E-Eu... não...Pai, eu e Edward, ainda nem... – (É sério que eu vou ter essa conversa com ele, Deus?) Fechei os olhos, respirei fundo e larguei a verdade: - Pai, eu ainda sou virgem.

Quando abri os olhos Papai estava chorando. De verdade, sem brincadeiras. Eu nunca pensei em ver o Xerife Swan se acabando em lágrimas, mas lá estava ele, bem na minha frente. Eu nem sabia como reagir, pois, aquela cena era tão inesperada quanto o abraço apertado que ele me deu logo após.

–Ah, filhota... você não sabe o quão orgulhoso estou de você! – Exclamou fungando. – Vai casar como Deus gosta... Agora sei que te criei bem, meu trabalho tá cumprido! – Afirmou aliviado e eu fiquei toda sem graça. –Agora, bora voltar, pois estou morrendo de fome! Você não tem noção da “pãodurisse” dessas companhias de avião!

–Mas pai, a gente já andou tanto para ver os cavalos do Edward, agora vamos embora sem sequer vê-los?

–Ah, você acha mesmo que eu me importo com um bando de cavalos? Bella, eu vim ver você! Cavalos eu vejo sempre que eu quero, já você... Só vejo uma vez na vida outra na morte! – Falou já andando apressado e eu tive que correr para alcança-lo.

Assim que chegamos à frente do castelo, após quase meia hora de caminhada, pude ver James estacionar o carro esportivo prata de Edward. Meu coração bateu descompassado, minha mão começou a suar de nervoso. Agora era a hora dele conhecer minha família que mais parecia com a Buscapé.

Achei estranho o Conde não sair imediatamente do carro e fiquei observando James estacionar, pegar algo do porta-malas e voltar com uma cadeira de rodas. Finalmente, a porta do carona se abriu e meu ruivo saiu de lá, sentando-se na cadeira, com a cara emburrada.

Eu suspirei condescendente.

Nós já tínhamos discutido isso algumas vezes, pois eu tinha certeza de que ele já não tinha mais forças para ficar pra cima e pra baixo somente com uma bengala. Ele, como sempre, negava todas as vezes que eu sugeri isso, porém fico feliz de ele finalmente ter aceito minha sugestão.

–Esse é o seu noivo? – Papai perguntou-me no meu ouvido.

Eu apenas assenti.

–Ah, agora sim eu acredito que você ainda é pura. – Observou e eu arregalei os olhos por comentário de tamanho mau gosto. – Desculpa, não está mais aqui quem falou nada....

Arrastando-o pela mão, fui até Edward que pareceu surpreso em nos ver e depois acanhado por estar naquela situação.

–Ed, esse é o meu pai, Charlie Swan. –Apresentei-os contente e papai foi logo falando:

–Então, é você o tal Conde sei lá das quantas que tá querendo casar com a minha Bella? – Seu tom era bastante sério e eu senti que Edward ficou com uma pontada de medo.

–S-sim. - Gaguejou.

–Hm... – Meu pai o olhou de cabeça a baixo, para depois sorrir e falar alegremente: - Bem-vindo a família, Cowboy! – E pôs seu chapéu de vaqueiro nele.

Senti que Ed suspirou aliviado com o gesto dele e eu sorri muito feliz, pois tudo que eu queria era que os dois homens da minha se acertassem.

Opa! Você disse os dois homens da sua vida ou eu não ouvi direito? Meu subconsciente perguntou apurando bem os ouvidos.

***

Após sentarmos todos à mesa, papai e mamãe de um lado, eu de outro e Edward, como sempre, na cabeceira, o almoço foi servido. Um grande banquete, diga-se de passagem. Mamãe, como era de se imaginar, ficou encantada com o charme e beleza do meu futuro marido, já papai estava mais preocupado em fazer uma montanha em seu prato.

–Como foi o voo, Sra. Swan? – Ele a perguntou e ela parecia estar tão fascinada com seu rosto que sequer ouviu.

Tal mãe, tão filha.... Minha mente se pronunciou maldosa.

–Mãe! – Chamei-lhe à realidade e ela estremeceu, tomando um susto. Depois me olhou de cara feia, como se me repreendesse por interromper sua contemplação. – Edward perguntou como foi a viagem?

–Ah, foi ótima querido. Obrigada por pagar nossa vinda. – Agradeceu tocando sua mão. – Você é muito gentil. – Jake riu em escárnio, no canto, e vi que Edward o olhou ameaçadoramente antes de responde-la:

–Não foi nada, minha sogra. – Percebi que teve um “Chupa essa, Black” implícito, mas ainda bem que não ficou tão visível. - Não é mais do que minha obrigação trazer os pais da minha amada Bella. – Ele sorriu pra mim amável e eu retribuí.

–Own... Vocês são tão lindos juntos! – Ela comentou e eu ri sem graça. – Parecem dois pombinhos apaixonados... Charlie, homem, para de comer e fala alguma coisa! – Terminou esganiçada e exasperada, dando um tapa na mão dele, derrubando toda a comida que ele tinha no garfo.

–Não é você que diz que é falta de educação falar de boca cheia? – Falou ele cuspindo arroz e a salada da guarnição por tudo que é lado, inclusive em Edward que limpou o rosto educadamente com o guardanapo de linho.

Jesus, faz abrir o chão para que eu possa entrar e me esconder desse vexame, por favor! Roguei aos céus em pensamento.

–Pai, engole primeiro. – Pedi morrendo de vergonha, olhando para Edward, que apenas ria da situação.

Ele engoliu audivelmente, com uma boa dose de vinho.

Ôh-Oh... Papai bebendo nunca é uma boa ideia. Preocupei-me antecipadamente com as coisas constrangedoras que viriam a seguir.

–Então... Conde Cullen. – Ele começou, mas Ed o interrompeu.

–Só Edward, por favor.

–Que seja, Edward. – Falou se corrigindo. – Você acha que tá em condições de consumar o casamento com minha filha?

–Pai! – Exclamei corada e completamente sem graça.

–O que é?! – Perguntou exasperado. - O cara tá na cadeira de rodas e nós queremos ter netos em breve! – Mamãe concordou com ele. - Você já demorou uma eternidade para desencalhar, se for nesse ritmo... estaremos mortos quando resolver engravidar.

Edward gargalhou bem alto com essa.

–Não se preocupe, Sr. Swan. Se depender de mim... encheremos esse castelo de crianças!

–Maravilhoso! –Mamãe bateu palmas, contente.

–Então... tá tudo certo no andar de baixo, né? – Meu pai questionou, indiscreto, querendo ter certeza, e até minha mãe ficou vermelha agora, imagine eu?!

– Cem por cento. – Garantiu Edward, sorrindo divertido.

Pelo menos, ele tá achando isso tudo engraçado...

Quando eu pensava que não poderia piorar, chegou o prato principal. Pernil de porco assado. Os olhos do papai até brilharam quando viu seu prato favorito sobre a mesa. Emily repartiu a carne, pondo um bom pedaço para cada um, porém, atrapalhado pela quantidade de garfos diferentes, Charlie logo reclamou:

–Pra que tanta frescura, hein? – Seu tom de voz era irritado. -Garfo só serve para levar comida até a boca! Para que tantos para cada um? Somos polvos por algum acaso?!

–Realmente... Nem eu sei qual é o correto a se usar. – Mamãe parecia estar extremamente constrangida por sua ignorância.

O que eu não esperava foi o gesto nobre de Edward. Ele simplesmente limpou as mãos, arregaçou as mangas e rusticamente começou a comer sem garfos, pegando a carne e pondo-a na boca diretamente como se isso fosse nada demais. Quando olhei espantada para ele, ele apenas piscou e disse:

–Não sei porque, mas sempre achei que a carne fica mais saborosa quando se come assim. –Observou e meu pai concordou:

–Falou e disse, Edward. – Disse seguindo-o e pondo a comida na boca, também com as mãos.

Eu e mamãe ficamos os observando, comendo feito animais, até que depois de olhar uma para outra e as duas dar de ombros, também aderindo à nova moda. Percebi que tanto Emily, quanto Jake, ficaram chocados com a maneira estávamos comendo, mas nada falaram.

Estava tudo correndo bem, Edward achava papai divertido e o outro não parecia quer mais mata-lo. Após o almoço, o mais velho quis tirar um cochilo, pois já era um hábito seu desde que eu o conheço, dormir após a refeição. Porém, como eu já poderia adivinhar, Jake tinha que abrir aquela lata de lixo que ele considera como boca:

–O quarto dos senhores é o antigo quarto da senhorita Bella, segundo andar, terceira porta à direita.

Desde que eu e Edward tínhamos feito as pazes antes de ontem, eu tinha me mudado para o seu quarto. E não, não tínhamos feito nada, pois ele respeitava os limites impostos por mim, mas era uma delícia dormir agarradinha com ele.

–Hein? –Papai perguntou confuso. – Como assim antigo? Bella dorme onde?

–Com o Conde Cullen, é claro.