Reflection. escrita por Chanel 2


Capítulo 16
Chamas.


Notas iniciais do capítulo

Oi Amores, viram o trailer? O que acharam? Me digam viu? Boa leitura.



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Assim que disse essas palavras, percebi que parte de mim já sabia disso durante este tempo todo. Não encarei o seu olhar, em vez disso, olhei para os meus polegares girando. Eu não queria olhar para os seus olhos com medo da sua reação, com medo de sua reação, com medo de estar errada.

– Acredita realmente nisso? – Ele perguntou, com a sua voz sussurrando. Assenti, sem mover o meu olhar do meu colo. – Jade, olha para mim.

Cobra colocou os seus dedos debaixo do meu queixo, levantando-o lentamente para os meus olhos encararem ele. Seus olhos estavam brilhantes e com uma beleza marrom linda, segurando uma essência de tranquilidade.

– Tem razão.

Aquelas duas palavras foram ditas por ele num suspiro sem fôlego, como se um tremendo peso fosse retirado dos seus ombros. Pude ver o seu alivio. Pude ver isso no seu crescente sorriso e nos seus olhos castanhos e pude ouvi-lo na sua voz grave. Ele estava dizendo a verdade.

COBRA POV;

Um pequeno sorriso se formou no rosto de Jade, juntamente com seu pedido para eu lhe contar a verdade. Eu tinha que lhe contar o que aconteceu. Eu queria. Se alguém iria saber quem eu realmente era, e o que tinha dentro do Cobreloa, iria ser ela, ela saberia toda a verdade, a Jade, Jade Gardel saberia tudo sobre mim, sobre o passado que eu escondo, sobre toda a base de segredos que existe sobre mim.

– Ok. – Assenti inalando um pedaço de ar, me preparando para a complexa história eu ia lhe contar. Mandei o cigarro para o lixo que estava ao nosso lado, não querendo que as pausas para a nicotina fizessem isto demorar mais do que necessário. – Bom, vou começar dizendo que não sou nenhum santo ou coisa assim. Eu nunca fui uma boa criança, nem por um momento.

Jade assentiu, com algum dos seus fios escuros caindo do seu coque e os seus olhos brilhando de fascinação.

– Na verdade esta hm... Essa não é a minha primeira vez em Muller. – Eu continuei.

– O que? – Ela perguntou. – O Que quer dizer?

– Eu já estive aqui. Como um paciente mental na ala das crianças que costumava ter no segundo piso, eu acho. Eu tinha cerca de doze anos.

As sobrancelhas de Jade subiram em surpresa.

– O que você fez?

– Bom , o meu pai costumava tratar a mim e minha mãe como uma merda. Ele nos batia. Então uma noite eu o vi bater na minha mãe, asfixiando-a, eu estava tão assustado Jade. Eu estava zangado também, e queria que ele se sentisse em uma dor pior do que minha mãe sentia. Eu estava desejando-o morto, queria-o morto mais do que tudo. Então, uma outra noite, ele tinha desmaiado no sofá devido ao álcool enquanto minha mãe estava trabalhando até atarde. E eu peguei num pote de gasolina e nus fósforos...

– Você não fez isso... – Jade suspirou, com a sua mão cobrindo a sua boca em choque.

– Eu fiz. – Assenti. – É horrível, eu sei. Mas ele sobreviveu, foram apenas algumas chamas. Eu disse aos bombeiros o que fiz e porque fiz e eles me enviaram para Muller e meu pai para a prisão.

Esperei um minuto para examinar Jade, com a sua expressão chocada mas a sua voz calada. Os seus olhos estavam grandes e os seus músculos parecia tensos. Ela estava com medo; de mim. Normalmente eu não seria de deixar de sorrir maliciosamente pela sua inocência, tirando um certo prazer de ver que tinha vantagem. Mas não agora, não assim.

– Jade não era como... quero dizer, eu mudei. Eu era apenas uma criança assustada e não queria que ele machucasse a minha mãe mais e... Porra, eu não devia ter te contado, desculpa eu...

– Shh, não faz mal. – Ela interrompeu, levantando uma mão para me calar.

A sua expressão se tornou pensativa em vez de assustada.

– No que está pensando? – Perguntei.

– Na morte da bezerra. – Ela brincou, fazendo-me rir, mas sua expressão ficou séria quando ela realmente falou em que estava pensando. – Eu não te culpo. – Ela disse finalmente.

– O quê? – Perguntei, agora mais chocado do que ela esteve.

– Quer dizer, claro que o que você fez foi horrível mas, o que seu pai fez a você e sua mãe também foi. Incendiá-lo não foi a melhor opção mas você estava cercado de violência, por isso se torno violento. Faz sentido.

Agora era a minha vez de ficar surpreendido. Eu esperava que ela agisse de outra forma.

– Obrigada por ser tão... Compreensiva. – Eu disse.

Um pequeno simpático sorriso se formou nas suas lindas feições, os seus olhos estavam cheios de pena.

– Quando que saiu daqui? – Jade perguntou.

– Não até ter 16. – Eu disse. – E quando saí não tinha lugar para morar. A minha mãe tinha medo de mim e o meu pai continuava preso. Assim sendo, arranjei um emprego numa quinta apenas para transportar feno e essas coisas. O meu chefe era um otário e eu posso dizer que ele me odiava, apesar de ter me mantido perto, mas eu ganhei o suficiente para eu arranjar para mim um apartamento e essas coisas, foi daí que eu conheci...

– Quem? – Jade perguntou.

Eu adorava a sua curiosidade, a maneira como se interessava em tudo.

– O Seu nome era Bélgica. – Eu disse com um pequeno sorriso crescendo no meu rosto, lembrando-se do seu nome esquisito. – Porra, Jade, ela era linda. Você iria gostar dela. Ela tinha cabelos ruivos e olhos castanhos claros... Ela era a filha do meu pratão e vinha à quinta vez em quando. E um dia nós começamos a conversar, a minha vida se tornava perfeita nessas horas. Ela era a garota mais querida eu alguma vez conheci, eu nem sei o que é que ela estava fazendo com alguém como eu. Eu era tão ferrado, continuo sendo, mas ela me amava apesar de tudo. Ela me fazia esquecer sobre o meu passado e trazia o melhor de mim, e eu sei que isto pode soar clichê. Mas é verdade, eu amava tudo nela, a maneira como me fazia panquecas toda as manhãs, a maneira como dizia que me amava não importava quantas vezes eu errava. Ela era a minha pessoa favorita do mundo.

Cada palavra que eu disse doeu em mim, mas eu me senti bem por finalmente jogar tudo fora. Eu não tinha falado dela desde o acidente, e agora as memórias voltaram todas de uma vez. A minha mente ficou cheia de imagem dos seus cabelos cedosos, aquelas coxas que ficavam em cima de mim toda a madrugada, aquele corpo, aqueles olhos que olhavam para mim como se eu realmente significasse algo. Pensei sobre o nosso dia na praia, era a minha memória favorita. Pensei sobre a sua risada quando ela tentava me ensinar a dançar. Nos seus beijos doces que ela plantava nos meus lábios quando eu dizia que a amava.

Mas depois alguém a levou para longe de mim, matando-a por nenhuma razão. Bom, ele provavelmente violou-a. Eu devia ter protegido ela, eu devia ter tentado o máximo mantê-la em segurança para poder ver o seu sorriso apenas mais uma vez. Mas eu falhei com a pessoa eu amei. Antes de me perceber, uma lágrima escapou dos meus olhos, e depois outra. Eu estava chorando.

– Eu tenho tentado sempre alcançar alguém... – Comecei com a minha voz rouca e tremula e cortando a frase. – Alguém como ela... eu acho que consegui.

Olhei para Jade e ela olhou para mim com lágrimas também começando a surgir nos seus olhos. Ela não tirou o seu olhar fixo enquanto pegava na minha mão, ela apertou na minha mão macia desenhando círculos e eu sorri para ela através dos meus olhos desfocados.

– Se não me importa que eu pergunte, o que aconteceu com ela? – Ela perguntou com uma voz suave e calma.

– Ela, uh, ela, ela foi uma das vítimas. – Falei.

Jade se engasgou, levando a sua mão à boca.

– Sim. Os pais delas me odeiam, eles pensavam que eu era uma má influência, por isso, me acusaram imediatamente como suspeita. Acreditam que eu matei ela, mas eu não matei, o assassino matou, e eu juro por Deus que eu vou descascar a pela desse desgraçado. – Falei com o ódio queimando nos meus olhos.

Jade estremeceu visivelmente com as minhas palavras, encolhendo-se por causa do meu tom áspero.

– Desculpa. – Suspirei.

– Lamento. – Jade falou.

JADE POV;

O meu coração doía ao bater no me peito, sentindo algo pelo Cobra que nunca senti antes. Uma imagem de um pequeno garoto de cabelos bagunçados apareceu na minha mente, magro e pequeno, lágrimas nas suas bochechas enquanto sua mãe gritava e seu pai berrava. Eu vi-o encolher se para trás com medo, vendo a sua mãe sendo abusada como se ela fosse nada.

Vi o menino de cabelos despenteados, seu peito subindo e descendo com a respiração pesada, o reflexo das chamas nos seus olhos e o som dos gritos dolorosos nos seus ouvidos. Ele estava apenas assustado, perdido e com medo devido à sua família destruída.

E finalmente quando ela encontrou a pessoa que o podia lhe fazer feliz, que podia fazer com que todas as más memórias desaparecessem, a tal Bélgica foi arrancada dele. Para tornar as coisas ainda piores, e eu ainda sentia, sentia o coração partido de Cobreloa.

Abracei-o, passando as mãos nos seus cabelos bagunçados e na sua nuca áspera, eu cheirei o seu pescoço, dessa vez era eu, eu estava lhe dando carinho eu estava cheirando seu pescoço. Passei os meus lábios na sua bochecha e dei um beijo na testa dele, ele agarrou na minha cintura e continuávamos abraçados.

Até que Sr.Gael chegou.

– Seus cortes não são tão profundos, então não vamos precisar de nada mais do que esses curativos. – Falei, tapeando e fingindo que nada antes daquilo tinha acontecido.

– Obrigada minha enfermeira. – Cobreloa falou.

Sr. Gael apenas passou por nós sem nenhuma palavra, e me despedi de Cobra trocando alguns olhares.

Enquanto eu ia para outra sela cuidar de outro paciente, agora que eu sabia de todo o passado e de toda verdade sobre Cobra, e agora eu sabia que não foi ele que matou aquelas pessoas, nada podia me impedir de me apaixonar por ele.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo foi chamas, mesmo viu? EU AMEI COM TODAS AS MINHAS FORÇAS, e vocês? Obrigada por lerem.



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