Entre o Espinho e a Rosa escrita por Tsumikisan


Capítulo 11
Sectumsempra


Notas iniciais do capítulo

Sinto os arrepios ao ler o nome do cap haha



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Harry parecia bastante animado no dia seguinte na aula de feitiços. Ele nos arrastou para uma mesa no fundo da sala de Feitiços e nos contou sobre a lembrança e a conversa que tivera com Dumbledore. Mesmo com vontade de ficar deitada na cama o dia todo, consegui parabeniza-lo por arrancar a lembrança de Slughorn. Ele fingiu não notar meus olhos vermelhos e inchados e as olheiras aparentes em baixo deles. Rony toda hora lançava olhares furtivos em mim quando pensava que eu não estava olhando, mas no momento parecia mais interessado na historia de Harry.


— Uau. – exclamou Rony após Harry terminar de contar. - Você realmente vai acompanhá-lo... Uau!

— Rony você esta fazendo nevar. – resmunguei, segurando o pulso de Rony e fazendo com que ele abaixasse a varinha. Lilá Brown olhou para nós com os olhos muito vermelhos, iguais aos meus.

— Ah... – Rony olhou para os ombros. – Desculpe Mione.

Ele limpou a neve dos meus ombros e eu rapidamente tirei a mão dele dali. Lilá caiu no choro.

— O que aconteceu com ela? – Harry perguntou.

— Eu terminei com ela ontem depois dos testes de aparatação. – ele olhou furtivamente para mim.

Harry olhou para nós de um modo intrigado. Nem eu nem Rony tínhamos contado para ele o que havia acontecido na tarde anterior e eu não sentia a mínima vontade de contar. Claro que ele sabia que tinha algo a ver com meu término repentino com Draco, mas não todos os detalhes.

— Foi uma noite muito ruim para os namoros em geral. – disse amargamente. – Gina e Dino também terminaram, Harry.

— Por quê? – ele tentou parecer desinteressado, mas o tom de sua voz era de claro alivio.

— Ah foi uma coisa realmente boba... A Gina falou que o Dino sempre estava querendo ajudar ela quando saiam do retrato. Mas isso deixa você num dilema não? – joguei uma indireta.

— Como assim?! – Harry pareceu absolutamente surpreso.

Revirei os olhos. Garotos.

–— A equipe de Quadribol. Se Gina e Dino não estão se falando...

—Ah... ah, é.

Bem, quem sabe agora pelo menos minha amiga não pudesse ter seu final feliz. Eu já sabia que o meu havia ficado para trás. Mas me recusava a tirar o colar do meu pescoço. Minha pequena serpente agora estava escondida de baixo da minha blusa, próxima ao meu coração.

Passei o intervalo na biblioteca, sabendo que ali ninguém em sã consciência me seguiria, a não ser uma pessoa. Escolhi um livro qualquer e me sentei para ler, na espera de que ele aparecesse. Mas o tempo passou e eu fiquei a sós com o livro. Tentando esconder o desanimo, juntei minhas coisas e sai da biblioteca quase me arrastando.

Vários grupinhos se formaram nos corredores, sussurrando. Não estranhei aquele comportamento, que era quase normal nos últimos tempos. Mas comecei a me sentir desconfortável ao ser apontada pelos corredores e ao notar as pessoas parando de falar de repente quando eu chegava mais perto. Por fim, decidi ouvir o que eles estavam falando e não era nada bom.

— Você viu? Tadinho!

— Dizem que o Potter usou quatro facas de uma vez.

— Que nada!Foi magia negra isso sim!

— Logo depois do que aconteceu entre a Granger e ele? Sempre soube que o Potter gostava dela.

— Ai esta você. – Pansy Parkinson apareceu do nada na minha frente, mas eu ainda estava um pouco confusa por causa do ultimo comentário, então demorei a perceber ela ali. Pansy estalou os dedos duas vezes na minha cara. - Escuta aqui garota, fique longe do Draco. Ele já esta bem ruim sem você para atormentá-lo.

— O que você quer dizer com isso? – perguntei.


Ela sorriu maliciosamente como se esperasse a pergunta.

— Não soube? Pergunte ao seu amiguinho Potter. – Ela saiu de perto de mim com uma risada grotesca.

Arregalei os olhos, sem nem me importar com Pansy, corri para o salão comunal. Harry estava lá, assim como Gina e Rony. Quando eu entrei apressada, os três olharam para mim e depois entre si, assim como enfermeiras fazem em hospitais quando a noticia não é boa.

—O que aconteceu? – minha voz não passava de um sussurro.

Gina suspirou e começou a contar. No fim da historia minhas pernas tremiam tanto que eu temia desabar, por isso me sentei o mais distante possível deles, com o rosto entre as mãos. Gina parecia não ter mais o que dizer, então continou passando a mão no ombro de Harry, reconfortando-o.

— Você sabe que eu nunca faria algo assim de propósito, não sabe? – ele perguntou, olhando para mim.

— Eu achei bem feito. – Rony falou baixinho.

— Como ele estava? Da ultima vez em que o viu?

— Cheio de sangue e inconsciente. Mas tenho certeza que Snape deu um jeito.

Tentei não pensar na cena. Ao invés disso, lancei a Harry um olhar de puro desgosto.

— Eu sabia que esse príncipe não prestava, eu avisei! Gina te disse para não seguir instruções escritas em um livro de alguém que você não conhece, mas você nos deu ouvidos? – ralhei.

–Da um tempo Hermione! – Rony retrucou. – Seu namoradinho ia lançar uma maldição imperdoável no Harry!

—Não estou defendendo o que ele fez! – disse em voz alta para que até mesmo as pessoas que estavam ao redor ouvissem. – E nós não namoramos mais, como você bem sabe.


Rony recuou como se tivesse levado um tapa na cara.


— E o pior não e isso... - Harry murmurou.

— E o que poderia ser pior? – disse sarcástica.

— Bom... – ele coçou a parte de trás da cabeça. - Eu não vou poder jogar contra a Corvinal. O que vocês vão fazer sem o capitão da equipe?

*****

Acho que a Gina viu o pomo.

Sei que não entendo nada de Quadribol, e também não estou com animo para acompanhar o jogo. Mas com certeza ela viu o pomo!

— E parece que Gina Weasley avistou o Pomo de Ouro! – Ouvi o locutor narrar segundos depois de eu ter me dado conta do fato.

Eu sabia que ela conseguiria, mas por um milésimo de segundo ela quase caiu da vassoura. Arregalei os olhos e toda a arquibancada da Grifinoria pareceu prender a respiração.

— E ela pegou o pomo! Grifinoria venceu!

Gritos ecoaram pelo estádio. Até eu arranjei animo para conseguir comemorar. Não deixamos nem que os jogadores fossem se trocar, nós os carregamos até o salão comunal. Harry ainda estava cumprindo a detenção, por isso não pode se juntar a nós. Logo ele que achou que o time não se sairia bem sem ele.

Naquele sábado estava fazendo três dias que eu não via Draco. Era torturante, mas eu tinha certeza de que ele não iria querer me ver nem pintada de ouro. Andar pela escola de cabeça baixa e ar derrotado era uma opção melhor do que ser humilhada por ele.

–Vencemos! – Gina gritou para alguém.

Distingui uma forma no buraco de retrato e de repente todos ficaram em silêncio. Depois de muito empurrar as pessoas, consegui chegar lá na frente para ter uma visão melhor da situação e o que eu vi me fez abrir um grande sorriso que eu achei que não seria mais capaz de fazer. Harry e Gina se beijavam como se não tivesse mais ninguém ali, apenas os dois. Os outros alunos aplaudiram e algumas alunas do primeiro ano deram risadinhas afetadas. O único problema seria a reação de Rony. Ele iria ficar uma fera se visse.

Mas olhando ao redor, notei que ele também estava assistindo. E sorria também. Quando Harry soltou Gina, os olhares deles se encontraram e Rony deu de ombros, o que só podia significar aprovação! Ótimo, agora eu não precisaria me preocupar com aqueles dois. Eu sempre soube que eles acabariam juntos.

A animação no salão comunal me animou. Talvez eu devesse agir como Harry e ignorar as consequências. Passei de fininho pelas pessoas comemorando e assim que me vi distante da torre da Grifinoria, corri para a enfermaria. Madame Pomfrey parecia estar de saída e estava quase trancando o lugar quando me avistou.

— Ah querida, estava imaginando quando iria te ver. – ela comentou, guardando a chave sem trancar.


— Eu posso entrar? – perguntei, hesitante.

— Sim, ele esta acordado. – ela me informou. – Tenho que ir as estufas para pegar algumas plantas medicinais com madame Sprout. Se alguém vier me procurar, avise onde estou certo?

— Claro.

As vantagens de ser uma boa aluna e uma pessoa honesta. Ninguém desconfia de você, nem mesmo a enfermeira. E Rony me acha maluca por querer agradar os professores.

Entrei cautelosa na Ala Hospitalar, temendo fazer barulho e acordar mais alguém. Mas não tinha com o que me preocupar, já que a única cama ocupada era a dele. Seus cabelos loiros caiam sem vida nos olhos cinzentos que estavam mais vazios e opacos do que nas ultimas semanas. Olheiras profundas se destacavam em baixo e seu rosto estava cinzento como se não visse o sol a vários dias. Parecia extremamente doente, mesmo com os cuidados de madame Pomfrey.


–Draco? – perguntei baixinho.

Ele olhou para mim e por um instante pensei que ele fosse sorrir, mas ele mudou de idéia no meio do caminho, pois olhou para o outro lado com as sobrancelhas franzidas.

— Ah, é você. - ele disse friamente.

Ele claramente não queria me ver. Eu devia ter seguido meu próprio conselho e ficado quieta no meu canto.


–Desculpe... Não quis incomodar... Acho que eu... - mordi o labio.

Apesar de tudo, eu ainda tinha meu orgulho. Por isso engoli as palavras e girei nos calcanhares, pronta para sair dali e correr para a biblioteca ou algum outro lugar igualmente reconfortante.



— Espere!

Me virei lentamente, olhando para qualquer lugar que não fosse para ele. A voz dele estava áspera, como se não conversasse desde que tinha chegado ali.

— Você ainda está usando o colar que eu te dei. – Draco observou.

Olhei para meu pescoço. Realmente, na correria para chegar ali, ele tinha escapado de debaixo da minha blusa e agora estava amostra, brilhando por causa da luz que vinha das janelas. Segurei firmemente em minha mão, certa de que ele pediria para eu nunca mais usar aquilo e que não significava mais nada.


– Pensei que não viria. – Draco murmurou. – Vem aqui, eu não mordo.

Sorri levemente. Eu sentia muita falta daquele Draco irônico e irritante. Sentei em uma das cadeiras de visita próxima a ele, mas ainda tentava não encara-lo por mais que dois segundos.

— Draco, me desculpe. – sussurrei.

— Ei. – ele segurou meu queixo e fez com que eu levantasse a cabeça. – Não se preocupe. Eu conversei com a Pansy novamente e a obriguei a explicar o que realmente tinha acontecido. Ela confessou que você empurrou o Weasley. Então sou eu quem devo me desculpar, por desconfiar de você.

— Mas eu devia ter explicado melhor os meus sentimentos para Rony. Ele ainda achava que eu estava com você para magoa-lo.

— E não esta?

De alguma forma, ainda havia incerteza em sua voz. Eu não podia culpa-lo por isso.

— Não, claro que não. – sorri, acariciando seu cabelo. Draco fechou os olhos, sentindo o meu toque. – Esse nunca foi meu objetivo. Na verdade, eu nunca tive um objetivo, só...

— Aconteceu. – ele completou. – Então, acho que nós dois somos culpados.

— Hum... Talvez você não devesse ter exagerado tanto. – observei.

— Certo, eu sou um pouco mais culpado. Não vai acontecer de novo, eu prometo.

— Quando você vai poder sair? Os cortes estão melhores?

— Sim, estou bem melhor. Não sei quando poderei sair, já que a velha... – censurei-o com um olhar e ele logo voltou atrás. – Madame Pomfrey disse que talvez hoje à noite eu já vá ter me recuperado completamente.

— Que bom.

Ficamos em silencio durante um tempo, apenas sentindo a luz do sol da tarde tocando nossos rostos e se afastando aos poucos. Minha mão desembaraçava lentamente os fios de Draco e tudo parecia tranquilo. Eu sentia o peso daquela semana sair de mim como um grande jorro d’água.

— Mione? – ele disse após alguns minutos em silencio.

— Sim?

— Você pode deitar aqui comigo?

Considerei o pedido. Madame Pomfrey já estava longe há dez minutos, mas as estufas não eram tão perto assim da enfermaria. Ela levaria pelo menos vinte minutos para chegar lá e mais vinte para voltar, então ninguém nos pegaria em uma situação constrangedora. Mas para me certificar, lancei um feitiço de cola na porta. Qualquer outro pensaria que madame Pomfrey apenas havia trancado a sala e eu desfaria o feitiço daqui a pouco.

Então após tomar as precauções, me deitei ao lado de Draco na cama apertada de enfermaria. Ele se ajeitou para que eu não me sentisse desconfortável e acabamos deitados bem abraçadinhos, seus braços me apertavam e sua cabeça estava apoiada na minha. Apesar de apertado, era o melhor lugar em que eu poderia estar naquele momento.

— Eu fiquei com medo de te perder. – ele admitiu.

— Eu achei que já tinha te perdido. – disse. – Fico feliz que tenha conseguido convencer a Pansy a contar a verdade. Como fez isso?

— É muito fácil convencer a Pansy. - ele riu. – Ainda mais com meus poderes de persuasão, obviamente.

Me apoiei no cotovelo, encarando-o com um sorriso sarcástico.

— Ah, seu grande poder de persuasão.

— Não acredita em mim?

Antes que eu respondesse, ele me puxou para baixo. Draco não parecia mais tão doente assim, agora que segurava meus pulsos e estava em cima de mim, sorrindo maliciosamente. Ele se dirigiu diretamente para o meu pescoço, passando os lábios de leve pela área sensível. Eu estremeci, tentando me soltar, mas Draco levantou a cabeça e me beijou profundamente, como se ansiasse por aquilo já a algum tempo. Enlacei minhas pernas ao redor da cintura dele, lembrando de como nos agarramos na biblioteca. Naquela época, eu nunca imaginaria que terminaria dessa forma. Draco passou a mão por minha perna sem parar de me beijar, apertando de leve em alguns pontos. Minha mente estava enevoada, mas resolvi aproveitar a situação, explorando seus músculos por baixo da camisa. Ele pareceu ter a mesma idéia e logo sua mão chegou aos meus seios. Arfei e por puro instinto puxei sua blusa, arrancando um botão no processo. Draco agora estava sem blusa e naquele ritmo, em breve eu poderia estar sem a minha também.

Se eu não tivesse aberto os olhos por um momento.

Foi um único instante. Não sei por que resolvi olhar, já que sentir estava bem mais interessante. Mas o que eu vi me fez empurra-lo com força e me afastar.


— D-desculpe. – ele murmurou, desconcertado. – Desculpe, eu achei que você... Desculpe.

— Draco. – ofeguei. – O que aconteceu com seu braço?

Ele ficou muito branco. Tentou sorrir, mas parecia tão falso quanto galeões de Leprechauns. Ele estendeu o braço direito que estava tremulo.


— N-nada, veja.

— Com o outro. – insisti.

Ele suspirou e finalmente me mostrou o braço esquerdo. Fechei os olhos e abri de novo, mas a coisa não sumia. Marcada a fogo estava a Marca Negra, uma cobra saindo de um crânio. Pulei da cama no mesmo instante e só uma coisa passava por minha cabeça.

Harry estava certo. Ele estava certo o tempo todo.

— C-como? - gaguejei. - Por quê?

—Eu sabia que você ia acabar descobrindo. Queria te proteger, mas estava envolvido demais para acabar com isso. – Draco disse em voz baixa. – Ele ia me matar Hermione. Ele ia me matar, e matar a toda minha família. Não tive outra escolha.

Percebi que seus olhos estavam marejados de lagrimas. Me aproximei cautelosamente dele, segurando seu rosto com ambas as mãos.

— Draco, procure Dumbledore. Avise-o! Ele certamente poderá esconder você e sua família.

— Não posso. – ele fez um gesto negativo com a cabeça. – Você sabe disso, pergunte ao seu amigo Potter. Quando ele decide matar, não há quem escape.


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