The Curse - Romania Selection Interativa escrita por Mrs Trent, Angie, Alice Zahyr


Capítulo 2
Capítulo 01 - Doubts


Notas iniciais do capítulo

OI OI SELECIONADAS! *O* Aqui é a B Angel >< Gostaria de avisar que já temos data fixa para os posts de TCRS! Começando por hoje, postaremos todas as sextas! E infelizmente dessa vez não teremos banner :/ Acontece que eu me esqueci totalmente do prazo e acabei não fazendo! Mas bem, temos aqui um capítulo fresquinho para conhecerem um pouco melhor nossos queridos personagens e suas situações atuais! >



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Estava tudo embaçado, pouco podia ser visto. Stephen corria, sem direção, sem rumo algum, o desespero começava a toma-lo ao constatar aos poucos o quão perdido ele estava. Havia sido um passeio real, ele sabia que não deveria ir muito longe, mas era um menino de dez anos um tanto curioso e inquieto. Ele se deixara levar pelas maravilhas do reino, era a primeira vez que podia ver tudo de perto, além dos muros do enorme castelo. Era tão fascinante, a cada passo uma nova descoberta até que então... caíra no desconhecido.

Totalmente perdido, com a cabeça a mil e as pernas já cansadas, ele achou portões negros e grossos, enormes; eles pareciam gritar: PERIGO. Além dos portões havia um vilarejo com casas de ambos os lados, formando fileiras na esquerda e na direita; no final de todas elas havia uma casa enorme... uma mansão, melhor dizendo. Não era claro, os flashes revelavam telhados escuros e uma tintura cinzenta nas paredes, tudo em volta parecia rodar enquanto ele se espremia entre uma grade e outra do portão, conseguindo então adentrar o terreno. A medida que se aproximava da mansão, a sua visão piorava e uma dor de cabeça forte lhe atingia. O que vinha a seguir ele nunca descobrira, apenas sentia como se estivesse caindo. Luzes fortes lhe cegavam antes da escuridão lhe tomar, juntamente com uma voz doce e angelical:

“Stephen...”

“Volte para casa”

Um grito agudo cortava o ar como unhas afiadas em vidro límpido e então, ele voltava a realidade, suado, cansado e ofegando como se houvesse corrido quilômetros sem parar.

Era o mesmo sonho há anos e ele nunca conseguia descobrir o que acontecia ao adentrar a grande mansão, parecia tudo tão distorcido. Entretanto, havia uma coisa que permanecia em sua mente: a voz. Suave e aveludada como nunca ouvira, atraente.

Ele inspirou profundamente, soltando o ar devagar como sempre fazia para se acalmar.

O sol começava a atravessar as cortinas de seu quarto, então ele sabia que deveria levantar, se banhar e se vestir. Teria um longo dia pela frente...

Depois da morte de Alice, nenhuma outra jovem que fosse nobre estava disposta a se casar com Stephen. Todas temiam (inclusive ele mesmo) o que quer que fosse que teria acontecido com ela; os boatos se espalhavam e não eram nem um pouco piedosos. Porém, o jovem príncipe tentava não se abalar por isso, não deixaria que as fofocas interferissem em sua vida pessoal.

Depois de tomar café da manhã, seu pai o chamou para uma conversa privada em seu escritório. O imperador Ronan era o membro mais rígido de toda a família Petruskè, sempre exigia o máximo que podia de Stephen e isso chegava a cansar o príncipe, afinal, a perfeição era inalcançável. Ronan não parecia perceber isso, já que além de exigente, o imperador também conseguia ser persistente. Uma vez tomada sua decisão, ele muito dificilmente voltava atrás.

Stephen se apressou para ser pontual, chegando ao escritório do pai um minuto antes do tempo desejado. Lá ele encontrou também sua mãe. Os dois estavam conversando na sacada quando ouviram Stephen entrar.

O imperador Ronan endireitou o terno que quase não lhe servia mais por estar bem acima do peso e fitou o filho com os olhos verdes frios e inexpressivos.

— Stephen, eu e sua mãe queremos lhe informar...

— ... Lhe apresentar uma ideia — Adelaide corrigiu o marido rapidamente, não querendo deixar Stephen muito desconfortável.

Ela sabia bem como o filho ficava em situações em que não tinha escolha, ela cogitava que se o fizesse pensar que tinha escolha, quem sabe não reagiria melhor a notícia? Apesar de conhecer Stephen, nem mesmo ela podia prever muito bem qual seria a sua reação. O príncipe sempre fora um tanto fechado com os pais, isso o tornava imprevisível certas vezes, ele podia surpreender de formas maravilhosas ou trágicas. Adelaide rezava para que dessa vez o gênio do príncipe colaborasse, seria bem mais fácil dessa forma.

Stephen cruzou os braços e franziu o cenho.

— Que tipo de ideia?

— Bem, você precisa urgentemente de uma companheira e... — Adelaide começou, fazendo Stephen erguer uma sobrancelha totalmente indignado. Por um mísero instante, ele teve que repassar aquilo na sua mente e avaliar esperando que fosse um tipo de brincadeira.

— Não fazem sequer dois meses desde a morte de Alice e já querem que eu arrume outra? — ele interrompeu a mãe completamente perplexo — Qual é o problema de vocês? A família dela ainda está de luto, os amigos, devemos mostrar algum respeito!

Ronan mandou um olhar frio para o filho, ao qual Stephen correspondeu com firmeza, apertando mais os braços cruzados sobre o peito. Ele não cederia, não dessa vez. Aquilo era apenas insensível demais, não conseguia nem pensar em ter outra companheira no momento. As imagens daquela noite o assombravam sempre que fechava os olhos... Ele não amou Alice, mas tinha um grande carinho, respeito e cativo pela loira. Ainda sentia seu corpo mole nos braços e ainda podia ver os olhos vidrados, sem foco... sem vida.

Seu coração se apertava ao lembrar de como tirara a vida de uma pessoa tão boa, tão inofensiva, com muito mais pela frente. Ele nunca se perdoaria.

— Você teve o seu luto, Stephen, é hora de cumprir seu dever para com o país. — Ronan falou, um leve rastro de suor começava a surgir na cabeça careca do imperador, evidenciando que ele estava ficando nervoso.

— Filho, me escute: depois da morte de Lady Alice as outras nobres ficaram... hesitantes em tê-lo como pretendente. — Adelaide conduzia o filho para a cadeira, o convidando a se sentar e querendo acalmá-lo, mas em vão. Stephen recuou a seus toques.

— Não é para menos, se elas soubessem da verdade...

— A verdade não é uma opção, — a imperatriz o interrompeu rapidamente — e é por isso que achamos um outro meio para que você ache a sua esposa. A seleção. Terá tempo para ter mais do seu luto, o processo não é tão rápido, e uma plebeia nunca desconfiará do que houve com Lady Alice. Além de que se acontecer algum... — ela limpou a garganta, escolhendo suas palavras — acidente, ninguém dará falta.

Stephen negou, totalmente certo de que aquilo não poderia funcionar. Se já era difícil antes se esquivar dos toques de Alice, quem dirá de dezenas de mulheres? Não, ele não podia sequer imaginar ou cogitar acabar tirando a vida de outra.

Ronan abriu a boca para falar e Stephen o interrompeu:

— Deixe-me adivinhar: “não é sua escolha, Stephen”. Eu ainda não entendo o motivo de pedirem minha opinião. Parecem felizes o suficiente decidindo absolutamente tudo por mim.

O príncipe deixou o escritório, indo apressado para o jardim e ouvindo a voz alta e estridente de seu pai soar atrás de si. Ele não aguentava mais um segundo sequer de tamanho absurdo. Precisava de ar, imediatamente.

Ao passar pelos portões que levavam ao enorme jardim, ele tomou uma bela lufada de ar, afrouxando a gravata e respirando fundo. Era primavera, para a alegria do povo. O céu de Bucareste estava aberto e o sol dava as boas-vindas confortavelmente a todos, juntamente com uma brisa fresca que tornava o clima absolutamente delicioso.

O jardim estava quieto naquela manhã, a variedade de cores ali era extremamente agradável ao olhar. Havia uma estradinha de pedra entre as árvores e flores, ele caminhou por ali, sentindo o perfume gostoso das plantas e aproveitando a sombra e a brisa fresca. A estradinha levava até um lado do jardim que era feito para visitas ou apenas para relaxar. Haviam algumas mesas e cadeiras. Ele se sentou ali e se deixou pensar e refletir sobre a ideia já imposta de seus pais.

O pior era que ele sabia que não havia como correr ali.

Se as nobres estavam mesmo receosas, seria muito difícil de arrumar uma candidata a imperatriz. Ele sabia que sua mãe insistiria com a seleção, ela adorava um bom espetáculo, festas e todos esses eventos que Stephen julgava exagerados. Ele apreciava uma boa festa, mas ultimamente não têm estado no humor para festejar. Se acontecesse da seleção realmente vir à tona, ele não gostava nem de pensar em como seria horrível para ele. Ter que fingir simpatia, carisma e ainda se fazer de interessado quando na verdade está louco para gritar e quem sabe liberar um pouco daquela raiva, daquela dor, daquele fardo que ele carregava.

— Não gosto quando pensa demais, fica chato — a voz de sinos de sua irmã, Mihaela, lhe deu um susto breve que o fez suspirar.

— Você não gosta da maioria das coisas que eu faço, Miha. — Stephen a lembrou e a morena assentiu, se sentando na cadeira ao seu lado.

— É verdade, mas acontece que você é muito careta agora, costumava ser mais divertido. Aceita? — ela lhe ofereceu uma taça de champanhe.

Ele definitivamente não estava na situação de negar um pouco de álcool, de fato, estava agradecido, mas olhou para a irmã com certa desconfiança, a qual devolveu um olhar confuso.

— O quê?

— Estou pagando até hoje pela última vez que bebi com você.

Mihaela deu um sorriso torto para o irmão e bebericou de sua taça calmamente, cruzando as pernas. A princesa tinha um jeito especial de fazer Stephen sair da linha quando precisava, e na maioria (ou em todas) das vezes ele acabava se arrependendo.

— Bons tempos, aliás — ela comentou com os olhos castanhos avermelhados brilhando em nostalgia e Stephen rolou os olhos, erguendo uma sobrancelha — Não se preocupe, não tem nada nessa, apesar de parecer que você precisa de algo mais forte.

Stephen se permitiu beber um pouco, apreciando o gosto para ver se não sentia mesmo nada de diferente; ao notar, Miha soltou uma breve e baixa risada, percebendo a hesitação do irmão.

— Estão bebendo e nem me convidaram? — Andrei, o caçula, parecia ofendido.

Ele se sentou na cadeira vaga, parecendo o mais deslocado dali. Andrei era o mais baixo da família com apenas 1,65 de altura em seus quinze anos, ele esperava muito que isso mudasse em breve. Tinha os mesmos olhos verdes do pai, mas os cabelos eram de uma cor cobre como os de seu avô um dia foram, cacheados e rebeldes, acompanhados de sardas que se espalhavam pelo seu rosto.

Mihaela bufou com a presença do irmão, eles tendiam a discutir bastante.

— Miha, tente ao menos tente fingir que gosta da minha companhia.

— Não consigo ser falsa a esse ponto, — ela deu de ombros — e se quiser beber terá que buscar.

— Duas crianças. — Stephen comentou.

Miha apertou os lábios vermelhos numa expressão sarcástica.

— Diz o grande adulto.

Stephen rebateria com uma piada, mas ultimamente não têm se sentido nada adulto ou maduro. Dois meses atrás ele era mais confiante, mas agora se perguntava se não se tornara um mero garoto assustado, agora apavorado.

— O que houve? — foi Andrei a perguntar, notando a expressão nada boa do irmão.

Mihaela apoiou o rosto na mão, olhando para Stephen com atenção, também curiosa.

Ele sabia que não poderia esconder por muito tempo, seus pais pareciam extremamente decididos e não levariam sua opinião em consideração. Sua mãe poderia até tentar bajulá-lo por um tempo, mas logo sua verdadeira face se mostraria, a irritada que vai fazer o que quer mesmo que ele não queira.

— Querem fazer a seleção. — ele soltou.

Andrei olhou para o irmão meio chocado, mas Miha não parecia nada surpresa, o que chamou grande parte da atenção de Stephen. Ela suspirou.

— Eu não sabia, mas já estava esperando por algo assim. Com as nobres fora de jogo, é claro que a imperatriz Adelaide iria querer apelar para isso, com certeza ela encheu os ouvidos de papai até convencê-lo de que era o certo. Mas Stephen, não há muitas opções aqui, você vê isso, não vê? Precisa de uma companheira, talvez seja muito cedo, mas precisa. Aconteceria uma hora ou outra.

Andrei suspirou meio incomodado. Era provavelmente o que mais entendia Stephen, não por já ter passado pela mesma situação (isso seria até difícil), mas por captar facilmente a dor das pessoas. Ele já se colocara no lugar do irmão, já pensou no quão complicado deveria ser.

— Ela tem razão. — disse o caçula.

Stephen assentiu. Era claro que uma hora ou outra aconteceria algo assim, mas ele ainda achava muito cedo. Não era certo, não agora, não se sentia pronto. Contudo, ele duvidava que um dia se sentiria.

Talvez fosse mesmo inútil relutar. Quando mais cedo começasse, mais cedo acabaria, certo? Ele esperava que sim.

O príncipe bufou e terminou sua taça rapidamente.

— Parece errado, Alice...

— Alice não gostaria de te ver desse jeito: chato, carrancudo, tão triste que eu me deprimo só de te ver. — Mihaela o interrompeu.

— Obrigado, Miha. Sua gentileza me cativa — ele ironizou.

A morena deu de ombros.

— Estou sendo sincera.

— Stephen, — Andrei chamou o irmão, conseguindo sua atenção — faça o que achar melhor. Alice confiava que você seria um bom imperador e eu também confio.

Stephen apenas assentiu, apreciando as palavras do irmão, que apesar de gentis e de suporte, não lhe serviram de muita ajuda. Ele se levantou.

— Para onde vai? — Miha perguntou.

Ele olhou para a irmã.

— Pensar, claramente eu tenho pouco tempo e muito a resolver.

Enquanto se distanciava, ele pensava que talvez fosse hora de deixar de se sentir como um garotinho assustado. Ele era um príncipe – futuro imperador aliás – de 23 anos, um homem formado e decidido. Hora de mostrar isso.

Hora de agir como um imperador agiria.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse novo Stephen renovado com confiança e determinação?? Heiinn??? Isso é que é ter atitude! KKKKKK' Vejo vocês nos comentários! :*