Nossa história continua! escrita por The Kira Girl


Capítulo 11
GAAH - A vida continua...


Notas iniciais do capítulo

Postando capitulo novo às 00:16 :P ! Espero que gostem! *---*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/584302/chapter/11

Assim que Jade me deixou em casa, percebi o quanto estava cansado da viagem. Joguei minha mochila no chão e deitei no sofá.

Minha casa estava estranhamente silenciosa. A televisão e o computador estavam desligados e a porta da cozinha, que normalmente ficava aberta para o quintal, estava fechada. A mesa de centro estava empoeirada e com marcas de copo. Cármen, minha cunhada, odiava quando isso acontecia, limpava sempre na hora. Estava tudo muito estranho.

Levantei do sofá e subi as escadas até o andar superior. Não havia ninguém no corredor, mas eu ouvia alguns gemidos e choros vindo do quarto de meu irmão. Meu coração começou a bater mais rápido. O que estaria acontecendo?

Antes que eu abrisse a porta, a maçaneta girou e meu irmão saiu. Os olhos dele estavam vermelhos e ele soluçava. A última vez em que eu vi aquela cena, foi quando ele veio me dar a notícia de que nossos pais estavam mortos.

– Já de volta? – Ele disse enxugando os olhos com a manga da camisa.

– A-Aconteceu alguma coisa? – perguntei gaguejando.

– Bem... – ele soluçou – Podemos conversar na sala?

– Claro... mas... é algo grave?

Ele não respondeu. Apenas segurou minha mão e me acompanhou até a sala.

– Sente-se.

– Mas...

– Senta, logo, Gabriel! – Ele gritou autoritário. Resolvi obedecer.

– É alguma coisa sobre a Carmem? Onde ela está? Está bem...?

– Ela está bem, está lá em cima dormindo, mas... – Meu irmão hesitou.

Foi ai que minha ficha caiu.

– Ela... Vocês... perderam o bebê? – Ele não respondeu. Não precisava. Meus olhos também se encheram de lágrimas. – C-Como isso aconteceu?

– Era uma gravidez de risco...

– QUANDO isso aconteceu?

– Ontem. Infelizmente, não deu para salva-lo. A Carmen teve que abortar. Ela ainda está muito abalada com isso, é melhor dar um tempo pra ela...

– Mas e enquanto a você, Dan? Você está bem? – perguntei a ele.

– Não. Me sinto horrível... – ele colocou a cabeça entre as mãos. – Eu estava tão animado com a ideia de ser pai...

– Eu entendo...

– Não, você não entende! – ele gritou – Você nunca passou por isso! Você não sabe o que é para um pai perder um filho! Você é só uma criança!

Dan estava visivelmente alterado. Eu não sabia o que fazer. Como eu disse, a única vez que eu o vi chorar foi quando nossos pais morreram. Nunca depois disso. Não estava preparado consola-lo em tal situação.

– Eu sei que posso não entender, mas.... A vida continua.

– A vida continua... – repetiu nostálgico.

– Isso mesmo, lembra? Foi isso que você me disse onze anos atrás, quando nós ficamos órfãos... “A vida continua, Gabriel, não podemos mudar o que aconteceu, mas podemos mudar o que vai acontecer. Temos que ser fortes e seguir em frente...”

– Você ainda... se lembra do que eu disse naquele dia? – Meu irmão olhou para mim.

– Sim, eu nunca esqueci e você também não deveria esquecer.

Fez-se um silencio entre nós.

– Eu morria de ciúmes de você...

– O que...?

– Naquela época, antes deles morrerem... você era o preferido. Todo o tempo deles era para você. Ninguém mais ligava para um adolescente de dezessete anos. Eu havia desejado que você nunca tivesse nascido. Mas depois daquele dia... éramos só nós dois. Eu não sabia cuidar nem de mim mesmo e tinha que cuidar de uma criança também... isso me deixou meio... estressado. Sei que você acha que eu te odeio, mas isso não é verdade. É só que... toda vez que eu olho pra você... – ele engasgou – eu me lembro deles...– ele começou a chorar. – Você me trás uma lembrança muito dolorosa.

– Eu sinto muito por isso...

– Não sinta. A culpa é minha. Você é meu irmão mais novo, eu devia cuidar de você... mas não te dou atenção, não é mesmo?

Fiquei em silencio. Tudo o que ele disse era verdade. Dan passou a infância do lado de nossos pais, eu não. Eu havia crescido sem pais, me sentia sozinho a maior parte do tempo, e nunca podia contar com ele. Nunca podia compartilhar meus segredos com ele nem parecia ser mais meu irmão...

– É, você nem sabe a minha idade...

– Agora eu sei. Também sei que está namorando. Gaah, eu quero mudar isso! Talvez esse aborto seja uma forma de eu pagar por não ter te tratado bem todos esses anos...

– Ei, não culpe a si mesmo! Talvez... eu tenha dificultado as coisas pra você também...

– Será que... – ele olhou para mim. – Você me dá uma segunda chance de tentar ser seu irmão mais velho?

Suspirei. Eu queria dizer que não, queria dizer que não precisava mais dele, mas... droga, ele é meu irmão!

– Claro. – respondi, com meus olhos se enchendo de lágrimas também.

– Eu vou tomar um banho pra esfriar a cabeça... – ele se levantou – Você já me viu chorar o bastante por hoje...

– Você também...

– Até daqui a pouco.

– Até.

Subi as escadas e entrei em meu quarto. Estava tudo exatamente como eu havia deixado. A cama parcialmente desarrumada, os livros da escola jogados em cima da escrivaninha e em um cantinho dentro do aquário, Monalisa, minha cobra. Quando cheguei perto, ela se enrolou no meu braço.

– O que foi? Eu estou chorando mesmo! E daí? Todo mundo chora de vez em quando, até homens! Principalmente numa situação dessas...

Monalisa não disse nada (ainda bem, porque se ela dissesse eu estaria louco). Apenas se enrolou no meu pescoço carinhosamente como fazia sempre.

– Queria ser uma cobra. – disse a ela – Assim seria bem mais fácil, porque eu simplesmente não daria a mínima para o que está acontecendo... Você tem muita sorte...

TRRRRRRIIIINNNN...TRRRRIINNNNN.... O meu celular toca.

– Alô?

E ai, lindinho, se lembra de mim? – reconheci a voz imediatamente.

– Alice? O que quer comigo? Como conseguiu meu número?

Não importa. Eu só quero falar com você... soube que você e Jade estão namorando...

– Pois é... Por isso, sinto muito, mas não estou disponível...

Calma, calma, não é isso... eu realmente estou arrependida do que fiz para vocês mês passado...

– E daí?

Só que a Jade não entende isso, ela não quer nem olhar pra minha cara...

– Será que é porque você pisou na bola com todo mundo?

Isso é história do passado, lindo! Por favor, me ajuda a ter a minha melhor amiga de volta?

– Não sei não, o que quer que eu faça?

– Me arranja um convite para ir ao aniversário dela? Soube que o local da festa é reservado...

– Porque não fala com ela durante a semana?

– Estou viajando para o Canadá visitar meu irmão, lembra dele? Só volto na sexta feira...

– É claro que eu lembro... Quase quebrei a cara daquele idiota.

– E então, vai cooperar ou não? – Pensei por um momento. Alice, Cassy e Jade eram melhores amigas desde muito tempo, pelo o que eu soube. Porém, o que Alice fez com Jade e com alguns dos caras que ela já namorou, foi algo horrível. Jade a chama de falsa e eu acho difícil que as duas voltem a se falar. Porém, Alice soava extremamente arrependida ao telefone.

– Bom... Eu vou te dar uma chance, porque hoje eu estou um pouco amolecido. – enxuguei alguns resquícios de lágrimas que sobraram da conversa anterior com Dan. – Mas vai ser a sua última, então acho melhor aproveitar.

Obrigada, lindinho, prometo que não vou fazer nada! Beijos! – Ela desligou.

– Jade ainda vai me matar por isso... – disse a Monalisa. – Mas acho que agora, eu tenho problemas maiores com que me preocupar, afinal, não vou mais ser tio...

Desabei em minha cama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom? Ruim? Médio? Regular? Deixe seu comentário ai! ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nossa história continua!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.