Daniella Black narrando:

Acordei nos braços de Remus, como fiz todas as manhãs daquele primeiro mês de férias e suspirei, olhando para fora e encarando o mar e o sol. Estávamos em algum lugar incerto no litoral, em um chalé encantando para não ser visto por ninguém.

Aparentemente estávamos em perigo e Dumbledore resolveu nos proteger, eu, Remus e Sirius, estávamos sendo escondidos da fúria assassina da minha mãe, mas James, Lily, Marlene e Peter insistiram em ficar. Claro que insistiram, éramos um grupo agora, nada podia nos separar.

-Bom dia – Remus sussurrou, abrindo os olhos e segurando minha mão – Antigamente você seria a última a acordar, Daniella – senti meu corpo inteiro reagir ao ouvir meu nome vindo dos lábios dele – O que anda te incomodando?

-Nada, Moony – suspirei, não era exatamente verdade, eu havia sido perseguida por um maluco e estuprada por ele, em troca eu o matara na minha forma de loba, mas mesmo assim... Era estranho. Não havia sido por muito tempo e doera como o diabo, Remus me salvou e eu amava seus toques, mas...

-Está pensando naquilo, de novo? – ele perguntou passando a mão pelas minhas costas nuas, senti a pele se arrepiar. Apenas assenti e fechei os olhos – Já passou...

-Eu sei, mateio maldito o que foi ótimo, mas...

-Tudo bem, eu imagino como deva ser, não posso saber, mas imagino... – ele suspirou e eu segurei sua mão firme, abrindo os olhos e o encarando. A sensação estranha passara.

-Tudo bem, já passou – foi o que eu disse, Remus sorriu entendendo. Não era a primeira vez que a cena se repetia, e no começo eu costumava estar chorando.

-Vamos tomar café? - ele perguntou, beijando meus lábios, eu sorri, levantado e colocando um roupão. Remus vestiu a cueca e um calção e fomos até a cozinha.

-Sirius, saí daí – ouvi uma Marlene McKinnon gritando e dando um tapa na mão de meu digníssimo cacho... Quer dizer irmão, que estava tentando roubar os bolinhos que ela estava fazendo.

-Para de comer os morangos James, são para o suco – ouvi Lily reinar e dar um tapa na mão de Prongs, olhei para Remus, ao menos tudo parecia normal. Até mesmo Peter roubando chocolate no armário da despensa.

E enquanto tudo estivesse assim, tudo estaria bem.

-Bom dia – falei, sentando-me a mesa e sorrindo, acho que ninguém me escutou, Remus deu de ombros e sentou-se ao meu lado, passando o braço em volta da minha cintura.

Havia algo para acontecer, eu conseguia sentir, Dumbledore não nos deixaria ali se não tivesse e algo me dizia que as coisas estavam prestes a estourar.

E nós estaríamos junto na explosão.

Remus narrando:

Dani estava tensa, e não era apenas pelo trauma que acumulou, não, era algo maior. Algo que todos ali sabiam quem ia acontecer, ou esperavam que ia acontecer. Tinha uma guerra vindo, sabíamos disso, talvez eu soubesse um pouco mais porque eu era o único que ainda lia jornais.

Dumbledore também sabia e nós éramos parte do time de elite dele, só que Dani e os outros ainda não tinham se tocado disso, ou não queriam se tocar.

Se bem que eu achava que Prongs sabia. Ele terminou de discutir com Lily e me lançou um olhar que significava que precisávamos conversar. Ele moveu a cabeça indicando o lado de fora da casa, agora.

Dei um beijo no topo da cabeça de Dani que havia começado a discutir com Sirius e logo eles estariam se estapeando, ela nem percebeu que eu saí.

-Acho que estamos fritos – ouvi James falar assim que saí, ele também estava só de calção e o cabelo estava mais comprido que o normal, mas tão zoneado quanto sempre.

-Você acha? – levantei uma sobrancelha e ele sorriu – Você já sabe não é?

-Que vai ter uma guerra e seremos os guerreiros? Sem dúvida, Moony – ele suspirou – Soube desde que viemos para cá. Acho que o Sirius também sabe, só que ele deve estar achando a ideia super legal, sabe como funciona a cabeça dele...

-Ou ele está tão aterrorizado que a única alternativa para ele é lutar – respirei fundo – A família dele estará com esse tal Lord das Trevas.

-Voldemort – James me corrigiu – Ele tem um nome e se não tivermos nem coragem de o falarmos, então por Merlin não devemos nem tentar entrar nessa luta.

-Não vamos lutar com ele diretamente, iremos lutar contra os seguidores dele primeiro – comentei – Será que Dumbledore irá falar conosco?

-Ele irá propor – James disse, tirando o pomo de ouro de seu bolso e começando a brincar com ele – Quem quiser entrar ele vai agradecer, quem não quiser ele só vai ajudar a proteger e deixar ir – James olhou para mim – Estamos nessa, não estamos?

-Se não por nós, pelas garotas – falei, James franziu o cenho – Esses caras estão perseguindo nascidos trouxas e o que eles chamam de traidores de sangue, mas principalmente nascidos trouxas, eles pregam a pureza de sangue, Prongs.

-Lily – ele sussurrou, bagunçando os cabelos – E óbvio que a Dani e o Sirius, eles cuspiram em cima da família. Minha família provavelmente, mas só virão se conseguirem chegar no poder, o que eu não vou deixar acontecer...

-Bem, creio que ninguém vai, mas esses caras tem muitas cartas na manga, James, eles são do mais alto escalão do ministério – dei de ombros.

-Não são os mesmos caras que tem preconceito contra lobisomens? – James perguntou me encarando e respirei fundo, não era muito difícil de entender quando você passou a vida inteira estudando e analisando essas coisas.

-Lobisomens podem ser úteis para chegarem aonde eles querem, podem ser usados como armas – dei de ombros – E eles seguem um único maluco que segundo o que dizem é tão poderoso quanto Dumbledore.

-É... O pior bruxo das trevas de todos os tempos, ou algo assim, os ataques aumentaram ano passado, não é? E foram abafados e mesmo assim estávamos ocupados demais lidando com os nossos mini-comensais da morte para desconfiar de alguma coisa – ele disse jogando e pegando o pomo de ouro sem ao menos prestar atenção no que fazia.

-James, não vamos nos preocupar agora...

-Precisamos nos preocupara agora, Remus – escutei a voz de Dani atrás de mim, aparentemente ela me seguira e ouvira a conversa, deixando Lily e Lene berrando com Sirius – Depois não teremos tempo para pensar, apenas para agir.

-Não acho que vá começar tão logo, Dani – comentei, abraçando-a, ela estava ainda mais tensa.

-Já começou - ela sussurrou e me mostrou um jornal.

É, a bomba acabara de explodir.