Para Sempre É Muito Tempo 2° Temporada escrita por Lady Fairy


Capítulo 2
Angustia e saudade


Notas iniciais do capítulo

Anos depois e eu aqui revivendo a fanfic que mudou minha vida.



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Abri os olhos com dificuldade, pois a luz fazia minha retina queimar e meus olhos lacrimejarem. Demorou alguns segundos para que eu me acostumasse com a claridade, mas quando aconteceu me esforcei para conseguir sentar.

Meu corpo todo doía, como se eu tivesse feito muitos exercícios físicos depois de muito tempo. Cada músculo e articulação gritava conforme o minimo movimento, mas naquele momento tudo o que eu queria era conseguir sentar e entender o que estava acontecendo. Levei uma das mãos até meu abdome e toquei sentindo algumas faixas enroladas. Foi ai que as lembranças começaram a retornar a minha cabeça, como se tivessem se escondido e esperado o melhor momento para me atingir como um soco na boca do estomago.

A Anjos da Noite estava destruída, meus amigos estavam feridos ou mortos, Edge... Eu não fazia ideia de onde ele estava. Eu só conseguia sentir meu coração doer e se apertar de pura angustia. 

Os soluços que escaparam por meus lábios foram inevitáveis, e eu não tinha intensão nenhuma de impedi-los. Doía tanto, nenhuma dor físico que estava sentindo se comparava a sensação de fracasso por não ter feito nada. Por tudo o que eu pude fazer ser voltar para a Fairy Tail e pedir ajuda.

Por que meu mundo desabou e eu não sabia o motivo.

Me permiti desabar pelos minutos seguintes, enxugando cada lagrima com a manga da camisa rosa clarinha que estava vestida. Quando consegui controlar minha respiração foi que as lágrimas cessaram -pelo menos por aquele momento- e eu parei para notar onde eu estava. Reconheceria aquela enfermaria de longe. Quantas noites não havia passado ali, dormindo na beirinha da cama, enquanto Natsu estava ferido e desacordado após uma batalha? Ou ao contrario? Eu reconheceria a casa da minha família a quilômetros.

—Lu-chan? -ouvi meu nome ser chamado da porta e observei enquanto a mesma se abria e a cabeça de Levy surgia por trás da madeira- eu posso entrar?

Me endireitei melhor na cama sentindo meu corpo reclamar pelo movimento e disse que claro que podia entrar. Me abracei na tentativa de abafar um pouco o sentimento de solidão e apertei os olhos antes de voltar a olhar minha amiga azulada que se sentou aos pés da cama.

—Oi, Levy-chan. Como você está? -perguntei, forçando um sorriso.

Os lábios de Levy já tremiam e seus olhos brilhavam segurando o choro. Eu podia imaginar o que estava sentindo, como devia ser doloroso perder o contato com uma de suas melhores amigas por anos, e quando a mesma aparece está completamente destruída. Me lembrei do episódio com a Phantom Lord a anos atrás e eu entendia perfeitamente o sentimento. Ela estava quebrada.

—Como eu estou? Eu estou bem, Lu-chan. -disse se aproximando e estendendo os braços para pegar minhas mãos. Apertou-as e deixou as lágrimas escorrerem e a voz embargar- Mas e você? O que houve? Eu fiquei tão preocupada, com medo que você não fosse mais acordar, sabia? Você ão imagina o quanto eu pesquisei para tentar achar uma poção para te trazer de volta!

—Me perdoa... -minha vista borrou quando as lágrimas voltaram a brotar- eu não queria te dar trabalho, Levy...

—Não foi trabalho algum! Não fale como se eu tivesse sido obrigada, como eu viveria sem você? -sorriu e ficou em pé para me abraçar- Lu-chan, nunca mais me de um susto desses.

—Eu sinto muito.

abracei-a de volta, forte, encontrando em minha velha amiga um lugar para desabafar. Agora eu não conseguia mais controlar as ondas de choro que faziam meu corpo todo tremer e sacudir um pouco. Naquele lugar, meu eterno lar, abraçando minha amiga, eu nunca me senti tão protegida e aquecida desde que havia deixado a Fairy Tail. Levy respeitou meu momento e limitava-se a acariciar meu cabelo e sussurrar frases para me tranquilizar enquanto me agarrava com força ao seu corpinho. Quando o acesso de choro diminuiu foi que consegui dizer alguma coisa.

—Eu juro que não sei o que houve, Levy-chan. Num momento eu estava com o pessoal conversando numa mesa e um som agudo preencheu a guilda, no outro tudo estava destruído. -Um soluço escapou- Eu não sei se eu desmaiei e só acordei depois que quem nos atacou foi embora, mas pareceu que tudo aconteceu num piscar de olhos. Todos estavam desacordados, mortos, eu não sei! Edge havia sumido, Vampira, Kori e Mei estavam soterrados e eu não consegui tira-los de debaixo de uma coluna pois estava tão ferida que mal pude ficar em pé. Meu único pensamento foi conseguir ajuda. Não podia voar e minhas pernas pareciam estar pegando fogo. Foi tão horrível, Levy-chan, como se uma parte de mim tivesse morrido naquele lugar. Tudo o que lutei para conquistar destruído como se fosse nada na minha frente.

—Lu-chan, se acalme. -passou as mãos por minhas costas- não precisa me contar mais nada por agora. Entendo o que aconteceu, respire fundo. -fiz o que me pediu tentando me concentrar em me acalmar- você chegou faz uma semana. Desmaiou no meio da guilda e Natsu quase morreu do coração quando viu que você estava quase parando de respirar. 

—O Natsu? -disse confusa.

—Ele mal saiu da enfermaria, queria ser o primeiro a te ver quando acordasse, ele sabia que havia algo de errado e queria que você tivesse alguém familiar por perto. -sussurrou como se me contasse um segredo- mas o mestre convocou seu antigo time ontem, Lu. Foram mandados para a Sleep Hollow pelo conselho depois que souberam que você apareceu por aqui.

—Sleep Hollow é onde fica a guilda... O conselho? 

—Lu-chan, preciso que você se acalme, ta bem? O mestre vai te contar tudo mais tarde, mas agora você precisa comer alguma coisa e ficar forte para se levantar da cama. Vou pedir para a Mira preparar algo para você, e você me espera aqui.

Não tive tempo de contraria-la, pois saiu tão rápido quanto entrou. Conseguia sentir sua hesitação no ar, não queria que eu lhe fizesse perguntas demais. Algo estava errado e só o mestre poderia me esclarecer. 

Respirei fundo novamente, soltando o ar pela boca. Afastei a manta fina que cobria minhas pernas e as coloquei no chão. Quando coloquei parte do meu peso nas mesmas para me levantar senti uma fisgada se espalhar pelo meu corpo todo e arfei de dor. Busquei um par de muletas que sabia que ficava atrás da cabeceira da cama e usei para me apoiar e não colocar todo o peso nas pernas, o que já amenizava e muito.

Ajeitei minha camisa rosa -característica das festas do pijama na Fairy Hills- e mesmo estando apenas com ela e uma calcinha preta decidi descer até o salão da Fairy Tail. Foi um pouco difícil, levando em consideração que tinha que descer uma escadaria em caracol, mas logo sai ao lado do balcão de Mira e tive uma visão panorâmica da guilda. Meu coração voltou a se apertar. Todos os rostos que eu conhecia tão bem estavam ali, sentados nas mesas de sempre, bebendo e conversando baixo, sem me notar. Meu coração esquentou, como eu sentia saudades.

—Lucy?!

Olhei na direção da voz que me chamou e me deparei com Cana de olhos arregalados. Todos também notaram-na e seguiram seu olhar até mim. No mesmo instante os vi se levantar e vir numa confusão de lágrimas e gritos de alivio. Sorri agradecida.

Cana foi a primeira a me alcançar, abraçando-me apertado. Abracei-a de volta, tão emocionada quanto ela. Após alguns minutos acalmando todos sobre estar me sentindo bem, me direcionaram a uns dos banquinhos do bar para que eu pudesse me sentar.

—Você não imagina como nos deixou aflitos! -disse Macao erguendo sua caneca de cerveja e apontando para mim- e não imagina como estamos felizes por você estar bem!

—Eu sinto muito por preocupar vocês, min-na. Eu... Estou feliz por vê-los de novo! -falei sinceramente, meu sorriso morrendo um pouco- claro que preferia em condições melhores, mas eu me sinto bem por estar aqui.

—E esperamos que seja sempre assim -me surpreendi ao ouvir a voz do mestre Makarov preencher a guilda. Olhei para o segundo andar, onde o mesmo estava em pé encima do parapeito que dava visão para nós- bem vinda de volta ao lar, minha filha.

Meu coração se apertou mais uma vez e meus olhos se encheram de lágrimas. Não demorou muito para Levy e Mira voltarem cheias de pratos e me darem um sermão por ter saído da cama. Mira me deu um abraço apertado e disse que todos estavam com muitas saudades, e que os três anos que se passaram sem noticias deixou a guilda um pouco para baixo. Eu comi e escutei tudo dando meus melhores sorrisos, mas em momento algum minha mente parava de gritar para que alguém me explicasse o que estava acontecendo, por que estavam agindo com tanta normalidade, por que ninguém tocou no assunto sobre a Anjos da Noite, mas tentei me controlar e guardar todas as minhas duvidas para o mestre, que estava sentado no balcão agora me encarando de longe.

Horas mais tarde quando os ânimos haviam se acalmado, pedi ajuda para ir até a sala do mestre e Levy me acompanhou. Bati duas vezes na porta antes de entrar e o encontrei olhando pela janela.

—Sente-se por favor, Lucy. -disse sem me olhar. Levy me deu um sorriso tentando me acalmar e nos sentamos em um pequeno sofá disposto na parede contrária a janela.

—Mestre, eu sei que o senhor sabe sobre o que houve com a minha guilda -tentei manter minha voz firme- por favor, me conte tudo o que sabe.

Se virou e me olhou nos olhos. Era fácil identificar traços de pena em seu humor. Isso só me deixou mais nervosa e fez minhas mãos começarem a tremer.

—Levy me contou o que você contou a ela, filha. Ontem mandei Natsu, Gray, Erza e Wendy para a Anjos da Noite para tentar entender o que aconteceu e o que me foi retornado foi exatamente o cenário que você descreveu. Sinto muito.

O peso do mundo pareceu ser depositado sobre as minhas costas.

—Seus colegas que ainda estavam vivos -apertei os olhos- foram encaminhados para o hospital do próprio conselho e estão sendo tratados. A guilda estava completamente destruída e o mestre Thomaz...

Cobri meu rosto com as mãos. Ele não precisava me dizer, eu senti assim que acordei nos escombros.

—Esta morto. -confirmei mais para mim mesma do que para qualquer outra pessoa. 


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