As memórias do dia anterior atingiram-lhe a mente e a deixaram sentida, lembrou-se da dor lancinante e a necessidade que tinha de morrer com urgência. Elizabeth sabia que de alguma forma, com magia, a bruxa havia estourado seus vasos sanguíneos e era impossível ela estar viva agora logicamente falando, afinal o que ela sabia sobre o mundo sobrenatural? Essa era uma fase nova em sua vida.

— Como se sente? — Ouviu a voz calma de Kol e sentou-se na cama rapidamente. Ele terminou de abotoar o casaco e levantou seu olhar para examinar-lá de maneira minuciosa, estudando seus movimentos e atento a qualquer comportamento que pudesse parece anormal.

— Me sinto estranhamente bem. — Ela falou confusa. Era como se tivesse recuperado varias horas de sono perdido. — Quanto tempo eu dormi?

— Umas 16 horas eu diria. — Ele lhe enviou um sorriso displicente. — Sente fome?

Sim, estou incrivelmente faminta. Pensou.

— Como eu estou viva?

— Dei meu sangue a você, por isso está curada. A principio você me preocupou, mas agora eu sei que é humana. Caso contrário você sentiria o cheiro de sangue no outro quarto, mas você parece tranqüila. — Ele apoiou o cotovelo em um armário e esperou que Elizabeth lhe enchesse de perguntas, perguntas que ele não iria responder. Mas ela pareceu se preocupar com outra coisa.

— Você matou alguém?! — Elizabeth praticamente saltou da cama.

— Hoje ainda não. — Ele sorriu divertido.

— Eu quero ir embora. Onde estamos? — Ela olhou em volta, não parecia estar em um apartamento. O lugar parecia aconchegante, como uma casa. A decoração era rústica e o quarto era quentinho.

— Estamos esperando Joanne e os meus irmãos. Vamos para New Orleans! — Contou Kol fingindo empolgação e com um sorriso displicente ainda visível.

— New... O que? Não vou a lugar algum com vocês! Estão loucos? Isso é seqüestro!

— Por que não? Somos adoráveis. E você não tem escolha. Joanne até fez suas malas. Chame de seqüestro se quiser.

— Não. Não. E não. Eu tenho uma vida aqui em Chicago,não posso abandonar meu emprego e seguir você pra New Orleans! É loucura!

— Venha comigo Clare. — Não que ela realmente tivesse escolha, mas ele daria a ela esse gostinho de pensar que sua decisão foi arbitraria. — Existem coisas que sua mente insana acharia interessante em New Orleans. Você não tem curiosidade em descobrir quem são seus pais biológicos? Em New Orleans você terá todas as respostas que quiser.

*

Bonus

Pov. Kol.

A idéia de voltar a New Orleans não me parecia nem um pouco tentadora, foi o lugar onde minha família foi feliz e também o lugar em que um sociopata feliz, um caçula insolente encontrou a sua garota.

Aquela moça, mesmo sendo muito jovem, havia cativado-me. Nem um dos meus irmãos jamais fez por mim o que ela fez, devolveu a minha vida. E talvez seja isso que rompeu todos os cadeados que eu tinha no coração, não sei ao certo o que mais me cativou em Davina, se foi seu sorriso, a maneira como era ambiciosa, ou a maneira como ela não tinha medo de mostrar que se importava. Eu tinha sua atenção, e eu estava feliz por isso, ela aturava minhas piadas idiotas e as provocações que eu fazia com Marcel.

E agora estou voltando para New Orleans e as lembranças do que aconteceu a anos atrás ficam voltando para me atormentar. E tem uma voz fininha e irritante dentro da minha cabeça que fica gritando que eu não deveria ter ido embora que eu estava fazendo aquela coisa de novo... Birra por causa do meu irmão mais velho.

Pode parecer egoísmo, mas eu já havia me conformado com a morte de Davina, apesar de não ter perdoado Klaus, coisa que meu orgulho não permitia que eu fizesse. Eu iria odiar Klaus por ter ido atrás dela, eu iria odiar Klaus por nem si quer ter demonstrado arrependimento.

Sorte dele, por eu não ter em mãos aquela adaga.