Acordei com a casa vazia o que a fazia parecer mais fria, me apoiei na mesa virando o pedaço de papel entre os dedos.

“Tive que resolver umas coisas volto no almoço. S. M.”

Eu sabia que não devia esperar muito de um bilhete na mesa da cozinha mas aquilo ficou me incomodando por alguma razão. Tudo estava me incomodando na verdade. Tipo qual a vantagem de tentar proteger todo mundo se a culpa é sempre minha no final?

Considerei não ir trabalhar e atender ao sofá me chamando mas a campainha tocou me tirando desse pensamento. Minha barriga roncou alto no caminho da porta me avisando de que ainda não tinha tomado café, mas quando vi quem era na porta a fome passou.

– Rose. – engoli seco.

– Pai.

– Podemos conversar?

– Claro. – abri mais a porta recendo um calafrio pela espinha, agradeci mentalmente por Scorpius não estar em casa.

– Então é aqui que você esta morando. – disse o ruivo observando o lugar.

– É, como soube?

– Fiz minhas pesquisas.

– Bem, se está aqui para me convencer a voltar para casa eu...

– Você vai voltar para casa. Ou o que? Vai morar com seu namorado para sempre?

– Talvez! Eu posso me casar com ele.

– Casar?

– Sim! E advinha quais netos você não vai conhecer?

– Você esta grávida?

– Posso estar! Qual a diferença? Eu sou uma traidora mesmo.

– Rose por favor. – meu pai parecia frustrado, éramos dois.

– Você vai aceitar ele?

– Não.

– Vai pedir desculpas pelo o seu comportamento?

– Não.

– Então já sabe a minha resposta.

– Mas Rose e o Tom? Gostava dele, ótimo garoto...

– Não gosto mais.

– Mas vocês se davam tão bem.

– Mas eu não o amo pai. Eu quero voltar para casa acredite mas não vou fazer isso se as duas pessoas mais importantes da minha vida não estiverem de acordo. – suspirei e andei até a porta. - Manda um beijo pra mamãe tá?

Depois que meu pai se foi eu até agradeci pelo silencio.

* * *

Scorpius tinha mudado o sofá de lugar.

– O que esta fazendo?

– Olá querida namorada ruiva.- respondeu se levantando do sofá, que agora estava virado para a parede e de costas ao televisor, e vindo me beijar no rosto.

– Falando assim parece que tem outras namoradas.

– Mas você é a única ruiva.- dei um tapa em seu braço - Que eu amo eu ia dizer que e a única ruiva que eu amo.

– Bom mesmo.

– O que foi parece estressada.

– Encontrei meu pai hoje. – nos sentamos no sofá branco.

– E?

– Foi horrível, não entendo por que ele é tão cabeça dura.

– Eu sei.- levantei a sobrancelha interrogativa. - Bem você e a menina dos olhos dele, todos os seus anos em Hogwarts foram para fazê- lo orgulhoso e agora ele se assustou com você fazendo a única coisa que ele desaprova.

– Mas eu gosto de vocês dois.

– E nos gostamos demais de você para deixar você ir. – suspirei encostando a cabeça em seu peito, o ritmo constante de sua respiração me relaxava. Deposi de um tempo encarando a parede branca perguntei: - Desculpa mas por que mudou o sofá de lugar?

– Precisava observar a parede.

– Pra que.

– Comprei duas latas de tinta e não sei qual usar. - ele apontou para o canto da sala.

– Que cores tem?

– Vermelho e Verde.

Me levantei num pulo.

– Vamos pintar com as duas então

– O que?

– Estou nervosa demais para ficar parada, então vamos pintar essa parede.