O melhor verão da minha vida escrita por Roberta Valentina


Capítulo 2
Conde Drácula... Ops, Cullen!


Notas iniciais do capítulo

Mais um pra vcs!



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Depois de uma noite de sono numa poltrona mais confortável que minha própria cama, eu acordei com os raios da luz do dia bem na minha cara. Assim que meus se abriram, pude ver o mais gato motorista da face da Terra, encarando-me com um sorriso simpático na minha direção.

–Bom dia, milady. - Seu sorriso branquíssimo era mais ofuscante que os raios de sol vindos da janela do jatinho.

–Bom dia... - Murmurei e minha voz saiu completamente grogue.

–Dormiu bem? - Jacob me perguntou e eu assenti, levantando-me e indo até o banheiro.

–Licença. - Disse no caminho.

Quando entrei no banheiro, a primeira coisa que eu fiz foi olhar no espelho e tomar um susto dos infernos. Eu estava terrível! Meu cabelo parecia um ninho de pássaros, minha maquiagem estava toda borrada e escorrida pelo rosto e... AI MEU DEUS, Jacob me viu assim?!

Arrumei-me o mais rápido que eu pude, lavando meu rosto e refazendo meu penteado. Quando eu saí, Helena estava servindo nosso café da manhã. Ela parecia radiante, enquanto eu deveria estar parecendo a noiva zumbi, do jeito que estava morrendo de sono.

–Bom dia, Srta. Swan. - Ela me cumprimentou e eu assenti. -Quer café?

Assenti novamente e ela me serviu do melhor café que eu já tinha provado e aproveitei para comer uns croissants, pois só naquela hora que eu havia percebido que a última coisa que eu havia comido foi meu cereal no café da manhã antes de ir pra faculdade ontem. Engoli tudo rapidamente e depois morri de vergonha ao perceber que os dois me encaravam boquiabertos.

–Tá uma delícia, Helena. - Falei e engoli disfarçadamente, com ajuda do café.

–Que bom que gostou. -Helena afirmou e percebi o olhar que ela trocou com Jacob antes de falar: - Pousaremos em breve.

–Ok. - Jacob disse e me encarou divertido, enquanto eu assentia constrangida e assim que a comissária de bordo foi para a cabine do piloto, comentou: - Acho impressionante seu apetite, Srta. Swan.

–Só Bella, por favor. - Murmurei, ele sorriu e fez um comentário que deixou minhas bochechas coradas:

–Combina perfeitamente.

****

Quando finalmente pousamos numa congelante Londres, uma loira esbelta e bem produzida nos esperava, dentro de outra limusine, com um telefone numa mão e um envelope na outra. Logo percebi que se tratava de Jane, a assistente. Ela era completamente estonteante e me perguntei se ser ridiculamente bonito era algum tipo de exigência do Conde.

Se for, você já está desqualificada. Minha debochada mente logo avisou.

–Bom dia, Srta Swan. - A loira me cumprimentou com um aperto de mão. - Chamo-me Jane. - Apresentou-se e foi logo falando: - Ainda bem que veio, pois o estado do Conde Cullen é muito crítico e apesar de estar perdendo suas capacidades motoras, ele ainda se recusa a ter uma enfermeira cuidando dele tempo integral.

Opa! Ninguém me avisou que eu teria que convencer o cara. Só percebi que verbalizei o que eu estava pensando, quando ela me informou como se, de certa forma, esse assunto a causava repulsa e a desesperava ao mesmo tempo:

–Se você aceitar, ele irá pagar cerca de 20 mil libras pelos seus serviços. - Eu engasguei quando ela disse isso.

–Isso tudo pelos três meses que passarei aqui?! - Perguntei assombrada olhando para Jacob que apenas deu de ombros como se dissesse "não te disse?".

–Isso é por semana, querida. - Corrigiu-me e entrei em choque. - São 20 mil libras por semana. - Explicou claramente. - Mas, é claro que se você conseguir convencê-lo a te manter por tanto tempo... As outras foram embora antes de completar os sete dias.

–Por quê?! - Não consegui segurar essa pergunta e ela suspirou.

–Ele é um homem digamos... exigente ao extremo? -Falou e Jacob bufou disfarçadamente e em resposta Jane lançou um olhar ameaçador em sua direção. -Enfim, Sir. Cullen não é uma pessoa muito fácil de se conviver e você terá que ter muita paciência. - Ela deu bastante ênfase na última palavra, o que fez com que eu engolisse a seco.

–Muita paciência. – Jacob corrigiu-a ignorando seus olhares.

–E por que o salário tão alto? - Perguntei já me arrependendo de ter vindo.

–Bom, ele está confiando a vida dele em suas mãos. - Observou como se fosse a coisa mais óbvia. - Você que será responsável por fazer sua vida mais confortável possível durante seus três últimos meses.

Exatamente como você fez com Vovó Marie. Meu subconsciente lembrou-me e eu sorri.

–Tudo bem, eu aceito. -Afirmei finalmente com certeza.

–Graças a Deus, você era nossa última esperança! - Suspirou aliviada e me entregou outro contrato, onde eu aceitava o emprego, eu o assinei prontamente.

Depois de meia hora, a limo parou em frente a um portão metálico, onde havia muitos repórteres e paparazzis. Eles batiam nas janelas e gritavam tantas coisas que não dava para sequer entender o que eles estavam falando. Jacob e Jane fizeram careta, e o rapaz comentou pesaroso:

–Cada dia está pior. - E a loira ao meu lado concordou com a cabeça.

Foi difícil entrar sem que nenhuma das pessoas que estavam lá fora invadisse a propriedade, mas com ajuda de alguns seguranças gigantes, conseguimos passar pelos portões e adentrar nos jardins do Conde, no qual devo ressaltar que é maior que qualquer propriedade que eu já tenha visto em filme.

Estava admirando a construção, quando percebi alguém na última janela do castelo, mas estávamos muito longe para ver quem era e foi muito rápido, pois logo a pessoa entrou. Eu ia perguntar quem era, mas Jacob respondeu antes mesmo de eu formular a frase:

–Esse é o Conde Cullen.

Eu teria que ter olho biônico para realmente ter guardado sua fisionomia na minha memória daquela distância e em tão pouco tempo. Pra eles, que já o conheciam, era fácil, mas pra mim que nunca tinha o visto, se me dissessem que quem estava na janela era uma mulher, eu acreditaria na hora.

Enfim, a limo estacionou na garagem junto com vários carros esportivos. Jane saiu primeiro e, depois de um aperto de mãos e me desejar boa sorte, entrou num carro vermelho e foi embora. Já Jacob pegou minha mala e me levou para dentro do castelo, onde fomos recepcionados por uma mulher morena, muito bem vestida, mas claramente deveria ser alguma empregada pelos seus trajes.

–Bom dia, mãe. - Jacob falou e deu um rápido abraço nela. - Essa é Bella, a nova enfermeira do Conde Drácula. -Brincou recebendo um olhar reprovador dela. - Bella, essa é minha mãe, Emily, a governanta do castelo.

Eu acenei com a cabeça e ela sorriu abertamente pra mim.

–Jake, Jake. Se o patrão te ouve falando assim dele, você está demitido na hora! - Alertou-o que apenas riu debochado. - Prazer, Bella. Estávamos à sua espera. Jake vai arrumar o que fazer e pode deixar que eu mostro à moça o castelo, até mais.

–Tá, mãe. - Fez um muxoxo e completou: - Bella, qualquer coisa é só ligar. - E me entregou um celular de última geração. - Estou nos favoritos, junto com o número pessoal do Conde. Esse celular é grampeado. - Falou e eu o encarei com cara de quem não entendeu bulhufas. - Quer dizer que todas as suas ligações serão monitoradas. - Eu arregalei os olhos. - Pois é... Portanto, cuidado com que fala, pois terá gente ouvindo suas conversas.

–Ok. - Murmurei já me sentindo amedrontada novamente.

–Tchau. - Ele disse e partiu.

Emily tocou meu ombro e me guiou pelo imenso castelo que parecia um misto de contos de fadas com prisão, pois apesar de ser lindo e tudo mais, tinha muitas grades e câmeras por todos os lugares. Ela me explicou que no térreo era o salão, onde se faziam (antigamente) as festas, a cozinha e a piscina interna que ninguém mais entra. No primeiro andar ficavam a sala imensa de jantar, que tinha mais de trezentos lugares que nunca mais tinham sido preenchidos e uma sala de jogos inutilizada há anos. No segundo andar haviam enormes quartos, onde ficavam os hóspedes do Conde, que hoje eram proibidos de visitá-lo. E no terceiro e último andar ou "andar do conde", como era conhecido, ficavam seu quarto, seu escritório e seu estúdio/biblioteca, onde eu não pude entrar, pois estava trancado.

–Ele deve estar aí dentro. - Comentou Emily, a contragosto. - Ele passa muito tempo aí sozinho desde que... você sabe. - Falou como se a doença dele fosse algum tipo de tabu. -Bom, esse castelo ele herdou do seu falecido pai, Antony. Foi feito no século XV. Os pais do Conde morreram quando ele ainda era criança. Ele ainda tem um irmão mais novo, Emmett, porém inclusive ele foi proibido de vir até aqui. - Suspirou como se isso a entristecesse. - Enfim, está na hora de mostrar seu quarto. Provavelmente, está querendo descansar.

Voltamos ao segundo andar, onde ela abriu a primeira porta e me liberou a passagem. O quarto era simplesmente deslumbrante. Tinha uma cama gigante, com dossel, um closet fenomenal, uma varanda de cair o queixo e um banheiro com uma banheira jacuzzi.

–Estou no paraíso. -Murmurei me sentindo extremamente maravilhada.

–Espero que se sinta assim pelos restos dos dias. - Falou como se rogasse aos céus por isso. -Já estamos sem opções, todas da Inglaterra recusaram.

–Isso é pra me assustar? -Perguntei e ela sorriu amarelo.

–Desculpa, só que eu quero que esteja preparada para a fera. - Comentou amável. - Você tem um rosto tão belo, de menina ainda!

Ela só está puxando seu saco pra você não fugir. A vozinha desagradável do meu subconsciente debochou.

–Hum... Obrigada. Quando poderei conhecer o Conde? - Questionei e ela deu de ombros.

–Mesmo depois de tudo que eu falei, você ainda tá com essa pressa toda para o conhecer? - Admirou-se eu assenti prontamente. - Quando quiser, ele está avisado da sua vinda.

–Gosto de desafios. - Falei com uma força de vontade que na verdade eu não tinha tanta assim.

***

Depois de tomar um banho, vestir uma roupa bem formal e sóbria, arrumando-me bem - já que beleza parecia ser um pré-requisito para que eu fosse aceita pelo Sr. Cullen - e ficar feliz com o resultado, preparei-me para ir ao encontro com meu novo patrão.

–Ele precisa de você quanto você precisa dele. - Disse a mim mesma. - Além do mais, ele deve ser apenas um velho ranzinza que gosta de viver só e está muito doente.

Com falsa coragem, eu subi os degraus que davam para o "andar do conde" e parei em frente ao estúdio dele. Bati três vezes e ninguém respondeu, girei a maçaneta e estava aberta dessa vez. Entrei discretamente e olhei em volta, não havia ninguém lá.

Era uma grande biblioteca, com largas e altas estantes abarrotadas de livros e havia um belo e lustroso piano bem no meio cômodo, onde uma pilha de partituras havia sido deixada desordeiramente em cima. Por causa da minha mania por limpeza, tomei a liberdade de arrumá-las e de repente eu ouvi a porta se abrir e uma voz me atingir em cheio:

–O que faz aqui? - Era uma voz aveludada apesar do tom rude.

Virei-me e dei de cara com o homem mais bonito que eu já vi na vida. Se eu achava que Jake era bonito, ele era mil vezes mais. Ele era novo, no máximo 30 anos, bastante branco, com belos olhos verdes esmeraldas, com um rosto másculo, porém fino e perfeito. Seus cabelos eram acobreados e pareciam ser bastante sedosos. Ainda por cima, ele era alto e tinha leves músculos ressaltados pelo suéter preto que usava.

Tô dizendo que beleza quase obscena é um requisito pra ser contratada, você não acredita... Cada hora tá pior! É melhor você ir embora agora! O diabinho em minha mente tentou me persuadir a mudar de ideia.

–E-eu sou Bella, a nova enfermeira. - Ele estreitou os olhos, como se desconfiasse de mim. - Vim me apresentar ao Conde Cullen.

– Hum... Você não é muito nova pra ser enfermeira, não? - Perguntou me medindo dos pés até a cabeça, o que me fez corar feito um tomate, e depois ficou olhando bem nos meus olhos.

–S-sim. Na verdade, eu ainda estou estudando para ser. - Expliquei-me extremamente constrangida, pois seu olhar parecia que iria me queimar.

–Então mandaram uma estudante dessa vez? - Eu apenas assenti. - Interessante... - Senti-me um cordeiro num covil de um leão com esse comentário e eu dei um passo pra trás com medo, porém ele desviou o olhar para o piano e completou com desprezo: - Só velhas caquéticas vieram anteriormente. Então, pelo menos, você é melhorzinha. – Putz... Que cara grosso!

–E você, o que está fazendo aqui? -Perguntei petulante, já que eu já se preparava para se sentar ao piano que claramente era do Conde.

–Eu?! -Perguntou como se essa pergunta o surpreendesse. - Estou tocando piano. - Disse simplesmente e começou a dedilhar uma música bastante conhecida minha.

Claire de Lune, do Debussy. Minha mente lembrou-me nostálgica ao recordar de quando eu era criança e minha avó tocava essa música pra mim.

O cara tocava impressionantemente bem e eu fiquei na dúvida se saía atrás do Conde Cullen ou ficava e ouvia o rapaz tocar piano. Sem que eu percebesse, eu acabei ficando e ouvindo a música até o final, com lágrimas nos olhos. De repente, um lenço de linho surgiu a minha frente e murmurei um obrigada bem baixinho, enquanto limpava minha cara, que provavelmente deveria estar toda machada de maquiagem borrada.

–Porra, agora eu vou ter que refazer a maquiagem toda antes de me encontrar com o Conde. - Disse irritada e o homem arregalou os olhos, acho que porquê eu falei palavrão, sei lá. - Tá vendo o que você fez?! - Eu sei que foi irracional, mas eu tava furiosa com o cara por ter me feito chorar e, além do mais, eu não ligava a mínima para o jeito que eu o tratava, pois ele tinha sido grosso comigo primeiro.

–Eu fiz?! - Perguntou chocado. - Me poupe... Você que estava aí chorando feito uma bebê chorona só por causa de uma música. -Falou com tamanho desprezo que foi impossível não me sentir ofendida.

–Bebê chorona é a mãe! - Grunhi revoltada. -Quem você pensa que é pra me tratar assim? Alguma realeza, por algum acaso?!

–Acho que sim. - Deu de ombros e percebi que ele ria de canto de boca.

O cara se acha... Meu subconsciente estava mais irritado que eu com o deboche do cara.

–E mesmo que fosse, você não tem o direito de tratar ninguém assim... Pois acredite, você não é superior a ninguém. - Afirmei completamente possessa e comecei a falar algo que minha vó sempre me dizia: - Prova disso é que quando morrer, vai ser enterrado igual a todo mundo, vai virar um esqueleto tanto quanto os outros, porém a única diferença é que com essa sua arrogância ninguém vai estar no seu enterro! - Dizendo isso saí e deixei o cara me encarando como se eu fosse assombração.

Assim que eu atravessei a porta, veio Emily e eu quase trombei com ela. Ela olhou pra dentro, onde o cara ainda me encarava e perguntou-lhe:

–Conde, V. graça deseja seu desjejum?

–Sim.


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Notas finais do capítulo

Ei!!! Quem gostou deixa um recadinho, aí!!



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