Nunca Durma escrita por Hunter Pri Rosen


Capítulo 19
Final


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!

Finalmente o capítulo final de Nunca Durma! Prontos? Preparados?

Lá vai...



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Ao reconhecer o carro do filho e de Rachel estacionado na frente do bunker, Natalie abriu um enorme sorriso, olhou para Dean ao seu lado e falou cheia de saudade e com empolgação:

— O nosso Bebê Awesome está de volta! Eu nem acredito! Eu vou apertar tanto aquelas bochechinhas!

Também sentindo muita saudade do filho, Dean sorriu, segurou na mão da esposa e praticamente a arrastou até a entrada do bunker.

Logo atrás do casal, Sam suspirou profundamente e disse de uma forma serena:

— Se o Henry está aqui, a minha princesinha também está.

Ao ouvir aquilo, Claire sorriu, entrelaçou seu braço no de Sam, apoiou a cabeça em seu ombro e refletiu:

— Desta vez, aqueles dois demoraram muito. Será que eles tiveram algum problema durante a caçada?

— Se eles estão de volta, o problema foi resolvido. É o que importa. — articulou o caçador, dando passagem para Claire entrar antes dele no bunker.

XXX

Com um largo sorriso no rosto e seguida por Dean, Natalie abriu a porta do quarto de Henry com um movimento rápido, brusco e entrou dizendo:

— Meu Bebê Awesome...

— Filhão, como foi a caçada? — emendou Dean, antes de esbarrar na esposa que, sem explicação aparente, tinha parado no meio do caminho.

Foi só olhar na mesma direção que ela para Dean entender tudo. Ou pelo menos aquela reação. Isso porque Henry não estava sozinho no quarto.

Assim que o rapaz levantou aos trancos e barrancos da cama, uma garota ruiva fez o mesmo. Mas, de tão surpresos e atordoados que ficaram com aquela súbita interrupção, Henry e Emily acabaram tropeçando nas próprias pernas e caíram cada um de um lado da cama.

Rapidamente, o rapaz se levantou, deu a volta na cama e ajudou a ruiva a se levantar enquanto perguntava:

— Tudo bem, Emy? Machucou?

— Eu estou bem, não se preocupe. E você? — replicou ela.

Esquecendo-se por um momento de que seus pais estavam ali, Henry respondeu:

— Tudo certo. Mas nossa... Que susto! Ainda bem que nós não...

Ele parou de falar imediatamente, quando Natalie pigarreou para chamar a sua atenção. Imediatamente, ele e Emily olharam na direção da loira, que cruzou os braços contra o peito e questionou seriamente:

— Henry Jones Winchester, posso saber o que diabos está acontecendo aqui?

Sentindo que o seu rosto estava ficando vermelho, Emily se escondeu atrás de Henry, e segurou em seu braço. Ele, por sua vez, olhou para o pai, como se pedisse uma intervenção, uma ajudinha para lidar com a sua mãe, que parecia bem brava com o que presenciou.

No entanto, Dean permaneceu com uma expressão impassível. Ele não estava bravo pelo filho estar com uma garota, mas o fato de Henry ter trazido a tal garota para o bunker, colocando em risco a localização do lugar, não tinha o agradado nem um pouco.

A menos que Henry tivesse uma ótima explicação para aquilo, não era só com Natalie que ele teria que lidar.

— Eu posso explicar. — garantiu o rapaz como se tivesse lido os pensamentos dos seus pais.

XXX

Enquanto isso, deitada em sua cama, Rachel lutava para resistir aos beijos e carinhos de Tony, mas estava cada vez mais difícil, principalmente, porque o rapaz estava bem empolgado e empenhado em não dar qualquer segundo de trégua para que ela dissesse qualquer coisa.

No entanto, quando as mãos de Tony foram subindo por suas pernas e entrando embaixo de sua blusa, Rachel fez um esforço e o afastou dizendo:

— Estrupício, nós temos que parar com isso.

— Por que, Boneca? — questionou enquanto tentava beijá-la de novo. — Está tão bom. E pode ficar ainda melhor... — insinuou, enquanto Rachel se esquivava e tentava levantar da cama.

— Eu já disse. Hora errada, lugar errado. — lembrou, conseguindo afastá-lo mais um pouco e finalmente se colocando de pé. — Vamos descer. Eu quero te mostrar o resto do bunker.

Sem esperar por uma resposta, Rachel deu a volta na cama e caminhou a passos largos na direção da porta. Mas, antes que a alcançasse, Tony se levantou também, correu até a namorada, segurou em seu braço, a trazendo para junto de si, e propôs:

— Tudo bem, vamos fazer um tour por esta fortaleza, mas antes... Um beijo. Só mais um.

Ao ouvir aquilo, uma ideia irresistível passou pela cabeça de Rachel e ela mordeu o lábio inferior, enquanto se desvencilhava de Tony mais uma vez. Em seguida, com um brilho no olhar, ela o provocou dizendo:

— Beijo não se pede, Estrupício. Se rouba.

Rapidamente, a caçadora correu até a porta e a abriu. Mas, antes que passasse por ela, Tony a alcançou mais uma vez, segurou Rachel pela cintura e a encurralou contra a porta. Então, antes que ela respirasse ou percebesse que duas pessoas estavam se aproximando dali, Tony uniu seus lábios aos dela com um beijo envolvente.

Momentos depois, quando seus rostos finalmente se afastaram e eles olharam para a frente, os dois tiveram um sobressalto imediato. Principalmente Rachel, que desmanchou um sorriso de felicidade que exibia até então e arregalou os olhos diante daquelas pessoas tão familiares paradas ali na soleira.

— Pai! Mãe! Oi... Já chegaram, foi? — disse atordoada, enquanto seu rosto ruborizava rapidamente.

Após se recuperar da surpresa inicial, Tony assumiu uma postura respeitosa e cumprimentou Sam e Claire:

— Sogrinho, sogrinha, é um prazer conhecê-los. Tony Carter.

Ao ouvir aquilo, o Winchester ficou ainda mais surpreso e confuso. Então, ele estreitou o olhar na direção do rapaz e depois voltou-se para a filha, esperando uma explicação, visivelmente atordoado com o que estava acontecendo ali. Aliás, o que estava acontecendo ali? Era o que Sam se perguntava e temia ao mesmo tempo.

Como se pedisse apoio, Rachel olhou para a sua mãe, que ao contrário do marido não parecia tão chocada com aquele flagra. Obviamente, Claire queria saber quem exatamente era aquele sujeito no quarto de sua filha, mas estava mais disposta a ouvir toda a história do que Sam, que permanecia branco feito papel e com uma expressão nada satisfeita.

Por fim, o Winchester engoliu em seco, enquanto Rachel lhe lançava um sorriso amarelo e constrangido.

Algum tempo depois...

Enquanto Emily e Tony aguardavam na sala principal do bunker, sentados lado a lado em um sofá, Dean, Natalie, Sam e Claire estavam em outra sala do bunker, mais reservada, e terminavam de ouvir o que os seus filhos diziam sobre toda aquela situação.

Henry e Rachel contaram tudo. Com detalhes. Desde o reencontro com Emily e Tony Carter, até a difícil caçada ao monstro Freddy Krueger, durante a qual tiveram a ajuda de Erik, o último descendente de Samuel Colt.

Eles contaram que o rapaz e Isabel tinham se apaixonado e que agora estavam namorando. E contaram também que Isabel e Erik não eram os únicos casais apaixonados naquela história.

Por fim, Henry e Rachel se desculparam pelas cenas que seus pais presenciaram momentos antes, mas asseguraram que não estavam fazendo nada demais. Só namorando um pouquinho e inocentemente.

Em pé e encostado em uma mesa de frente para os dois, que estavam acomodados em um pequeno sofá, Dean perguntou apenas para fins de confirmação:

— Então aquela garota na sala é a Emily? Aquela que vocês encontraram na dimensão do Slender Man há uns quinze anos?

— Em carne, osso e cabelos ruivos. — respondeu Henry, com um brilho inevitável no olhar.

Percebendo isso, Natalie, que estava ao lado do marido, relaxou um pouco, acabou se convencendo de que o melhor era relevar a cena que tinha presenciado no quarto do filho, e indagou:

— Você gosta dela, não é, meu Bebê Awesome?

Henry se mexeu no sofá, constrangido em parte por ouvir aquele apelido, mas principalmente porque não se sentia à vontade para falar dos seus sentimentos. Nunca tinha feito isso antes, a não ser durante a viagem até o bunker, quando se abriu com a prima.

Porém, convencido de que não precisava negar aquilo para ninguém, Henry respondeu:

— Sim, eu gosto dela, mãe. Muito.

A expressão de Natalie se suavizou ainda mais e ela fitou o filho carinhosamente. No fundo, a loira estava orgulhosa dele, já que era a primeira vez que Henry se comprometia com alguém de verdade.

Também feliz pelo filho, Dean arqueou as sobrancelhas sugestivamente e supôs:

— Ela tem pernas bonitas, não tem?

— Sr. Awesome! — repreendeu Natalie, achando aquilo inapropriado para uma conversa relativamente séria como aquela.

Sem conseguir conter um sorriso malicioso, Henry respondeu a pergunta do pai:

— Na verdade, eu ainda não tive oportunidade de conferir.

— Pois então, quando a oportunidade surgir, não perca tempo, filhão. Vai fundo! — aconselhou Dean, fazendo o sorriso de Henry se abrir ainda mais.

Depois de pigarrear, tentando manter o tom sério da conversa, Sam, que estava próximo do irmão, voltou-se para a filha e inquiriu:

— E você está namorando aquele garoto atrevido que te deu uma rosa quando você mal se entendia por gente?

— Nossa, pai... Do jeito que você fala parece até que o Estrupício é um pedófilo. Credo... — protestou Rachel, fechando a cara.

— E por acaso não é isso o que ele é? — questionou Sam, alterando-se um pouco. — Você é praticamente uma criança, Rachel!

Como se pedisse uma ajudinha, a garota olhou automaticamente para a sua mãe, que estava ao lado do marido. Então, depois de assentir discretamente para ela, Claire colocou a mão sobre o ombro do caçador e argumentou:

— Sam, meu amor, a nossa filha já tem vinte e três anos.

— Exato. Como eu disse, uma criança! — insistiu ele. — Uma criança inocente que não sabe nada da vida, uma presa fácil para gaviões como esse tal Tony.

— Gaviões? — repetiu Claire, tentando conter o riso diante daquela preocupação excessiva.

Rachel fez o mesmo, comprimindo os lábios com força, antes de se levantar e caminhar até os dois. Então, ela parou diante deles e, olhando especificamente para Sam, recomeçou:

— Eu sei que você se preocupa comigo, pai. E obrigada por isso. Só não exagere, ok? Eu estou tão feliz. Por favor, fique feliz também. Por mim.

Quando Rachel franziu o cenho de um jeito meigo, Sam protestou:

— Pare de fazer essa cara, você não vai me convencer. — e voltando-se para a esposa, pediu: — Claire, diga para a nossa filha parar de fazer essa cara, por favor.

— Desculpe, mas aparentemente é herança genética. Sua. — respondeu a esposa em tom divertido.

Indignado, Sam voltou a olhar para Rachel, que deu mais um passo a frente, o encarou profundamente e continuou:

— O Estrupício é uma boa pessoa e eu estou muito feliz com ele. Mas não se preocupe, você não vai me perder. Você sempre será o meu paizinho lindo e paranóico que eu tanto amo.

— Rachel, pare de fazer esta cara agora mesmo. — ordenou Sam, porém sem muita firmeza, já que estava fraquejando diante da carinha de cachorro na chuva que sua filha estava fazendo.

Ignorando aquele pedido, Rachel franziu o cenho novamente, fitou Sam de um jeito profundamente carinhoso e arrematou:

— Eu te amo, papai.

Sam engoliu em seco e sentiu suas defesas ruírem de vez diante daquilo. Para piorar, Rachel se jogou em seus braços e o abraçou forte.

Sem conseguir mais resistir, Sam a abraçou de volta, decidiu que faria um esforço por ela e tentaria ver aquele namoro com bons olhos.

Sem que ele pudesse ver, Rachel sorriu e piscou para a mãe, que sorriu de volta como se dissesse "bom trabalho, filhinha."

Em seguida, foi a vez de Dean pigarrear, fazendo com que a sobrinha se desvencilhasse um pouco do pai e olhasse em sua direção.

Então, olhando ora para ela, ora para o filho, Dean quis se certificar:

— Vocês tem certeza que Emily e Tony Carter são mesmo de confiança?

— Totalmente. — responderam Henry e Rachel ao mesmo tempo e acabaram rindo disso.

Natalie, que àquela altura não só tinha assimilado toda a história, como estava profundamente feliz pelo filho, caminhou até o sofá onde Henry estava, sentou ao seu lado e, enquanto apertava as suas bochechas com afinco, falou empolgada:

— Ai que bonitinho! Meu Bebê Awesome está apaixonado!

— Mãe... Por favor, não me chame assim. Eu não gosto... — pediu o rapaz, enquanto Rachel ria da situação.

— Baby, você está constrangendo o garoto. — reclamou Dean.

Por fim, Natalie parou de apertar as bochechas do filho e, enquanto o observava, acabou tendo uma ideia e disse:

— Humm... Eu preciso conhecer a minha nora direito.

— Como assim? — temeu Henry, a encarando com desconfiança.

— Não se preocupe, meu amor. Eu só quero conversar um pouco com ela. — tranquilizou Natalie. — Aliás, eu acho que todos nós devíamos ir para aquela sala e termos uma boa e descontraída conversa com aquelas duas pessoas que agora fazem parte da vida dos nossos filhotes e, consequentemente, das nossas.

— É uma ótima ideia. — aprovou Claire.

— Então vamos! — disse Natalie, se levantando com um impulso do sofá.

Logo Henry e os outros a seguiram. Porém, antes de passar pela porta, a loira teve outra ideia, voltou-se para eles e orientou:

— Vão na frente. Eu vou pegar o álbum de fotos do Henry para mostrar para a minha norinha.

Sentindo como se o chão tivesse sumido embaixo dos seus pés, o rapaz retrucou desesperado:

— Não vai não!

Ignorando aquele protesto, Natalie passou pela porta e seguiu pelo corredor dizendo:

— Ela vai adorar! Tem umas fotos de você peladinho quando era bebê.

— Mãe... — chamou Henry, ainda mais desesperado enquanto a seguia às pressas.

Ao perceber que a sobrinha estava rindo daquela situação, Dean resolveu ameaçá-la:

— É melhor você parar de rir do meu garoto ou não vai ser só o álbum dele que vai circular por aquela sala.

Imediatamente, Rachel parou de rir, engoliu em seco e olhou para os pais assustada.

Sam e Claire apenas se entreolharam e sorriram, fingindo que estavam considerando a ideia de Dean, para desespero de Rachel que tratou de correr para esconder o seu álbum antes que fosse tarde demais.

Enquanto isso em Wichita Falls...

No quarto de Isabel, depois que os dois finalmente chegaram na casa da nephilim há cerca de vinte minutos, Erik observava algumas fotos em um mural perto da cama dela. Após apontar para uma das imagens, o rapaz indagou surpreso:

Esta é a sua mãe?

Ao lado dele, Isabel deduziu qual era o motivo da surpresa e respondeu:

— Digamos que a minha mãe parou de envelhecer bem antes do meu nascimento, por isso ela parece mais uma irmã mais velha do que minha mãe. — e quando o rapaz voltou-se para ela, querendo uma explicação completa, Isabel acrescentou com uma voz suave: — É uma longa história, eu te explico com calma depois.

Percebendo que a garota tinha frisado muito a última palavra e entendendo perfeitamente o que isso significava, Erik conteve o riso e articulou:

— Isabel, eu não quero que os seus pais tenham uma ideia errada de mim. Vamos manter o foco pelo menos até eu conhecê-los, ok? Nós estamos na casa deles.

Inconformada com aquilo, a nephilim deu um passo a frente, passou os braços em volta do pescoço do namorado e contrapôs:

— Mas eles não estão aqui agora. Aliás, provavelmente a minha mãe está caçando e o meu pai deve estar no Céu. Então... Por que não aproveitar melhor o nosso tempo?

Ao ver um sorriso sugestivo se formando no rosto dela, Erik colocou as mãos na cintura de Isabel, se lembrou de todos os momentos que eles passaram juntos em hotéis baratos até chegarem ali, e perguntou aos risos:

— Por acaso, existe algo que diga que nephilins são insaciáveis? Porque eu estou começando a ficar assustado com você.

— Falou o cara que me acordou três vezes só esta madrugada. — rebateu ela prontamente.

Erik comprimiu os lábios e ficou sem argumentos por alguns instantes. Porém, em seguida, ele tentou se defender:

— Eu perdi o sono e você estava bem ali, então eu pensei: por que não aproveitar melhor o nosso tempo?

Depois de sorrir, se aproximar mais um pouco e tocar os lábios de Erik com um beijo suave, Isabel o tranquilizou dizendo:

— Eu não estou reclamando.

— Eu sei. — assentiu o rapaz aos risos. — E este é o meu medo. — brincou, antes de beijar a namorada de uma forma mais envolvente.

Instantes depois, quando percebeu que Isabel estava se empolgando, Erik decidiu parar de lutar contra o desejo que também estava sentindo e começou a beijar o pescoço da nephilim, ao mesmo tempo em que a abraçava calorosamente.

Logo depois, enquanto Isabel tentava tirar a camisa dele, algo chamou a atenção de Erik no mural atrás dos dois e ele se afastou um pouco dela, tomado por uma sensação muito forte de déjà vu.

— Isabel, espera um pouco... — pediu, sem conseguir desviar o olhar de uma das fotos presas no mural.

Mesmo à contragosto, ela acatou o pedido e indagou ligeiramente ofegante:

— O que foi?

Percebendo que Erik estava olhando algo no mural, Isabel se virou um pouco e seguiu a direção do seu olhar. Logo, ela viu que Erik estava observando uma foto em específico. Era uma imagem dela, quando tinha uns cinco ou seis anos.

Sem entender por que Erik tinha ficado tão fissurado por aquela foto, Isabel voltou a olhar para ele, esperando que o rapaz lhe explicasse o que estava acontecendo. Porém, ele permaneceu calado e imóvel, enquanto certas lembranças bombardeavam a sua mente naquele exato momento, lhe deixando surpreso e até um tanto incrédulo diante daquela grande coincidência.

— Erik, o que foi? — insistiu Isabel, começando a ficar preocupada.

Finalmente, o rapaz piscou algumas vezes, despertando daquela espécie de transe, e murmurou:

— Eu sabia que já tinha ouvido a sua história antes...

— O quê? Do que você está falando? — quis entender a nephilim, enquanto acariciava o rosto do namorado ainda mais confusa e preocupada.

Erik piscou mais algumas vezes e só então fitou Isabel nos olhos e explicou:

— Quando você me contou aquelas coisas sobre o monstro que te sequestrou, quando você me contou sobre a Colt, sobre você ter enganado os seus pais e se embrenhado em uma floresta... Eu sabia que já tinha ouvido algo assim antes. — diante da expressão interrogativa da nephilim e ainda surpreso com o que tinha acabado de se lembrar, Erik continuou a explicação: — Você disse que caminhou sozinha pelo acostamento de uma estrada no Kansas, que um homem parou o carro e tentou te impedir de continuar com aquela loucura... — enquanto Isabel puxava em sua mente as lembranças daquele dia, Erik revelou de uma vez: — Eu estava naquele carro, Isabel. Aquele homem era o meu pai. Eu te vi. Eu acenei e você...

A mesma surpresa estampada no rosto de Erik, pôde ser vista no olhar de Isabel, quando ela lembrou exatamente do que ele estava falando e completou:

— E eu não acenei de volta. Eu simplesmente corri e o seu pai foi atrás de mim. — depois que Erik assentiu com um meneio de cabeça e engoliu em seco, ainda sem acreditar que ele e Isabel tinham se visto antes da madrugada em que ela exorcizou o demônio que o possuiu, a garota exclamou: — Ai meu Deus! Era você mesmo?

Rapidamente, Erik se afastou, pegou a sua mochila sobre uma poltrona ao lado da cama e retirou uma fotografia de dentro de um bolso. Em seguida, ele voltou a se aproximar de Isabel e lhe entregou a imagem.

A nephilim já tinha visto aquilo antes, mais precisamente quando esteve no apartamento de Erik. Porém, agora ela finalmente entendia por que aquela foto tinha despertado a sua curiosidade naquela ocasião. Isabel já havia visto as pessoas nela: Erik e o pai dele.

Sorrindo, Isabel colocou a foto sobre a cômoda atrás de si, se apoiou no móvel e refletiu ainda impressionada com aquilo:

— Que coincidência mais maluca.

— Você acha mesmo que é uma coincidência? — indagou o rapaz em tom de desafio, se aproximando um pouco e posicionando as mãos em volta da namorada.

— O que você acha que é? — questionou Isabel no mesmo tom.

Depois de estreitar o olhar sobre ela e sorrir levemente, Erik respondeu:

— Destino.

Ao ouvir aquilo, o sorriso de Isabel se alargou. Então, ela passou os braços em volta do pescoço do namorado e ponderou em tom sugestivo:

— Coincidência ou destino, uma coisa eu não posso negar. Isso é muito romântico.

— Eu concordo. — assentiu Erik.

— E me deixou com mais vontade... Você sabe. — insinuou a nephilim, mordendo o lábio inferior.

Rindo daquilo, o rapaz tentou repreendê-la:

— Isabel...

Mas, quando ela aproximou o rosto, fechou os olhos e encaixou seus lábios nos dele, Erik desistiu e correspondeu imediatamente.

Não demorou muito para que o beijo se tornasse mais intenso e os dois se empolgassem novamente. Em dado momento, Isabel guiou Erik até a cama e praticamente o empurrou sobre ela, se posicionando sobre ele em seguida.

Foi então que um bater de asas ecoou pelo quarto e Isabel reconheceu a voz de sua mãe quase no mesmo instante:

— Quarto errado, anjo...

Imediatamente, a nephilim se afastou de Erik e os dois se levantaram da cama às pressas e a tempo de verem Mia se desvencilhando do abraço caloroso de Castiel, que estava visivelmente empolgado, distribuindo beijos pelo pescoço dela. Porém, quando Mia lhe deu um leve cutucão entre as costelas, o anjo finalmente se afastou um pouco mais e olhou na mesma direção que a esposa.

Ao reconhecer a filha e também o rapaz, — já que Castiel tinha encontrado Erik e o pai dele em uma estrada do Kansas há muitos anos, mais precisamente quando estava procurando por Isabel durante a caçada ao Slender Man — o anjo se recompôs um pouco e indagou intrigado e com uma preocupação palpável:

— O que está acontecendo aqui?

Atrapalhando-se um pouco e muito envergonhada, Isabel respondeu quase sem perceber:

— Ãn... Nada... — porém, quando percebeu que os seus pais ficaram profundamente constrangidos e assustados ao mesmo tempo, já que aquela palavra lhes remetia a outra coisa, Isabel não resistiu e decidiu provocá-los: — E com vocês? Está acontecendo alguma coisa?

Mia engoliu em seco, antes de responder:

— Nada também. — sentindo o seu rosto ruborizar, ela olhou para Erik e mudou de assunto rapidamente: — Quem é essa gracinha de rapaz, filhota?

— E por que ele está no seu quarto? E o que vocês estavam fazendo? — questionou Castiel seriamente. — Por favor, não responda. — pediu, temendo que Isabel fosse repetir uma certa palavra.

Percebendo certa hesitação da nephilim, Erik resolveu se apresentar:

— Eu sou Erik Colt. Namorado da Isabel. E não se preocupem, ela já me contou tudo. Tanto sobre ela como... Algumas coisas interessantes sobre vocês.

— Colt? — surpreendeu-se Mia.

— Namorado?! — exclamou Castiel com certo ciúme, medindo o rapaz minuciosamente.

— Calma, anjo. Está tudo bem. Não entre em pânico. — tranquilizou Mia que, apesar de ter acabado de chegar, pôde perceber no semblante da filha que ela estava indiscutivelmente feliz. E para ela, isso era o mais importante.

— É, pai, não surta. — pediu a nephilim, relaxando um pouco. — Eu posso explicar tudo. — acrescentou seriamente ao perceber que Castiel não gostou do tom anterior.

Subitamente, os quatro ficaram em silêncio. Mia ainda constrangida por ter flagrado a filha em um momento de intimidade e por ter sido flagrada também. Isabel sentindo-se exatamente como ela. Castiel com uma expressão desconfiada, enquanto fitava Erik. E o rapaz visivelmente intrigado por estar diante do anjo que conversou com ele e com o seu pai há quinze anos em uma estrada. Principalmente, porque Castiel estava com o mesmo sobretudo.

Além disso, outra coisa intrigava Erik: o barulho de asas que tinha ouvido instantes antes. E, mesmo sendo óbvio, ele resolveu perguntar aos sussurros para Isabel:

— Ele realmente veio voando para cá?

Mesmo tensa com toda aquela situação, Isabel sorriu em concordância e assentiu com um meneio de cabeça.

Em seguida, o silêncio voltou a reinar no quarto. Absoluto e incômodo. Todos se entreolhavam, mas ninguém dizia uma palavra sequer. Até que Mia e Isabel não aguentaram mais e disseram ao mesmo tempo:

— Deus... Este silêncio está me matando!

Automaticamente, elas trocaram um olhar cúmplice e sorriram. Em seguida, Mia teve uma ideia e, sabendo que a filha completaria o seu raciocínio, começou:

— Bem, pelo visto, nós quatro temos uma longa conversa pela frente, certo? E sabe o que é ótimo para um momento como esse?

Conforme ela previa, Isabel completou empolgada:

— Café! Café! Café!

— Ai que linda! Orgulho da mamãe! — elogiou Mia, piscando para ela e sorrindo novamente.

Sem pensar duas vezes, Isabel segurou na mão do namorado e o puxou na direção da porta, dizendo:

— Vamos, Erik.

Assim que o casal passou pela porta, Mia entrelaçou o braço de Castiel e imitou a filha:

— Vamos, anjo? — porém, como ele permaneceu imóvel e muito sério, ela o repreendeu: — Pode parar com essa cara de velório. Ninguém morreu, nem é o fim do mundo.

Indignado, Castiel contrapôs:

— Mia, tinha um homem no quarto da nossa filha.

— Não é um homem qualquer, é o namorado dela. E eu estou louca para conhecê-lo melhor. Você não? — replicou a caçadora tranquilamente.

— Eles estavam sozinhos. E pelas expressões culpadas, provavelmente se agarrando pouco antes de nós dois chegarmos. — articulou o anjo, inconformado com aquilo.

Depois de encará-lo por um instante, Mia relatou:

— Okay, isso vai ser meio chocante, mas eles estavam mesmo se agarrando, anjo. Eu vi. E sabe por que você não viu também? Porque você estava distraído demais... Me agarrando. No quarto da nossa filha. Ou seja, nós não temos moral nenhuma para repreender aqueles dois. Ia ser um coelho falando do outro.

— Mia! — exclamou Castiel sem gostar daquela comparação.

Sem se intimidar, a caçadora retomou calmamente:

— A nossa filhinha cresceu, caso você não tenha percebido. E parece muito feliz. É o que o basta para mim. É isso o que devia bastar para você também.

Castiel ficou em silêncio, observando Mia enquanto pensava sobre tudo o que ela havia dito, especialmente sobre a última parte.

Por fim, ele relaxou um pouco e indagou:

— Você acha mesmo que este rapaz tem boas intenções com a Isabel? Porque se ele a machucar de alguma forma, eu juro que dou um jeito de jogá-lo na jaula de Lúcifer. Ou no purgatório!

— Só tem um jeito de saber se nós podemos confiar neste rapaz, anjo. — respondeu Mia, referindo-se à conversa que sugeriu momentos antes. E após observar a expressão de Castiel se suavizando mais um pouco, ela passou os braços em volta do pescoço dele e completou aos risos: — Agora vamos dar um susto naqueles dois. Vamos voando para a cozinha. Eu quero aparecer bem na frente deles e gritar BOO!

Gostando daquela ideia, mais para assustar Erik do que a filha, Castiel sorriu levemente e segurou na cintura de Mia. Em seguida, o bater de asas ecoou pelo quarto e o lugar ficou vazio.

Fim


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Notas finais do capítulo

BOOOOOOOOOOOOOO!!!

E aí??? Gostaram? Curtiram? Sim? Não? Maybe? Oi?

Well, como sempre, ressalvinhas:

Eu tive que editar um trecho da fic O Caso do Slender Man em que o Cas contava para a Mia que tinha apagado a memória de Erik e seu papi. Fiz isso para viabilizar este capítulo aqui, já que o moçoilo diz para a Isabelzinha que já ouviu a história dela antes e se lembrou de tudo com certa facilidade.

Mudando de assunto, obviamente, eu amei escrever estes singelos flagras kkkkkkkkkkkkkkkkkk Vocês gostaram?

Aliás, este capítulo me deu muito trabalho e eu achei que fosse ficar uma droga, maaaaaas, no fim, eu ri das coisas que escrevi kkkkkkkkkkk

Conforme vocês devem ter percebido, Natalie Jones é uma mamãe coruja, Dean é um papai compreensivo que quer mesmo que o filhote veja logo as pernocas da Emily (oi?), Claire e Mia são mamães mais compreensivas e Sam e Castiel... Protetores e ciumentos. Amei escrever as participações deles, lembrando que quando comecei Nunca Durma, esses personagens seriam apenas citados. Que bom que mudei de ideia e que bom que alguns de vocês me pediram esses flagras vergonha alheia kkkkkkkkk porque eu me diverti muito escrevendo este final.

Final... Vocês devem estar se perguntando se Nunca Durma acabou mesmo, né?

E eu lhes digo: Nananinanão...

Como o capítulo final ficou quilométrico e eu não consegui plantar a sementinha que queria para uma futura terceira temporada, resolvi escrever um epílogo bem basiquinho. Ele já está prontinho e postarei já já.

Bjs e inté o final para valer mesmo!

Reviews?



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