O pior da despedida, é ter que fazer isso todos os dias, ter que encarar todas a manhãs a mesma verdade, a terrível realidade de que alguém que amamos se foi.

Abro os olhos lentamente e por uma fração de segundos imagino que está tudo bem, mas logo me dou conta de que não está, eu nunca mais ficarei bem, não enquanto não encontra-la, enquanto não puder tê-la em meus braços novamente, sentir os delicioso sabor de seus lábios e poder fitar de perto seus lindos olhos azuis.

–Eu amei você Stefan, ainda amo, mas não posso ficar com você, na verdade não posso ficar com ninguém, não agora, quem sabe um dia?

Suas palavras davam voltas e mais voltas em minha cabeça, aquilo me cortou fundo, mas eu mereci cada uma delas, um ano já havia se passado desde aquela noite, a noite em que descobri que a amo, a noite em que ela foi embora, talvez se tivesse me dado conta de meus sentimentos antes, talvez se não tivesse ficado cego para tudo que não fosse trazer de volta meu irmão, ela estivesse aqui agora, ao meu lado.

Ela deve estar sofrendo tanto pela morte de sua mãe, eu queria tanto poder consolá-la, mas eu entendo seu luto, afinal fiz a mesma coisa quando Damon morreu.

Deixo um longo e pesado suspiro escapar.

–Caroline, onde está você agora?

Caroline

Um ano, um maldito ano se passou desde que o câncer levou minha mãe de mim, mas a dor não diminuiu, pelo contrário, ela só aumenta a cada minuto, e saber que eu ainda tenho a eternidade pela frente não ajuda muito.

Eu perdi todas as pessoas que eu amava, meu pai, minha mãe, Bonnie, e mesmo Elena ainda estando viva, ou quase isso, nossa amizade já não é a mesma a muito tempo, e Stefan... Ah Stefan, como eu queria você aqui do meu lado, seria tão mais fácil passar por isso em seus braços, mas não posso correr o risco de me deixar envolver novamente, e depois você simplesmente sumir como antes. Não, nunca mais vou deixar isso acontecer comigo novamente, se ele realmente me ama como diz, ele vai me esperar, assim como eu o esperei por tantos meses.

Sento-me na cama e abraço meus joelhos, me sinto sozinha como nunca antes. Fico encarando a tela do celular, como tenho feito todas as noites durante esse ano inteiro, esperando sua mensagem, isso era ridículo, eu devia apagar as mensagens antes mesmo de ouvi-las como ele fez comigo, mas eu necessitava tanto ouvir sua voz;

Meu telefone acende e eu fico na expectativa, sua voz está calma, automaticamente sinto meu corpo relaxar, é incrível como ele consegue me trazer paz, mesmo estando a milhares de quilômetros de distancia.

–Como prometido, eu ainda estou te esperando, e sempre estarei, por favor volte logo para mim, e eu juro que nunca mais irei a lugar nenhum, temos que ficar juntos Caroline, você sabe disso assim como eu soube na primeira vez que nos beijamos. Sinto sua falta, outro dia sem você é mais do que posso suportar.

Sinto meu coração apertar, memorias surgem desordenadamente em minha cabeça, oh céus, eu o amo tanto.

UM ANO ANTES

–Vai embora Stefan, eu vou ficar bem, não precisa ser solidário comigo, não somos mais amigos, lembra? Digo tentando ao máximo ficar longe dele, mas ele me alcança facilmente.

–Você pode não ser mais minha amiga, mas ainda estarei aqui por você, como você sempre fez comigo. Ele diz segurando meu braço, me impedindo de me afastar mais.

–Você quer dizer, como eu tentei fazer com você, mas você não permitiu, ou já esqueceu que foi embora e fingiu que eu nem existia por quatro meses?

–Caroline eu...

–Por que você não vai embora agora Stefan, e continua fingindo que eu não existo, não deve ser tão difícil, afinal você fez isso por tanto tempo.

–Sim, e foi mais difícil do que você imagina. Eu te evitei por que no segundo em que ouvisse sua voz eu desmoronaria, e eu estava tentando ser forte, recomeçar e...

–E eu Stefan? Você parou para pensar em como eu estava, em como eu precisa, de você? Em como eu necessitava ouvir sua voz me dizendo que tudo ia ficar bem, que você não deixaria nada de ruim acontecer comigo? Porque isso era tudo o que eu precisava de você, e você não me deu. Grito, lágrimas começam a se formar em meus olhos, mas eu seguro o choro, não vou desmoronar agora, não na frente dele.

–Eu sinto muito, eu não achei que fosse ser bom para você, não naquele estado, eu estava perdido Caroline, no fundo poço, não queria te arrastar comigo.

–Mas acontece que eu queria estar com você, não importava onde, eu precisava disso. Minha voz falha, jogando por agua abaixo meu plano de parecer indiferente.

–Eu estou aqui agora, não cometa o mesmo erro que eu, me deixe ficar ao seu lado, por favor. Ele me olha, seus olhos atravessando minha alma, sinto meu corpo se retrair.

–E se eu deixasse? Por quanto tempo você ficaria? Uma semana, um mês? Falo deixando o sarcasmo se apoderar de mim.

–Eu já disse que não vou a lugar nenhum, porque não acredita em mim? Você me conhece, sabe que não te deixaria assim.

–Têm razão, eu conheço você, e é por isso que não posso deixar você fazer parte da minha vida de novo, porque eu sempre acabo machucada, e eu não suportaria ter que me acostumar a viver sem você de novo.

–O que eu posso fazer para você me perdoar? Para que possamos ser amigos de novo. Sinto sua falta, e sei que você também sente a minha, das nossas conversas sem sentido de frente a lareira. Ele acaricia meu rosto, e me odeio nesse momento por não conseguir evitar fechar os olhos, e por desejar tanto que ele continuasse me tocando.

–Eu sentia sua falta, Stefan, era quase insuportável, mas eu aprendi a viver sem você. Minto, reunindo toda minha força de vontade para resistir a sua caricia.

–Me dê uma oportunidade de te provar que eu vou ficar ao seu lado dessa vez. Ele me olha com aquele maldito olhar que só ele tem, e a muralha que construí começa a rachar.

–Eu já te dei uma segunda chance, lembra? Quando você me pediu para tomar conta da Ivy, eu deixei para trás todo o tempo que você me ignorou, e o que você fez? Foi embora de novo, me deixando de babá da sua ex namorada vampira.

–Me desculpe por isso, eu sei que te magoei...

–Desculpas não vão apagar o que senti cada vez que te ligava e você deixava cair na caixa de mensagens, ou como doía saber que você podia falar com a Elena, e até mesmo com o Alaric, e comigo, sua melhor amiga não. Meu tom de voz se eleva.

–Eu fui um idiota, eu sei, mas...

–Mas nada, Stefan, por mais que eu tente, não posso esquecer a raiva e decepção que senti quando você disse que estava saído da cidade, depois de jogar a Ivy no meu colo. A essa altura já estou gritando feito louca.

–Mas isso é bom, porque pelo menos agora, não há nada que você possa fazer para me machucar mais, porque agora eu sei...

Ele não me deixa terminar a frase, num movimento rápido e ágil, ele enlaça minha cintura e me beija, seus lábios dominam os meus, e eu me deixo levar, mas um segundo depois me dou conta do que estou fazendo, e interrompo o beijo o empurrando para longe com toda a força que tenho.

–Menos isso, Stefan, você não devia ter me beijado. Murmuro.

–Eu sei, mas eu quis, eu quis tanto. Ele diz tentando se aproximar, automaticamente dou um passo para trás.

–Mas que droga Stefan, você não podia ter feito isso, você sabe como eu me sinto, e você sabe que não sente o mesmo, então por que você fez? Minha voz sobe duas oitavas, as lágrimas que eu me esforcei tanto para segurar, agora correm livremente por meu rosto, e não sei se bato nele, por me fazer sentir assim, ou se imploro para ele me beijar novamente, ter sua boca na minha era tão melhor do que eu tinha imaginado.

–Caroline, por favor, vamos parar de brigar, eu não suporto que você me odeie, mesmo sabendo que mereço seu desprezo. Ele segura meu rosto entre suas mãos, sua expressão beirando ao desespero.

–Podemos por favor, apagar tudo o que eu fiz, só hoje me deixe ficar com você como antes. Ele implora, e mais uma rachadura surge em minha muralha, ele me abraça e beija o topo da minha cabeça, me desarmando completamente.

–Eu estou aqui, tudo vai ficar bem, eu não vou deixar nada de ruim acontecer com você, eu prometo. Ele sussurra em meu ouvido, e eu quero beijá-lo novamente, mas ao invés disso me desvencilho de seus braços.

–Só que agora é tarde demais para dizer isso, Stefan. Digo me afastando, sentido minha muralha desmoronar junto com meu coração.

Stefan

Mais uma vez estou sentado de frente a lareira, o nosso ponto de encontro oficial.

Foi aqui que ela me disse que eu poderia chama-la sempre que precisasse, que ela não me deixaria perder o controle, assim que Elena se transformou em vampira, eu lembro de sentir tanto orgulho por tê-la ajudado e se tornar uma mulher tão admirável, e ao mesmo tempo tanta gratidão, foi aqui que ela me contou que Elena tinha dormido com meu irmão com apenas um olhar, e mesmo cego de raiva, ainda pude ver o quanto tínhamos ficado próximos a ponto de decifrar um ao outro facilmente, e foi aqui que percebi o quanto ela era importante pra mim, quando Tyler descobriu sobre Klaus e a fez se sentir uma pessoa horrível, eu queria mata-lo por fazê-la se sentir assim, mas ao invés disso fui atrás dela, porque precisava vê-la sorrir novamente para me sentir bem, e foi aqui que ela me contou que Liz tinha morrido, ela estava devastada de um jeito que nunca tinha visto antes, sua expressão de desespero, seu rosto molhado pelas lágrimas.

–Ela se foi Stefan, eu a perdi, eu não tenho mais ninguém, meu pai morreu, Bonnie está presa em outra dimensão e agora minha mãe, eu estou sozinha agora, Stefan. Ela diz entre soluços.

–Não é verdade, você tem a mim, eu estou aqui. Eu a abracei forte, tentando sufocar sua dor, ela afundou a cabeça em meu peito, suas lágrimas molhava minha camisa.

–Eu não quero ficar sozinha, por favor, não me deixe sozinha. Ela sussurrou

–Eu não vou, nunca mais, eu prometo. Beijei sua testa e apertei mais seu corpo no meu, um sentimento que ainda não compreendia já me dominava. –Você vai ficar bem, eu vou cuidar de você. Beijei o topo de sua cabeça diversas vezes tentando acalmá-la. Nossos olhos se encontraram e uma corrente elétrica percorreu todo o meu corpo, seria muito errado desejar beijá-la agora, porque isso era o que eu mais queria.

Aproximei meu rosto do seu lentamente, e para minha surpresa ela não recuou, segurei seu rosto entre minhas mãos e beijei seus olhos secando suas lágrimas, ela abriu os olhos e me olhou confusa, me deixando perdido em seus lindos olhos azuis, deixei meus olhos caírem em seus lábios, como eu queria saber o sabor que eles tinham, quando voltei a encará-la me dei conta de que ela fazia o mesmo, e foi nesse momento que perdi o controle totalmente.

Eu a beijei, e no momento em que meus lábios tocaram os seus, soube que nunca mais seria o mesmo, foi como se naquele segundo finalmente o mundo inteiro parasse e avida começasse a fazer sentido, ela não correspondeu de inicio, estava surpresa demais para reagir, mas também não me afastou, talvez pelo mesmo motivo, mas eu preferia acreditar que era porque ela sentia o mesmo que eu.

–O que você está fazendo? Ela pergunta, sua voz quase um sussurro.

–Estou te mostrando que você tem a mim, sempre terá, porque eu te amo.

–O que?... como, eu... Stefan...

–Shii, não fala nada, só me deixe te mostrar o que eu sinto, eu preciso mostrar, você precisa saber. Ela apenas assenti com a cabeça, mas isso já é o suficiente pra mim. Eu a beijo delicadamente, como se ela pudesse se desmanchar se a beijasse com mais intensidade. Sinto seu corpo trêmulo quando envolvo sua cintura, num abraço suave. Ela suspira entre meus lábios, e eu sei que apenas isso já não é o suficiente, eu a coloco em meus braços e a levo para meu quarto, sem desgrudar minha boca da sua nem por um segundo.

Eu a coloco na minha cama, e a olho intensamente tentando segurar meu desejo. A escolha era dela, eu poderia parar naquele segundo se ela quisesse.

–Você não precisa fazer... Tento falar, mas ela coloca o indicador em meus lábios me impedindo de dizer qualquer coisa.

–Eu preciso me sentir amada, por favor Stefan, me faça sentir amada. Ela me olha, seus olhos estão suplicantes. Então lentamente tiro sua camisa, e volto a beijá-la com todo meu amor recém descoberto, com toda admiração que sinto por ela.

Me livro do resto de nossas roupas e volto a encará-la.

–Você tem certeza que quer mesmo isso. Pergunto uma ultima vez.

–Sim, eu tenho, eu amo você, sempre vou amar. Ela responde e eu encaixo nossos corpos, nos tornando apenas um lentamente, apreciando cada segundo a nossa preciosa conexão, ela geme meu nome baixinho, e me beija derramando toda a sua angustia e dor nesse beijo calmo, profundo e necessitado, e eu me sinto vivo de novo, só por tê-la em meus braços.

–Eu te amarei para sempre Caroline Forbes, eu garanto.

Caroline

Sai para caminhar um pouco, estava uma linda noite, mas isso só fazia o vazio em meu coração aumentar, sentei em um banco de uma praça e deixei todas aquelas recordações que lutavam para vir a tona fluir livremente.

Lembrei da noite em que o deixei, foi logo depois da nossa primeira vez, e tinha sido a melhor coisa que já me aconteceu, mas eu estava devastada demais para entrar em um relacionamento, em meio á lágrimas disse que o amava, mas que não poderia ficar com ele. E ele entendeu, mas eu não queria que ele entendesse eu queria que ele lutasse por mim, mas isso era uma prova de amor, Stefan sempre deixava as pessoas que amava livres. Uma lágrima teimosa escorreu pelo meu rosto, sendo logo em seguida camuflada pelas pequenas gotas de chuva que começam a despencar do céu. Despencando.

Era assim que eu me sentia sem ele, em uma eterna queda livre.

–Ah Stefan, como eu queria que tivesse sido diferente. Sussurro.

–Eu também, mas foi você que quis assim.

Viro-me bruscamente, em completo estado de choque. Como ele pode estar aqui?

–Demorou um ano, mas eu finalmente te achei, Caroline. Ele diz com um sorriso radiante em seus lábios esculpidos, nossa como eu senti falta desse sorriso, e desses lábios.

–Você disse que me esperaria, que me daria o tempo que eu precisasse. Reclamei, ele deu de ombros.

–Eu sei, mas não pude ficar longe, um ano é tempo demais para ficar sem você. Ele diz se aproximando, sinto cada átomo do meu corpo se agitar com sua proximidade. Nesse momento eu só quero me jogar em seus braços.

–E você disse que não tentaria me encontrar, a menos que eu quisesse ser encontrada. Minha voz já estava quase inaudível por causa da minha respiração descontrolada pela euforia em vê-lo e pela chuva que tinha aumentado, dificultando minha respiração.

–Sim, eu disse, mas não consegui, depois que você foi embora foi como se eu ficasse preso em quarto escuro, e você fosse a única capaz de iluminar tudo novamente, eu preciso de você, será que não enxerga isso? Ele diz parecendo irritado, ele esta encharcado, seu cabelo está despenteado e ele está tão lindo, mas do que eu lembrava. E eu só quero beijá-lo agora,mas meu corpo não se move.

–Stefan... É tudo que consigo dizer antes de ser interrompida.

–Não Caroline, não vou me afastar, e nem vou permitir que você se afaste mais, eu passei mais de cem anos esperando por você, e agora que te achei não te solto nunca mais.

–Você pode por favor, ouvir o que eu tenho a dizer? Pergunto e ele finalmente me deixa falar.

–Eu te amo Stefan Salvatore, e é bom tudo o que você disse ser verdade, porque era isso que eu queria ouvir. E a eternidade é o tempo que eu pretendo passar com você.

Seu lindo sorriso surge, e em um segundo ele está na minha frente, sua mão acaricia meu rosto, me fazendo derreter gradualmente.

–Que bom ouvir isso, por que você não tem escolha mesmo. Ele diz brincalhão.

Eu o beijo deixando a chuva levar embora tudo, toda a tristeza, dor e decepção, naquele momento só nós dois importava, ele coloca suas mãos em minha cintura, sua língua invade minha boca, e o mundo volta a fazer sentido

The End.