Wrong | Cobrina escrita por Bruna


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada: mil desculpas pela demora. É que a faculdade começou a pouco tempo e, meu Deus, é uma loucura! Mas prometo que continuarei aqui até vocês cansarem de mim - espero que isso não aconteça tão cedo -. -.-

Ai, meninas, eu amo tanto os comentários de vocês. Obrigada mesmo, por tudo! Por todos os comentários, favoritos e acompanhamentos.

Obrigada mesmo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587565/chapter/3

Minha cama estava tão confortável, quente e macia como nunca antes. Sabia que era uma manhã de sábado e que...

Espera... Minha cama? Não!

Abro os olhos assustada e constato o que, por um momento, havia esquecido: estou no QG.

Mas... Por que Cobra está do meu lado?

Seus braços envolvem minha cintura, em um abraço. Minha cabeça apoiada em seu peito que, meu Deus, estava desprovido de qualquer tecido!

O empurrei (chutar seria a palavra correta, mas ok) para fora da cama.

O som de algo sendo rasgado me chamou a atenção.

Por mais que eu não pudesse ver, sabia que a raiva transbordava dos meus olhos ao perceber que o que havia sido rasgado era a blusa que eu vestia. Os botões intermináveis que eu tive tanto trabalho para abotoar ontem à noite já não estavam mais ali, o que significava que eu estava totalmente exposta. Sem nenhuma reserva, já que o peçonhento havia levado a única coisa que poderia me cobrir naquele momento para o chão.

Cobra pareceu atordoado, e quando se deu conta do que havia acontecido a raiva também tomou conta dele. Qual é?! Eu tenho todas as razões para estar com raiva, não o contrário.

— Cê pirou, Karina? — gritou, massageando a cabeça, ainda sem me encarar. Agradeci eternamente por isso.

— Eu é que te pergunto, garoto! — soltei no mesmo tom — O que cê tava fazendo aqui?

— Sabe, novinha... — a ironia e o mau humor em seu tom era quase palpável — A cama é minha!

Levantou, se sentou na poltrona, onde deveria ter passado a noite, e fez o inevitável: me encarou.

— Olha só o que você fez... — comentei, baixando os meus olhos em direção a blusa, tentando evitar qualquer tipo de contato com ele.

Com muito esforço e com a ajuda das minhas mãos, consegui me cobrir, não como eu queria, mas foi o suficiente.

— O que cê tava fazendo aqui? — tornei a repetir ainda mais brava, o encarando finalmente. Percebi que o maldito sorriso estava lá de novo.

— Eu não fiz nada. Aliás, foi você que me chutou da cama, não tenho culpa se a sua blusa quis vir junto — respondeu ao meu comentário — E, a poltrona é desconfortável, K. — disse calmo, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— A poltrona é desconfortável — o imitei, revirando os olhos. Decidi evitar o assunto da blusa rasgada — Isso não é motivo pra você ir pra cama comigo.

O sorriso que pendurava em seus lábios pareceu ganhar vida, e antes que eu pudesse refazer a frase ou ao menos explicá-la, o comentário saltou de sua boca de uma forma venenosa, digno de um Cobra.

— Então me dê um motivo para eu ir pra cama com você. Eu adoraria saber...

Levantou da poltrona e começou a andar em direção à cama. Minhas mãos largaram a blusa e foram até o colchão, procurando algum tipo de apoio enquanto eu me afastava dele, tentando colocar alguma distância entre nós. Quando minhas costas encontraram a parede foi inevitável não soltar um resmungo.

— Eu não quis dizer isso... Eu só... Ai, Cobra, você entendeu! — disse assustada, devido aquela proximidade repentina.

Cobra parou de repente. Nenhuma expressão em seu rosto. Seus olhos analisavam cada centímetro do meu corpo, o que me deixou desconfortável e constrangida, os castanhos dos olhos dele penetrarem o azul dos meus por longos segundos. Mais rápido do que veio, ele se foi, o que me fez soltar a respiração que eu nem sabia que prendia.

O cômodo mergulhou em um silêncio profundo e incômodo.

— O quê?! — perguntei impaciente.

A confusão em seu rosto era visível.

— Por que cê tá assim? — fui mais clara.

— Não é da tua conta! — respondeu indiferente.

— Olha aqui, garoto... — estava prestes a começar - mais - uma discussão, mas decidi que não valia a pena — não sei por que ainda me importo — sussurrei, sabendo que ele não ouviria.

— Disse alguma coisa, marrenta?

— Nada — respondi — E não me chame de "marrenta", ô minhoca.

Cobra abriu a boca, talvez para dar continuidade a briga que começamos desde que o chutei da cama, mas ele apenas me deu às costas, indo em direção ao banheiro.

Decidi aproveitar aquele pequeno e, eu sabia, não muito duradouro momento de paz que cercava o recinto.

Levantei da cama, enquanto meio que me alongava, dessa vez sem me preocupar se alguém iria olhar para mim.

Me joguei na poltrona, de forma impaciente. Eu encarava a porta que o garoto havia entrado há alguns minutos atrás fixamente, enquanto cantarolava uma música qualquer, rezando para que ele saísse de lá o mais rápido possível. Precisava trocar de roupa. Precisava sair dali e, por Deus, precisava comer! Sim, comer. Eu estava morrendo de fome, e não achava que depois da confusão de alguns minutos atrás que Cobra iria me oferecer comida. O máximo que ele iria fazer era me apresentar à porta de saída do QG.

E: para onde eu iria? Não faço a mínima ideia.

Qualquer lugar onde a Bianca, João, Duca e, principalmente, Pedro não estivessem. Nada que me fizessem lembrar... daquilo.

Na falta do que fazer, espantando esses benditos pensamentos e a fome, passei a analisar o local em que eu estava. E observei que, para um homem que morava ali sozinho, até que o QG era bem organizado. Mesmo com todas aquelas caixas ali, ele sabia manter a organização. O que me surpreendeu, devo admitir.

Um porta retrato debaixo da cama me chamou a atenção, e antes que pudesse pensar no que fazia, eu fui até lá e o peguei.

A Dama e o Vagabundo. Cobrade. Cobra e Jade. Seja lá o que for.

Eram os dois que estavam ali, sorrindo um para o outro como dois bobos apaixonados. O que, de um jeito torto, eles eram.

Olhar aquela foto me fez sorrir, me fez chorar. Fiquei feliz por eles, sabia que, seja lá o que eles tivessem, era real. Da parte dos dois.

No meu relacionamento com Pedro houve sorrisos, abraços, beijos e amor, muito amor. Tudo isso foi sincero, pelo menos da minha parte. Saber que por tanto tempo eu acreditei que fui amada... e de repente descobrir que tudo era mentira, doía.

O som do chuveiro sendo desligado me tirou dos meus pensamentos. Joguei o retrato de volta e limpei as lágrimas rapidamente.

Alguns segundos depois a porta do banheiro se abriu. Cobra saiu de lá, ainda sem a camisa - qual o problema daquele garoto? -, com os cabelos molhados e bagunçados.

— Vem, vamos comer. — chamou, indo em direção à entrada do estabelecimento pegando o que via de comida pela frente. Encheu a boca de biscoitos e seguiu em direção ao pequeno frigobar que tinha nos fundos, pegando duas latas de coca.

— Depende... — disse desconfiada.

Ele levantou uma sobrancelha, em um gesto claro de questionamento.

— Você colocou veneno nessas coisas?

Cobra riu da minha pergunta e demorou uns segundos para responder, já que estava de boca cheia.

— Não, não coloquei nada. Mas não seria uma má ideia — respondeu, jogando a comida em cima da cama.

Em resposta apenas mostrei minha língua à ele que, como um bom cara mais velho e maduro, me devolveu o gesto.

— O que cê tá esperando? — me ofereceu a lata que estava em sua mão.

Segui em direção à ele e peguei o refri, enquanto sentava na sua frente, apanhei o travesseiro que estava do meu lado e coloquei no meio das minhas pernas.

Cobra sorriu, mas não comentou nada.

Comemos rapidamente. E, meu Deus, aqueles coisas estavam maravilhosas! Poderia passar o resto da minha vida me alimentando do que o meu pai chamava de "besteiras" e nem iria reclamar.

Quando me dei por satisfeita, passei a bebericar o resto da coca. Cobra fez o mesmo, me acompanhando.

— Dá pra você parar de me olhar assim? — perguntei.

Ele me secava. Sério. Me encarava sem nenhum pudor. Não tentava nem ao menos disfarçar.

E isso estava me constrangendo, de novo, pra variar.

— Não é nada do que eu não tenha visto antes. E, é como dizem: o que é bonito é pra se admirar — piscou.

Aquela foi a gota d'água. Antes de pensar no que eu faria, parti pra cima dele. Literalmente.

Acertei um soco em seu peito, o gesto o fez urrar de dor, e claro que me fez sorrir, quase gargalhar. Mas claro que minha alegria durou pouco: ele inverteu as posições facilmente, ficando por cima de mim.

Fechei os olhos esperando pelo golpe, mas ele não veio. Só senti suas mãos prendendo as minhas por cima da minha cabeça antes que eu pudesse ter qualquer tipo de reação.

Tentei me livrar de suas mãos. Sem sucesso, é claro.

Sua alta e sonora gargalhada preencheu o ambiente.

— Escuta aqui, marrenta...

Seus lábios desceram e descansaram ali, próximos ao meu ouvido. Parou ali por um tempo, como se pensasse no que iria fazer a seguir. Eu sentia sua respiração em minha nuca e ouvi quando ele disse em um tom baixo, porém claro devido à distância - se é que existia isso entre nós naquele momento.

— Você deveria acreditar quando te elogiam — sussurrou — Você é linda, Karina. Acredite... — continuou no mesmo tom.

A blusa que eu vestia estava totalmente aberta, devido aos movimentos de alguns segundos atrás; o que fez com que os olhos de Cobra encontrassem meu corpo pela milésima vez naquele dia.

Mais uma vez o maldito rubor tomou conta da minha face.

— E aí, Cobra, ia te chamar pra dá um rolê com os amigos, mas tô vendo que as coisas aqui estão bem mais interessantes — a voz de Thawick invadiu o ambiente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMENTEM E ME FAÇAM FELIZ!