–Percy, acorda! – Disse Annabeth balançando o ombro de seu chefe.

–Hum... que...

–Você baba enquanto dorme chefe! – Disse ela sorrindo, o que fez o jovem detetive despertar por completo. – Alias, bom dia.

–Eu não acredito que dormi! – Esbravejou Percy. – Ou pior que você me viu dormindo.

–Sem problemas. – Disse ela com uma pontada de mágoa na voz, afinal, em uma noite dizia que ela era bonita e na manhã seguinte a tratava com indiferença. – Eu também não dormi direito durante a noite, mas acho que você deve se apressar, mesmo com sono, daqui à uma hora você deve estar na casa da...

–Reyna! Verdade. – Disse ele levantando do sofá e pegando as chaves de seu carro. – Vou pra minha casa tomar um banho e depois vou direto pra lá, qualquer coisa, me ligue!

–Pode deixar chefe. – Disse Annabeth enquanto ele fechava a porta do escritório “será que todos os detetives são malucos desse jeito?” pensou ela enquanto seguia para uma pequena cozinha nos fundos do lugar onde trabalhavam.

“Desgraçado filho de uma mãe! Porque você foi dormir seu energúmeno? E o pior quem te encontrou dormindo foi sua estagiaria ou secretaria!” Pensava Percy com ódio enquanto tomava banho. “Mas o pior foi que ela te viu babando Perseu, agora, com certeza, você vai virar piada na faculdade dela!” Percy estava bravo, primeiro por ter dormido no sofá de seu escritório e em segundo lugar por Annabeth ter visto, o que era no mínimo vergonhoso para ele.

–Ta eu tenho que ir na Reyna agora... – Pensou alto. – Então nada de roupa formal demais. – Completou enquanto colocava uma calça jeans, um sapato preto, camisa gola v branca e um blazer. – Assim está bom.

Após bagunçar um pouco o cabelo, Percy foi em direção ao condomínio onde havia passado boa parte do dia anterior, chegando lá, nem precisou falar com Gregor, que logo liberou o portão para sua entrada, afinal, já estava dez minutos atrasado. Chegou à imensa casa ao lado da que uma jovem modelo havia sido morta e tocou a campainha, a qual foi atendida por uma mulher com cerca de 35 anos, olhos azuis, cabelo negro e preso em um coque, além de usar roupas de empregada.

–A Reyna está? – Perguntou ele percebendo o olhar curioso da mulher “será que ela acha que sou namorado da menina, pelo jeito, só pode!”.

–Percy! – Disse à garota que estava com um vestido branco curto, e foi em sua direção o puxando para dentro, sem dar tempo para a empregada falar alguma coisa. – Pensei que não vinha mais.

–Desculpa pelo atraso Reyna, é que como fiquei até tarde procurando algumas coisas, dormi demais. – Disse ele passando a mão nos cabelos, bagunçando-os um pouco mais.

–Sem problemas. – Disse ela sorrindo. – Vamos subir que lá conversaremos melhor.

–Acho melhor aqui na sala mesmo.

–Mas tem a empregada, que é bem curiosa, ela pode espalhar coisas sobre sua investigação. – sussurrou ela antes de puxa-lo novamente.

–Ahm... Tudo bem então.

Percy seguiu Reyna por alguns corredores e subiu diversos degraus até chegar ao terceiro andar, onde, havia um ateliê com diversos quadros embalados, os quais provavelmente seriam vendidos.

–Você é pintora? – Perguntou ele chocado.

–Sou sim, desde pequena sempre gostei de pintar, então, fui pra uma escola de artes e quando estava lá comecei a ficar conhecida e ganhar dinheiro com isso. – Falou ela ao sentar-se em uma poltrona de couro que ficava perto da janela e apontar para a que estava ao seu lado, fazendo com que Percy sentasse também. – Mas acredito que por melhor que venha ser nossa conversa, não foi por isso que você veio, estou certa?

–Esta. – Disse Percy pegando o celular e o colocando para gravar. – Reyna, ontem quando eu estava falando com Patrick e Gregor, eles afirmaram que deram permissão para uma pessoa entrar no condomínio durante a madrugada, e mais especificamente, esse rapaz pediu por você.

–Mas ninguém veio em minha casa. – Disse Reyna. – Você é uma das primeiras pessoas que recebo aqui desde que me mudei.

–Mais alguém além de mim? – Perguntou Percy, enquanto ficava mais na ponta de sua poltrona.

–Minha irmã Hylla, e meus pais. – Disse ela forçando a memória para lembrar. – Mais ninguém que eu lembre.

–Que estranho, pois essa pessoa pediu especificamente por você, inclusive chegou ate sua porta, mas não sei se tocou a campainha.

–Eu ouvi um barulho estranho no pátio, mas é normal, ainda mais quando o Bob está solto, então nem fui atrás, eu estava quase dormindo já.

–Mas e durante aquele dia, você notou algo de diferente na casa de Piper? – Pediu ele ansioso. – Pois como você vem a ser a primeira vizinha, isso me faz crer que alguma coisa você saiba, ou tenha ouvido.

–Para ser sincera Percy. – Ela disse o nome do rapaz sorrindo, o que causou nele uma sensação estranha, “se controla Percy, isso é trabalho e não pode ter nada de envolvimento pessoal”, pensou. – Ela andava brigando muito com o namorado, Jason... Acho que é o nome, mas além disso ela parecia ser uma boa pessoa, nos poucos momentos em que nos encontramos, simpatizei com ela.

–Ela era difícil de lidar?

–A primeira vista, pelo menos não. – Respondeu Reyna olhando pela janela. – Apesar de ser uma supermodelo, ela era uma menina simples, que gostava de estar cercada por pessoas, e fazer coisas normais.

–Como, por exemplo?

–Sair com os amigos, ou então eles virem na casa dela, mas não posso te dizer muito a mais que isso. – Falou ela parecendo triste. – Gostaria muito de ajudar Percy, mas é o que te disse, me mudei a pouco, então, minhas palavras vão ser de pouca ajuda.

–Sem problemas Reyna. – Respondeu Percy sorrindo. – Qualquer informação, por menor que seja pode me ajudar a descobrir o assassino dela.

–Então você acha que não foi suicídio como todos dizem?

–Provavelmente não. – Respondeu Percy levantando-se. – Mas de nada ira valer suposições sem prova alguma.

–Entendo. – Respondeu ela. – Não quer ficar para almoçar?

Quando ela lhe perguntou, Percy olhou para seu relógio, faltavam quinze minutos para o meio dia, que mal teria em almoçar na casa de uma conhecida? “Foco Perseu! Você não pode ficar confraternizando com suspeitos!” Pensava ele “Mas eu estou sozinho a tanto tempo, e ela é uma gata!” “Mas mesmo assim ela é suspeita, ou então, uma boa testemunha!” “Então não há mau nenhum!”, ele estava em uma briga interna quando seu celular tocou, pedindo licença a Reyna, atendeu:

–Percy Jackson falando.

–Percy, sou eu. – Disse Annabeth, afoita. – Jason Grace está aqui, e quer falar com você.

–Em vinte minutos chego Annie, não o deixe sair! – Disse ele assustado. – Nem que para isso você tenha que plantar bananeira ao mesmo tempo em que assobia em frente a ele. – Após ter dito isso, Percy desligou o telefone, se despediu de Reyna dizendo que marcariam alguma coisa e partiu em direção ao seu escritório, onde, teria mais um suspeito para interrogar.