Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 19
De Volta Ao Lar


Notas iniciais do capítulo

Bem, como vocês perceberam, eu misturo partes do livro com o filme. Então... Bem, vocês vão ver.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/587374/chapter/19

Meus dedos estavam frios e dormentes. Meu coração palpitava num ritmo frenético e meu cabelo cheirava a água salgada. Me perguntei se os outros também estariam pensando o mesmo que eu. Que horas afinal sairíamos de perto desse dragão? O que estaria acontecendo no Gringotes neste momento? O sol começava a baixar no horizonte e eu não tinha a mínima ideia do que faríamos a seguir.

—É minha imaginação ou estamos perdendo altitude? – Rony gritou, tentando sobrepor sua voz apesar do vento.

— Temos que saltar! – gritei de volta, apesar de não ter certeza se eles me ouviam.

— Quando ele baixar o suficiente, ok? – Harry respondeu. A barriga do Dragão estava quase tocando a água quando ele gritou a ordem: - AGORA!

Impulsivamente larguei a crista do animal e me deixei cair. Não tive tempo de gritar, pois fui diretamente de encontro com a água gelada. Harry estava tendo dificuldades para se manter boiando, então Rony o ajudou. Nadamos como conseguimos por uns bons cinco minutos até encontrarmos uma pequena ilha. Desmoronei no chão e fitei o céu, ofegante. As imagens e os acontecimentos inundaram minha mente, se encaixando como quebra cabeças. Um plano, precisávamos de um plano. Sempre é bom saber o que vamos fazer a seguir.

— Bom pelo ângulo positivo, conseguimos uma Horcrux. – disse Rony, sacudindo o cabelo como um cão molhado. – E pelo negativo...

— Nada de espada. – completou Harry, batendo os dentes com força por causa do frio.

— Nada de espada. – Rony concordou. - Aquele traidorzinho safado...

Harry retirou a Horcrux do bolso. Era uma tacinha até bonita, toda ornamentada. Imaginei que poderes ela possuiria, mas ele já a guardava de volta. Olhei para o horizonte. Nosso Dragão bebia a água salgada, infeliz, a uma pequena distancia.

— Pelo menos, essa nos não podemos usar. – Rony comentou.

— O que vamos fazer com ele? – perguntei, indicando o dragão com a cabeça.

— É um dragão, Hermione. Ele sabe se cuidar. É conosco que temos que nos preocupar.

— Como assim? – perguntei, um pouco vaga.

—Bom, detesto ser eu a te dar a noticia, mas acho que eles talvez tenham notado que arrombamos o Gringotes.

Dei uma risada alta e surpreendentemente Harry e Rony me acompanharam. Aquele era um momento raro de ócio. Eu estava morta de fome e de cansaço, mas sabia que não poderíamos parar por muito tempo. Porem por alguns segundos, me deixei cair na areia e apenas ouvir o som do mar.

— Mas o que vamos fazer? – perguntei baixinho após um tempo. – Ele vai saber, não vai? Que estamos atrás das Horcruxes?

— Talvez eles fiquem apavorados de mais para contar... – Rony tentou. – Talvez escondam...

Mas eu não estava mais ouvindo, olhava para Harry. A expressão em seu rosto era de pura dor. Pela primeira vez apreciei o fato de que ele não conseguia esconder quando estava espionando a mente de Voldemort. Eu e Rony ficamos encarando-o com preocupação, a espera de respostas. Sua mão apertava a cicatriz com força. Até que enfim ele se levantou, vacilante e olhou para nós dois.

— Ele sabe. – disse, tremulo. – Ele sabe e vai verificar as outras horcruxes para ter certeza. E a ultima... Esta é Hogwarts. Eu sabia, eu disse para vocês.

— Você viu onde em Hogwarts? – Rony perguntou, se levantando também.

Aproveitei a deixa e comecei a procurar nossas vestes na bolsinha. Peguei também essência de Ditamno, já que nossas mãos estavam ferradas de segurar no couro forte do dragão. Passei as roupas e o frasquinho a Rony, que apressou em se trocar enquanto eu virava as costas para procurar minhas roupas e as de Harry.

— Não, ele estava concentrado em avisar Snape... Não pensou no lugar exato que está.

Passei as roupas para Harry também e me concentrei em vestir as minhas, ignorando os dois ali. Já não tínhamos mais tempo para tanto pudor. O cronometro estava apitando. Harry parecia decidido a aparatar ali mesmo.

— Espere! – protestei, quando ele terminou de se vestir e tentou pegar nossas mãos. – Não podemos simplesmente entrar em Hogsmeade assim... Precisamos de um plano!

— Hermione! Quando foi que um dos nossos planos deram certo?

Ele tinha um ponto. Bufei, mas não continuei a protestar. Verifiquei o conteúdo da bolsinha, ainda chateada pelo fato de termos perdido a espada de Griffyndor.

— Certo. – Harry parou um instante para pensar. — Precisamos ir andando. Vocês podem imaginar o que ele vai fazer quando descobrir que o anel e o medalhão desapareceram? E se mudar o esconderijo da Horcrux de Hogwarts, resolver que não está bastante segura?

— Mas como vamos entrar?

— Bem, vamos a Hogsmeade e tentar pensar em alguma coisa depois de vermos qual é a proteção em torno da escola. Entre embaixo da capa, Hermione, quero todos juntos desta vez.

— Mas não cabemos realmente...

— Estará escuro, ninguém vai reparar nos nossos pés.

Rony me olhou com cara de “anda logo”. Respirei fundo e entrei no meio deles, segurando o braço de ambos. Eu era a única que havia passado no teste de aparatação e ninguém gostaria de arriscar aparatar sozinho a menos que a necessidade fosse grande. Na verdade, a idéia de ir a Hogwarts não me atraia muito, mas Harry parecia decidido. Ele jogou a capa sobre nós e eu girei no lugar. A conhecida sensação de ser puxada por uma anzol se apoderou de mim.

Nossos pés tocaram o chão e menos de um segundo depois um som estridente tomou conta de nossos ouvidos. Parecia um gato sendo estrangulado. Resisti a tentação de tampá-los, pois isso poderia fazer com que a capa escorregasse.

— Potter! – uma voz grossa chamou no fim da rua em que estavamos.

Alarmada, apertei o braço dos dois. Um bando de comensais da morte vinha em nossa direção, parecendo satisfeitos.

Accio capa! – rugiu o primeiro Comensal.

Temi que a capa saísse voando diretamente nas mãos do comensal, mas nada aconteceu. Fechei os olhos, aliviada, mas sabia que eles não iam desistir.

—Então, não está embaixo do seu xale, Potter? – o homem berrou. Depois disse para os seus companheiros: – Espalhem-se. Ele está aqui.

Seis dos Comensais saíram em sua direção vieram diretamente para cima de nós. Recuamos rápido e silenciosamente para a rua lateral mais próxima e por um triz não fomos pegos. Nos prendemos a parede, praticamente tentando fazer parte dela, enquanto os comensais iam e vinham ao nosso redor. Tentei pensar em um plano, mas nada me recorria. Sabia que deveríamos ter planejado antes!

— Vamos embora! – cochichei, alarmada. – Desaparatar agora!

— Grande ideia – disse Rony e eu me senti aliviada por ele concordar.

— Sabemos que você está aqui, Potter, e não tem como escapar! – Um comensal próximo gritou. Nós o encontraremos!

— Estavam de prontidão – sussurrou Harry. – Armaram aquele feitiço para avisá-los da nossa chegada. Imagino que tenham feito alguma coisa para nos segurar aqui, nos encurralar...

— Que tal uns dementadores? – gritou outro Comensal da Morte. – Se os deixássemos à vontade, eles não demorariam a encontrá-lo.

— O Lorde das Trevas não quer que ninguém mate Potter exceto ele... – alguém resmungou alarmado.

— Os dementadores não irão matar Potter! O Lorde das Trevas quer a vida dele, e não a alma. Será mais fácil matá-lo se tiver sido beijado antes!

Os outros comensais cochicharam entre si, aprovando a ideia. Tremi. O único modo de espantar dementadores seria conjurando um patrono, e eu nunca havia sido boa nesse feitiço. Alem disso, só o fiapo de luz branca ofuscante já nos denunciaria, imagina o veado de Harry?! Estávamos ferrados.

—É melhor desaparatar, Harry! – sussurrei.

Foi tarde demais. Na mesma hora sentimos o frio penetrante que anunciava a chegada dos dementadores. Fechei os olhos, buscando não sentir o desespero. Até mesmo as estrelas haviam se apagado com a aparição. Eu não podia ver um palmo a minha frente. Segurei os braços de Harry e Rony com mais força e girei, mas de nada serviu. Continuávamos presos ali.

Senti Harry erguendo a varinha ao meu lado e tentei impedi-lo, mas ele proferiu baixinho:

Expecto patronum!

O veado prateado irrompeu de sua varinha e atacou: os dementadores se dispersaram e ouviu-se um grito de triunfo em algum lugar fora de vista.

— É ele, lá embaixo, lá embaixo, vi o Patrono dele, era um veado!

Pelo menos a sensação de desespero tinha passado. Os dementadores não estavam mais ali. Infelizmente os comensais se aproximavam cada vez mais, satisfeitos. Eu xingava Harry mentalmente, quando ouvimos o ranger da porta atrás de nós e uma voz apressada sussurrar:

— Potter, entre, depressa!

Ele obedeceu sem hesitação. Eu e Rony o seguimos sem pestanejar.

— Suba, não dispa a capa, fique quieto! – murmurou quem quer que houvesse nos ajudado e saiu, batendo a porta.

Ele discutia com os comensais pelo o que me pareceu uma eternidade, até que eles decidiram ir embora. Soltei um gemido de alivio quando ouvi o silencio das ruas de novo. Harry puxou a capa e me entregou para que eu a guardasse na bolsinha. Olhando ao redor, percebi onde estávamos: O Cabeça de Javali. E o homem que nos ajudara agora entrava novamente pela porta, praguejando. Era o velho barman. Era a primeira vez que eu via seus olhos: tão azuis quanto o céu.

— Seus idiotas infelizes – disse, rispidamente, olhando para nós. – O que pensam que estão fazendo?

— Obrigado. Não sabemos como agradecer – disse Harry.

O barman resmungou alguma coisa e foi para trás do balcão. O lugar estava mais limpo do que eu me lembrava. Havia uma lareira quente e aconchegante que eu e Rony logo nos amontoamos perto. Harry ainda encarava o barman, que preparava sanduíches, parecendo confuso.

Em cima da lareira havia um quadro de uma garota. Parecia ter seus sete anos e sorria com simplicidade. Seus olhos também eram azuis. Eu já havia visto o rosto dela em algum lugar, mas não me lembrava onde. Fiquei encarando a garota e ela me encarava de volta, com o mesmo sorriso. As flores aos seus pés se mexiam como se a brisa tivesse acabado de leva-las.

Algo me despertou para a conversa que acontecia ao meu redor. Harry estava de braços cruzados na frente do barman, desafiando-o.

— Mas seu irmão, queria que nós...

— Meu irmão Alvo queria muitas coisas e as pessoas tinham a tendência de saírem machucadas quando ele executava um de seus planos grandiosos. Siga o que eu digo, moleque, estará melhor longe daqui.

Foi ai que a ficha caiu. Olhei para o quadro abismada e depois para o homem. Aquele era Aberforth, irmão mais novo de Dumbledore. Então aquela só podia ser...

— Sr. Dumbledore? – perguntei, timidamente. – Essa é a sua irmã...? Ariana?

– É – ele confirmou. – Andou lendo Rita Skeeter mocinha?

Senti meu rosto corar e baixei a cabeça. Os sanduiches jaziam no prato, intocados.

— Elifas Doge mencionou-a para nós – Harry me defendeu.

— Aquele velho babão – murmurou Aberforth, tomando um gole do hidromel. Só então percebi o quanto estava sedenta e me aproximei, pegando uma caneca também e virando-a em um só gole. -Achava que o sol irradiava de todos os orifícios do meu irmão, é o que ele achava. Bem, muita gente tinha a mesma opinião, vocês três inclusive, pelo que vejo.

— O professor Dumbledore amava o Harry. – comentei, baixinho.

— Tinha, é? – o homem deu uma risada jocosa. – É engraçado o número de pessoas que meu irmão amava e acabaram em situação pior do que se ele as tivesse deixado em paz.

— Como assim? – Perguntei, quase deixando o copo cair.

—Não se preocupe – Ele retrucou.

— Mas isso é uma afirmação muito grave! – Exclamei com nervosismo. – O senhor... Está se referindo à sua irmã?

Aberforth me encarou com seriedade. Seus lábios se mexeram como se ele estivesse prestes a falar mas refreasse as palavras. Ele me fitou por mais alguns segundos antes de começar a contar. Ele contou tudo, desde o inicio. Não era uma historia bonita. Ele falava como se nunca tivesse revelado isso a ninguém, mas apenas revirasse as lembranças sempre que possível. Era a historia mais triste que eu já havia ouvido. Pobre Ariana...

— Como pode ter certeza, Potter, de que o meu irmão não estava mais interessado no bem maior do que em você? – Aberforth resmungou, por fim. - Como pode ter certeza de que não é dispensável, exatamente como a minha irmã foi?

— Não acredito. – interrompi, decidida. - Dumbledore amava Harry.

— Então, por que não lhe disse para se esconder? – o homem retorquiu. – Por que não lhe disse, “cuide-se bem”, eis como sobreviver?

— Porque – disse Harry, antes que eu pudesse abrir a boca novamente –, às vezes, a pessoa tem que pensar além da própria segurança! Às vezes, a pessoa tem que pensar no bem maior! Estamos em guerra!

— Você tem dezessete anos, moleque!

— Sou maior de idade, e vou continuar lutando mesmo que você já tenha desistido!

—Quem disse que eu desisti?

— “A Ordem da Fênix acabou” – repetiu Harry. – “Você-Sabe-Quem venceu, tudo está terminado, e qualquer um que finja que é diferente está se enganando.”

— Não digo que gosto disso, mas é a verdade!

— Não, não é. Seu irmão sabia como liquidar Você-Sabe-Quem e passou esse conhecimento a mim, e vou continuar até conseguir isso ou morrer. Não pense que não sei como isso poderá acabar. Há anos que sei.

Ele esperou que Aberforth comentasse, mas o outro ficou em silencio, por isso Harry continuou:

— Precisamos entrar em Hogwarts. Se não pode nos ajudar, esperaremos o dia nascer, deixaremos você em paz e tentaremos encontrar um jeito sozinhos. Se você puder, bem, agora será um bom momento para nos dizer.

Aberforth permaneceu pregado em sua poltrona, fitando Harry com olhos extraordinariamente semelhantes aos do irmão. Por fim, pigarreou, levantou-se, deu a volta à mesinha e se aproximou do retrato de Ariana.

— Você sabe o que fazer – disse ele.


Ela sorriu para o irmão, se virou e saiu. Observamos ela andar até sumir no fundo do quadro.

—Mas que...? – perguntei, franzindo a testa.

— Só existe um modo de entrar agora – disse Aberforth. – Vocês devem saber que bloquearam todas as antigas passagens secretas dos dois lados, há dementadores em torno de todos os muros divisórios, patrulhas regulares dentro da escola, segundo informaram minhas fontes. O lugar nunca esteve tão fortemente guardado. Como espera fazer alguma coisa, se conseguirem entrar, com Snape na direção e os Carrow como seus assistentes... Bem, a preocupação é sua, não é? Você diz que está disposto a morrer.


Um minúsculo ponto no fim do túnel indicava que Ariana estava voltando. Mas havia um outro vulto acompanhando ela de perto. Eles foram se tornando maiores, até que apenas Ariana era visível e o quadro se abriu, revelando uma escada. Uma figura conhecida terminou de descer os degraus. Seu rosto estava acabado, mas ainda era o mesmo.

Neville? – perguntei, incrédula

— Eu sabia que vocês viriam! Eu sabia! – ele gritou.

— Neville... Que... Como? – Harry perguntou, abismado.

Neville me abraçou com força e eu me afastei brevemente para checar sua aparência detonada. Um dos olhos estava inchado, havia marcas fundas em seu rosto e sua aparência de desleixo sugeria que passara por maus bocados.

— Neville, o que aconteceu com você? – Perguntei, temerosa.

— O que, isso? – ele disse, apontando para os ferimentos e dando de ombros. – Isto não é nada, o Simas esta pior. – ele se virou para o barman – Ab, talvez haja mais duas pessoas a caminho.

Aberforth olhou para ele com cara de poucos amigos e grunhiu algo que parecia ser uma ofensa. Neville não se importou.

— Obrigado. – E então se virou para nós – Vamos, todos querem saber o que esta acontecendo!

Neville me ajudou a subir no console da lareira e depois a chegar ao túnel; Rony veio em seguida e Harry agradeceu a Aberforth e nos seguiu também. Era um lugar escuro e abafado, mas Neville andava por ali como se o conhecesse como a palma de sua mão.

— E então? – Ele perguntou, se virando para nós.

— E então o que? – Rony perguntou.

— Os boatos! O dragão! É verdade que vocês arrombaram o Gringotes?

— É, é verdade. – Harry confirmou.

— Puxa! Que foi que vocês fizeram com o Dragão?

— Soltamos no mato, Hermione era a favor de adota-lo.

— Não exagere, Rony... – Revirei os olhos.

— Mas vocês estiveram armando alguma coisa, não é?

— Sim Neville... Mas nos conte de Hogwarts! Temos estado sem noticias...

— Tem estado... Bem, não se parece mais realmente Hogwarts. - o sorriso desapareceu de seu rosto e ele começou a contar as atrocidades que os irmãos Carrow andavam fazendo pela escola.

Percebi que nos aproximávamos de uma cavidade luminosa. Havia mais um pequeno lance de escadas que levava a uma porta igual a que havia atrás do retrato de Ariana e uma tocha a iluminava. Neville desceu aos tropeços e abriu a porta bruscamente. A luz praticamente nos cegou e os gritos que vieram a seguir poderiam ter nos deixado surdos de tão altos.


— HARRY!

— É o Potter! É POTTER!

— Rooooooony! – Infelizmente devo dizer que eu reconheceria de longe essa voz.

— Hermione!

Olhei para a sala. Estava apinhada de gente. Não apenas alunos da Grifinória, mas da Corvinal e da Lufa-Lufa também. Não havia nem sombra do verde e prata da Sonserina. A sala era constituída de várias redes, bandeiras e mesinhas com cadeiras simples. Nunca tinha visto algo assim em Hogwarts, então presumi que fosse a sala precisa. Reconheci muitos rostos e cumprimentei a todos com igual satisfação, até mesmo Lilá Brown.

— Os Carrow não podem entrar? – Harry perguntou olhando ao redor.

— Não. – respondeu Simas, com um sorriso. – Estamos nos escondendo aqui há quase duas semanas, e a sala acrescenta mais redes sempre que precisamos e até fez brotar um banheiro muito bom, quando as garotas começaram a chegar...

— Foi quando desejaram muito se lavar. – Lilá informou, radiante.

— Mas contem, o que andam fazendo?! – Ernesto Macmillan perguntou. – Vocês não arrombaram o Gringotes?

— Arrombaram! – confirmou Neville – E o dragão também é verdade!

Todos aplaudiram e gritaram. Rony até fez uma reverencia. Sorri para todos. Era bom estar de volta ao lar.

— Que estavam procurando? – Simas indagou, curioso.

Antes que respondesse, Harry soltou um grunhido e levou a mão a cicatriz. Alarmados, Rony e eu o seguramos para que ele não caísse. Infelizmente todos na sala tinham notado aquele lapso e agora nos encaravam curiosos.

— Você esta bem Harry? – Neville pareceu temeroso. – Quer se sentar...?

— Não, obrigado Neville. – ele olhou para nós. Ao que tudo indicava Voldemort estava mais perto de descobrir que apenas uma Horcrux ainda estava segura. - Temos que ir andando.

— Qual é o plano Harry?


— Plano? – Harry repetiu – Bem, nos tem uma coisa que nós, Rony, Hermione e eu, precisamos fazer. E depois temos que sair daqui.

Todos olharam para ele com expressões confusas.

— Como assim sair daqui? – Neville perguntou.

— Não viemos para ficar. Nós...

A porta atrás de nós se abriu delicadamente e Luna espiou para dentro do aposento, com Dino em seu encalço. Ela saltou para a sala como uma pequena fada, sorrindo a todos. Simas correu para abraçar Dino, os dois berrando de um modo que só pessoas que não se viam a muito tempo conseguem.

— Ah, como é ótimo estar aqui de novo! – Luna exclamou.

— Luna? – Harry perguntou, aturdido. – O que você esta fazendo aqui?

— Pedi a ela para vir – respondeu Neville, mostrando o galeão falso que eu havia criado em nosso quinto ano. – Prometi a ela e a Gina que, se você voltasse, eu avisaria. Todos pensamos que a sua volta significaria realmente uma revolução. Que íamos derrubar Snape e os Carrow.

— Claro que é isso que significa – confirmou Luna, animada. – Não é, Harry? Vamos expulsá-los de Hogwarts à força?

— Escutem – Harry parecia verdadeiramente alarmado. – Sinto muito, mas não foi para isso que voltamos. Tem uma coisa que precisamos fazer e depois...

— Vocês vão nos deixar nessa confusão? – O chato do Miguel Corner quis saber, cruzando os braços.

— Não! – protestou Rony. – O que estamos fazendo vai acabar beneficiando todo mundo, estamos tentando nos livrar de Você-Sabe-Quem...

— Então nos deixe ajudar! – exclamou Neville, irritado. – Queremos participar!

A porta do retrato se abriu novamente e mais pessoas entraram na sala, empurrando para serem vistas. Entre elas reconheci Gina, Fred e Jorge. A ruiva sorriu para nós radiante, mas Harry nem teve tempo de cumprimenta-la, apertava a cicatriz com força.

— Recebemos a mensagem. – disse Fred – Qual é o plano Harry?

— Não tem plano nenhum! – Harry disse, parecendo desesperado.

— Vamos improvisar, é isso? – Jorge perguntou. – Eu adoro improviso...

— Você tem que fazer isso parar! – ele disse para Neville – Para que chamou todos de volta?Isso é loucura...

Rony virou-se para Harry.

— Por que eles não podem ajudar?

Eu e Harry olhamos para Rony, confusos. Ele se apressou em se aproximar para sussurrar:

— Eles podem ajudar. Não sabemos onde a coisa esta e precisamos encontrá-la depressa. Eles não precisam saber que é uma Horcrux.

— Acho que Rony tem razão, Harry. – disse acenando com a cabeça. -Nem sabemos o que estamos procurando. Você não tem que fazer tudo sozinho.

Ele pareceu ponderar um pouco, mas se deu por vencido.

—Esta bem. – E voltou a falar num tom que todos na sala pudessem ouvir. - Tem uma coisa que precisamos encontrar. Uma coisa... Que nos ajudara a derrubar vocês-sabem-quem. Esta aqui em Hogwarts, mas não sabemos onde. Talvez possa ter sido de Ravenclaw. Alguém já topou com algum objeto assim?

Infelizmente, todos ficaram em silencio. Alguns pareceram se esforçar para pensar, mas ninguem se pronunciou, a não ser Luna que se levantou de onde tinha sentado e comentou num tom calmo e dócil:

—Bem, tem o Diadema Perdido de Ravenclaw.

— É mas é o diadema perdido. – Miguel Corner bocejou, virando os olhos para o teto – Esta perdido Luna.

– Quando foi perdido? – Harry perguntou.

— Dizem que a séculos. As pessoas tem procurado, mas ninguém encontrou vestígio. – Cho suspirou.

— Desculpem, mas o que é um diadema?

— É uma espécie de coroa. – explicou Terencio Boot. – Acreditava-se que o da Ravenclaw tinha propriedades mágicas, ampliava a sabedoria de quem usava...

A porta da sala precisa foi aberta com um estrondo. Todas as cabeças se viraram. Uma garotinha que aparentava ser do quarto ano estava parada ali, respirando fundo como se tivesse corrido uma maratona. Todos a encaravam, confusos. Suas palavras foram diretamente para Neville:

— Snape sabe que Harry Potter foi visto em Hogsmeade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

:3 Feliz pascoa gente!