Nunca Durma escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 8
Um, dois, Freddy está vindo por você...


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!!!

Existem várias versões daquela musiqueta meiga que, geralmente, toca quando alguém tem um pesadelo com o menino Freddy, mas, fuçando no Youtube na semana passada, eu encontrei esta aqui e arrepiei: https://www.youtube.com/watch?v=1D7YMLtT0B4

Bem, vocês devem estar se perguntando o porquê da musiquinha e deste título tão meigo e aí eu respondo: alguém vai sonhar com o Freddy neste capítulo.

Complicações a caminho, sociedade. Já vou avisando que de agora em diante, o moçoilo queimado vai começar a mostrar por que ele é o Senhor dos Pesadelos...

Enfim, espero que curtam!

Lá vai...



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Rachel e Tony tinham deixado a casa de Annie Ryan há dez minutos e agora se dirigiam até uma lanchonete da cidade, onde Henry, Emily, Erik e Isabel os aguardavam.

Como os dois estavam demorando um pouco, em dado momento, Isabel decidiu ligar para o celular da amiga. No entanto, como Rachel estava dirigindo, ela pediu que Tony pegasse o aparelho, que estava no porta-luvas, aceitasse a chamada e colocasse no viva-voz.

Assim que o irmão de Emily fez isso, Isabel disse do outro lado da linha:

— Ei, Rachel! Onde você está?

— Eu e o Estrupício estamos à caminho. Mais dez minutos e estaremos aí, ok? — respondeu a outra.

A nephilim, que estava um pouco afastada da mesa onde os outros estavam acomodados, deu um meio sorriso e mudou o rumo da conversa, perguntando:

— Por que você fica chamando o irmão da Emily desse jeito? Ele é tão feio assim?

Sem medir as palavras, Rachel começou a responder:

— Na verdade, ele é bem... — no entanto, ao se dar conta de que Tony estava ao seu lado, ouvindo a conversa atentamente, visivelmente interessado no que ela responderia, Rachel desconversou um tanto sem graça: — Isabel, você está no viva-voz.

Sentindo-se desconcertada diante da gafe que sem querer cometeu, a nephilim pigarreou e lamentou:

— Oh... Desculpe, eu não sabia.

Antes que Rachel dissesse qualquer coisa, Tony lhe lançou um sorriso torto e pressionou:

— Qual é, Boneca? Você não vai responder a pergunta da sua amiga? Eu sou feio ou não? Por acaso, você quer olhar mais de perto para tirar a dúvida?

Segurando o riso e morrendo de curiosidade para saber o que Rachel responderia ou como sairia daquela situação embaraçosa, Isabel ficou no mais completo silêncio e esperou. No entanto, ao invés de se pronunciar à respeito, Rachel olhou para Tony de soslaio e simplesmente encerrou aquela conversa com a amiga:

— Dez minutos, Isabel.

Em seguida, ela pegou o celular das mãos de Tony, desligou e jogou o aparelho no porta-luvas. Então, um pouco constrangida, apoiou um dos braços na janela do carro e a mão no rosto. Evitou ao máximo olhar para Tony ao seu lado, mas podia sentir o olhar dele sobre si e, sem explicação aparente, sentiu o seu rosto ficando mais quente a cada instante.

Em dado momento, Rachel não resistiu e olhou para o rapaz de canto. Logo comprovou o que até então era apenas uma suspeita: Tony estava sorrindo de um jeito irritante para ela, como se soubesse exatamente o que ela responderia para Isabel, se ele não estivesse ali.

— Nem uma palavra, ou eu juro que te coloco para fora deste carro. — ameaçou a caçadora, voltando a se concentrar na direção.

— Este carro é meu e da Emily. Eu deixei, gentilmente, que você o dirigisse. Esqueceu? — argumentou Tony.

— Não importa. Eu te coloco para fora do mesmo jeito. — insistiu a garota, tentando não transparecer o constrangimento que sentia. — E pare de rir de mim.

— Eu não estou rindo de você, Boneca, eu estou sorrindo para você. — esclareceu Tony.

Rachel deu de ombros, revirou os olhos com desdém, mas antes que pudesse formular uma resposta, sentiu-se um pouco cansada e bocejou. Acabou bocejando novamente, o que fez Tony desmanchar o sorriso e questionar um tanto ofendido:

— Nossa... Eu sou tão entediante assim?

Rachel não aguentou e riu. Gargalhou antes de se recompor e conseguir responder:

— Não. Por incrível que pareça, você não é nem um pouco entediante, Estrupício.

— Obrigado, Boneca. São seus olhos. — agradeceu o rapaz, satisfeito e esboçando um novo sorriso.

Mas, antes que ele encarasse aquela resposta como um incentivo e se empolgasse demais, Rachel completou rapidamente:

— O problema é que eu não dormi muito bem esta noite e estou morrendo de sono. Só isso.

— Neste caso, não é melhor eu dirigir? — sugeriu Tony.

— Não, está tudo bem. — dispensou Rachel. — Nós estamos tão perto. São apenas dez minutos até a lanchonete.

— Acidentes podem acontecer em poucos segundos, Boneca. E então, talvez não haja mais dez minutos para nós. — alertou ele seriamente, deixando a caçadora intrigada. Parecia até que Tony estava com medo de que ela provocasse um acidente.

Foi então que Rachel se lembrou do que Henry havia lhe contado no caminho até Springwood, que os pais de Emily e Tony tinham morrido em um acidente de carro, há uns dois anos.

Então, por mais que fossem apenas dez minutos até a lanchonete, Rachel resolveu acatar o pedido e encostou o carro no meio fio de uma calçada. Instantes depois, já com o lugar devidamente trocado com Rachel, Tony deu partida.

A caçadora ficou tentada para perguntar como exatamente tinha sido o acidente, como Tony ficou sabendo, essas coisas. Mas, temendo que aquilo fosse trazer lembranças dolorosas e sofrimento ao rapaz, além de ser uma baita invasão de privacidade, ela preferiu ficar calada.

Em seguida, Rachel suspirou profundamente, apoiou a cabeça no vidro da janela e fechou os olhos. Não demorou muito para que o sono a dominasse e ela começasse a cochilar. A verdade é que Rachel havia passado a noite anterior em claro, pensando sobre aquelas mortes em Springwood e por isso estava sentindo todo aquele sono.

Mas, de repente, algo fez a garota abrir os olhos devagar e olhar a paisagem pela janela. Naquele momento, o carro passava lentamente por uma rua residencial da cidade, onde algumas meninas brincavam em um gramado em frente à uma casa. Eram quatro garotinhas entre oito e dez anos. Estranhamente, todas usavam vestidos brancos.

Duas delas movimentavam uma corda, segurando nas extremidades opostas. A terceira pulava a tal corda ao som de uma música que todas cantavam. E a quarta apenas observava a cena, provavelmente aguardando a sua vez de brincar.

Em dado momento, Rachel não sabia mais se as meninas estavam cantando mesmo ou se a música era reproduzida apenas em algum lugar do seu subconsciente. De qualquer forma, o que a letra dizia era isso:

"Um, dois, Freddy está vindo por você... Três, quatro, é melhor trancar a sua porta... Cinco, seis, agarre o seu crucifixo... Sete, oito, você consegue ficar acordado? Nove, dez, nunca durma de novo."

— Bizarro. — murmurou Rachel, achando aquilo tudo muito estranho, principalmente porque havia um clima estranho no ar, como se as coisas estivessem acontecendo lentamente ou como se não fosse real. — Estrupício, você viu isso? — indagou enquanto o carro deixava aquela cena para trás, mas a música continuava fixa na mente de Rachel de uma forma inexplicável e assustadora.

Tony não respondeu. Mas logo Rachel sentiu a mão dele em seu ombro. Irritada com a ideia de que ele estava tentando "tirar uma casquinha", a caçadora soltou um suspiro nervoso. Porém, antes que protestasse, se virasse na direção dele, lhe acertasse um soco na cara ou fizesse qualquer outra coisa, ela sentiu uma certa frieza naqueles dedos que acariciavam o seu ombro. Uma frieza metálica e afiada que percorria a sua pele lentamente em direção ao seu braço.

Apreensiva, Rachel olhou de canto para aquela mão. E o que ela viu a fez gritar e se agitar imediatamente. A mão estava protegida por uma espécie de luva de couro marrom. Os dedos estavam envolvidos por uma parte de metal, e nas pontas deles longas lâminas se estendiam de forma monstruosa e intimidadora.

Ela podia sentir a presença daquela... Coisa bem atrás de si. Um cheiro horrível de algo queimado incomodava as suas narinas e revirava o seu estômago. E certos sussurros, que se confundiam com uma gargalhada macabra que crescia a cada instante, lhe causavam arrepios e faziam o seu coração congelar aos poucos.

Rachel não conseguia reagir ou raciocinar direito, pois estava paralisada pelo medo e pela surpresa. Era agoniante, mesmo para uma caçadora acostumada a enfrentar as piores ameaças.

Quando aquela mão estava prestes a apertar o seu braço e ela finalmente fez menção de se mexer para fitar o rosto da pessoa ou criatura que estava ali, acabou acordando atordoada e ofegante, com Tony a fitando confuso e preocupado.

Rachel demorou alguns instantes para entender que tinha pegado no sono e tido um pesadelo. E não pode evitar certo sobressalto ao perceber que Tony segurava em seu ombro. Provavelmente, ele tinha tentado acordá-la, depois de parar o carro em algum lugar que Rachel não se atentou naquele momento.

Percebendo certo desconforto no semblante da garota, o rapaz a soltou e se afastou um pouco, antes de perguntar:

— Ei... Está tudo bem?

Depois de engolir em seco e se recompor, Rachel respondeu o mais tranquila que pôde transparecer:

— Sim, foi só um pesadelo idiota. Obrigada por ter me acordado.

— Sempre às ordens. — assentiu Tony, um pouco intrigado, já que Rachel tinha coragem suficiente para ser caçadora, mas estava visivelmente assustada com um pesadelo qualquer.

Porém, talvez fosse exatamente essa a questão. Independente de saber que o sobrenatural existe e combatê-lo diariamente, Rachel ainda era um ser humano. Uma mulher. Com certeza, devia ter medo de baratas, como a maioria das mulheres, apesar de não ter tido medo de entrar em um ninho de vampiros e enfrentado vários deles para resgatar Tony, dias antes.

Sem perceber, ele sorriu levemente, achando aquela contradição engraçada.

Incomodada com o sorriso e com o olhar que ele mantinha sobre ela, Rachel arqueou as sobrancelhas e indagou secamente:

— Por que nós paramos?

— Porque nós chegamos. — respondeu Tony tranquilamente, indicando a lanchonete do lado de fora.

Rachel seguiu o olhar dele e avistou o estabelecimento há poucos metros da calçada. Então, tentando demonstrar que estava tudo realmente bem, ela deu um meio sorriso, começou a tirar o cinto de segurança e disse calmamente:

— Então vamos. Eu quero saber tudo o que eles descobriram sobre esta coisa que está matando as pessoas por aqui.

Tony assentiu com um meneio de cabeça e, como já tinha retirado o cinto de segurança antes de acordar a garota, saiu primeiro do carro.

Enquanto ele dava a volta no veículo, para abrir a porta para ela, Rachel se deteve por alguns instantes e fitou o seu cinto de segurança intrigada. Isso porque havia alguns cortes nele. Discretos, mas estavam lá. E, com certeza, tinham sido feitos por algo extremamente afiado. O problema é que Rachel não se lembrava de ter visto aquilo quando trocou de lugar com Tony.

Ela ainda pensava nisso, quando o rapaz abriu a porta e a chamou:

— Vamos, Boneca?

Rachel pensou em perguntar para ele se aqueles cortes já estavam lá. Mas, com certo receio de que Tony respondesse que não ou então que a olhasse como se ela estivesse dando importância demais para algo irrelevante, ela achou melhor disfarçar e esquecer aquilo.

Então Rachel saiu do carro e, logo ela e Tony caminharam até a lanchonete e entraram no lugar.

Algum tempo depois

Todos estavam reunidos em uma das mesas da lanchonete. Tony já havia sido apresentado para Isabel e Erik e, naquele momento, todos ouviam, atentamente, Henry e Emily contando o que haviam descoberto no IML.

Rachel não pôde evitar um arrepio que percorreu o seu corpo, quando o primo falou sobre os cortes nos restos mortais de Annie Ryan e também quando a ruiva completou a explicação, dizendo que todos os corpos tinham os tais cortes e que a melhor teoria que eles tinham era de que o fantasma tinha algum tipo de lâmina nos dedos.

Empolgado com aquela descoberta, Tony relatou o que ele e Rachel haviam visto no quarto da vítima: cortes no colchão e no lençol da cama, provavelmente feitos com a mesma lâmina que feriu as vítimas.

Rachel permanecia calada e pensativa, se lembrando do pesadelo que teve, instantes antes, no carro. Nem ela mesma entendia por que tinha ficado tão impressionada com aquilo. Tinha sido apenas um pesadelo, certo? Provavelmente, ela ficou mexida com o que viu no quarto de Annie e o seu subconsciente a fez sonhar com aquela mão cheia de garras metálicas e afiadas. Mas, tinha sido tão real que, no fundo, Rachel tinha medo de que não tivesse sido apenas um pesadelo. A sensação foi semelhante a de quando ela teve pesadelos com o Slender Man, nos quais, o monstro a perseguia.

De repente, Isabel colocou o notebook no centro da mesa, para que todos pudessem ver uma matéria antiga, que ela havia localizado com a ajuda de Erik, enquanto os dois esperavam Emily, Henry, Rachel e Tony chegarem ali.

Em seguida, a nephilim indicou a imagem de um homem na tela. Ele tinha uns quarenta anos, seus cabelos eram curtos e castanho claro, possuía uma barba rala, os olhos azuis e profundos, que ganhavam um certo ar maligno com as sobrancelhas levemente arqueadas. Não era um homem feio, mas havia algo em seu semblante que causava medo.

Então Isabel explicou:

— Este é Frederick Charles Krueger, nascido em setembro de 1942. Fruto de um estupro coletivo, entregue para adoção, infância difícil, adolescência complicada, se meteu em algumas confusões durante a vida e ficou conhecido como o Retalhador de Springwood quando adulto.

— Já deu para perceber que o cara era gente boa. — ironizou Henry.

— Espera! — exclamou Rachel, pronunciando-se pela primeira vez desde que chegou ali e se inclinando um pouco na cadeira, para olhar melhor para aquela imagem. — Você disse Retalhador de Springwood?

— Sim. — confirmou Isabel, sem entender o súbito interesse da amiga naquele detalhe.

— Por quê? — quis entender Rachel. — Por que ele ficou conhecido por esse codinome?

Antes que Isabel explicasse, Erik se antecipou:

— O cara era um monstro. Ele atraía as crianças da cidade com um carrinho de sorvete, as levava até a sala da caldeira, da fábrica onde ele trabalhava e... As matava. Muitas vezes, as torturava antes, usando isso... — Erick clicou em um link da matéria e outra imagem surgiu na tela. Nela era possível ver uma luva de couro marrom, com partes em metal e longas lâminas nos dedos.

Rachel ficou pálida e engoliu em seco. Aquela luva era exatamente igual a do seu pesadelo.

— Vocês acham que este é o nosso fantasma? — indagou ela, querendo esquecer aquela estranha coincidência e se concentrar no caso.

— Foi o mais perto que nós chegamos até agora. — respondeu Emily.

— E aí diz como ele morreu? — interessou-se Tony.

— Sim. — disse Isabel, e então relatou: — Aqui diz que os moradores de Springwood descobriram o que o Frederick, mais conhecido como Freddy, estava fazendo e ficaram revoltados. Então eles o perseguiram, o encurralaram na fábrica e colocaram fogo no lugar.

Automaticamente, Rachel se lembrou do cheiro de queimado que sentiu durante o pesadelo, mas decidiu não compartilhar aquilo. Também se lembrou da cantiga entoada pelas garotinhas vestidas de branco, que mencionava alguém chamado Freddy. Como Rachel poderia saber disso tudo e ter sonhado com isso se somente agora estava ouvindo a história macabra daquele homem? E aqueles cortes no cinto de segurança? Tão parecidos com os cortes no colchão de Annie Ryan... O que significava aquilo?

De repente, Henry puxou o notebook para mais perto de si e anunciou:

— Olha que interessante. — e quando todos olharam para ele, o caçador prosseguiu: — De acordo com uma testemunha, enquanto queimava, o Sr. Krueger gritou na direção dos moradores e jurou vingança. Ele jurou que voltaria para se vingar de todos os descendentes daquelas famílias e, que quando isso acontecesse, nunca mais Springwood dormiria em paz.

— O cara era mesmo um maluco, mas isso só confirma a nossa suspeita. Freddy Krueger é o nosso espírito vingativo. — ponderou Emily.

— Ah! — exclamou Erik, se lembrando de um detalhe. — E eu e a Isabel descobrimos a relação entre as vítimas. Tina Gray, Rod Lane, o preso, o policial, Annie Ryan, todos eles são descendentes dos moradores que emboscaram o Freddy no passado. A princípio, nós pensamos que fosse uma espécie de efeito dominó, por causa do medo que se espalha a cada morte, mas pelo visto não é só isso. O Freddy está caçando os descendentes. E como Springwood está cheia deles, qualquer um pode ser a próxima vítima.

— O que será que ele quis dizer com “Nunca mais Springwood dormiria em paz”? — indagou Rachel, pensativa e um tanto distante.

Todos ficaram em silêncio, até que Emily cogitou:

— As vítimas morreram dormindo, mas em completa agonia, segundo os laudos do IML. Não faz muito sentido, já que a dor deveria ter feito elas acordarem, mas talvez... Talvez este espírito seja diferente dos outros. Talvez esse tal Freddy Krueger consiga prender as pessoas nos pesadelos, entrando nas mentes delas de alguma forma. Talvez o medo as impede de acordar.

— E então ele mata as vítimas nos pesadelos e elas morrem na vida real. — completou Tony.

Henry, que até então estava calado, ponderando aquela teoria, opinou por fim:

— Faz sentido. Tudo o que nós descobrimos até agora aponta para isso mesmo. De alguma forma, esse espírito desenvolveu essa habilidade e virou uma espécie de... Senhor dos Pesadelos.

— Eu sei que eu não sou caçador há muito tempo, mas eu nunca vi um espírito fazer algo assim. — confessou Tony.

— Eu sou caçador há mais tempo e também não ouvi falar de nada assim. Acho que nem os meus pais. — admitiu Henry. — Mas o fato de não termos ouvido falar, não significa que a coisa não exista. Talvez o tal Freddy se encaixe em outra categoria de espíritos vingativos. Sei lá.

De repente, o silêncio reinou sobre a mesa e todos olharam para Rachel, que estava calada, com um olhar distante e roía as unhas.

— Ei… Está tudo bem? — preocupou-se Isabel, colocando a mão no ombro da amiga, que teve um leve sobressalto e olhou para ela. — Você tem alguma coisa a dizer, Rachel? — indagou, afastando a mão cautelosamente. — Sobre este caso ou sobre... Qualquer coisa? Você está estranha desde que chegou.

— Está mesmo. — concordou Henry, estreitando o olhar na direção da prima com preocupação. — E eu aposto que sei por que. — supôs, voltando-se para Tony. — O que você fez com ela, Estrupício? — questionou, dando um leve tapa na nuca do outro, que se encolheu e fez uma careta de dor.

— Ele não fez nada. — esclareceu Rachel, dando um tapa na nuca do primo, que olhou para ela indignado com a agressão.

— Viu? — indagou Tony, erguendo as mãos em sinal de rendição. — Eu não fiz nada, esquentadinho.

— Então o que houve? — perguntou Emily, olhando para a prima de Henry intrigada e um tanto preocupada também.

Em questão de segundos, todos na mesa estavam com os olhares fixos em Rachel, esperando uma resposta.

Sentindo-se meio desconfortável, mas ciente de que tinha que expor o que estava pensando ou acabaria ficando maluca, ela anunciou:

— Eu tenho uma ressalva.

— Vai em frente. — incentivou Henry.

Depois de engolir em seco novamente, olhar para todos na mesa e coçar a nuca por um instante, ela respirou fundo e prosseguiu:

— Eu não acho que esta coisa vai se contentar apenas com os descendentes das pessoas que o encurralaram no passado. Freddy Krueger matava crianças antes, certo? E por quê? Porque ele gostava da sensação, porque ele já era um monstro antes. Agora ele é um monstro querendo vingança, ok, mas vocês acham mesmo que ele vai parar por aí? Porque eu não acho. O que eu acho é que ele não vai se contentar só com os moradores de Springwood. Eu acho que... Talvez ele esteja expandindo outras... Possibilidades.

— Como assim? — indagou Erik, fazendo a pergunta que passava pela mente de todos.

— Por que você está falando desse jeito? — estranhou Henry.

Rachel fitou o primo por alguns instantes e depois observou cada pessoa na mesa. Algo naqueles olhares curiosos e expressões confusas a fez hesitar e, por fim, desistir de contar sobre o tal pesadelo e a familiaridade com as recentes descobertas.

Talvez ela estivesse exagerando. Rachel estava cansada, sensibilizada com aquele caso e mexida com aquelas coincidências envolvendo o nome Freddy e aquela luva cheia de lâminas. Mas era só isso, certo?

Tentando se convencer de que estava tudo bem, a caçadora riu de um jeito nervoso e desconversou:

— Quer saber? Esquece. Não deve ser nada de importante mesmo, só coisa da minha mente cansada disso tudo.

— Você começou, agora vai terminar. — exigiu Henry, ainda mais preocupado com o comportamento da prima.

— É, Boneca. — incentivou Tony, segurando a mão dela sobre a mesa, sob o olhar fuzilador de Henry. — Independente do que for, pode contar. Eu estou aqui.

Para alívio de Henry, Rachel revirou os olhos e se desvencilhou da mão de Tony, antes de cruzar os braços contra o peito, se recostar na cadeira e recomeçar:

— Tudo bem, eu vou contar. — e após um longo momento de silêncio, ela revelou meio sem jeito e com uma ponta de medo no olhar e na voz: — É que... Eu meio que... Eu acho que... Eu sonhei com o Freddy. É isso. Eu sonhei com o Freddy Krueger. Pronto, falei.

Todos permaneceram imóveis e calados, fitando Rachel e sem saberem se tinham entendido direito o que ela havia contado. Mas, quando eles assimilaram a revelação, a preocupação e certo espanto se tornou visível em seus semblantes.

Por fim, Henry voltou-se na direção de Isabel e pediu:

— Por favor, me diga que aí fala onde esse desgraçado foi enterrado.

Imediatamente a nephilim procurou a informação na reportagem, enquanto os outros continuavam olhando para Rachel. Ela, por sua vez, esboçou um sorriso amarelo e deu de ombros, tentando transparecer tranquilidade, afinal depois que eles encontrassem o corpo de Freddy Krueger, salgassem e queimassem seus restos mortais, aquilo tudo acabaria. Certo?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Curtiram? Sim? Não? Talvez? Oi?

Seguinte, lembram que, há alguns capítulos, eu falei que estava com um bloqueio horrível? Então, foi com este capítulo que o bloqueio deu uma trégua. Gostei muito de escrever esta singela aparição do Freddy (bem discreta até agora) e depois deste capítulo, os seguintes fluíram mais naturalmente.

Bem, conforme vocês viram no capítulo de hoje, a Rachel sonhou com o Freddy. Ou seja, fu...

E por isso no próximo capítulo, o priminho da moçoila estará empenhado em encontrar os restos mortais do moçoilo queimado (para queimar de novo. Oi?) e Tony Carter estará empenhadíssimo em manter a Rachel acordada... Hein?

Também teremos Isaberik!

E também teremos Freddy. Desta vez, ele vai falar com um dos personagens e tudo...

Por enquanto fico por aqui, mas quero minhas reviews, hein?

Não sejam tímidos!

Bjs e inté!



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