– Por favor, mamãe. – Sarada continuava choramingando enquanto sua mãe penteava os seus cabelos.

Ela havia chegado da escola, e Sakura sempre demandava parte de seu tempo para deixar a sua adorada filha impecável. Era sua princesinha, sua vida, seu coração fora do corpo.

Sakura se orgulhava tanto de sua filha, tão inteligente quanto ela e linda como o pai, era impossível não se achar a mãe mais sortudo do mundo. Exceto agora, quando a geniosa Sarada, insistia em cortar seus lindos e longos cabelos negros.

– Sarada, eu já disse que não. Olha como seu cabelo é liso, sedoso, brilhante e lindo naturalmente. É um pecado cortar um cabelo desses.

– Mas, mamãe, eu quero cortar.

– Cortar o quê? – Sasuke havia acabado de chegar em casa de uma missão. Desta vez, pelo menos não foi muito longa, durando apenas uma semana.

– Papai! – Sarada mais que depressa pulou no pescoço do pai, e o beijou bem forte.

Sasuke adorava essa atenção, e sentir esse amor e carinho de novo. Era indescritível todo aquele vazio ser preenchido com tanto sentimento, agora que tinha uma família de novo, mesmo que fosse para abrandar algum conflito entre seus amores.

– O que há para cortar? – perguntou ele de novo, sentando-se com Sarada no colo.

– Sua filha quer cortar esse cabelo lindo, e eu disse não. – Sakura cruzou os braços, fazendo uma expressão firme.

– Mas, papai, vai ser melhor para mim. Pode melhorar a minha movimentação, e agilidade. Já imaginou, eu jogando uma kunai, e ela agarra no meu cabelo no meio da batalha?

– Isso é verdade. – ponderou Sasuke.

– Não dê corda à ela Sasuke-kun! – Sakura fechou os punhos indignada.

– Ora, Sakura, quando fomos atacados na floresta da morte, você cortou seu cabelo com uma kunai, para ser uma ninja melhor.

Os olhos de Sarada brilharam.

– Sério, mamãe?

– Er. Bem, foi. – já fazia tanto tempo, que Sakura havia esquecido daquele dia que mudou sua vida, e a de Sasuke.

– Viu, mamãe, é mais um motivo. Eu, eu também queria me parecer mais com você. – ela se virou para Sasuke – nada pessoal papai, mas, a mamãe é a mulher mais forte e incrível da vila, e eu quero parecer com ela.

Sasuke sorriu. Enquanto Sakura colocou uma mão no peito, quase vindo as lágrimas com a declaração da filha, e a puxou para um abraço caloroso e aconchegante.

– Você não precisa imitar a mamãe. Você certamente vai me superar um dia.

– Mas eu quero mamãe. – Sarada choramingou se soltando do abraço.

Sakura, por mais balançada, não desistiria, e usou sua última carta na manga.

– Só que tem uma coisa Sarada, o papai gosta de cabelos longos, sabia? – cruzou os braços e estufou o peito assumindo a pose de vitória.

Sarada era apaixonada pelo pai. Sempre queria agradá-lo.

– Olha, na verdade, eu nunca disse isso. – disse Sasuke.

Sakura olhou surpresa para ele e esperou que continuasse.

– Isso é só uma história. Um dos garotos da academia comentou “aquela garota de cabelos longos é muito bonita” e eu concordei, para não ter discussão, e aí essa história se distorceu como “Uchiha Sasuke gosta de cabelos longos”.

Sakura continuava surpresa e calada.

– YES! Então eu posso cortar não é? – comemorou Sarada já com olhos brilhando, e um punho fechado à frente do rosto.

Sakura só fez o sinal de derrota levantando os braços e Sarada saiu pulando e comemorando, enquanto procurava o número de um cabelereiro.

Sasuke observava com um leve sorriso a felicidade da filha correndo pela casa, até que Sakura quebrou o silêncio.

– Então quer dizer, que eu passei anos mantendo um cabelo longo difícil de cuidar para agradar um certo Uchiha, pra nada?

Sasuke notou o tom de ironia e mágoa na voz da esposa e a puxou para o colo dele no sofá.

– Sua irritante, eu realmente não dava a mínima para cabelos longos, curtos, carecas... eu sempre me interessei por apenas um tipo de cabelo.

Sasuke passou os dedos por entre os cabelos de Sakura, e segurou puxando o rosto dela para um beijo quente e carregado de sentimentos.