Unconditionally escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 7
Contar ou não contar?




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Depois da noite em que decidi adormecer nos braços de David não voltei a me deitar na minha, David me levou em casa para que eu pudesse buscar algumas roupas, assim que tornei trancar a porta tive uma sensação ótima, enfim eu não estava mais sozinha nesse mundo.

A faculdade estava em seu recesso de verão, e eu estava vivendo a melhor experiência em minha vida, já se passaram duas semanas desde que passamos a morar juntos, ver David andando na casa apenas com roupa comum me acalmava, ele parecia um menino todo alegre sem estar preso a armadura de homem tortuosa como quando colocava seus ternos agora os mesmos que ele usava no dia a dia estavam dobrados no fundo do guarda roupa.

Minha rotina era algo que eu nunca havia sonhado antes, levantava sorrateiramente para não acordar meu amado ao meu lado, se bem que eu amava quando ele acordava e me agarrava, mas nas maioria dos dias ele continuava adormecido enquanto eu tomava um banho, sempre deixava a agua fervendo enquanto corria até a padaria da esquina buscar pães quentinhos, assim que chegava novamente em casa passava o café que já havia deixado montado na pia, eu odiava cafeteiras aposentei a de David no meu primeiro dia na cozinha, não é a mesma coisa muito menos o mesmo gosto e eu sabia que David gostava do café forte para poder despertar, era assim todas as manhãs tomávamos nosso café da manhã juntos depois ele me ajudava a limpar a cozinha, descíamos até a biblioteca que nos últimos dias andou agitada, e foi em um desses dias que percebi a ausência de David o encontrei mais tarde sentado ao lado da vitrine em uma mesa com seu notebook, a cena jamais sairia de minha mente, David sentado com uma expressão curiosa em seu rosto com uma xicara de café em mãos tendo os lábios disputados pela porcelana azul e pelo cigarro em outra mão, seus olhos brilhavam como estrelas cadentes. Me aproximei silenciosamente, tomei seu cigarro esmagando o mesmo no cinzeiro enquanto o mesmo me olhava por detrás de sua franja longa caindo pelo rosto perfeito.

—Desculpe senhor não é permitido fumar aqui dentro. —Sorri.

—Eu sou o dono lembra? —Respondeu me ele em pose de superior.

—E que exemplo está dando aos seus clientes? —Respondi recebendo um sorriso como resposta— Sem falar que cigarro faz mal para saúde e sua vida agora pertence a mim então não a prejudique.

—Isso é uma ordem? —Perguntou ele em som sarcástico.

—Mas é claro que é! —Respondi fazendo uma careta.

—Então isso é mais um detalhe que tenho que descrever. —Respondeu ele voltando atenção ao notebook.

—Como assim? O que você está fazendo?

David olhou para mim e sorriu enquanto virava o notebook em minha direção despertando minha curiosidade a uma grande quantidade de letras formando frases escritas em uma página branca, David estava escrevendo e isso me causou uma grande empolgação, já que desde que entrei na biblioteca nunca havia presenciado ele praticar tal ato.

Foquei toda minha atenção na escrita, David escrevia muito bem, seu novo livro se tratava sobre um homem infeliz que em um dia de rotina comum conheceu uma bela mulher, quando comecei a ler senti um grande ciúme dessa mulher, David a descrevia com carinho e amor, continuando a ler percebi coisas familiares, a mulher servia as mesas de forma doce e delicada, por mais que o homem se controlasse ele clamava para que a mesma chegasse logo em sua mesa com seu pedido, queria poder olhar os olhos verdes que o rosto angelical trazia, a mulher por sua vez pareceu não notar sua presença, se atrapalhou toda com o pedido por ter sua atenção focada a outro evento, o homem sentiu a ardência do café queimar sua pele, aquilo poderia ser uma forma de interagirem mas a mulher o deixou para apartar uma briga, naquele instante seu coração apertou em ver a mulher dos cabelos de fogo tentar proteger um senhor de uma acusação falsa, o homem temeu pela proteção física da garota que havia acabado de conhecer, a voz da mulher o paralisava sem sombra de dúvidas aquele corpo frágil como uma criança carregava uma alma forte, assim que as coisas começaram a revirar para a mulher o homem não se conteve em seu lugar, tudo aconteceu muito rápido nem percebeu a forma feroz que afastou o agressor de sua protegida que agora estava em seus braços. David havia escrito muito pouco mas eu sabia a continuação da história.

—Essa é a minha história. —Respondi emocionada liberando a passagem das lagrimas.

—Não Ana. Essa é a minha história.

David tinha razão não se tratava dos meus sentimentos e sim dos dele, David me amava, até o momento ele não havia me dito isso, mas agora não precisava afinal o livro era prova disso.

—Querida acho melhor você passar nossas roupas de hoje, amanhã retornaremos para faculdade e quero jantar fora hoje.

—E se nos verem? —Perguntei.

—Foda-se, você é minha mulher. —Respondeu ele me encarando sério.

—Você pode perder o emprego.

—E você acha que eu me importo? Vou ter que deixar o emprego mesmo Ana.

—Podemos esconder mais um pouco falta apenas um semestre e meio e eu me formarei.

—Quer mesmo isso? —Perguntou me ele.

—Sim.

—Bom, então creio eu que tenho um caso com a minha aluna que por um acaso é minha mulher— Eu amava quando ele dizia que eu era sua mulher— Mas isso não me impede de levar a senhorita para jantar, e eu irei levar essa noite.

—Eu não posso recusar o convite do homem que eu amo.

—Isso não é um convite Ana, isso é uma coisa que pretendo fazer muito com você, eu quero te fazer a mulher mais feliz do mundo.

—Eu já sou a mulher mais feliz desse mundo David, me resta agora poder te fazer feliz também— Respondi me aproximando do rosto do meu amado e lhe entregando um selinho.

Tentamos recuar antes rapidamente assim que o sinto da porta alertou a entrada de alguém, já era tarde demais lá estava Karina e Marcos vidrados a nossa frente. Marcos não parecia assustado, mas Karina por sua vez estava com os olhos arregalados.

David se levantou não estava nenhum pouco nervoso, caminhou até o meu lado onde passou o braço por cima de meus ombros, por um instante tive a impressão de tal ato servir de desafio para Marcos que enrubesceu o rosto pálido.

—Eu achei que fosse apenas um boato. —Resmungou Karine assim que sua voz destravou.

—Vai nos entregar? —Perguntou David irritado.

—Não. Mas Ana você desempenhando tal papel, ele é casado. —Respondeu Karina sem tirar os olhos dos meus.

—Sim Karina eu sou casado. —Respondeu David mostrando minha mão esquerda ao casal, eu jamais havia notado que ele havia percebido a aliança frouxa de Annelise em minha mão— Veja Ana é minha mulher.

Enquanto o rosto de Karina se alegrava, a expressão de Marcos foi horrível ele estava nitidamente irritado a desilusão estava em seus olhos.

—Acho melhor eu preparar um chá. —Respondi.

—Não precisa já estamos de saída. —Respondeu Marcos.

—Nos vemos amanhã na aula. —Disse Karina antes que Marcos a arrastasse para fora da loja.

Olhei para David tentando encontrar uma preocupação, encontrei apenas um homem feliz e aquilo me tranquilizou.

—Vamos meu amor escolha nossas roupas. —Pediu ele.

—Em que lugar iremos jantar? —Perguntei.

—Em um restaurante perto do parque, é algo bem familiar então pode escolher uma roupa bem tranquila.

A escolha de David havia sido perfeita, um restaurante cheio de pessoas comuns sem nada formal, David odiava coisas formais, me encantei a forma que David olhava as crianças da mesa ao lado.

—Quando tivermos nossos filhos, provavelmente três, quem será que eles irão puxar? —Perguntou ele.

—Três?

—Não vou discutir sobre isso eu quero três e pronto.

—Okay! —Respondi enquanto ele segurava minha mão.

Meu coração tremeu assim que percebi a presença de Annelise no local, puxei minha mão para mim mesma, David encontrou os olhos da ex mulher, depois olhou nos meus que já olhavam para baixo de forma triste e solitária.

—Ana. —Resmungou ele percebendo minha tristeza.

—Peça o prato por favor eu vou ao banheiro. —Pedi me levantando.

David se levantou junto comigo, tentou alcançar minhas mãos, recuei com medo que Annelise visse.

Entrei no banheiro gelado tentando me recompor, meu corpo tremia, procurei uma forma de engolir todas as lagrimas, minha atenção se desviou ao ouvir alguém passar mal no banheiro.

—Calma querida é normal ter enjoo na gravidez. —Disse a outra mulher tentando acalmar a mulher que estava abaixada próximo ao sanitário.

Tentei não olhar muito a situação constrangedora, mas tornou se impossível ao notar que a gestante se tratava de Annelise fragilmente jogada ao chão frio, paralisei, Annelise encontrou meus olhos aflitos, tentei não chorar, o temor tomou conta de meu coração, tentei sair do banheiro, mas Annelise segurou meu braço.

—Não conte a ele Ana. —Pediu ela.

—Como pode me pedir isso? —Perguntei.

—Ele está feliz, não posso prender ele a isso, eu ainda nem sei se vou ter essa criança.

As palavras de Annelise me revoltaram, ela tinha meu sonho em seu ventre, o coração do homem que eu tanto amo estava em suas mãos.

—Como pode pensar em uma coisa dessas, o sonho dele é ter uma família, não seja tão egoísta Annelise.

—Ele não faz parte da minha família Ana. —Gritou ela.

—Mas esse bebe é um laço entre você e ele, não pode ser uma decisão sua. —Gritei.

—E nem sua Ana, só peço que não conte a ele, afinal filhos você vai poder dar a ele.

Me surpreendi ao ouvir que Annelise sabia sobre nós.

—Ele sempre me traiu com as alunas, quando percebi os olhares de vocês eu sabia que algo estava acontecendo, quando ele me contou que você também era aluna da faculdade eu liguei os pontos, você não era mais uma pra ele, ele realmente se apaixonou por você, e como não poderia afinal você é perfeita, uma boneca chama atenção por sua beleza e delicadeza, ele me deixou por você, ele não precisa saber desse bebe Ana eu vou tirar esse parasita de dentro de mim.

Não aguentei ficar ali olhando para Annelise engoli em seco todas suas palavras e voltei a minha mesa, David tentou encontra meus olhos mas eles estavam distantes tentando encontrar a resposta se contaria ou não.

—Ana você nem tocou no prato. —Disse ele.

—Desculpe estou pouco à vontade.

—Me perdoe eu jamais imaginaria ela em um lugar como esse.

—Está tudo bem vamos comer e sair logo daqui. —Sorri.

Tentei comer o máximo que pude mas o nó em minha garganta me impossibilitava.

Naquela noite não dormi quase nada, o bebe de Annelise me assombrava, eu deveria contar a ele eu sei, mas o medo de perder tudo aquilo me deixava muda, no outro dia tentei de tudo quanto é forma contar a David, mas não pude. No caminho para faculdade o tempo todo pensei em contar a ele mas eu não pude. David não se preocupou se alguém me visse sair de seu carro no estacionamento, ele estava disposto a me assumir.

Nos separamos assim que entramos, assisti as primeiras aulas sem prestar atenção em nada, no intervalo da terceira aula caminhei um pouco pelo corredor, Eduardo estava vindo em minha direção, pensei que ele que ele fosse desviar mas não.

—Preciso falar com você.

—Eu não tenho nada para falar com você Eduardo.

Eduardo tentou me beijar no corredor, eu fiquei desesperada ele era muito maior e mais forte que eu, mas David dava dois dele e facilmente empurrou Eduardo para longe de mim.

—Namoro no corredor? —Perguntou David.

Eduardo sabia sobre o boato de David e eu sermos amantes, o que agora era verdade.

—Senhorita Ana poderia me acompanhar até minha sala? —Ordenou David.

—Oi? —Assustei me— Foi ele que me agarrou.

—Não discuta. —Disse ele começando a andar.

Segui David até sua sala no último andar, entramos em uma sala onde ele trancou a porta depois o segui até outra porta por onde passamos, me vi na sala do Coordenador, sua mesa sua cadeira, os armários, sentei na cadeira de frente para sua.

“Talvez ele saiba” —Pensei com a cabeça baixa.

—Por que está nervosa? —Perguntou ele.

“Ele sabe”

—Eu não sei por que me chamou aqui. —Respondi o que não era mentira.

—Ele tocou no que é meu. —Disse ele— Tenho que desinfetar.

—O que? —Assustei me olhando rapidamente para David agora vendo seus olhos brilharem com a luz da lua a iluminar a sala.

—Venha querida por cima da mesa. —Ordenou ele.

Eu não conseguia resistir a David, esqueci os meus problemas e obedeci subi pela mesa engatinhando até David que me tomou em seu colo.

—Aqui é seu trabalho. —Resmunguei entre gemidos.

—Não faz mal ninguém vai nos ouvir querida. —Respondeu ele começando a ficar ofegante.

David não retirou nossas roupas, mostrou talento usando cada peça de mim, quando percebeu que não aguentaria me deitou sobre a mesa e tomou posso do corpo de sua aluna que desmoronou em um prazer, foi nesse momento que decidi guardar aquilo para mim mesma.


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