How to Be Free escrita por Mia Miatzo


Capítulo 11
Still I fly


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou completamente, indiscutivelmente, incrivelmente, absolutamente, incomparavelmente IN LOVE!!!!!
E com o quê? Vocês devem estar se perguntando.
Estou esse bando de “ente” IN LOVE COM INSURGENTE!!!!! (e mais um “ente”, olha que loucura essa vida não?)
Pessoas, que filme perfeito. É claro que muita coisa foi alterada do texto original (leia MUITO MESMO), mas foi uma experiência incrível. Fui na estreia, o que deixou tudo melhor ainda (mesmo tendo prova de Biologia no dia seguinte (nunca façam isso, não sigam meu mal exemplo) ).
Mas apesar do papo estar bom, vamos ao que interessa, o capítulo.
Com vocês: Still I Fly.
Boa leitura.
(Ah! Não se esqueçam de olhar o vídeo oficial de "Still I Fly" de Macy Kate. Sei que vão adorar)



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Sou arrastada sem saber para onde o caminho todo desde a arena. E o pior, a pessoa que estava me levando me puxava pelo cabelo, então eu não tinha outra opção senão acompanha-la aonde quer que fosse. Embora eu fizesse certa ideia de quem era.

Meus olhos acompanham o rumo por trás. Nunca imaginei ver a vila andando assim, de marcha ré (N/A: eu sei que ainda não haviam carros naquela época, mas a expressão se encaixava). Bom, parece que há uma primeira vez para tudo.

Finalmente ouço uma porta se abrir e sou jogada para dentro, entrando aos tropeços até me equilibrar. Em seguida vejo onde estou. Minha casa. Viro-me e vejo olhos azuis turquesa como os meus. Minha mãe. E atrás dela meu pai, com o olhar mais mortal que um Nadder.

Tento pensar em todas as respostas possíveis para aquela idiotice generalizada, mas não sou tão boa em ironias quanto Soluço, então a única coisa que sai da minha boca é:

– O que diabos foi isso?

Minha mãe abre a boca para falar, mas meu pai é quem me questiona.

– Eu é que pergunto. Desde quando você defende o Inútil?

Engulo em seco.

– Você não respondeu minha pergunta.

– Sou seu pai. Você me obedece e não o contrário.

– Tenho certas dúvidas sobre isso. E nós dois sabemos que eu não sou o tipo de garotinha que faz tudo o que o papai pede. Acho que deixei bem claro isso ontem, não?

Minha mãe finalmente diz alguma coisa.

– Não use isso como desculpa, mocinha. Não sabe como ficamos preocupados com você ontem. Como pôde fazer isso conosco?

– Deveriam estar surpresos? Tinham de ter pensado nisso antes de dizer todas aquelas coisas horríveis pelas minhas costas. E agora o que deu no cérebro limitado de vocês de vir me arrastando pelo cabelo da arena até aqui?

– Achamos que era o único jeito de você aceitar vir conosco. – explica mamãe, um pouco envergonhada ao que parece.

– E eu tive escolha?

– Exatamente.

Viro-me descrente. Coloco minha cabeça entre as mãos, mas meu pai chega ao limite.

– Chega de discussão. Eu só quero saber uma coisa. Onde você esteve essa noite e porque estava ajudando o filho do Stoico?

– São duas perguntas.

– Astrid!

Suspiro derrotada.

– Eu fiquei na enseada, na caverna atrás do lago. – é a verdade, mas decidi omitir a parte de que fiquei com Banguela, as coisas já estão bem estranhas desse jeito. Eu não preciso acrescentar que estava com o Fúria da Noite que nos aterrorizou por tantos anos.

– E?

– E...

Tento me manter calada. Não preciso dizer tudo a eles, ainda mais depois do que fizeram comigo ontem. Mas meu pai me encara com aquele olhar de guarde para si mesma e a última coisa que se lembrará será meu punho. Não, não creio que ele me bateria realmente, mas não sei mais do que maus pais são capazes.

– Astrid... – repete ele ameaçadoramente – A verdade, Astrid!

Sinto-me incapaz de guardar por mais tempo, mas mesmo assim a chance de contar-lhe o que aconteceu entre nós e ter meu gostinho de satisfação por não ser mais a filhinha perfeita são boas demais para serem desperdiçadas.

– Quer mesmo saber pai? Digo, Magnus. – isso atrai sua atenção negativamente, mas continuo – Eu fiz isso porque ele é o meu melhor amigo. A única pessoa que se importou com meus sentimentos, o único que não me criticou por ter perdido, o único que realmente foi carinhoso comigo. Ele é o único elo que eu tenho da minha vida antes de começar o treinamento viking e depois ser julgada por não ter atingido minha meta. O único que eu sempre me importei mais do que eu mesma. E não poderia deixa-lo morrer. Do contrário nunca me perdoaria.

Isso suaviza suas expressões, e depois que realizo o que acabei de dizer até a minha alma parece mais leve. Guardei meus segredos por tanto tempo só para mim que havia esquecido como era revelar algo para outra pessoa, mesmo que seja à força.

Minha mãe levanta e enrijeço. Estou pronta fisicamente para o quer que aconteça, mas emocionalmente instável. Fecho meus olhos apertados, mas o que vem a seguir me surpreende.

Ela coloca seus braços ao meu redor e me aperta contra seu peito. Seu abraço é quente e posso escutar seu coração. Ouço o choro baixinho em meu ouvido e levo um tempo até descongelar de minha surpresa e finalmente retribuir o gesto.

Minha cabeça descansa em sua clavícula, o membro mais alto que consigo alcançar da mulher de 1,90m que é minha mãe. Faz tanto tempo que não faço isso com mais ninguém. Meu último abraço foi com Soluço, mas mesmo assim ele estava de costas e não era meus pais. O amor que eles sentem por mim é incondicional, por fim percebo, mas seu carinho é limitado e é preciso aproveitar esses poucos momentos.

Independente do quão brava e raivosa estou com eles e suas ofensas, compreendo que talvez eles nunca tenham tido a intenção de me atingir. Pelo menos não minha mãe. Meu pai já é uma história que terei de lidar mais tarde ou mais cedo. Sei que ele é tão capaz de me ferir quanto uma adaga, mas com a tensão entre nós tão rija que poderia ser rompida como uma corda não me atrevo a encarar-lhe.

Minha mãe me solta devagar e seca suas lágrimas com a mão que não está em meu ombro. Ela sorri e retribuo.

– Venha comigo. – diz ela.

Sigo-a sem questionar, mas uma última olhada para meu pai me diz que ele não está de acordo com tudo isso. Bom, não há nada que se possa fazer agora. Nossa questão terá de ser resolvida aos poucos. Ele já deveria saber que quando resolvo dar um gelo em alguém, posso mata-lo congelado. Se estou pensando tanto com os sentimentos mais do que com a cabeça agora então continuarei confiando neles. Até agora não me enganaram. E enquanto eles me disserem para não confiar completamente em Magnus Hofferson então não os questionarei.

Minha mãe me leva até meu quarto e fecha a porta atrás de si.

– O que foi? – pergunto.

Ela apenas me olha com aqueles olhos afetuosos que às vezes consigo perceber.

– Mãe? Está tudo bem?

– Sim. Digo, não. É que é complicado. O que seu pai disse, nunca foi minha intenção te ferir.

– Você me comparou com a Stella e o Sven. Disse que nosso nome estava arruinado para sempre. E que seu sonho havia sido destruído por mim. Não me parece tão sem intenção assim.

– Eu sei o que eu disse querida. E eu não posso dizer que me orgulho disso. Se eu pudesse voltar no tempo e refazer tudo de novo eu faria. Mas nós duas sabemos que não é tão simples assim não é?

Eu assinto. Não há nada mesmo que possamos fazer quanto a isso.

– Mas há uma coisa que se pode fazer. Pode-se perdoar. Eu não posso falar pelo seu pai, mas por mim mesma, Astrid minha filha, por favor, me perdoe.

Olho para os olhos azuis como os meus com as pálpebras inchadas de tanto chorar. Quem não a conhece intimamente acha que Phlegma a Feroz é inabalável. Mas quem conviveu com ela a vida toda e saiu de seu ventre, sabe que sozinha ela solta suas lágrimas. Acho que aprendi a ser firme e não demonstrar minhas emoções publicamente, ou pelo menos tentar, com ela. Minha mãe. Minha modelo de comportamento. Minha heroína de infância. Minha voz da razão. Meu ponto fixo onde posso me apoiar e sei que não me deixará cair. Meu mundo.

– É claro que eu perdoo.

Corro para o seu lado e a abraço novamente, com mais firmeza e certeza dessa vez. Sei que ela nunca diria aquilo para me magoar de propósito, mas pessoas fracas (apesar de não achar minha mãe realmente fraca) falam e fazem coisas sem sentido em momentos de fraqueza. Mas se não perdoarmos essas pessoas então seremos piores ou mais fracas do que elas, pois não teremos encarado o problema frente a frente. Apenas o adiamos indeterminadamente.

Por isso sei que preciso fazer as pazes com meus pais. Mas meu pai não mostrou realmente muito interesse em ser perdoado ou mesmo pedir perdão. Mas minha mãe deu seu primeiro passo. Não seria certo deixa-la na esperança.

– Eu te amo, sabia? – digo a ela.

– Eu sei. Sabe às vezes me pego olhando para você e penso: o que eu fiz para merecer tudo isso? Essa filha maravilhosa que eu sempre quis. Esse orgulho de dizer: essa é a minha garota. Eu nunca pude passar muito tempo com os seus irmãos. Eles foram levados muito cedo. Mas quinze anos é praticamente uma vida Astrid. A sua vida. E eu me orgulho do que tem feito com ela. Das decisões que tem tomado. Sei que está agindo certo em escolher proteger as pessoas que ama. Porque somos vikings e esse é um risco ocupacional. E se essa é a sua escolha, protege-lo com tudo o que tem, então estou de acordo. Mas devo lhe perguntar o motivo de tudo isso.

Sinto minha boca seca e minha garganta como uma lixa quando pronuncio as três palavras que nunca pensei em dizer em voz alta a seu respeito. Três simples palavras que podem mudar a vida de alguém.

– Eu o amo.

Sinto minha mãe respirar profundamente sobre mim.

– Sei que ama. Porque por mais durona que você seja ainda é uma pessoa humana, com coração e sentimentos. Sei que fará o que for melhor para vocês. Assim como eu farei o que é melhor para mim e seu pai. Acho que tenho que puxar a orelha dele de vez em quando não?

Eu rio sobre seu comentário e ela acrescenta:

– Estou orgulhosa de você sabia?

– Eu...

Uma sirene soa, interrompendo-me. Reconheço o som e desvencilho-me de nosso abraço para olhar pela janela. Vejo os vikings indo para o Grande Salão para uma reunião de emergência e sei que Stoico tomou sua decisão quanto à Banguela. Olho para minha mãe e vejo que ela está estendendo sua mão para mim, esperando-me. Pego-a e ela diz:

– Vamos. Acabou o tempo.

Assinto e saímos, com uma última olhada rápida para o meu quarto e novas lembranças que me invadem antes de fechar a porta.


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Notas finais do capítulo

Wow!
Ficou bem maior do que eu esperava.
Para aqueles que quiserem saber o que aconteceu com os irmãos da Astrid, segurem a emoção, vou escrever uma fic só sobre isso. Com alguns outros detalhes, é claro.
Sem mais comentários a não ser pela frase de PLL que coloquei no texto, da primeira temporada. Fãs irão saber. Dica: a Ella diz isso ao Ezra sobre a Aria antes de saber que eles estavam juntos. Conseguem adivinhar?
Resposta da semana anterior: "Nós estamos bem. O resto do mundo está errado, mas nós estamos bem." Quem acertou?
A votação continua. Não deixem de comentar.
Muitos beijinhos e até semana que vem.
Mia