Ampulheta

Desabafo de Haruno Sakura.

Olho pro céu.

Quem sabe pela trigésima vez, procuro-te em algum canto sem rumo certo. Busco pelo pássaro mais ousado e egoísta que alçou vôo e se foi, sem pensar em mais ninguém.

Agora sofro, pois queria estar contigo. N’algum lugar ainda que fosse o mais perigoso de todos. Não sou criança, saberia enfrentar o inimigo junto de ti.

Fui subestimada, tratada como um vaso de cristal. Na noite de sua partida, o silêncio fora o argumento para as minhas lamentações. Apenas olhou-me e disse que não era como os outros, que sua vida era distinta da minha e do resto do time.  Eu deveria tê-lo impedido a qualquer justo, segurando-o à força se fosse preciso. Não deveria ter me intimidado com seu olhar sério e profundo. Eu pressentia com o peito quase sangrando que tudo estava prestes a acabar, e então você se foi dizendo apenas “obrigado”.

Palavra que ressoa como um fantasma assombrando minha mente sem permissão.

E levou tudo de mim. Meus sonhos, planos bobos que eu fazia para nós dois. Levou o sentimento mais bonito que habitava meu peito, o grande amor que eu tinha por você. Naquela noite tornei-me vazia sem nenhum motivo para viver. Senti-me estranha como se tivessem arrancado um pedaço de mim.

Depois aos poucos veio a dor e finalmente pude concluir que você não estava mesmo junto de nós. Angústia. Uni todas as minhas forças e implorei aos amigos que o trouxessem de volta. Eles deram suas vidas numa longa jornada de batalhas... mas você... não veio.

Lights go out and I can't be saved
Tides that I tried to swim against
Bought me down upon my knees
Oh I beg, I beg and I plead
Singing
Come out things unsaid
Shoot an apple of my head
And a
trouble that can't be named
A tiger's waiting to be tamed
Singing

You are, you are

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As luzes se apagam e eu não posso ser salvo
Ondas contra as quais eu tentei nadar
Jogaram-me ao chão, deixando-me de joelhos
Oh, eu imploro, eu imploro e suplico, cantando
Revele coisas não ditas
Atire uma maçã em cima de minha cabeça
Um problema que não pode ser nomeado
Um tigre está esperando para ser domado, cantando

Você é

Medo. Eu tive medo dos anos se passarem e eu nunca mais poder encontrá-lo. Agonizava por saber onde você estava, o que fazia, se estava bem... eu tinha sede de notícias suas.

Dias, meses, anos... uma eternidade maldita apenas imaginando como você estaria.

Rumores. Conversas vagas de onde você estaria e o que andava fazendo. A esperança outra vez renascendo com bases de ferro no meu coração. Dessa vez eu não seria fraca e o traria de volta.

Minha razão de viver: encontrar você.

Confusion that never stops
closing walls and ticking clocks
Gonna
Come back and take you home
I could not stop, that you now know
Singing
Come out upon my seas
Cursed missed opportunities
Am I
a part of the cure?
Or am I part of the disease?
Singing

You are, you are
You are, you are

You are, you are

And nothing else compares
Oh! no, nothing else compares
And nothing else compares

You are, you are

Home, home where I wanted to go
Home, home where I wanted to go
Home (You are), home where I wanted to go
Home (You are), home where I wanted to go

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Confusão que não acaba
As paredes que se fecham e os relógios que fazem barulhos
Vou voltar e te levar para casa
Eu não poderia parar agora que você sabe cantar
Apareça sobre meus mares,
Malditas oportunidades perdidas
Sou uma parte da cura ou da doença?
Cantando

Você é, você é, você é, você é

E nada mais se compara (5x)

Lar, lar para onde eu queria ir (4x)

[Letra e Tradução da música CLOCKS da banda Coldplay]

O vejo. Estava diferente. Mais bonito, forte, mas com o mesmo olhar obscuro de sempre. Ainda falava em vingança, e parecia mais frio do que de costume. Não se importou com o antigo time, travou uma luta sem deixar que as lembranças viessem atormentá-lo.

E se foi como uma nuvem que desaparece no céu... sorrateiro.  

Perdi, mas não permiti lágrimas traiçoeiras me descessem pela face. Não ali perto dos outros. Falhei outra vez em pará-lo e me senti inútil por isso.

Derrotada, mas não acabada. Descobri que uma sementinha de esperança ainda germinava em meu peito. Permiti que ela crescesse e me levasse a crer que nem tudo estava perdido.

Parti à sua procura outra vez. Soube que estavas mudado. Poderoso, forte, impiedoso. Aos poucos executara sua vingança, mas a um custo muito alto: tornando-se um criminoso procurado, membro de uma organização assassina.

Tornara-se meu inimigo, ainda que meu coração não o visse como tal. Pouco a pouco soube de tuas façanhas e do tamanho da maldade que tomara seu coração. Estava impossível reconhecê-lo como o mesmo de antes. Era difícil aceitar que tinha mudado tanto em tão pouco tempo. Por quê? Já tinha se vingado, o que mais queria? Ser reconhecido como forte, um justiceiro invencível e sanguinário?

Confesso que o imaginei um monstro. Foi difícil vê-lo assim, aceitar você como um inimigo que um dia eu e o time deveríamos derrotar.

Meu amor, meu inimigo.

Tentei esquecê-lo sendo a coisa mais sensata a fazer. Eu já não era mais uma criança boba e sonhadora, era um kunoichi que prezava pelo seu povo e sabia agir com sabedoria sempre que preciso.

Quis apagá-lo da mente, coração e pensamentos. Até tentei por outro em seu lugar, uma pessoa que julguei melhor e mais merecedora do meu amor do que você.

Menti. Pior, menti a mim mesma e feri um amigo por conta de tal estupidez.

Ele abriu-me os olhos para a realidade.  Mesmo tentando esquecê-lo, nunca havia deixado de amá-lo, procurando nos outros qualidades que se aproximassem das suas. Eu fingi estar tudo bem, quis fugir da realidade.

A realidade que me mostraram depois de muitas lágrimas e duras palavras:

“Você ainda o ama Sakura, sempre o amou!”

Idiota eu fui, boba e imatura. Olhei para frente tomando a decisão mais difícil e sensata da minha vida. Usaria todo o poder para pará-lo, dessa vez não o deixaria passar, ainda que isso significasse “pará-lo para sempre.” Mesmo se fosse para ver pela última vez suas íris negras cintilando ódio e fúria, eu o pararia para depois chorar sobre seu corpo. Daria minha vida em batalha, mas não morreria aqui de angústia por nunca ter feito nada direito.

E cá estou à espera de notícias suas. Soube de sua luta com Danzou até o presente momento, quem sabe uma de suas últimas batalhas por conta dos efeitos molestos causados pelo uso contínuo do Mangekyou Sharingan.

Ainda me pergunto por que tenho tanto pra você e nada pra mim. Tanto amor estocado dentro do peito só esperando o momento para ser ofertado, e nenhum amor próprio para impedir-me de errar outra vez.

Corro o risco de me machucar de novo, e ainda assim não me arrependo de seguir em frente. Vou por a cara à tapa, sujeita a ser desprezada outra vez.

Ouço uma voz dizendo que dessa vez tudo será diferente. A hora da mudança finalmente chegou. É tempo de dizer a você que meus sentimentos não mudaram, ao contrário, ironicamente só cresceram e se fortificaram ainda mais.

Meu amor é tolo demais, mas nunca deixou de ser verdadeiro. Tolo porque ele nunca mudou mesmo depois de ser rejeitado. É do tipo que não aprende a lição.

Meu amor é como a areia da ampulheta que continua seu ciclo infinito de horas. Toda vez que essa areia acaba, podemos virar o objeto de cabeça pra baixo para ela começar a escoar de novo. Aqui faço da ampulheta meu coração um tanto sofrido que não se cansa de ser virado. A areia é o amor inesgotável que para sempre cobre meu peito trazendo esperanças de um dia poder encontrá-lo.

Amor contínuo, amor perfeito...

Infinito.

Ouço a voz peculiar do meu companheiro de time. Parece aflito, e emocionado ao mesmo tempo.

_Sakura-chan! Sakura-chan! O Sasuke venceu a luta contra Danzou e está bem. Já sabem do seu paradeiro.

Suas palavras chegam aos meus ouvidos como fogos.

Sigo outra vez, crente que minha missão será bem sucedida. Trazê-lo de volta ao lugar onde sempre pertenceu.  

FIM*******************************************************

Eita inspiração voltando com tudo! Essa oneshot surgiu originalmente do desenho que fiz esses dias assim do nada. Sim, a ilustração da capa foi feita por mim, espero que tenham gostado. Depois comecei a imaginar o que se passaria pelo coraçãozinho angustiado da Sakura por conta do que ela tem vivido e esse amor sofrido que carrega no peito. Desejo que no final tudo se resolva e o Kishimoto-shishou nos dê um final SasuSaku decente.

A letra e tradução é da linda música “Clocks” da banda Coldplay que eu AAAAAAAAAMO de obsessão. Não conhece a banda nem a música? Ouça aqui: http://www.youtube.com/watch?v=XbI1FpLd4Vk

Quem gostou não se esqueça das reviews. Pontos de popularidade a minha pessoa não fazem mal nenhum e recomendações à FanFic são extremamente bem vindas. Até mais queridos.