Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 7
O Arrependimento de Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem o3o Eu especialmente amo esse cap



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— Olhe, quando eu disse que ele não ia fazer muita diferença na vida de ninguém. – Gina comentou, mais tarde no salão principal. – Não imaginei que você fosse acabar se apegando mesmo a ele.

Estávamos no salão comunal. As pessoas olhavam de esguelha para mim, mas tinham a decência de virar o rosto quando Gina as encarava com raiva. Era muito obvio que eu estivera chorando, muito, com meus olhos vermelhos e inchados. Harry não estava ali, mas Rony e Lilá sim. Ele era um dos que não parava de me lançar olhares questionadores.

— Ele tinha realmente mudado sabe? – funguei. – Estava tudo tão bom...

— Ele falou da boca para fora, você sabe. Estava bravo e quis te machucar. – ela suspirou. – Garotos são uns idiotas.

— E você acha que não sei? – ri. Estávamos falando tão baixo que precisávamos ficar bem próximas para nos ouvirmos. – Estou cansada, Gina.

— Calma, ele vai voltar atrás. Se gosta mesmo de você, ele vai pensar melhor.

Não era um grande consolo. Mas era o melhor que eu tinha. Suspirei, abraçada aos meus joelhos.

O quadro da mulher gorda girou e Harry entrou. Ele parecia nervoso com alguma coisa, seu rosto estava bem vermelho e suas sobrancelhas franzidas. Ele não olhou para ninguém, apenas seguiu com passos pesados em direção ao dormitório masculino. Mas Gina não quis deixar por isso mesmo. Quando ela se levantou, todos olharam para nós. Tentei me encolher e fazer parte da parede, puxando Gina de leve, mas ela parecia decidida.

— Não vai falar nada? – perguntou a Harry.

Ele parou e olhou para ela com um ar cansado.

— Tipo o que?

— Pedir desculpa!

— Por que eu pediria? – ele pareceu que tentava se controlar. – Tenho todo o direito de ficar zangado.

— Sua melhor amiga estava feliz! Isso não deveria ser o mais importante?

Ele pareceu sem palavras. Olhou para mim, sentada atrás de Gina e pareceu assumir uma expressão de compreensão. Harry coçou a parte de trás da cabeça, muito constrangido. Ele virou-se e caminhou para o dormitório sem ser interrompido novamente. Gina se sentou, com raiva.

— Não precisava ter feito isso. – disse. – Ele tem razão.

Ela fez um muxoxo raivoso, lançando olhares de ódio para todos os outros que achavam que podiam escutar nossa conversa. Tentei mudar de assunto:

— Como está o Dino?

— Você sabe. – ela fez os dedos de arma e atirou na própria cabeça, gesto que eu havia ensinado. – Um porre.

— Termina com ele então.

— É, quem sabe. – a ruiva deu de ombros.

Naquela noite eu subi mais cedo para me deitar, mas demorei a dormir. Eu estava de olhos abertos, encarando a escuridão, temendo que o choro recomeçasse. Em algum momento eu retomaria minha postura, mas era tudo muito recente para ser agora. Dois baques em menos de um mês. Eu realmente não tinha sorte com garotos.

Acordei no dia seguinte parecendo acabada. As meninas do meu dormitório não comentaram nada, mas pela expressão delas já pude adivinhar que elas sabiam que era por causa de um garoto. Até mesmo Lilá estava sendo mais simpática comigo, se oferecendo para trazer o café para mim. Recusei com um mínimo sorriso. No fundo, sabia que não era dela que eu tinha raiva, e sim do Rony por me fazer de boba. Me vesti e desci para o salão comunal após esperar alguns minutos para me certificar que estava vazio. Infelizmente me enganei. Harry estava sentado em um sofá, com um livro na mão. Quando me viu, ele o fechou e se levantou.

— Mione. Eu pensei e... Bem, você é a garota mais inteligente que eu conheço. Não seria burra de ficar com Malfoy por algo tão bobo quanto essa briga. – ele respirou fundo. – Desculpe por te acusar.

— Tudo bem. – sussurrei, olhando para os pés.

— Mas ainda não sei o que deu em você. Sinceramente, depois de tudo o que ele fez?

— Ele mudou Harry. Te dou a minha palavra, ele não é mais o mesmo. – olhei bem nos olhos esverdeados dele. – Por que ele estaria me aturando a mais de uma semana se não tivesse mudado?

— Se divertir talvez?

Meu coração doeu. Estendi a mão, pedindo para que ele parasse de falar.

— Não importa. Ele ficou muito bravo com o que você disse. Achou que você estava certo. – suspirei. – Nós não temos mais nada.

— Mione... Você realmente estava feliz?

Dei de ombros, enxugando uma lagrima. Incrivelmente, falar sobre o assunto ajudava. A dor estava começando a diminuir. Harry chegou mais perto e me abraçou, afagando meu cabelo meio incerto.

— Vou ter uma conversinha com Malfoy.

— O que? – perguntei, alarmada. – Harry, não. Não vá fazer uma bobagem.

— Prometo não fazer nenhuma bobagem. – ele piscou. – Vem, vamos tomar café.

Ele me soltou, indo em direção ao buraco do retrato. Corri em direção a ele, arrumando meu cabelo no ponto em que ele havia bagunçado tentando me consolar. Uma ideia passou por minha cabeça, então resolvi perguntar na hora:

— Isso quer dizer que você desistiu da idéia dele ser um comensal da morte?

— Ah não. – Harry riu. – Agora tenho a idéia de que você vai poder espionar ele e confirmar que eu estou certo.

Revirei os olhos, mesmo não sabendo se ele estava ou não brincando. Draco não estava na mesa da Sonserina na hora do café e eu agradeci mentalmente por isso. Comi em silencio ao lado de Harry e juntos fomos para a aula de feitiços. Rony parecia querer falar comigo, mas eu o ignorava. Eu não estava mais tão zangada com ele também, mas ainda não queria conversar.

Harry desapareceu no almoço. Imaginei se estava cumprindo o que havia dito, considerando que nem Draco estava lá. Queria alguém para especular comigo o que provavelmente ele queria dizer com dar uma palavrinha com Draco, mas Gina estava ocupada estudando e eu não tinha nenhuma vontade de contar isso para as outras meninas do meu ano. O que me sobrava era Rony e o próprio Harry, e já era meio obvio que não dava.

Fiquei evitando a biblioteca o dia inteiro, o que não era nem um pouco comum de minha parte. Felizmente não vi Draco o dia inteiro, e de tarde eu já estava até um pouco animada, sentada no meu canto e estudando no salão comunal. Gina passou e sorriu para mim, mas foi se juntar a Dino em outra mesa. Rony não estava ali, nem Lilá, o que me levava a crer que eles estavam juntos. Eu estava me sentindo um tanto quanto sozinha, então fui deitar mais cedo.

Acordei no dia seguinte com um gosto estranho na boca e uma sensação esquisita no coração. Fiz tudo tão mecanicamente, com os olhos vidrados no nada, que as meninas até perguntaram se estava tudo bem. Dei de ombros. Lilá estava falando em altas vozes que era o aniversario de Rony e que o presente que ela ia dar era incrível. Eu tinha até esquecido disso. Bem, não acho que um presente mudaria minha situação com Rony naquele momento. Desci para tomar café com um ar abatido. Naquele dia teríamos aula de poções, ou seja, eu teria que ver Draco de qualquer jeito.

Parei um instante no saguão de entrada para esfregar os olhos cansados. Quando os abri de novo, tive que piscar umas duas vezes. Eu ainda devia estar dormindo, por que via Draco vindo em minha direção. Sem duvidas, na minha direção, pois os olhos cinzentos dele estavam fixos nos meus. Minha expressão devia estar muito engraçada, pois ele reprimiu um sorrisinho quando finalmente parou na minha frente.

— Oi.

— Ahn... Oi? – pisquei, aturdida.

Ele estendeu para mim uma caixinha que eu não havia notado até então. Olhei para os lados. Algumas pessoas estavam se amontoando ao nosso redor, cochichando entre si. Senti meu rosto corar e aceitei a caixinha. Abri, um pouco receosa, mas ao ver o conteúdo, minha boca se abriu em um perfeito “o”. Era um colar, bem simples na verdade. O cordão parecia couro de dragão bem fino, mas o que chamava a atenção mesmo era o pingente. Era uma serpente, bem pequena, feita de esmeraldas, enrolada em um coração feito de rubi. O pingente era tão delicado que toquei nele com uma leveza incrível com medo de quebrar. Draco fechou minha mão que o segurava com ambas as dele. Olhei para cima e ele parecia determinado.

— Eu não te dei nada no natal, não pude me perdoar. – comentou. – E achei a ocasião perfeita. Você me desculpa?

As pessoas ao redor ofegaram, chocadas com aquelas palavras ditas em alto e bom som. Até eu estava chocada, na verdade. Olhava dele para o anel, com ar de duvida. Draco pareceu hesitar.

— Não gostou?

— Eu... – procurei palavras no meu vocabulário que, modéstia a parte, era bem extenso. Mas não encontrei nada que pudesse descrever. – Simplesmente...

— Eu posso trocar se você quiser...

— Não! – me apressei. – Eu amei. É perfeito. Mais que perfeito. Obrigada!

Eu sorri e o abracei. As pessoas agora não se preocupavam em cochichar, falavam a altas vozes escandalizadas. Mas no meu mundo, não havia ninguém, só eu e ele. O abraço era quente, firme. Parecia tão... Certo. Coloquei a cabeça entre o pescoço dele e comecei a chorar. Draco afagou meu cabelo e sussurrou, de modo que só eu ouvisse:

— Eu me arrependo de ter dito aquelas coisas. Todas elas, desde o primeiro ano. Por causa de crenças antigas, não pude ver quem você realmente era. Mas nas ultimas semanas, percebi tarde demais o quanto estava louco por você.

Então ele me soltou. As lagrimas corriam livremente por meu rosto, mas eu sorria. Draco pegou o colar na minha mão e ficou atrás de mim, prendendo-o ao meu pescoço com carinho. Ele deixou as mãos ali um instante a mais do que o necessário e então beijou o topo da minha cabeça. Atraiamos ainda mais olhares das pessoas que saiam do salão e das que entravam também. E deixamos todos chocados, quando Draco me virou para encara-lo e disse, olhando nos meus olhos:

— Você quer namorar comigo, Hermione?

Parecia que eu tinha invocado aqueles passarinhos de novo, mas dessa vez eles estavam no meu estomago. Respondi um “sim” gaguejado, as bochechas corando de felicidade. Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei. Juntos, ignorando todos que assoviavam ou vaiavam ao redor, nós entramos no Salão Principal.

Algumas pessoas estavam esticando a cabeça ou já se levantando para ver que comoção era aquela no saguão, mas quando nos viram ali parados na porta, todas as bocas se abriram. Daria para ouvir uma colher caindo no salão que normalmente estava insuportável de tanto falatório. As reações foram diversas, mas algumas foram tão memoráveis que eu tenho que citar. O professor Dumbledore tinha um sorriso real no rosto, não aquele de pura educação. Já Snape parecia intrigado, as sobrancelhas unidas e certo ar de desaprovação que também poderia ser visto no rosto da professora Minerva. Mas o que me fez ter vontade de rir mesmo foi a reação dos alunos da Sonserina. Crabbe e Goyle pareciam mais confusos do que quando eram questionados em uma aula. Blaise Zabini deu de ombros e levantou o dedo positivamente para Draco. E Pansy Parkinson se levantou, deixando cair um prato de sopa nas vestes, mas ela pareceu não notar. Seu rosto estava assumindo um feio tom púrpura e ela parecia que ia explodir e desmaiar, não necessariamente nessa ordem.

Foi a gota d’agua quando Draco me beijou de leve, com as mãos em cada lado do meu rosto e foi se sentar em sua mesa. Claro que era impossível que nos sentássemos juntos, sendo a rivalidade entre Sonserina e Grifinoria tão intensa. Mas eu não me importava, tomei meu café com um sorriso no rosto, ignorando os olhares e a balburdia que havia começado no salão. Na verdade a mesa da Sonserina parecia que ia começar a terceira guerra mundial, mas Draco os ignorava sabiamente, assim como eu.

— Era por causa dele que você estava tão abatida? – Parvati perguntou, incrédula.

— Mione, você ta bem? – Neville parecia meio nervoso. – Ele não fez nada com você, fez?

— Era com ele que você estava na festa então? – Córmaco ficou muito vermelho quando perguntou.

— Há quanto tempo isso ta rolando? – Até mesmo Heloisa Midgen apareceu para dar palpite.

E também tinham os comentários de gente que eu não conhecia. Coisas como “espere até o Potter saber disso” e “achei que ela gostava do Weasley!”. Mesmo assim ignorei a todos, menos Neville, a quem garanti que estava tudo bem comigo, na verdade eu estava ótima. Toda hora eu tocava o pingente para ter certeza que não era um sonho e ele continuava ali. Eu entendia o seu significado, apesar de Draco não ter me dito nada.

Afinal das contas, Draco não era tão ruim. Ele tinha um coração, mesmo que ele não permitisse que todos soubessem. E agora ele batia por mim.


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Notas finais do capítulo

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