O movimento pelas ruas de Manhattan aumentava gradativamente enquanto o horário de almoço se aproximava, e eu ainda não tinha achado, o fluxo de pessoas aumentava e começava a ficar difícil transitar pelas calçadas da 5° Avenida, as pessoas se acotovelavam e se espremiam para passar, mas esse e mais um dos privilégios de ser eu; me olhando de cima a baixo elas abrem passagem, por admiração, encantamento, respeito, mas, principalmente, inveja por parte das mulheres; beijinho no ombro pro recalque; sorrio de lado e continuo a minha busca, até que de repente o vejo, o vestido perfeito, o brilho me hipnotiza, não vejo mais nada quando dou por mim estou no interior da loja pedindo a atendente para me providenciar aquele vestido.

-Lamento minha senhora- Do que ela me chamou?- Mais aquele vestido não esta a venda

-Por quê? Posso saber?- Perguntei já irritada pelo “senhora” de antes.

-Se tivesse prestado atenção, teria visto que aquela e só uma exibição da nossa coleção de verão que ainda não está a venda.

Esse e um dos problemas de ser eu, as mulheres simplesmente me odeiam. Queridas saibam que não tenho culpa, eu nasci assim; olho para ela e me concentro para usar somente um pouco do meu charme:

- Para mim você poder abrir uma exceção não acha?- Mesmo tentando não usar muito do meu charme acho que acabei exagerando, já que a pobre mulher saiu mais que depressa, tropeçando nos próprios pés para buscar o vestido, repetindo como um mantra:

-Tenho que abrir uma exceção...

Em poucos minutos eu já estava saindo da loja com quatro sacolas na mão, tenho que admitir que eles se superaram nessa coleção de verão, agora preciso de um carro, pego o celular e passo rapidamente os olhos pelos contatos, quando vejo o seu número não resisto, vai ter que ser ele, quero ver novamente aqueles olhos azuis, espero que esteja com um carro bonito Josh.

- Quem fala? Como conseguiu esse número?- perguntou visivelmente irritado – Olha ligue para minha secretária esse numero e restrito.

-Ora Josh, veja se consegue reconhecer minha voz.

- Heather!?

-Sim querido –digo fazendo uma careta- Se lembra de mim?

-Cla-claro que sim Heather, você sabe que eu nunca vou te esquecer...

-Seu tom triste quase me comoveu, Josh.

-Mas, Heather, eu...

-Me encontre na 5° Avenida em três minutos e eu penso no seu caso.

-5° Avenida?! Mas Heather...

-Sem mas Josh. Três minutos começando agora!

Desliguei o telefone, e olhei para cima, como se fosse um ímã, meus olhos foram atraídos para aquele prédio, o Empire State se destacava pela sua bela arquitetura e muito além disso, pela energia que ele emana, uma energia tão poderosa mais imperceptível aos mortais, maldita hora que eu quis ter uma crise de consciência, maldita hora, mesmo que sobreviva a essa guerra e a ira de Quione, jamais sairei ilesa dos Estados Unidos, sei demais, muito além do permitido, deveria ter ficado no Brasil, como se, por mágica, desprendo meus olhos do prédio quando vejo uma Ferrari preta virar a esquina e vir em minha direção.

-Serio mesmo Josh? Preta? Você sabe muito bem que gosto de vermelho- digo quando o vejo descer do carro- Tenho a leve impressão de que ser passaram mais de três minutos.

-Heather, por favor, eu imploro vamos conversar.

-Passa a chave- digo estendendo a mão e ele me olha sem entender- A chave do carro, me entrega.

-Por favor, eu conheço um restaurante muito bom aqui perto- diz me entregando a chave- A gente podia tomar alguma coisa talvez?

Pego a chave e mais que rapidamente entro no carro e ligo o motor, aquele som e músicas para os meus ouvidos.

-Agora não vai dar Josh- Digo olhando diretamente para aqueles lindos olhos- Talvez outro dia.

- Pelo menos me dê o seu número- Ele realmente parecia desesperado- Por favor Heather eu te a...

- Lamento Josh esse número é restrito.

Saio com o carro deixando um Josh bem atordoado para trás, e pensar que um homem conhecido por possuir um coração de pedra seria tão fácil...

Meu rolo com Josh foi durante uma festa no Copacabana Palace, uma noite e ele já estava completamente apaixonado, não o culpo eu fico maravilhosa de vestido vermelho.

Olhando pelo retrovisor do carro eu acompanhava o Lexus GX que me seguia “disfarçadamente?”. Poupe-me, quantos carros desses, completamente blindado, te seguem em New York? Não tinha certeza do que era, mas definitivamente não queria travar uma batalha no centro de Manhattan e rumei para uma rua lateral, o que, logo depois descobri não ser uma boa ideia ao me ver cercada de Lexus GX blindados, sério? Eles acham que estão enganando quem?

Desço do carro e uma de minhas mãos vai meio que automaticamente até meu colar, mas antes que eu possa transfomá-lo, sinto uma dor aguda no pescoço, minha vista escurece e perco a consciência.

A primeira coisa que sinto é uma tontura estrema, meu estômago embrulha e sinto que cada osso do meu corpo foi triturado.

- Essa sensação é devido ao sedativo- Olho em volta e noto que estou em uma sala e tem uma ruiva falsa me encarando, a luminosidade é pouca, mas percebo o espelho na parede oposta.

Estou amarrada em uma cadeira com... cordas!? Sério, eles acham que eu roubei o carro só pode, se soubessem quem eu realmente sou, seriam mais cuidadosos.

-Interrogatório?- Digo encarando o espelho com um sorriso de lado- O carro era emprestado.

Ela arqueou uma sobrancelha e continuou a me encarar. Okay, isso aqui não e a policia municipal.

-CIA? Olha, sério mesmo, se você continuar a me encarar com essa cara de “me contive antes de falar um palavrão”, dá para me dizer onde estou?

-Heather Sheeran, você esta no porta aviões da S.H.I.E.L.D, eu sou Natasha Romanoff, e preciso que me esclareça algumas coisas- Pronto, agora a coisa fico séria.