Consequências do passado escrita por Carolina S Salazar


Capítulo 24
CAPÍTULO FINAL – CONSEQUÊNCIAS DO PASSADO PARTE I


Notas iniciais do capítulo

É isso mesmo pessoal! Finalmente o último capítulo, como prometido. Lá embaixo maiores explicações sobre as Partes.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/591276/chapter/24

— Agora somos só nós. Precisamos conversar.

Aquelas duas frases conseguiram afetar o emocional de Draco Malfoy como ele jamais pensou ser afetado. Mas Hermione é claro, não sabia disso e assim ela foi até o escritório dele como se fosse comum o fato dela falar para ele que tinham de conversar no escritório da casa dele.

Depois que entrou, Draco fechou a porta, enquanto isso Hermione andava de um lado para o outro pensando provavelmente no que diria a seguir. Como o silêncio foi longo e começou a incomodá-lo, ele o quebrou dizendo:

— Então, sobre o que quer conversar?

A bruxa parou e respirou fundo antes de dizer, sem olhar para ele:

— Porque me salvou?

— Acredito que você já sabe a resposta.

— Não, eu não sei. A única coisa que sei são suposições. E eu quero respostas. Quero entender porque me salvou. Se tinha todos os motivos para não fazê-lo.

— Você começa a me confundir com o meu pai, Hermione. É um erro comum, ao longo do tempo, pessoas começam a fazer isso, principalmente por causa da aparência.

— Eu não estou confundindo você com ele. Sei que você não é igual ao seu pai. Jamais faria o que ele fez. E a prova disso é me ajudar, me abrigar na sua casa, me dar poções para me recuperar. Mas isso não responde o porquê.

— E porque não? Afinal, porque eu a mataria? Ou não ajudaria na sua recuperação?

— Essa não é a questão! Quero saber porque fez questão que eu ficasse aqui. Se o Alexsander já não corria perigo, porque me manter aqui? Porque me ajudar?

— Porque você é a mãe do Alexsander, Granger. Quer motivo melhor?

— Quero sim! Quero saber porque você ajudou o Harry a me salvar do seu pai? Foi somente porque eu sou a mãe do Alexsander?

— O que você faria nessa situação, Granger? O que falaria para o seu filho se o pai dele morresse e você não fizesse nada para tentar salvá-lo? Vamos, me diga.

— Isso tudo é muito confuso, é muita loucura. Você nunca teve qualquer sentimento ou afeto por mim. E não seja hipócrita ao tentar me desmentir. Você e eu sabemos muito bem o que houve em Sydney. Sabemos que o Alexsander nasceu de um acidente, de um evento fortuito, que não... que não era para acontecer. Você mesmo sabe disso! Então porque? Porque contou a ele sobre mim? Porque mostrou fotos minhas e inventou essas viagens intermináveis ao redor do mundo para justificar a minha falta? E mandou presentes no meu lugar, em meu nome? Porque tudo isso? Porque não se casou de novo e não começou tudo de novo?

— Imagino que na sua cabeça seja fácil mentir para uma criança. Para um filho. Mas nunca foi para mim. Eu tive todo o tempo do mundo para inventar qualquer mentira que fosse sobre você e contar para o Alexsander. Poderia falar que você morreu, ou que você não o queria, que o abandonou, poderia falar até que você não era a mãe dele, e me casar, dar a outra mulher o poder de cria-lo e talvez amá-lo, poderia fazer tudo isso. Mas quando o Alexsander começou a me perguntar sobre você, eu simplesmente comecei a contar coisas sobre você. Simples assim. E quando ele me perguntou porque não estava aqui, eu inventei as viagens, era uma forma de entretê-lo e assim o fiz.

— As viagens são uma mentira. Como tudo que você fala. Tudo. Eu estou te perguntando, mas eu sei o porquê. Sei o porquê de tudo.

— Sabe? Então qual é o motivo Hermione?

— Medo.

— Medo?

— Sim, medo. Medo de perder o Alexsander. Medo de que ele soubesse a verdade sobre mim. Medo de que ele rejeitasse você.

— Pense o que quiser, Hermione. Não vou interferir em seus pensamentos e desejos de perseguição. Quero saber apenas uma coisa. O Alexsander sabe sobre você, e você conviveu com ele. Portanto, o que pretende fazer?

— Não posso tirá-lo de você. Seria injusto com ele. Ele conhece você e sua mãe como família e essa mansão é o lar dele. Mas... também não posso ficar longe dele. Ele é o meu filho.

— Nosso filho, Hermione. Eu também não acredito que seja bom para o Alexsander ficar longe da mãe. Por isso tenho uma oferta para você.

— Uma oferta? _ disse Hermione e quando ouviu tais palavras ela olhou diretamente para Draco Malfoy. E viu pelo olhar do bruxo o mesmo maldito olhar de deboche e triunfo sempre que, como uma cobra, ela ia dar o bote nela e a convencer a fazer algo que mudaria sua vida. _ Que oferta?

— Casamento.

Hermione ouviu tal palavra e todo o seu corpo teve um leve tremor ao tempo que seu cérebro processava tal informação.

— Casamento?

— Sim, Hermione. Casamento. É a melhor oferta que poderá ter. Aliás, a única. Como você bem disse, minha mãe e eu somos a família do Alexsander e esse é o lar dele, o nosso lar. E nem se você conseguisse ressuscitar Voldemort seria capaz de tirá-lo de mim. Assim, como ele a ama, a melhor oferta que posso dar a você é o casamento.

Hermione o observou por longos minutos. Toda a sua atenção, energia estava concentrada no bruxo a sua frente. Seu cérebro tentava raciocinar, processar todas as informações que tinha e ela tentava entender qual era o ganho dele com tudo isso. Porque sem sombra de dúvida algo ele iria ganhar. Ele sempre ganhava. Então resolveu questionar.

— E porque para ter o Alexsander eu precisaria me casar com você?

— De qual outra forma você o teria?

— Eu poderia vê-lo, todos os dias, vir aqui, ou ele...

— Ele ir para a Suécia junto com você? Isso não vai acontecer, Hermione.

— Ele é meu filho.

— É meu filho também. Nosso filho. E não se esqueça que você não o quis. Você o daria de bom grado para qualquer um que o quisesse.

— E você acha que isso seria ruim? O Alexsander não teria passado o que passou se estivesse sob os cuidados de pais trouxas.

— E nem você o veria agora! Ou veria? Acha que se tivesse dado seu filho a pais trouxas, eles o deixariam vê-lo? Tocar nele? Abraçá-lo? Eu acho que não! Então não pense que pode barganhar nessa situação Hermione, porque você não pode! Essa é a minha única oferta!

— Sim, a sua única oferta! Porque você está sendo muito generoso, não é? Você acha que eu acredito que você me salvou, arriscou a sua vida, cuidou de mim porque é generoso? Acha que eu sou tão idiota de não perceber quais são seus motivos? Você não pode mentir mais para mim, Draco Malfoy! Porque eu conheço você! Eu acreditei que você estava fugindo em Sydney, acreditei que poderia pegá-lo lá, depois acreditei na sua maldita lembrança e fiz tudo que você me ordenou! Até um voto perpétuo eu fiz por você! E acha que depois de tudo isso eu não sei quem você é? Você pode ter toda essa pompa de grande empresário bruxo, de salvador da família Malfoy, mas seus olhos não podem mentir por você! E você não vai me obrigar a me casar com você! Não vai!

— Então você terá que ir embora, Hermione.

— O quê? Não! Eu não posso ir embora! Ele é meu filho! Você não pode me privar de ver o Alexsander!

— Não sou eu que estou te privando, é você.

— Mentira! Você está dizendo tudo isso porque quer que eu me case com você! Mas eu não vou fazer isso! Não vou me casar com você!

— E o Alexsander não vai sair dessa casa, Hermione! Ele não vai ir para Suécia ou para qualquer outro lugar quando você puder vê-lo. Isso não vai acontecer! Essa é a casa do Alexsander! Essa é a família dele! E se você quiser fazer parte da vida dele, terá que ser da família dele. Ou então ir embora. A escolha é sua Hermione. Você tem um dia para pensar.

Hermione estava atônita. Jamais poderia pensar que chegariam a tal ponto. Ele a pedindo, ou ordenando que ela se casasse com ele. Enquanto sua cabeça tentava pensar sobre a situação, Draco se arrumava para sair do escritório. Entretanto a conversa ainda não terminara. Não para Hermione.

— Você planejou tudo isso, não foi? Esse era o seu grande plano.

— Sinceramente? Sim. Esse foi o meu plano. Porque me casar com outra mulher, ter uma família de mentira, enganar o meu filho se eu podia perfeitamente fazer isso com você?

— Você é desprezível!

— Desprezível? Porque? Por que eu usei você? Isso sempre foi tão fácil Hermione, aliás é fácil até hoje. Você é uma nascida trouxa. Não cresceu num lar bruxo. No meio de tradições, regras, normas bruxas. Você simplesmente não sabe 1/3 dos meus motivos pra o casamento. E graças a Merlim, você não sabe! Aliás, você sequer faz idéia do que realmente aconteceu em Sydney! E da importância de tudo isso! E além do mais, eu só usei você. Em contrapartida você me destruiu! Você chamou o meu filho de verme!

— Não ouse f...

— O que? Falar a verdade? Você Hermione, você nunca amou o Alexsander! Não de verdade! Você... Você ama mais o Potter, se preocupa mais com ele do que com o seu filho!

— Isso não é verdade! Não coloca o Harry no meio disso!

— É verdade sim! E você sabe que é! Então não venha me chamar de desprezível, Hermione. Se você quiser o Alexsander agora, terá que se tornar uma Malfoy. Viver, nessa casa, como a senhora Malfoy! Ou então terá que ir embora.

Hermione não conseguiu ouvir mais uma palavra e saiu do escritório. Draco furioso como estava continuou:

— Isso! Vá mesmo embora! Aproveite e se despeça do seu filho dessa vez! Porque será a última vez que você vai vê-lo!!

— Draco?

— O que? _ berrou ele. Mas quando viu que era a mãe, respirou fundo, passou a mão pelos cabelos e disse outra vez, mais calmo:

— O que foi mãe?

— Entre no escritório.

Draco entrou novamente no escritório. Sabia que a discussão com a mãe seria pior, por isso para acalmar seus nervos foi até a estante de bebidas e se serviu de uma dose de uísque de fogo.

— Porque não contou seus motivos para Hermione?

— Porque eu deveria contar?

— Porque você quis isso, Draco! Porque você fez questão que ela ficasse aqui. Porque cuidou dela e agora ela tem todo o direito de entender tudo que aconteceu e o que vai acontecer.

— Direito. Ela renegou o próprio filho e você vem me falar em direito.

— Draco, ela é a mãe dele. E por mais que ela não fique aqui, ou que não se case com você nada impede que ele cresça e vá atrás dela. Você sabe disso.

— Ele não vai!

— Você não pode impedí-lo, Draco.

Narcisa respirou fundo e Draco fez o mesmo.

— Você fez de tudo para que chegássemos nessa situação.

— Sim.

— Mas não pensou que ela talvez diga não.

— Ela não vai negar. Ela ama o Alexsander.

— Você sabe que isso...

— Por enquanto vai bastar.

— Tudo bem. _ E assim Narcisa saiu deixando um Draco mais calmo no escritório. Porém no quarto em que Hermione estava nada estava calmo. Ela estava possessa. Sua cabeça só ecoava a palavra casamento. Ela não ia aceitar. Não podia aceitar. Tinha que haver uma outra forma. Ela tinha direitos como mãe. Tinha que ter. Ela precisava saber. Por isso chamou Panim.

A elfa apareceu em um segundo.

— Porque desde o primeiro momento que eu voltei, você me atende, Panim?

A elfa se surpreendeu com a pergunta e principalmente com o tom de voz da bruxa. Hermione não estava brincando ou sendo gentil. Ela queria uma resposta e a elfa não poderia negar isso a ela.

— A senhorita ser mãe do menino Alexsander. Além de ser Hermione Granger, heroín…

— Não minta para mim, Panim. Não você. Eu quero saber porque você é leal a mim. Desde o primeiro momento você me ajudou. Esteve por todo o tempo nesse quarto, trocando a roupa de cama, cuidando de mim, não falou nada quando o Alexsander esteve pela segunda vez aqui. Então, me diga a verdade. Porque você me atende Panim? Porque você me serve?

A elfa sabia que não deveria mentir. Deveria contar a verdade. Mas tudo que se relacionava a Hermione Granger passava primeiramente pelo senhor Draco. Ela não podia simplesmente contar e perder a confiança do seu amo.

— É porque eu seria a futura senhora Malfoy, não é?

Panim se assustou ao ouvir tal frase. Não era assim que imaginava tal cena. Esperava uma festa, com vários convidados e no meio da noite o pedido que o senhor Draco faria para a senhorita Granger. Mas de alguma forma ela já sabia, então não teria problemas contar.

— O senhor Draco mandou que eu a servisse sempre desde o primeiro momento em que pisasse aqui. Em qualquer coisa que precisasse. Sempre.

— Sim. Para qualquer coisa. E imagino que você sempre contou tudo o que viu e ouviu aqui para ele.

— Sim.

Hermione se aquietou. Apesar de tal gesto ser uma fachada. Por dentro ela estava furiosa. Furiosa por ter que contar ao Ministério da Magia o que houve, e tudo o que soube que houve foram palavras dadas a ela por Draco Malfoy. Depois, saber dele que o tempo todo ele planejou aquilo. Casamento. E que até mesmo tinha colocado a elfa doméstica da família para lhe obedecer antes mesmo de saber sua resposta para tal pedido estapafúrdio.

Vários pensamentos povoavam sua mente até que se lembrou onde estava, no quarto de roupas misteriosas. Sem delongar mais, ela perguntou a Panim:

— E esse quarto? É de quem?

— Da senhorita.

— Alguém alguma vez dormiu aqui? Com o seu patrão?

— Não, nunca.

— E essas roupas? São todas para mim?

— Sim, são roupas para a senhorita.

— Entendi. Você pode ir Panim.

A elfa fez uma referência e já ia aparatando quando Hermione a chamou novamente.

— Só mais uma coisa, Panim. Dê um aviso ao seu patrão. Diga a ele que estou de saída. Hoje, esse quarto não será meu.

E antes que Panim fizesse sua reverência costumeira, Hermione aparatou.

A bruxa se espantou por ter conseguido fazê-lo. Há dois dias já estava recuperada, mas ficara tão encantada por ficar próxima de Alexsander, que não tentara fazer magia. A única magia que fizera fora um leve vingardium leviossa no café da manhã para fascinar Alexsander. E se não fosse tal feitiço teria saído de casa sem a varinha.

Casa. Aquela não era a sua casa. Aquela era a mansão Malfoy. Um lugar infernal para ela, que passou por terríveis provações. E tudo por conta do maldito Draco Malfoy. Lembrar do bruxo lhe fazia sentir ondas de fúria por todo o corpo. E agora, depois de tudo que passou ele a intimava a se casar com ele. Como se ela não tivesse outra escolha para ficar com o filho. Mas isso não ficaria assim.

Hermione andou nas ruas da Londres trouxa até encontrar a cabine telefônica que levava até o Ministério da Magia. Depois de discar os números certos, a cabine desceu até o saguão de entrada do Ministério. Depois que saiu da cabine, ela começou a perceber que os bruxos que ali transitavam a reconheciam de imediato. Afinal seu rosto havia saído nos jornais bruxos por muitos dias e todos sabiam que ela era a heroína de guerra que havia salvo a vida do filho, o herdeiro Malfoy.

Os olhares e cochichos eram demais, mas não a fariam parar. Ela pegou um elevador e foi até o andar da Seção dos Mistérios. A última vez que ela estivera ali fora no seu quinto ano de Hogwarts, mas desde aquele tempo não houve qualquer mudança no local. Ela foi direto a porta que precisava pois sabia muito bem que por detrás dela estava sua amiga e confidente Dorín.

Quando enfim chegou ao local de trabalho de Dorín, Hermione viu que todos estavam em uma reunião, provavelmente com o chefe que lhes passava as tarefas a serem desempenhadas. Não restou a Hermione esperar pacientemente que a reunião acabasse e ela enfim pudesse falar com Dorín.

Depois de longos 20 minutos, enfim a reunião acabou. Todos os funcionários foram dispensados para retornar as suas atividades e um deles foi Dorín. A bruxa mal conseguiu acreditar quando viu ali no seu departamento Hermione Granger. E sem esperar mais foi até sua amiga e a abraçou.

— Hermione! Por Merlin! Como é bom ver você. Como você está?

— Estou bem Dorín. Mas preciso muito falar com você.

— É claro. Vamos, até eu estou precisando de um ar depois dessa reunião.

Dorín puxou Hermione com a mão e juntas entraram em uma lareira privativa do Ministério. Com o pó de flu elas foram parar em uma sala abandonada de um prédio antigo em Londres.

— Que lugar é esse?

— Via de contenção. Em caso de ataque. É bem seguro e eu uso sempre que preciso de um ar, ou para me livrar do meu chefe. Mas me fala de você. Como você está? Eu li os jornais mas, sinceramente não acreditei em muita coisa e andei despistando alguns jornalistas enxeridos que estavam atrás de mim para saber coisas de você.

— Eu estou bem melhor Dorín. E não tenho como te agradecer por tudo que você fez para me salvar e salvar o meu filho. Muito obrigada, muito obrigada mesmo.

— Qual é Hermione. Não precisa me agradecer. Sei que você faria o mesmo por mim. Mas tenho que te confessar que quando você enfiou aquela adaga em si mesma eu quase morri junto, de preocupação.

— Eu sei Dorín. Mas eu não tinha escolha. Eu precisava fazer isso. Eu conheço o Harry, ele é muito inteligente, mas trabalha melhor sobre pressão. Então eu só pressionei mais.

— Põe pressão nisso! Rsrsrs. Mas graças a Merlin você esta bem, o Alexsander também, enfim tudo em paz. Até soube que você deu declarações para o Ministério, não é verdade?

— É sim. Mas não é sobre isso que eu quero falar com você Dorín. O Malfoy. Ele me pediu em casamento.

— Uau. Ele não perde tempo mesmo, não é?

— Como assim? Você não tá surpresa?

— Surpresa? Não. Na verdade eu só estranhei dele não ter feito isso antes, lá em Paris, por exemplo.

— Espera! Dorín, eu estou falando que o Malfoy, Draco Malfoy me pediu em casamento. Depois de tudo que aconteceu. E você não está surpresa? Como assim?

— Hermione, sinceramente eu não entendo porque … Oh Deus, você é nascida trouxa. Talvez não saiba.

— Saber o quê??

— Hermione, existe uma tradição bruxa, muito verdadeira, que remonta de muito, mas muito tempo e que mesmo assim bruxos e bruxas no mundo inteiro ainda prezam.

— Tá e que tradição é essa? E o que tem a ver com o fato daquele estúpido,  desprezível e maldito do Malfoy querer que eu me case com ele?

— Você teve um filho homem com ele.

— Sim e daí?

— Hermione, bruxos não podem ter filhos homens com uma mulher que eles realmente não amem.

— O quê? Mas isso é ridículo, Dorín. Além de não fazer o menor sentido.

— Na verdade faz sim. Pense em quantas famílias bruxas você conhece. Os Potter por exemplo. Provavelmente o pai do Potter amava a mãe dele. E os Weasley? Seis filhos homens. Não tem como negar que o senhor secretário Arthur Weasley ama a mulher dele.

— Tá, não tem como negar, mas isso não é por causa dos filhos deles, é por causa deles, os dois.

— Sim, com certeza é sim. Aí é que está a questão. Muitos já questionaram sobre a legitimidade de tal tradição, mas não tem como contestar, todos sabemos que são os homens que escolhem o sexo do bebê, se é assim, somente as mulheres amadas são as mães dos primogênitos homens.

— Isso… Isso é impossível!

— Não é Hermione. Acredite em mim, não é.

— Mas, você disse amor, e o que temos, aliás, o que tivemos em Sydney tá muito longe de ser amor!

— E o que vocês tiveram em Sydney?

Hermione se lembrava muito bem do que tivera com Draco Malfoy em Sydney. Nunca passara com isso com ninguém. Sua vida sexual depois daquilo foi um total e completo desastre pois toda a vez que tentava superar se lembrava com perfeição o que o maldito bruxo a fez passar, todas aquelas posições, todos aqueles gemidos e pegadas, o calor da barraca, tudo passava pela sua cabeça como uma rajada forte de eletricidade.

— Ele me fez tomar poção do desejo. Por isso nunca teve amor. Nunca.

— Nossa. E, desculpe perguntar Hermione, mas ele a chantageou só por causa dessa transa?

— Como assim “... só por causa dessa transa?” Ele me fez transar com ele por horas a fio! Aquele verme, maldito!

— Espera, Hermione! Vocês transaram mais de uma vez?

— É claro que sim, Dorín! Eu acabei de te dizer que ele me obrigou a tomar aquela maldita poção do desejo e me fez, fazer, coisas nojentas.

— Hermione, a poção do desejo serve apenas por uma vez! Uma transa!

— Não! É claro que não, Dorín!

— Hermione, poções do desejo servem para apimentar relações, não para noites ou dias de puro sexo. Você e o Malfoy transaram por que quiseram.

— Não! Não! Isso não é possível! Não é verdade! Porque esta fazendo isso comigo, Dorín?

— Porque é verdade Hermione. Se não acredita em mim, pesquise. Mas você e o Malfoy tiveram algo mais em Sydney e por isso você acabou grávida do Alexsander e consequentemente ele te pediu em casamento.

— Mas… Mas, isso tudo é muita loucura.

— Eu sei que é loucura, tô vendo no seu rosto que você não contava com isso. Mas eu juro, juro que pensei que você soubesse da tradição, quero dizer, esqueci que você era nascida trouxa. Quando o Malfoy apareceu no nosso apartamento, a expressão dele de incredulidade que você estava grávida, nossa, eu pensei que você tivesse dito tudo aquilo com o propósito de magoá-lo, mas que sei lá, você soubesse.

— Eu não sabia… Eu… juro que não sabia, Dorín. Eu não sabia de nada disso. Eu tô sem chão.

— Agora eu sei. Mas, você entende que foi por isso eu não me espantei com o pedido do casamento, entende?

— Casamento… Agora faz sentido o casamento. O porquê dele ter feito tudo isso. Ele..

— Te ama.

O silêncio foi absoluto por longos minutos. Dorín sabia que Hermione estava processando tudo que acabara de saber. E ela como boa amiga, ficaria ali, esperando o momento certo para falar e ajudar sua amiga, Hermione Granger.

Hermione pensou bastante, processou tudo que ouviu de Dorín e relembrou a conversa que teve com Harry e Gina e as conversas/discussões que teve com Draco Malfoy. Agora a bruxa entendi melhor as coisas e a assim era hora de agir.

— Acho que eu já sei o que fazer, Dorín.

— E o que você vai fazer, Hermione?

— Vou aceitar. Agora eu sei o porque ele quer tanto esse casamento. O porque que ele não casou com ninguém, o porque dele ter falado sobre mim para o Alexsander. Tudo. Agora tudo faz sentido.

— E você mesmo assim, vai aceitar?

— Vou. Vou sim. Mas vai ser diferente do que ele está pensando. Agora quem manda sou eu.

— Bom. Hermione você sabe da verdade agora, e se você quer se vingar tudo bem, mas, não esquece que o Alexsander vai estar no meio disso tudo, e…

— O Alexsander não vai ser envolvido nisso, Dorín. De jeito nenhum. A culpa de tudo isso foi do Malfoy. E minha também. Eu… fui burra, acreditei que era inteligente e esperta o suficiente para cuidar de mim, mas não fui. Então, agora chegou a minha vez de acertar as contas.

***

Panim já o havia chamado pela segunda vez. O jantar já estava servido, mas ele não queria ter que enfrentar o olhar do filho, suas indagações sobre o paradeiro da mãe e pior ter que dizer a ele a verdade. Que ela o havia deixado. Aos dois.

Entretanto o tempo de covardia na vida de Draco já havia passado. Agora ele era um bruxo livre, empresário de sucesso e ótimo pai de família. E enfrentaria o que fosse preciso para que sua vida continuasse assim. Assim, ele terminou a dose de uísque de fogo e foi para sala de jantar, enfrentar seu filho, sua família.

E qual não foi a surpresa do bruxo encontrar Hermione Granger sentada a mesa, ao lado do filho deles, entretendo Alexsander como se fizesse isso toda uma vida?

Narcisa, sua mãe, os olhava com certo carinho, mas ao ver a aproximação de Draco, observou atentamente suas feições como se tentasse com o olhar averiguar o que ele faria daquele momento em diante. Mas o silêncio não foi quebrado por nenhum dos dois e sim por Hermione que disse:

— Já estava na hora. Estamos famintos, não é filho?

— Sim! Papai! A mamãe trouxe o jantar hoje! Ela disse que é pisa!

— Pizza, querido.

— Isso, pizza! E é comida de trouxa lá da Itália! Legal!

— Cadê a Panim? _ perguntou Draco ao se sentar à mesa.

— Eu a dispensei hoje.

— Dispensou?

— Sim. Vamos todos comer pizza.

Draco e Narcisa ficaram em profundo silêncio, enquanto Hermione, tal como uma elfa doméstica, pegava duas caixas redondas em cima da mesa e começava com o balançar de sua varinha a distribuir a tal pizza para os quatro pratos. Depois de distribuídos, Hermione pegou seu pedaço ou fatia com as mãos e deu uma grande bocada.

Curioso e extasiado pela mãe comer com as mãos, Alexsander seguiu os passos maternos e feliz deu sua primeira mordida na tal pizza. A alegria do menino foi instantânea. Parecia que ele nunca comera algo tão maravilhoso, já que dizia:

— Mamãe isso é delicioso! Que gostoso! Eu adorei!

— Eu sabia que ia gostar. Apenas coma devagar, está bem? E vocês, não estão com fome?

Narcisa olhava para o seu prato como se recusasse mentalmente a comer com as mãos. Hermione percebeu e completou:

— Se quiser Narcisa, pode usar os talheres para dividir em pedaços menores e assim comer mais facilmente.

Aquela era a deixa perfeita para que Narcisa comesse. Se ela não comesse provavelmente Alexsander iria querer saber o porque, e isso não seria tão fácil. Assim, Draco viu sua mãe, Narcisa Malfoy, uma verdadeira e legítima sangue puro, pegar seus talheres, dividir em pedaços menores a tal pizza, levar a boca e começar a mastigar.

Draco sabia que ela estava fazendo um esforço imenso para tal coisa, mas não parecia tão difícil e assim ele começou a tentar. Quando sentiu o primeiro pedaço pequeno na boca, percebeu o porque da felicidade do filho. Realmente aquela comida estranha e triangular era deliciosa, massa fina, queijo derretido com tomate e orégano. Tentou com esforço não comer tudo e parecer que queria mais, porém antes que dissesse ou fizesse qualquer coisa, Hermione distribuiu outras fatias/pedaços para os seus pratos. Essa já não era igual a outra mas mesmo assim ele não temeu em comer. Esse pedaço tinha queijo derretido, linguiça calabresa e orégano. Uma verdadeira delícia.

Sua mãe estava no segundo pedaço e Hermione também quando Alexsander tentou comer o terceiro.

— Não, querido, já chega. Duas fatias de pizza são o bastante para você.

— Mas, mamãe...

— Eu sei que é muito bom, mas não pode comer muito porque senão passa mal.

— Tá bom. Mas posso comer amanhã?

— Sim, amanhã. Agora você precisa subir e se arrumar para ir dormir, está bem?

— Tá bom, mamãe.

O pequeno saiu da mesa, se despediu do pai e da vó e subiu para o seu quarto. Os passos de Alexsander ecoavam nos degraus da escada enquanto o silêncio permanecia na sala de jantar da Mansão Malfoy. Passado um tempo, Hermione o quebrou dizendo:

— Vejo que comeram.

— Acredito que foi a surpresa de termos a sua ilustre presença no jantar.

— Pode ser. Não vou perguntar se gostou ou não, Narcisa. Não me interessa. Mas vou explicar o motivo. Diferente de vocês dois, gosto de explicações. Eu cresci em uma casa, com uma família, que a cada problema ou situação que acontecia conosco, a gente sempre conversava comendo uma pizza. Como eu gosto de manter tradições _ E nesse ponto Draco sentiu na pele o olhar de Hermione nele. _ resolvi comer pizza antes de falarmos sobre casamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então pessoal, como vocês perceberam, esse é o último capítulo, mas eu o fiz em partes. Espero profundamente conseguir terminar em duas, ou estourando em três partes. Eu já disse esse o final da fic e quero que fique da melhor maneira que eu imaginei. Espero comentários!! Beijinhos!!!!