Você-sabe-o-quê escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Você-sabe-o-quê


Notas iniciais do capítulo

Esta fanfic ocorre em algum lugar sombrio e obscuro do quinto livro. Embora "lugar" não seja uma palavra própria para definir tempo. Embora seja quase pleonasmo dizer que o quinto livro é "sombrio e obscuro", já que a Umbridge aparece nele.



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— Ei, Harry, você acha que ele gosta da Mione?

O garoto de cabelos desgrenhados desviou os olhos do pergaminho e fitou o amigo ruivo. Rony, sério, parecia fazer uma careta, como se algo muito terrível o estivesse incomodando.

— Ele quem, Rony? – perguntou Harry.

— Você sabe quem... – o outro resmungou baixinho.

— Voldemort?

— Não! – o Weasley berrou, espantado, e olhou em volta, como se temesse que o poderoso bruxo aparecesse de repente e lançasse o Cruciatus em ambos – O... – Rony abaixou a voz – Storm...

— Adam Storm? – Harry ergueu as sobrancelhas – Fala daquele garoto da Lufa-Lufa que há pouco foi rejeitado pelo time de Quadribol?

— Sim... Você não o acha um pouco... estranho?

Harry não sabia o que responder. Olhou em volta, não prestando muita atenção no que faziam seus amigos da Grifinória. Acabou por fitar a fogueira do salão comunal.

— Eu não te entendo, Rony. O que quer que eu responda?

— Eu não sei! Só quero saber qual é a daquele cara...

— E por quê? – Harry voltou a encarar o amigo.

— Porque se trata da Hermione! Nossa amiga, cara! Não quero que ele a magoe...

— Estranho dizer isso. Porque, se é você que a provoca, então está tudo bem!

— Não enche, cara! – Rony fez uma careta zangada e voltou-se decidido para seu dever de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Harry deu de ombros e olhou de novo o seu pergaminho.

“Unicórnios são criaturas fascinantes com poderes incríveis. Segundo as lendas bruxas mais antigas, eles...”

— E se ele... E se ele estiver mesmo a fim da Mione? – não se passara nem um minuto e Rony já voltara a falar.

— Por que a preocupação? Por acaso você gosta dela? – indagou Harry, tentando concentrar-se em sua redação sobre unicórnios.

— Ma-mas é claro que não! – o ruivo gaguejou – Ela é apenas minha amiga! E, como amigo dela, eu fico preocupado...

— Imagino... Porém, eu, pessoalmente, não fico preocupado. Hermione já é grandinha e sabe o que faz.

— Não teria tanta certeza... Não se esqueça de que ela cedeu aos charminhos do Victor Krum! – o Weasley imitou um gato ronronando ao dizer o sobrenome do rival.

— Ela e muitas outras, Rony...

— Mas ele a escolheu!

— Para que tanta preocupação? Eles nem ao menos estão juntos. Não agora...

— Eles não. Mas o Storm está de olho nela, que eu sei!

— Bom para ele. – Harry deu de ombros – A Mione é muito inteligente e amiga. Fora que ele também parece ser legal.

— Parecer legal não quer dizer que seja realmente legal. – Rony esfregou a pena de pavão com os dedos, pensando no que dizer em seguida. – Harry?

— Hum? – o outro resmungou, sem sequer tirar os olhos de seu dever.

— E se ele quiser fazer você-sabe-o-que com a Hermione?

Isso fez com que o jovem Potter levantasse a cabeça. Por um instante, quis rir, mas achou que isso só despertaria a raiva do ruivo. Além do mais, aquela idéia não era tão absurda assim...

— Bom... Ele é um garoto. Não pode culpá-lo por querer fazer isso.

O Weasley arfou.

— Ma-mas... Ela é tão nova...

— Rony, ela já tem idade suficiente para tomar as próprias decisões. É uma garota sensata. Não vai se precipitar.

— Não! – Rony bateu com o punho na mesa, amassando a pena de pavão em sua mão – Ela apenas agirá da mesma forma que agiu com o Victor Krum!

— Por que insiste em voltar a esse assunto?

— Tem razão! O importante é o agora. E eu digo que agora a Mione pode estar em perigo.

— Do jeito que você fala, até parece que o Adam é algum maníaco.

— E se ele for?!

Rony olhou para os lados, respirando pesadamente. Tinha medo de que alguém ouvisse aquela conversa e dedurasse tudo para Hermione.

— Como monitor, preciso assegurar a segurança de todos.

— Não se esqueça de que ela também é monitora, Rony.

O ruivo abriu a boca para protestar, mas logo a fechou. Fitou o chão, pensando em algo que pudesse dizer.

— Eu não quero que algo de ruim aconteça com ela...

— Rony. – o bruxo olhou o amigo nos olhos - Meu inimigo mortal acaba de voltar à vida. Coisas estranhas estão começando a acontecer e são poucos os lugares seguros agora. Acredite em mim, Adam Storm é a menor de nossas preocupações.

O Weasley resmungou baixinho e abaixou a cabeça. Harry continuou fitando-o por alguns segundos e depois se voltou para seu dever.

“Unicórnios são criaturas fascinantes com poderes incríveis. Segundo as lendas bruxas mais antigas, eles...”

— E se ele quiser tocá-la?

— Rony, para ele fazer você-sabe-o-que, ele vai ter de tocá-la.

O bruxo estremeceu.

— Não gosto dessa idéia!

— Também não me agrada imaginar isso... – murmurou Harry, balançando a cabeça para tirar as imagens indesejadas da mente – Se bem que... A Hermione é bem bonitinha...

— O que você tem na cabeça, hein?! – berrou Rony.

Algumas pessoas no salão comunal calaram-se e olharam para os dois amigos. Ronald sentiu as bochechas esquentarem e disse para os outros:

— O que foi? Estão querendo arranjar alguma encrenca, é? Voltem para o que estavam fazendo. Rápido!

Só depois de ter certeza de que não estava mais sendo observado, o ruivo encarou o amigo, que parecia um pouco constrangido com aquela situação.

— Não acredito que vê a Mione desse jeito!

— Rony, pare para pensar. A Mione é nossa amiga desde... Desde muito tempo! Então nós sempre a vimos como amiga, nada mais. Só que, agora que estamos crescendo, é inevitável que nossa visão mude e passemos a ver a Mione como uma garota.

— Estranho você dizer isso, Harry, já que ela é uma garota.

— Estranho você dizer isso, Rony, já que só descobriu que ela é uma garota há pouquíssimo tempo!

— Isso não é verdade...

— “Hermione, você é uma garota!” – Harry fingiu surpresa na voz – Como foi que ela disse mesmo? Ah, sim! “Bem observado!”

— O que você está insinuando com isso, cara?!

— Que você está perdidamente apaixonado por ela.

— E-eu?! – o rosto de Rony estava quase tão vermelho quanto o cabelo ruivo do garoto – Não inventa, Harry! Eu só... Eu só...

O bruxo bufou e ficou observando a paisagem pela janela. Harry, cansado daquela discussão sem sentido, pegou a pena para continuar sua redação.

“Unicórnios são criaturas fascinantes com poderes incríveis. Segundo as lendas bruxas mais antigas, eles aparecem como...”

— Eu gosto muito dela e... Só não quero que um idiota insensível a magoe...

Harry fitou-o de soslaio.

— Tá bom! Tá bom! Eu sei que já a magoei uma ou duas... Tá certo, várias vezes! Mas... Ela é minha amiga, poxa! Quero protegê-la.

— E nunca lhe passou pela cabeça fazer você-sabe-o-que com ela?

— Eu sou um amigo! Não um pervertido!

— Não é safadeza... É natural. – Harry deu de ombros.

— Eu sei... – disse Rony a contragosto – Mas ainda assim é nojento.

— Concordo plenamente... – murmurou o jovem Potter, enojando-se com as cenas que voltavam a invadir sua mente.

“No que estou pensando, afinal? Harry, não se esqueça de que a Mione é sua amiga!” pensou, pegando um copo com água para beber.

— Mas... Você se imagina fazendo o mesmo com a Cho Chang, não é?

Harry engasgou e cuspiu água no chão. Ainda tossindo, tentou controlar seus pensamentos.

Aquela piscina aconchegante onde abrira o ovo do Torneio Tribuxo... Com aquelas águas quentes e aquele perfume delicioso...

— Não sou pervertido, Rony!

— Pensei que esse tipo de desejo fosse natural.

— E-eu só... – Harry ficou sem palavras – Isso seria acelerar as coisas!

— Entendo... Acha que o Storm tentaria fazer você-sabe-o-que com a Mione?

— Ela não deixaria...

— Mas, Harry... – a voz de Rony tornou-se urgente – E se ela quisesse?

O bruxo não soube sequer no que pensar. Hermione sempre fora tão estudiosa. Não conseguia imaginá-la se divertindo mais com... outras coisas...

— Mas os garotos não podem entrar no dormitório das meninas. – disse, tentando ganhar confiança – E duvido que Hermione fosse para o dormitório masculino. De qualquer forma, eles são de casas diferentes...

— Mas eles não precisam ir para um quarto, Harry.

— Não?! – o garoto ficou espantado.

— Claro que não! Muita gente faz isso na biblioteca da escola!

— N-na biblioteca? – Harry sentiu-se mal só de pensar.

— No campo de Quadribol, nas salas de aula... Em qualquer canto onde caibam duas pessoas, praticamente!

A mente de Harry entrou em curto. Seu campo de Quadribol... Seu precioso campo de Quadribol... Jamais imaginara que aqueles impotentes aros tinham sido testemunhas de tais cenas.

— Rony, estou chocado... – foi só o que conseguiu dizer.

— Não é? As pessoas hoje não têm mais bom senso...

— Não mesmo... – ele concordou.

— E eu não consigo parar de pensar... – Rony examinou a pena de pavão toda amassada – E se o Adam Storm quiser mesmo beijá-la?

— Eu... Eu realmente não... – Harry franziu o cenho – Você disse “beijá-la”?


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