O dia amanheceu e eu mal consegui dormir, Elena dormia ao meu lado, levantei da cama e desci as escadas calmamente, o dia estava frio e eu não sabia como encarar aquela mulher lá em cima, não sabia como reagir depois que ela anunciou a gravidez, eu não estava pronto, mas não poderia abandona-la, não agora, mesmo que não a amasse, não poderia larga-la dessa forma, ouvi passos nas escada e eu sabia que era ela.

–Bom dia.

Ela disse distante.

–Bom dia.

Ele chegou mais perto e tocou minha testa.

–Ainda está com febre, suba, eu levo seu café.

Ela saiu e foi até a cozinha, mas eu não subi, fiquei na mesa esperando, logo ela trouxe uma bandeja com café, pães, suco e algumas frutas.

–Pensei que você tinha subido.

Se sentou na mesa ao meu lado, seu cheiro de morango invadia minhas narinas.

–Elena, eu preciso te contar uma coisa.

Falei sério, ela logo prestou atenção, assentiu me estimulando a contar.

–Há muitos anos atrás eu estava namorando um moça, ela se chamava Katherine, nós nos amávamos, eu ia pedi-la em casamento, mas logo ela veio com a noitícia que estava grávida, eu fiquei muito feliz.
Percebi Elena ficar tensa, vi em seu olhos tristeza.

FLASH BACK ON

–Tem certeza Kat?

Perguntei com os olhos brilhando.

–Sim meu amor, certeza absoluta!

Ela sorriu, seu sorriso era o mais lindo do mundo. Eu a abracei e girei com ela pela sala.

–Vamos nos casar o quanto antes. Katherine Pierce, aceita se casar comigo?

Me ajoelhei e a pedi em casamento.

–Céus, Damon! É claro que eu aceito!

Nos abraçamos e eu a beijei.

FLASH BACK OFF

–E então?

Elena perguntou, eu parei por um momento, era difícil contar aquilo, era difícil relembrar aqueles momentos.

FLASH BACK ON

7 meses tinham se passado, Kath já estava com a barriga bem aparente, mas estava de cama, ela tinha problemas na gravidez e o médico recomendou que ela ficasse em repouso absoluto.

–Kat? Como se sente hoje meu amor?

Perguntei me sentando ao seu lado na cama, seu rosto estava pálido, num momento seu rosto foi atravessado por uma careta e um grito esganiçado saiu de sua garganta.

–Da.....

Ela não conseguiu terminar a frase.

–Doutor!

Saí correndo e gritando, logo o dr.Steven apareceu.

–O que aconteceu?

O dr perguntou.

–E-eu não sei, ela está sentindo dor! Faça alguma coisa!

Gritei desesperado.

–Peça para os empregado trazerem bacias com água quente e muitas toalhas, ela vai ter o bebê.

Céus, isso não poderia estar acontecendo, ela só tinha 7 meses de gravidez, dei as instruções aos empregados que logo se apressaram em subir para socorre-la. Sentei em uma cadeira ao lado do quarto e pude ouvir seus gritos desesperados, meus olhos estavam cheios de lágrimas. Após uma hora de tortura o dr.Steven saiu do quarto, seu avental estava sujo de sangue.

–Damon, eu sinto muito, nenhum dos dois conseguiu resistir.

O dr falou com pesar. Meu mundo caiu, eu não via mais nada, eu não queria ver, não queria viver, perdi minha mulher e filho de uma hora pra outra.

FLASH BACK OFF

–Céus Damon, eu não sabia de nada.
Elena estava emocionada, ela me puxou pra si e me fez um carinho gostoso no meu cabelo.
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Eu não podia acreditar, era por isso que Damon era assim, tão fechado, tão amargo, eu nem posso saber como é a sua dor e eu sabia, meu marido estava precisando de mim, por mais que não admitisse, eu cuidaria dele.

–Está tudo bem agora, você tem a mim, eu sei que não me ama, mas se você amar nosso filho pra mim já está bom.

Ainda estava com sua cabeça repousada em meu peito, e eu acariciava seus macios fios negros, ele não disse nada e nem precisava.

–Vamos subir, eu vou cuidar de você.

Eu o puxei e subimos para nosso quarto, eu o deitei na cama e o cobri com um edredon.

–Descanse, mais tarde eu trago seu chá.

–Elena, espere...

Damon segurou meu braço.

–Eu vou tentar, não prometo nada, mas eu vou tentar.

Sorri, senti uma onda de felicidade me invadir.

–Pra mim está bom, por enquanto.

Ele sorriu de lado, como ele era lindo. Fui ao banheiro e coloquei a banheira pra encher,coloquei meu óleo de morangos e alguns sais, entrei e deixei que meus músculos se relaxassem. Se ele tentar amar nosso filho, eu já fico feliz, claro que eu queria que ele me amasse como eu o amo, mas Damon se abriu hoje pra mim, contou uma parte sombria e dolorosa de sua vida e eu não conheço como deve ser uma perda dessas, como terrível deve ter sido pra ele.
Oh droga, esqueci minha roupa. Saí da banheira e coloquei meu robe, espiei por um fresta na porta e vi se Damon estava dormindo, ao que parecia ele estava, saí na ponta dos pés e fui até o guarda roupa.

–Se escondendo de mim?
Dei um pulo com o susto.

–Damon, você quase me matou de susto!

Ele sorriu abertamente. Escolhi uma roupa de frio e entrei correndo para o banheiro. Sequei meu cabelo com a toalha e deixei molhado, ao natural, saí do banheiro e meu marido me olhou de cima a baixo.

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–Você quer tomar banho?

Perguntei fingindo que não estava percebendo seus olhares maliciosos pra mim.

–Sim, pode colocar a banheira pra encher pra mim?

–Posso.

Coloquei a banheira para encher.

–Pronto, vou fazer o seu chá.

Damon sorriu, ele sabia que eu estava corada, ele sabia o que fizemos no banheiro.

–Você não vai me ajudar pequena?

Travei, ele me chamou de pequena. Ouvi Damon estalando os dedos me tirando do meu transe.

–Hãm, tudo bem.

Entrei no banheiro junto com ele, começou a se despir tranquilamente, como se eu não estivesse lá. Damon entrou na banheira e continuou com aquele sorriso cínico.

–Você não precisava de ajuda não é?

Disse contrariada.

–Não, só queria te ver ficar vermelha com uma coisa que você já viu.

Deu de ombros.

–Você é um abusado!

Damon gargalhou. Saí do quarto e fui fazer o maldito chá. Desci as escadas e fui direto pra cozinha, passados alguns minutos o chá ficou pronto e eu subi para o nosso quarto, eu o encontrei deitado na cama, seu cheiro de colônia masculina estava por todo quarto. Coloquei a bandeja no criado mudo como sempre.

–Tome tudo.

Falei. Damon estava com uma expressão séria.

–Aconteceu algo?

Perguntei, ele me olhou depois que tomou um gole do chá.

–É que não quero te magoar, tenho medo de te dar falsas esperanças.

Suspirei, eu tinha que ser forte.

–Mas você disse que ia tentar. Tente por nós.

Passei a mão sobre o meu ventre, ele me observou.

–Eu vou tentar.

Disse por fim. Saí do quarto, eu precisava me distrair, depois pensaria em um jeito de Damon me amar, eu faria todo o possível, agora eu tinha uma razão pra viver e estava dentro do meu ventre. Resolvi logo fazer o almoço, decidi fazer uma carne assada com batatas e arroz, peguei todos os ingredientes nos armários, temperei a carne, depois descasquei as batatas, deixei tudo em cima da pia e resolvi fazer o arroz. Senti que não estava sozinha, olhei para a porta e vi Damon na porta da cozinha.

–Onde aprendeu a cozinhar tão bem?

Ele perguntou com os braços cruzados na frente de seu corpo.

–Bom, minha mãe me ensinou tudo que eu sei.

Dei de ombros. O almoço ficou pronto em meia hora, Damon me ajudou a colocar a mesa, nos sentamos e ele provou.

–E então?

Perguntei ansiosa.

–Maravilhosa!

Damon disse com a boca cheia, eu sorri em triunfo. O almoço decorreu tranquilamente e eu tinha planos para a noite.