Nossa história continua! escrita por The Kira Girl


Capítulo 3
GAAH - Príncipe dos pôneis


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora :) Capítulo recém-saido do forno.



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GAAH

Já que havia deixado minha mochila pronta no dia anterior, me permiti dormir um pouco mais.

Peguei tudo o que pudesse me distrair em um sítio: meu celular, notebook, tablet, Ipod, fone de ouvido e algumas revistas em quadrinhos. Coloquei também algumas roupas velhas caso fosse ter que mexer com animais de fazenda, sabe: porcos, vacas, cabras...

Acho que quando crescer vou ser biólogo. Sempre adorei animais selvagens, tanto que tenho uma cobra dormindo no mesmo quarto que eu. Monalisa, minha cobra de estimação (você deve estar achando isso estranho, e de fato é, mas quem disse que sou normal?). Lembro até hoje de quando Jade a viu pela primeira vez, ficou paralisada de medo. Normal, também fiquei paralisado quando ganhei ela da minha cunhada, Carmen.

Coloquei minha mochila nas costas e estava pronto para ir para a casa de Jade, onde iriamos de carro para esse sítio no interior. Conhecer a família dela não parecia ser uma ideia ruim, na verdade, seria até uma forma de oficializarmos o namoro, pelo menos quando casarmos (espera, eu disse casar?) já conheceremos tudo um sobre o outro...

Antes de sair de casa, fui dar tchau para meu irmão. Ultimamente as coisas não estão indo bem entre nós, ele está sempre muito chateado e muito irritado. Desde que nossos pais morreram num acidente a oito anos, ele é o responsável por mim. Dan é onze anos mais velho do que eu, é casado e sua mulher acabou de descobrir que está grávida. Ás vezes acho que sou uma pedra no sapato dele.

– Dan? – bati na porta do seu quarto.

– Entre, Gabriel. – ele era uma das poucas pessoas que ainda me chamavam de Gabriel. Eu até esqueço que esse é meu nome de batismo.

– Eu já vou, precisa de alguma coisa?

– Não, tudo bem. – ele estava deitado na cama mexendo no notebook. – Divirta-se com a sua amiga.

– Na verdade, ela é minha namorada.

– Sério, desde quando? – ele falava comigo sem desgrudar os olhos da tela.

– Desde o mês passado!

– Mas você é muito novo para namorar, só tem doze anos...

– Eu tenho quinze...

– E quando você fez quinze?

– Mês passado também... eu preciso ir, senão vou acabar atrasando todo mundo...

– Tá, tá bom, pode ir... tchau.

– Tchau. – fechei a porta.

A maioria dos nossos diálogos era assim, curtos. Dan era tão ocupado que nem sabia quando era meu aniversário. Ou então não fazia mesmo questão de saber. Se eu sumisse por, sei lá, uma década, acho que ele nem sentiria minha falta. Tomara que ele não seja assim com o filho dele, senão a criança vai crescer traumatizada igual a mim.

Infelizmente, Carmen não estava em casa para eu me despedir. Ela era a única naquele lugar que se importava comigo.

Andei até a casa da minha namorada. Fiquei feliz de ela morar perto de mim, pelo menos não teria que aguentar por muito tempo quase um quilo de equipamento eletrônico nas minhas costas.

Cheguei a casa dela e bati na porta. Quem veio atender foi uma garotinha baixinha de cabelinho castanho avermelhado, que parecia ser uma mini jadezinha.

– Uau, você é um príncipe encantado? – ela perguntou

– Hm... não que eu saiba...

– Vem passear de pônei comigo? – ela me puxou pelo braço até a sala de estar, onde estava uma coleção de pôneis de pelúcia de todas as cores. – Tem pôneis no reino que você vive?!

– O que?

– Senta ai que eu vou te mostrar o Pink, o meu pônei cor de rosa! Você gosta de pôneis cor de rosa?

– Eu...

– Eu adoro pôneis cor de rosa, mas como você é menino, deve gostar de pôneis azuis não é...?

– Bom...

– Ué, cadê a sua coroa? Todo príncipe tem que ter coroa! – Ela colocou um chapéu de papelão pintado com tinta guache amarela na minha cabeça. – Pronto, agora você é um príncipe de verdade! Vamos tomar chá?

– Olha...

– Você prefere chá verde ou de camomila?

– Camo....

– Você é tão calado, porque não fala nada?

– Miki, que está fazendo com ele? – Jade gritou do alto da escada.

– Ele é meu príncipe encantado do vale dos pôneis, veio tomar chá!

– Vaza daqui! Vai ver se a sua irmã já está pronta!

– Não vou não!

– Vai lá... Miki. – eu disse.

– Tá, eu vou, mas só porque o meu príncipe pediu!

– Ele não é seu príncipe, é meu príncipe, vai embora! – Jade olhou feio para a garotinha e ela foi embora com a cara fechada.

– Quem é ela? – perguntei me levantando do chão.

– Miki, minha priminha... o que é isso na sua cabeça?

– Uma coroa, sua priminha que colocou em mim.

– Ai coitadinho... – ela chegou mais perto de mim. – Ela malinou muito com você?

– Não, só não me deixava falar... – eu a abracei. – mas agora está tudo melhor com você... – nós nos beijamos. Mas infelizmente, alguém interrompeu:

– Jade, a Megan está se maquiando no banheiro e não me deixa tomar banho...! – um cara de óculos com uma toalha no ombro nos olha. – Ah, desculpe, não sabia que você estava ocupada... – ele riu.

– Andrew, esse é o Gaah, meu namorado... – Jade disse. – Gaah, esse é Andrew, meu primo.

– E ai, cara? – estendi minha mão para ele.

– Gaah, que diabos de nome é Gaah?

– Apelido de Gabriel.

– Ah sim... Não sabia que você namorava, Jade!

– Pois é, agora eu namoro...

– Legal... ei, será que dá para você tirar a Megan do banheiro! Eu preciso tomar banho!

– Vai tomar banho no banheiro da mamãe!

– Mas a sua mãe está usando!

– Então espera alguém sair!

– Aff... – Andrew se jogou no sofá. Muito invocado.

Jade me levou para seu quarto, onde finalmente tivemos um pouquinho de privacidade.

– Seus primos são bem... animados! - eu disse tentando soar positivo ao sentar na cama.

– Pelo amor de Deus, Gaah, eu não vou aguentar... – ela encostou a cabeça no meu ombro.

– Vai sim, eu vou estar com você... – passei minhas mãos no cabelo dela.

– Eu passei uma noite, UMA NOITE com eles e já me tiraram do sério!

– Não deve ter sido tão ruim assim...

– Andrew não parava de batucar na mesa, Miki não parava de cantar músicas da galinha pintadinha e a Megan não parava de falar no celular... – ela choramingou. – E eu só queria dormir um pouco...!

– Calma, Jade calma...

Jade choramingava como uma criancinha irritada com a vida. Eu, na minha condição de namorado, não podia fazer nada a não ser escutar todas as suas reclamações. E escutei. Escutei tanto que meus ouvidos adormeceram. Chegou a certo ponto em que eu já não conseguia mas prestar atenção no que ela dizia.

– ... e então, você me entende, Gaah?

– Hmhum.... – balancei a cabeça.

– Está me ouvindo?

– Hmhum...

– E o que você acha sobre isso?

– Hmhum... – balancei a cabeça de novo sem prestar atenção.

– Aff, ninguém merece você! – ela disse chateada e se levantou da cama.

– Hmhum...

Jade bateu a porta do quarto em um estrondo e eu me assustei. Por que ela estava tão chateada? Eu disse algo de errado?

Fiquei um pouco confuso e achei melhor ir atrás dela.

Quando desci as escadas esbarrei na minha sogra.

– Desculpa, dona Elle!

– Tudo bem, Gaah, vim te chamar, já estamos indo.

– Okay.

– E não me chame de dona.

– Foi mal, esqueci.

Sai da casa e encontrei Andrew, Miki, Jade e uma garota de cabelo ruivo e bagunçado que nunca tinha visto antes, mas que deveria ser a Megan, a prima que Jade mais reclama (sinceramente, para mim ela não parecia ser tão ruim...) colocando as malas no porta malas de uma van.

– Hey, por que você saiu do quarto? – Ajudei Jade com as malas dela.

– Porque você não me escuta!

– Desculpa, é normal pros homens... a gente para de escutar quando o assusto é chato...

– Está me chamando de chata?

– Não, não foi isso que eu quis dizer.... só que eu já entendi que você não se da bem com os seus primos e com a sua família... mas não precisa se preocupar, eu vou estar com você, te dando força...

– Sério?

– Sério, linda!

– Tá, entra logo no carro, vai! – ela me empurrou para dentro.

– Não é um carro é uma van...

– Entra na droga do automóvel! – ela riu. Apesar de as vezes brigarmos, Jade e eu sempre nos perdoamos. Não aguentamos ficar muito tempo de mal.

Quando todas as malas e mochilas já estavam no porta malas e todos já estavam dentro do carro, apesar de apertado, eu me sentia confortável de um jeito que nunca mais havia me sentido. Lembrei do tempo em que eu, Dan e nossos pais íamos acampar perto do rio. Uma das coisas que mais sinto saudade de antes do acidente.

Estar ao lado da minha namorada e dos primos estranhos dela, sentindo o vento no rosto e o cheiro de natureza, era quase como se eu tivesse uma família de novo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam, bom? *__*



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