Consequências do passado escrita por Carolina S Salazar


Capítulo 9
Capítulo 9 – novo começo




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Hermione estava diante do consultório da mãe. Já estava escurecendo e esfriando mais cedo devido o outono, mas ela não se importava. Apenas respirou fundo, tentando se livrar de todo o peso que sentia do trabalho das últimas horas, e entrou no consultório. A atendente já estava de saída, deu um breve aceno pra Hermione e esta entrou na sala da mãe.

_ Oi querida! Pensei que não viria mais! Afinal disse que vinha de tardinha.

_ Eu sei mãe, me desculpe. Mas eu trouxe a pizza.

_ Oh, meu Deus. Minha filhinha tá realmente uma adulta, agora que tá comprando a pizza, né?

_ Ha, ha, ha, mãe, só você.

_ Sim, querida, mas pelo menos consegui fazer você rir, Hermione. Nos últimos dias você tava tão estranha. E agora parece até que carregou um mundo inteiro nas costas, de tão cansada que você está.

_ Mais ou menos, mãe.

_ E por acaso você não pode me contar o que está acontecendo? Porque eu não acredito que está assim, só porque está estudando muito, como seu pai disse hoje de manhã.

_ Tem razão, mãe. Eu não tô assim, porque estou estudando. Na verdade eu tive que cumprir um acordo que eu fiz com uns bruxos, e agora finalmente acabou!

_ Acordo? Que tipo de acordo?

_ Eu prometi ajudar eles, nada demais, mãe.

_ Hum. Você prometeu ajudar essas pessoas, Hermione, mas algumas vezes tarde da noite eu ouvia você praguejando alguma coisa no seu quarto, portanto, não estou convencida disso, mocinha!

_ É porque era muito trabalho, mãe. Mas o importante é que passou, eu juro, agora tudo vai voltar ao normal.

_ Está bem. Não vamos falar disso, por enquanto. Mas me diz, uma coisa, falta apenas uma semana pra você viajar e por acaso já arrumou sua mala? Todas as suas coisas?

_ Minha nossa! Eu esqueci completamente!

_ Pois é! Isso que dá, você ficar tão comprometida com os outros, em ajudar todos e acabar esquecendo de você mesma!

_ Eu sei mãe. Mas realmente não tive tempo.

_ Hum. Tudo bem. Vamos lá querida, não fique assim, vamos comer essa pizza e depois vamos pra casa, arrumar suas coisas!

_ Obrigada, mãe.

Hermione abraçou a mãe e se permitiu nesse abraço encontrar todo o apoio e conforto que precisava. Ela estava fazendo de tudo pra esquecer aquele dia, todos os encontros e discursos de todos os bruxos. Apenas queria ficar ali, abraçada a mãe, como quando tinha 8 anos e sempre que sofria na escola, por ter dentes grandes demais, corria pra os braços de sua mãe. Todas essas lembranças e cenas que pipocavam em sua cabeça a fizeram chorar.

_ Hermione, está chorando? Minha querida sente aqui e me diga o que realmente está acontecendo.

_ Mãe, por favor, não é nada. É besteira minh...

_ Chega, Hermione! Eu sei que você está mentindo! E o que é pior, está sofrendo! Minha filha eu sei que você não está bem, me diga, por favor!

Hermione olhou bem para sua mãe. Ela sabia que sua mãe estava preocupada, e também sabia que não conseguiria mentir, não para ela. Então resolveu dizer a verdade, ou pelo menos parte dela.

_ Tá bem, mãe. Eu vou te contar. Eu tive que fazer um acordo com uns bruxos que não prestam mãe, e isso foi muito ruim.

_ Você me disse sobre esse acordo. Mas afinal, que acordo é esse, e porque você teve que fazer isso, meu bem?

_ Eu precisei fazer, mãe. Pra o bem de todos, sabe. É complicado explicar e eu não posso te contar todos os detalhes, mas enfim, agora passou.

_ Não me parece que passou Hermione. Olhe para você querida, está com uma aparência péssima, além do fato de eu ter certeza que isso se deve a você ter feito esse tal acordo com esses bruxos.

_ Você tem razão, mãe. Mas agora passou, eu juro. Eu nunca mais quero ver essa gente. Por isso acredita em mim, eu vou ficar bem, e tudo vai voltar ao normal, você vai ver!

_ Bom, você sabe que pode sempre contar comigo, minha querida, por mais que eu seja apenas uma velha mãe troxa, não é mesmo?

_ Sim, mãe, mas você é a melhor mãe trouxa que existe em todo o mundo!

As duas se abraçaram novamente, e Hermione se sentia bem melhor agora.

_ Bom, pelo jeito não vamos mais comer essa pizza fria, não é?

_ Com certeza não, mãe.

_ Então vamos levar pra casa, tenho certeza que seu pai vai devorá-la em minutos, vendo aquele jogo estúpido que ele adora!

_ Vamos sim.

A senhora Granger e Hermione arrumaram tudo, fecharam as luzes e quando a mãe de Hermione ia na frente e Hermione atrás, ela observou todo o consultório e percebeu o bom gosto da mãe em cada detalhe e em como a decoração do lugar era idêntica ao do consultório de Sidney.

E nesse momento Hermione viu com clareza o dia em que esteve no consultório, o momento em que viu Draco Malfoy saindo da sala, o olhar dele antes de sair do consultório, um olhar de triunfo, e depois o mesmo olhar quando ele os aparatou, logo depois ele na cabana, oferecendo três poções a ela, depois ela sob o efeito da poção, se deitando com ele.

A lembrança toda surgiu na cabeça de Hermione, junto com todas as sensações que ela sentiu. Aquilo foi um baque enorme para a jovem bruxa que apenas balbuciou:

_ O miserável... me enganou.

_ O que disse querida?

Mas quando a senhora Granger viu sua filha, esta já estava desmaiada no chão.

Hermione acordou sentindo os olhos pesados e apenas ouvindo ao longe a voz de sua mãe. Tentou abrir mais os olhos e aos poucos a claridade não a atingia mais. Entretanto ainda sentia seu corpo pesado, como se a gravidade a puxasse demais ao chão. Apesar de sentir que não estava no chão, devido a maciez onde estava deitada. Com esforço, conseguiu perguntar:

_ Onde eu estou?

_ Minha querida, ainda bem que você acordou. Eu já estava preocupada, afinal o médico me disse que logo você iria acordar.

Ao ouvir a palavra médico, Hermione tentou se mexer, sem sucesso.

_ Não faça movimentos ainda, Hermione. Você bateu a cabeça no chão, e o médico disse que foi muita sorte não ter tido nada. Mas no seu estado não é bom.

_ Como assim, mãe? _ Agora ela já conseguia ver melhor, no rosto de sua mãe estava estampada a preocupação e uma ruga na testa dizia que ela não estava muito bem. Talvez zangada ou chateada. Hermione olhou melhor ao redor e viu que estava mesmo em um quarto de um hospital. Só não fazia idéia de como fora parar ali e o porquê.

_ Você se lembra de ter desmaiado, Hermione?

_ Sim. _ Ela se lembrava bem dessa parte. De ter lembrado da maldita lembrança, lembrança verdadeira de tudo que passou com o infeliz do Malfoy, mas não que tal lembrança a fizera desmaiar.

_ Bom. Eu vi você desmaiada então chamei os médicos e agora estamos no hospital. Eles fizeram vários exames em você, para saber o que teve, e o médico vai te dizer sobre os resultados.

_ E quais foram os resultados, mãe? _ Hermione nunca tinha desmaiado, nunca. E agora pensando bem em como estava se sentindo nas últimas semanas, nos enjoos matinais, na fraca alimentação, no desgaste físico e mental, ela temia pelo o que o resultado dos exames ia dizer.

_ Você não imagina?

Nesse instante, chega o médico.

_ Ora, ora, que bom que acordou, senhorita Granger. Você deu um baita susto na sua mãe.

_ Eu sei, me desculpe.

_ Tudo bem. Mas no estado em que está agora, terá que tomar muito cuidado com os desmaios ou emoções fortes.

Houve um grande silêncio no quarto. Hermione não olhava nem o médico tampouco sua mãe. A senhora Granger ainda estava tentando se recuperar do baque. Então sobrou para o médico continuar.

_ Bom, senhorita Granger, o resultado dos exames de sangue e urina, diagnosticaram que a senhorita está grávida. Uma gravidez recente, de quatro semanas, mais exatamente.

_ Eu sei o quanto uma gravidez indesejada pode ser complicada no ínicio, mas acredito que a senhorita precisará de toda a ajuda e apoio, tanto da família, como do pai do bebê, quanto aqui do hospital, para ter o seu bebê da melhor forma possível. E posso garantir que da nossa parte, terá todo o apoio que precisar.

Mais uma vez o silêncio. O médico já estava acostumado com adolescentes sendo mães, e suas mães surpresas com o comportamento das filhas, mas o silêncio não era assim tão habitual nessas ocasiões, os gritos sim.

_ Doutor, o senhor pode, por favor, nos deixar a sós?

_ Sim, senhora Granger, qualquer coisa, basta chamar a enfermeira.

Depois que o médico saiu, a senhora Granger falou:

_ Hermione, desde que o médico me disse, me passou diversas hipóteses pela cabeça, quase nenhuma agradável, por isso vou perguntar, quem é o pai?

_ Não tem pai.

Tais palavras fizeram a senhora Granger recuar. Ela fechou os olhos, respirou fundo e tomando coragem ela continuou:

_ Hermione, minha filha, não faça isso. Você não sabe o terror que eu estou sentindo agora. E não é porque você está grávida. Mas sim porque o médico me disse que você está grávida de quatro semanas. E há quatro semanas, nós, eu e o seu pai, estávamos em Sydney. E você, você estava enfiada nessa guerra, lutando sabe-se lá com quem! Envolvida num acordo com esses tais bruxos! Então me diga, por favor, eu sou sua mãe, eu só quero o seu bem, me diz, quem é o pai, e como isso foi acontecer?

Hermione se virou e encarou a mãe, viu que ela lutava pra não chorar, mas que estava aflita pensando em mil coisas que pudessem ter acontecido com ela. Hermione estava tão cansada, tão cansada de tudo isso, de carregar tudo nas costas, que resolveu falar.

Ela contou tudo para mãe. Do fim do namoro com Rony. De ir para Sydney. Do encontro com o Malfoy. Do sequestro, do estupro, da memória perdida. Contou da carta do Ministério, da chantagem dos Malfoy, do Voto e finalmente do julgamento.

_ Então está me dizendo, que ele fez tudo isso, tudo isso, apenas para que você o defendesse e ele saísse impune desse julgamento?

_ Sim, tudo isso para não ir para prisão.

_ Oh céus, Hermione! Por quê você não me disse nada? Céus! Eu via o seu sofrimento, o modo como você tava agindo! Mas achei que fosse estudo demais, o seu pai disse que era estudo demais! Mas era chantagem, chantagem daquele infeliz!

_ Sim, mãe.

_ Oh, céus. E agora? E agora, como vai ser?

_ Eu não vou ter esse bebê mãe.

_ O quê?

_ Por isso eu disse que não tem pai. Não tem pai, nem mãe. Porque eu não vou ter esse bebê. Eu não vou colocar no mundo, mais um ser com o maldito sangue Malfoy nas veias!

_ Hermione, minha filha, escuta bem! Esse bebê, esse ser que você carrega aí dentro de você, não tem culpa! Não tem culpa nenhuma do que aconteceu! Ele é apenas uma vítima desse monstro, é isso!

_ Não! A senhora não entende! Desde o ínicio, desde o primeiro momento que eu vi um Malfoy eu sofri! Sofri durante anos com o preconceito deles, com as armações deles, e depois na guerra fui torturada, humilhada, pisada por ser, por ser quem eu sou, mãe! Por ser sua filha, filha do meu pai. Por não ter nenhum bruxo na família! Por isso, por isso ele sempre se viu no direito de me humilhar, de me maltratar, e agora, depois de tudo que ele fez, depois de Sydney, a senhora quer que eu tenha um filho dele?

_ Querida. _ A senhora Granger abraçou a filha e a acalentou. Nesse tempo que estava no hospital, ela soubera mais do que a filha passou do que nos últimos meses. Ela sabia que sua menina estava sofrendo, e isso rasgava o seu coração. Mas precisava ser forte para ajudar Hermione.

_ Hermione, eu não sei como é ser bruxa e passar por tudo que você passou. Eu nunca convivi com esse preconceito. Nunca convivi num castelo com esse Malfoy. Mas acredite querida, eu sei, quem você é. Eu sei a garota doce, meiga, tímida e estudiosa que você sempre foi! Uma garota nunca, nunca permitiu a injustiça, nunca permitiu a covardia, então, como, me diz, como, você não vai ter esse bebê?

_ Mãe, eu não consigo.

_ Olhe pra mim. Olhe pra mim, Hermione.

Hermione encarou a mãe, e podê ver que ela estava chorando tanto quanto ela.

_ Você não precisa ter esse bebê. Não precisa ser mãe dele, se você realmente não quiser. Mas você, você Hermione, não é uma assassina. E pensar em não dar á luz a esse bebê, é cometer o pior assassinato, Hermione. É tirar a vida de um ser que não pode se defender. Então, pense muito bem. Eu tenho que ligar para o seu pai, falar com ele e ver se você já tá de alta.

A senhora Granger enxugou as lágrimas e saiu do quarto. Hermione viu a porta se fechar e deixou que seus pensamentos divagassem para o que sua mãe acabara de falar.

Ela não precisava ter esse bebê. Afinal havia outros jeitos, outros meios de não se ter um filho, sem precisar cometer aborto. O pior assassinato. Ela precisava pensar sobre isso, mas ela estava tão cansada, sua cabeça estava tão pesada, que aos poucos, ela foi fechando os olhos, e acabo cedendo para o sono, indo direto para as terras tranquilas dos Sonhos.


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Notas finais do capítulo

Ok, gente por hoje é isso!!! A fic finalmente tá entrando no modo q eu mais gosto de escrever e espero q vcs gostem de ler!!! Eu vou dizer q adoro reviews, apesar de não responder! E a justificativa é q eu não respondo pq tenho pouquíssimo tempo pra escrever, isso forçando pra caramba a imaginação e tal, então se quiserem me fazer feliz, reviews!!! Senão, só de ler, eu já me sinto bem!!! Bjos



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