sentado no chão da sala dos meus pais e Banguela contava a história. E eu traduzia a eles as palavras ditas em dragonês.

Um conto nunca revelado nas velhas lendas vikings. Pois só os dragões... Pois só as Feras... Pois só eles sabiam do enigma da Ilha dos Lava Loucos. Uma tribo que sumira misteriosamente. Que ninguém nunca se atreveu a descobrir os seus segredos.

Eis então as suas palavras. As palavras do meu dragão gravadas em minha memória. Para sempre.

“A história do Dragão feito de fogo e da Pedra de Fogo...

Era uma vez um dragão. Um dragão que pelo destino traçado fora colocado no mundo dentro de um Grande Vulcão. Ninguém teve pena do nobre dragão. Aquela criatura esquecida pelo seu criador.

O vulcão da Ilha dos Lava Loucos, o vulcão onde o grande e poderoso dragão surgira, entrou em erupção. E nessa Ilha habitava uma tribo que, como o próprio nome dizia sobre eles, eram malucos e sem a mínima noção de segurança. E que permaneceram em seu lar mesmo com as lavas descendo pela montanha. E nunca mais se ouvira falar deles...

E o dragão, exposto a mais de 750ºC do calor das lavas, contra tudo. Ele deveria estar morto, mas estava vivo. Deveria estar queimado, mas estava intacto. Estar ferido, mas estava fortalecido.

Ele aprendeu a conviver com o fogo. E a ser um dos únicos dragões do fogo. Mas do contrário da maioria daqueles dragões que conviviam com ele, aquele dragão era feito dele. Feito de fogo.

O Dragão de Fogo. O primeiro dragão. O ancestral.

E esse dragão, segundo muitos, é hoje o único habitante daquela ilha. E tinha um poder...

Saber de tudo.

As águas traziam o conhecimento até os pés da montanha. Todos os segredos da terra e do ar fluem um dia para o mar. Riachos correm para os rios, rios para o Oceano... Devagar ou rápido, tudo, dos menores e dos maiores, chegam ao alcance do Dragão de Fogo um dia. Não há fatos ocultos. Nem perdidos. Nem esquecidos.

Mas há algo que esse dragão deseja. Algo pelo que suas garras incandescentes, presas em brasa, músculos reluzentes e escamas de chamas ansiavam. E ainda anseiam.

A Pedra de Fogo.

A Pedra do Poder.

A Pedra do Saber.

A Pedra.

Essa pequena pedra é o seu objeto de desejo. E ninguém sabe o porquê. Alguns dizem que dará a vida eterna aquela fera. Ou o poder para que governe o mundo. Mas ninguém realmente sabe por que ele a quer.

A Pedra da Colina Culminante. A Pedra escondida pelas pilhas de rochas chamada Berk.

Apenas se sabe que aquele que levar essa pedra ao topo do vulcão, ganhará duas perguntas. E duas respostas.

Mas alguém poderia perguntar algo a um dragão se não pode falar com ele? Falar sua língua?

Haveria um Encantador. Que daria término à angústia do Dragão dos Lava Loucos. Aquele que teria o dom de falar...