Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 9
Mudanças?


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente quero me desculpar com todos vocês pela minha ausência, estou cheia de coisas sobre meu casamento que está muito perto *-*
Sabe ando pensando em publicar esse livro mas com um nome em português o que vocês acham?
Esse cap. foi bem tenso para eu conseguir terminar o próximo sera dramático okay?



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Quando ouvia alguém dizer que havia perdido um bebê me causava pena, somente pena, nunca imaginei que a dor poderia dilacerar um peito afinal nem mesmo conheceram o rosto do bebê, sempre pensei ser drama demais, nunca pensei que sentiria isso na pele.

Depois de uma semana em casa eu não tive outra saída a não ser voltar para a faculdade, não estranhei os olhares preocupados de Karina e Marcos apenas ignorei assim como fiz com todas as ligações de David.

Meu sorriso havia sido tomado naquela tarde de sábado e por esse motivo nenhum dos sorrisos recebidos pelos corredores foram correspondidos.

Assim como nosso encontro no beco meus olhos encontraram os de David, tudo que tinha cor se apagou apenas o loiro tinha vida. David caminhou rapidamente até me alcançar, seus olhos estavam aflitos era visível a dor que minha presença lhe causava, meu coração não acelerava mais quando encontrava meu grande amor.

—Por que recusou minhas ligações? —Perguntou ele sem disfarçar.

—Eu não tinha obrigação em atende-las.

—Ana eu fiquei preocupado. —Respondeu ele me abraçando, não o rejeitei isso era força demais para meu corpo mal alimentado— Annelise me disse para ir ver como você estava.

—Annelise! —Arregalei os olhos meu coração se esmagou em suas mãos David, afinal agora Annelise tinha tudo que eu um dia sonhei, tudo que eu quase conquistei.

Meus braços se forçaram a empurrar David com uma raiva interior grande demais para meu corpo suportar, não sei o que as pessoas estranharam mais se foi meus olhos raivosos ou o olhar a assustado que David vidrava em mim.

Assim que corri ao banheiro tentei apagar a imagem de David me encarando com o cabelo bagunçado como de costume, eu demorei para entender que essa era a vida de alguém que se permitiu ser amante de um homem como David, mas aquele David que eu havia deixado no corredor, aquele era o David que me conquistou e era o David que eu queria afastar.

Meus braços me apoiavam na pia gelada em frente ao espelho que eu não enxergava, pois meus olhos permaneciam fechados para não derrubar as lagrimas que imploravam para rolar elas só desistiram quando um som de algo metálico rasgar um tecido soou perto de minha orelha direita fazendo com que meus olhos se abrissem em menos de um segundo.

Qual seria a sua reação ao ver seus fios de cabelo caídos ao chão? Eu simplesmente permaneci imóvel, havia muitos fios laranja sobre a pia branca, forcei meus olhos a encontrar quem eu já sabia que estaria atrás de mim, o espelho a minha frente mostrou-me a imagem das duas meninas, a mais alta que sempre me agride com mais força estava com uma tesoura na mão enquanto sorria com uma expressão medonha, a mais baixa desta vez estava assustada sabia que tinham ido longe demais.

—Isso é errado. —Resmungou a mais baixa.

—Cale a boca eu disse que a boneca aqui tem que parar de se envolver com o meu David! —Disse a outra.

—Eu não tenho nada com ele. —Respondi.

—Não minta! Todos vimos a cena no corredor.

—Eu não tenho nada com ele.

—Ana entenda uma coisa, o David se envolveu com varias de nós, eu mesma me deitei varias vezes com ele, eu amo ele, mas nem por isso corro atrás dele como uma cachorra e te ver fazer isso me irrita.

—Te irrita? —Perguntei tentando ingerir o que na verdade eu já sabia, Annelise havia me contado que David a traiu com varias alunas a obsessão dessas garotas não poderia ser apenas admiração. —Você só queria ser como eu, queria ter a coragem que eu tenho de correr atrás do que eu queria, mas a nossa situação é completamente diferente nós dividimos a mesma casa ele e eu éramos um casal. —Respondi antes de ser jogada ao chão como de costume.

—Você é louca menina, confesso que não seria difícil se apaixonar por você já que é uma perfeita boneca, mas você é tola, você o ama e ele nunca te amou , foi apenas mais uma se fosse diferente de mim ele não estaria com a aliança dourada e muito menos estaria com a esposa e a filha esperando em casa, por um acaso Ana algum dia o David disse que te amava? —Perguntou a menina entristecida me acertando com chutes fortes na barriga.

As palavras da garota me colocaram em transe, David realmente nunca havia dito que me amava, fui inocente demais em pensar que tal amor pudesse mesmo existir no peito cruel do loiro. As lagrimas enfim me afogaram o grito de desespero saiu de minha alma, o gosto de sangue subiu aos meus lábios me afogando entre as lagrimas.

—Chega! —Gritou a mais baixa se aproximando de mim. —Eu sinto muito Ana, eu sofri tanto quanto você, ele só quer um caso e não alguém pra construir uma família.

—Você não conhece o David e muito menos ela, tudo que ele sempre quis foi uma família, a mulher nunca quis dar isso a ele.

—Não se engane com ele Ana você merece alguém que te faça feliz e que possa construir algo com você.

—Escutem bem. —Pedi enquanto me levantava— Eu conheço o David, eu o amei com todas as minhas forças, mas esse amor morreu junto com nosso filho há uma semana. —Cuspi causando espanto nas duas garotas— Agora se quiserem me arrebentar por eu não ter conseguido salvar a vida de nosso filho façam isso, a dor que você acabou de causar em mim não se compara com a dor que estou sentindo com a falta do meu filho, se pedir que me matem é muito para vocês duas então, por favor, eu imploro que me deixem em paz.

As garotas permaneceram me encarando com os olhos arregalados, a mais baixa não segurou o choro e transbordou causando em mim náuseas por sentirem pena de mim assim como eu sentia das outras pessoas, meu corpo estava bambo caminhei com dificuldade até o corredor sem me importar com o rastro de sangue que se desenhava por onde eu passava me escorando pelas paredes, foi a primeira vez que percebi que ninguém se importava comigo, afinal se eu presenciasse alguém no meu estado eu já teria corrido socorrer e não ficar apenas observando como as pessoas ao meu redor horrorizadas.

Não demorou muito para que David se destacar em meio à multidão sua boca estava entre aberta ele disse algo que não pude ouvir minhas pernas amoleceram enquanto minha visão se tornou em linhas antes de apagar por completa assim que os braços do homem me impedissem de chegar ao chão.

Assim que retornei ao mundo encontrei um quarto branco e gelado, assim que meus olhos percorreram meus braços encontrei vários canos, havia um cano em meu nariz que descia por dentro de mim parecia ser pela garganta me causando enjôo e muita dor.

—Como se sente? —Perguntou David sentado ao meu lado.

—Que horas são? —Perguntei.

—Como se sente? —Insistiu ele recebendo como resposta meu silencio— Ana eu sinto muito. —Continuou ele tentando pegar minha mão e fracassando.

—Que horas é David? —Perguntei novamente forçando contato visual.

—Sete da manhã.

—Você passou a noite fora sua mulher deve estar preocupada com o marido infiel. —Ataquei.

—Ela sabe que estou no hospital com você. —Respondeu ele sem nenhuma alteração— Ana, o doutor quer falar com você.

Percebi na voz de David que havia algo errado, aquele olhar entristecido estava diferente o que me causou um temor imenso.

O Doutor entrou minutos depois que me calei, era um senhor baixo e barrigudo parecendo ainda mais baixo com um jaleco branco tão comprido.

—Vamos pode me dar a noticia ruim já estou preparada. —Menti.

—Bom Ana seu marido... —Começou o homem.

—Meu amante. —Corrigi.

—Bem, o senhor David me contou ontem quando chegaram que você havia perdido um bebê recentemente, você chegou com hemorragia interna Ana, seu útero já estava comprometido a perca da criança optando por uma cesárea de urgência, a agressão que você sofreu provocou um dano maior, não há mais chances de você engravidar Ana, você é estéril.

Esse foi um choque tão grande quanto a noticia de ter perdido o Davi, o fato sobre eu nunca mais poder ter filhos me matou ali mesmo no quarto gelado, a menos de um mês eu havia comprado o berço pro meu bebê que nasceria em breve, a menos de um mês eu senti a melhor sensação do mundo os primeiro chutes visíveis de Davi e assim de um dia pro outro meu maior sonho foi retirado de mim, a partir daquele dia eu tive que entrar na porcentagem mundial das mulheres que jamais poderiam ser mãe.

—Não fique nervosa há outros métodos de ser mãe, a doção é a mais optada no momento. —Continuou o medico.

—Quando eu recebo alta? —Perguntei forçando um sorriso.

—Daqui uns quatro dias mais ou menos. —Respondeu o Medico confuso.

—Ana... —Resmungou David.

—David eu preferia que não viesse mais aqui. —Respondi irritada.

David permaneceu em meu quarto até as duas da tarde em silencio apenas me observando enquanto eu fingia que o mesmo não estava ali, liguei a TV em um filme de comedia, soltei varias gargalhadas. Assim que David se foi surtei enfim estava sozinha agonizei em gritos sufocantes resultando em me sedarem por vários dias, depois de duas semanas no hospital fui liberada, nem havia percebido que os quatro dias haviam se arrastado por mais dez dias.

O sol estava fraco amarelinho tentando aquecer o vento gelado, parei em frente à farmácia que compraria meus remédios meu reflexo nas portas de vidro me hipnotizou, eu estava exageradamente magra, meu cabelo estava todo torto e armado como um leão e mesmo assim eu estava linda e esse sempre foi o problema, minha aparência sempre foi tudo para mim e agora isso não significava nada, meu desejo era me transformar em alguém desconhecido.

Enquanto admirava meu reflexo comecei a pensar em Davi.

“Será que você teria meus cabelos?” —Pensei— “Não! Certamente puxaria os cabelos dourados do pai”

Eu não poderia ter pensamentos assim novamente e foi com essa decisão que fechei os olhos e entrei na farmácia ignorando a necessidade de pedir meus remédios e passando apenas um embrulho no caixa era um alisante natural que escurece os cabelos.

Meu interior relutou o caminho todo, nesse momento percebi que as pessoas eram sem cor alguma e talvez assim como eu enxergava vida em David ele também me visse colorida dessa forma com meus cabelos cor de fogo e a única coisa que eu queria agora era mudar, ou melhor, me tornar normal, me fundir aos outros. Assim que cheguei em casa corri para o quarto que agora era meu busquei uma tesoura pelas gavetas da cômoda encontrando apenas minha tesoura de costura, assim que me acostumei com meu reflexo doentio no espelho respirei e entre lagrimas cortei todo meu cabelo bem curto desfiado com pontas longas em um bico na frente em seguida passei o produto como ensinava o rotulo esperei por algum tempo e enxagüei embaixo do chuveiro enquanto tomava um delicioso banho. Já era tarde quando consegui secar meu cabelo por completo, sim eu não era mais a mesma, nem de longe me parecia comigo mesma e aquilo me confortou, definitivamente eu tinha que me reerguer e aquela era a chance já que em três horas aconteceriam às fotos da formatura.

O sonhado vestido preto de tule até os punhos estava guardado em minha gaveta experimentei sem sombra de duvidas que me ficaria imenso, foi trabalhoso cada ajuste mesmo assim ficou impecável em meu corpo, eu queria me sentir diferente, mas não imaginei o quão diferente me tornaria, a “Ana Banana” estava embrulhada e aguardando o caminhão de lixo vir buscá-la.

Minha maquiagem dessa vez não era simples, procurei tutorias na internet para conseguir fazer os olhos pretos e a boca mortalmente vermelha com meu amado batom cereja.

A minha meta de ser invisível não havia funcionado e só percebi o que havia acontecido quando o taxista chegou e se engasgou para perguntar meu destino, isso me deixou inquieta por que na verdade não era isso que eu queria, e só então percebi que havia matado a menina e dei espaço para nascer à mulher.

Assim que cheguei à grande faculdade meu salto era a única coisa que soava no corredor, eu estava atrasada enquanto todos estavam no grande salão de apresentação, assim que cheguei ao salão todos estavam de costas para mim, caminhei para o canto onde estava minha turma, todos estavam sendo chamados pelo orador de cada classe, demorou cerca de meia hora até que a minha fosse chamada por David, cinco pessoas foram chamadas antes do meu nome por ordem alfabética, percebi que havia me tornado quando David olhou para minha direção e não me reconheceu missão cumprida, não imaginei que ficaria decepcionada, levantei antes que o segundo nome fosse chamado, cochichos começaram a ecoar, David ficou confuso com a aproximação da desconhecida, as pessoas deveriam estar pensando que alguém havia se confundido e subido ao palco. David só me reconheceu quando nossos olhos se cruzaram, peguei meu diploma para foto e sorri como se fosse à pessoa mais feliz da face da terra, em seguida cancelei qualquer emoção e tornei a olhar David enquanto entregava o diploma para que ele chamasse outro aluno.

David o único homem que amei em minha vida, o coordenador da minha turma, meu antigo patrão, pai do meu filho. O mesmo do David que agarrarei no beco, o mesmo homem que queimei com café me olhava com uma expressão confusa parecia que algo havia se quebrado em seu corpo, seus olhos brilhavam como os cristais das jóias que ganhei de sua avó e agora estavam em meu corpo.

—Ana. —Resmungou ele.

—O microfone está ligado. —Respondi— A platéia é grande.

—Me perdoe, eu disse que não te deixaria sozinha novamente.

—Todos estão te ouvindo.

—Eu não ligo. —Respondeu ele engasgando— Eu sinto muito, eu deveria ter te deixado falar eu sei que você tentou, me perdoe.

—Eu não tenho que te perdoar, ele morreu David ninguém pode trazer ele de volta para mim, ninguém pode fazer o milagre com que eu possa ter outros filhos, mas a culpa não é sua. —Respondi— A culpa é total e inteiramente minha por me apaixonar por você David, por me apaixonar por um cara casado que só aproveitou o tempo comigo e nada mais, fui apenas mais uma.

—Hoje cedo me despedi da faculdade esse é meu ultimo dia Ana, então vou deixar bem claro. —Respondeu ele tentando segurar minhas mãos— Você nunca foi mais uma você é única Ana.

—Agora é tarde David.

—Eu sei, só queria que todos soubessem.

—Isso é um Adeus não é? —Perguntei.

—Amanhã seremos meros desconhecidos.

—Entendo.

—Vai ser melhor assim Ana, só queria que todos soubessem que eu nunca brinquei com seus sentimentos eu jamais faria isso, só não fiquei do seu lado como eu queria por que minha família vem em primeiro plano Ana e eu precisava por um ponto final nisso tudo.

—Eu nunca questionei sobre isso. —Respondi soltando minhas mãos e caminhando para perto da multidão— Eu sempre soube o meu lugar.

Qual a sensação de se terminar um relacionamento em frente a tantas pessoas? Para mim foi um alivio eu precisava daquilo.

Mas o amanhã sempre nos guarda surpresas não é mesmo?


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Notas finais do capítulo

Nem todos leem notas finais, mesmo assim vou aparecer aqui novamente...
Então publico ou não publico??? Alguém tem alguma editora para me indicar?
Espero que estejam gostando >.< prometo postar o quanto antes o próximo cap okay? Entramos na reta final agora!



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