Filtro Solar escrita por Rodrigo Caetano


Capítulo 6
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Galera, sem mais enrolação, fiquem com o nosso epílogo.

Ele pode, de alguma maneira, mudar um pouco o olhar de vocês para toda a história que se passou, então espero que gostem.

Boa leitura!



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Epílogo

“If the inevitability of human oblivion worries you, I encourage you to ignore it. God knows, that’s what everyone else does.”

Hazel Grace [1]

Para o leitor que não sabe, o Gabriel me pediu para revisar a nossa história, alguns anos depois de tê-la escrito. Ele finalmente voltou a relê-la e viu que talvez ela não fosse tão ruim quanto pensava. Como sabia que eu levava essa questão da escrita mais a sério, me pediu para revisar e me deu liberdade para acrescentar informações que eu achasse importante. “Afinal, a história não é só sobre mim” ele me disse, quando me passou o texto.

Gostei do que li, do prólogo até aqui. Pensei até em sugerir um corte do início, mas ele me pediu para não extrair nada. Deu-me liberdade apenas para acrescentar o que eu julgasse importante, como fiz em alguns momentos - para me explicar melhor, ou ajudá-los a entender o que se passava por minha cabeça naquela época.

E, infelizmente, o Gabriel não deixou suas conclusões no epílogo. Me desculpem, vocês, por decepcioná-los. Confesso que achei engraçado o seu depoimento no início, quando ele não prometia nem contar quem era (como se não fosse possível perceber desde as primeiras páginas), mas confesso que doeu chegar aqui e não encontrá-lo novamente de peito aberto para mim. Há muito tempo que ele não se abre assim comigo.

Não que eu ainda nutra qualquer sentimento de amor por ele, mas não nego certo carinho. Talvez até mesmo amor, apenas não aquele romântico. E, se não por ele em si, pelo tempo que passamos juntos. Como está bem contado aí em cima, ele foi curto, mas não foi descartável.

Por isso, também, escolhi a passagem acima para encabeçar o epílogo. Ele escolhe passagens do livro que tinha com ele quando nos conhecemos, e eu escolhi uma passagem do meu, para ilustrar o meu ponto de vista. O que resolvi interpretar deste silêncio final é que ele conseguiu o que queria. Botou tudo para fora, de uma maneira ou de outra, e não precisava mais escrever depois do último ponto.

Ao que tudo indica, ele procurou um psicólogo, e eu fui, finalmente, esquecida. Por mais que isso fosse o que eu queria — e ainda quero —, saber que você não tem mais o mesmo significado para uma pessoa mexe com você de alguma forma que eu não sei explicar.

Contudo, o esquecimento é inevitável, de uma forma ou de outra, e eu não vou perder mais do que esses parágrafos me remoendo sobre isso. Afinal, isso é o que todos fazemos.

Fiquem, então, com o conforto de saber que há um ano encontrei um rapaz a quem amo muito, e com quem pretendo passar o resto da minha vida, pelo menos por enquanto (não, o nome dele não é Gabriel). O Gabriel, depois de algum tempo, também encontrou alguém, mais recentemente. Nós não nos falamos muito, mas de vez em quando ainda trocamos algumas ideias. Quem sabe esse texto não volte a nos aproximar de alguma forma?

O nosso amor, a nossa paixão, queimou. Talvez mais a ele do que a mim. Ainda lembro mais dela como um bronzeado do que como uma queimadura. Como a marca de um bom verão. Devo, entretanto, concordar com o que ele disse lá no início. O amor, como o sol, pode ser muito perigoso se não tomarmos os devidos cuidados. Mas, com a dose certa de exposição, o filtro solar adequado (e, quem sabe, um pouquinho de bronzeador), pode fazer de você muito mais atraente. E, no fim, não há vida sem ele.

Não tenha medo. Nem do sol, nem da vida, nem do amor. Não tenha medo de nada. Tudo o que você precisa é apenas um pouco de consciência. Quanto mais temos consciência de como nos sentimos e de como esses sentimentos nos afetam, mais podemos exercer algum tipo de controle sobre eles, e, consequentemente, sobre nós mesmos.

A consciência é nossa protetora, o nosso filtro solar.

Não há como afastar o amor, assim como não podemos bloquear o sol. Não é nem recomendável que o façamos. Na verdade, precisamos da exposição, tanto a um, quanto ao outro. Vendo assim, me arrisco a dizer que precisamos nos queimar. A diferença que a consciência faz, tanto em um caso quanto no outro, é se isso vai nos obrigar a procurar um médico, ou vai nos deixar um pouco mais bonitos.

[1]“Se a inevitabilidade do esquecimento humano lhe preocupa, sugiro que você deixe isso para lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz.” GREEN, John. A culpa é das estrelas.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?

Espero sinceramente que tenham podido pensar e aprender uma coisa ou outra com esses dois.

Espero a opinião de vocês nos comentários!