Sangue Mestiço escrita por Selenis
Um encaixe perfeito
Sentei-me nos degraus frios da entrada de Hogwarts. A neve caía, e ao meu lado estavam minhas malas. Enquanto esperava por minha carona, entrei em um profundo estado de reflexão.Não vou dizer no que pensei, pois já deixei perfeitamente explícito o que vejo almejando em narrações antigas.
Puxei a varinha de dentro das vestes, e fiquei-a girando entre o polegar e os outros quatro dedos. Minha paz foi quebrada quando um som irritante de rodinhas movendo-se pelo chão invadiu a noite. Virei-me para trás e dos portões abertos da escola surge uma garota morena de cabelos emaranhados, arrastando seu carrinho com as malas; trazendo no braço livre um gato peludo.
Quando Granger se aproximou, o gato remexeu-se, tentando escapar de seu abraço.
– Bichento, calma aí. - Disse ela, contorcendo-se, tentando recuperar o equilíbrio. O gato era grande demais.
E depois de um arranhão no braço, Bichento escapuliu e saiu correndo para dentro da floresta proibida. Ela fechou as mãos envolta da boca e gritou:
– Bichento, volta aqui!
– Nem o gato te obedece. - Falei.
Ela virou-se para mim, com uma expressão de dar arrepios no rosto.
– Cala a boca, Malfoy. Você vai me ajudar a procurá-lo.
– Como é? Eu? - apontei o indicador para meu peito.
– Só existe um Malfoy por aqui. Anda, vamos.
– Não! Eu vou ficar aqui esperando o carro.
– Não me force a fazer...
– O quê?
Hermione puxou a varinha do bolso da calça, ergueu-a e disse:
– Imperius!
De repente me senti leve. Era como se estivesse levitando. Uma sensação tão boa apossou-se de mim,e o universo ao meu redor pareceu girar lentamente. Viu a forma distorcida de Granger sussurrar meu nome e correr em direção á floresta. Eu fui incumbido a segui-la; meu corpo agindo por vontade própria. A escuridão me envolveu, e tudo o que eu conseguia ver era o efeito de ondulação que os cabelos de Hermione davam quando corria, a pouca luz incidindo em seus fios castanhos dourados.
– Bichento! - a sua voz agora tinha um tom poético. - Aparece!
Ela avançou mais alguns passos, e me levou consigo; agarrando a manga de minha blusa. Eu só olhava diretamente para seus cabelos, que ganharam um súbito brilho inexplicável. Por alguma razão, meu coração deu saltos quando ela parou, voltou-se para mim, apertando meus ombros, e com uma expressão triste no rosto falou:
– Teremos de voltar. Eu não o achei, e está ficando muito tarde.
Mas ao dar o primeiro passo, Hermione tropeçou numa raiz grossa de árvore e caiu. Sua varinha fez um arco no ar e caiu a poucos metros de distância. Fiquei sobre ela, apoiando o peso do corpo nos braços. Seu rosto tinha feições delicadas, as sobrancelhas grossas emoldurando os olhos castanhos e enigmáticos, contudo assustados e marejados. A boca esculpida em minuciosos detalhes... uma intensa e estranha vontade apossando-se do meu ser...
Então, ainda sob o efeito do feitiço, senti a grama macia entre meus dedos e a amassei até arrancá-la. Granger ainda fitava-me com aqueles olhos assustados. Senti seu hálito bater em minhas ventas, extremamente aromático. Fiquei atraído por aqueles lábios rosados, e atrevi-me a aproximar o rosto deles. Passei os dedos sobre estes, contornando o formato de sua boca. E um força anônima impulsionou meu pescoço para frente, obrigando-me a pressionar meus lábios contra os dela...
E o que me trouxe de volta á realidade, foi um chute que recebi entre minhas pernas.
Rolei para o lado, me encolhendo em forma fetal e agonizei. Granger levantou-se e apanhou a sua varinha do chão, voltando a guardá-la no bolso da calça. Ela correu a mão pela boca com tanta força, que a região ficou vermelha.
– Seu tarado! - gritou.
Me levantei dificultosamente, segurando o pênis machucado, e me apoiei em um tronco de árvore. Arqueei a coluna, lamuriando:
– Golpe baixo, sua sangue-ruim!
– Foi você quem começou!
– Comecei o quê, sua louca dos gatos!
– Você me beijou!
Quando ela disse aquilo, eu não acreditei. As lembranças foram substituídas por uma dor latejante e infernal na cabeça.
– Eu fiz o QUÊ???
***
Nós não paramos um momento de discutir até voltarmos para Hogwarts. Quando avistamos a frente do castelo, vimos quatro figuras nos degraus de entrada: Potter, Weasley, Rúbeo e Snape. Dois carros pretos estavam estacionados, com os motoristas encostados na lataria, esperando. Demos um tempo à briga.
– Ah, eu já ia procurar por vocês. - Disse o guarda-caça. - O que estavam fazendo dentro da floresta?
– É, Mione. - Disse Weasley, intrigado. - O que estava fazendo na floresta com ele?
– Estava procurando pelo Bichento, Ronald. - Disse ela, segura. - Ele fugiu de mim.
Potter surgiu de trás do guarda-caça, trazendo nos braços o gato peludo. Hermione dilatou um sorriso, e agradecendo várias vezes ao amigo, pegou Bichento e lhe fez carinhos nas orelhas; puxando-as de leve como se fosse uma forma de castigo por ele ter fugido.
Os motoristas pegaram nossas malas, e puseram as minhas num carro e as de Granger no outro. Eu dei uma última olhada em Snape, que estava falando com o motorista, e entrei. Ao fechar a porta do carona, visualizei de esguelha Granger de costas para mim atrvés do vidro, despedindo-se de seus amigos. Ela primeiro abraçou Potter, e em seguida o Weasley. Hagrid enxugou uma lágrima e Hermione o abrçou também, logo vendo-se envolvida num cinjo coletivo apertado dos três.
Virei o rosto e passei a olhar para meu joelho, tentando imaginar o que aconteceria daqui pra frente, com Hermione Granger passando a conviver no mesmo ambiente que o meu durante as férias.
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