Kevin caminhava ao meu lado, quando olhei para ele notei que ele me olhava. Desviei o meu olhar na hora, e pelo canto do olho vi ele fazer o mesmo.

-Então, achei que estaria com o Luke...

Ele quebrou o silêncio constrangedor. Dei graças a Deus por isso, mas não entendi exatamente do que ele estava falando.

-Não. Por quê?

Ele pareceu ficar meio sem jeito.

-Sei lá, vocês estão sempre juntos.

-Ah, mas acho que ele deve estar com a Jô, de qualquer forma.

Era incrível como Luke ficava diferente com Joanne. Conheço ele desde pequena e o considero como um irmão mais novo. Sério, fico tentando cuidar dele o tempo todo. Mas é só eu virar as costas que ele já se mete em confusão. O garoto tem talento para isso como poucos. Mas desde que ela apareceu ele mudou. No inicio até que fiquei com um pouco de inveja, Luke só falava nela vinte e quatro horas por isso. O que era um tanto engraçado, pois ele não admitia que gostava de Joanne.

Se bem que, depois da cena que vi ontem a noite no quarto de Jô ele já superou essa fase. Nossa, esse menino é bipolar...

-Ah, os dois estão juntos agora?

Kevin me tirou dos meus devaneios.

-Acho que sim.

-Isso te incomoda?

Olhei para ele. Acho que entendi o porque daquelas perguntas. Notei que nós dois tínhamos parado de andar.

-Não. Por que incomodaria?

Perguntei, me achei um tanto ríspida, mas o que ele tinha sido me perguntando algo daquele tipo?

-Sei lá, só pensei que... Esquece.

-Ah, não esqueço não!

-Sério, não era nada.

-Ninguém fala algo por nada.

-É que, só achei que você pudesse gostar dele então estaria incomodada...

Meu Senhor! Eu, gostando do Luke? Só de pensar em ficar com o Lucas daquela forma eu já ficava com náuseas. Seria pior que beijar meu pai, quem sabe não, mas deu para sentir o drama né?

-E se estivesse, isso seria da sua conta?

-Não, mas...

-Mas o que?

-Não me faça dizer isso em voz alta.

-Mas dizer o que?

Ele me olhou com os olhos semi cerrados.

-Isso é maldade.

-O que é maldade?

-Me fazer dizer.

-Mas dizer o que?

-Que eu gosto de você.

Possivelmente meu rosto teria se tingido da mais pura surpresa. Meu cérebro sempre meio lento quando pego de surpresa teria demorado a entender que aquilo não era um sonho. E essa teria sido uma das poucas vezes que eu fico sem respostas.

Mas nada disso aconteceu, pois após dizer isso Kevin veio para cima de mim. Não de um jeito ruim. Seus braços se enroscaram na minha cintura e me levaram mais para trás, me deixando contra o muro que ali estava.

E minha surpresa logo passou a uma certeza: isso era um sonho. Mas isso não quer dizer que eu deixaria de aproveitar o momento. Se bem que isso estava sendo muito melhor do que minha imaginação consegue alcançar normalmente. Isso só me levava a uma conclusão lógica: era verdade.

Kevin era ao mesmo tempo gentil e intenso. Me perguntei se ele gostaria de mim a tanto tempo quanto eu gostava dele... Então parei de pensar em qualquer coisa que fosse além de estar com o cara que eu tenho um amor platônico a quase meio ano. Me deixei levar pelo momento. Sentir seus lábios nos meus, e a sensação de passar a mão entre os fios do seu cabelo. Meu coração batia no mesmo ritmo que a pulsação dele, que agora eu conseguia sentir.

-Elizabeth desculpa...

Ele falou assim que tivemos que parar para respirar. O que ele estava falando?

-Mas pelo que?

-Por ter te beijado assim...

-Mas não tem problema nenhum.

-Não tem?

-Claro que não.

Vi seus olhos verdes brilharem de uma forma que eu jamais tinha visto.

-Isso quer dizer que você gosta de mim?

Dei um sorriso maroto. Ele começou a me beijar outra vez. Então parou.

-Mas e Luke?

Continuei de olhos fechados enquanto sentia sua respiração.

-O que tem ele?

-Você não gosta dele?

-Será que vou ter que soletrar que estou apaixonada por você?

Ele recomeçou a me beijar. E novamente parou.

-Mas e seus pais?Eles não se importam?

-Nem um pouco.

Pela vigésima vez ele começou a me beijar. E pela milésima parou. Deus, daí-me paciência...

-Elizabeth...

Abri bem os olhos e me deparei com os seus com aqueles pontinhos meio amarelos.

-Kevin me faz um favor?

Ele assentiu com a cabeça.

-Cala a boca e me beija!

E foi isso que ele fez.