Sangue Mestiço escrita por Selenis
Hermione Jean Granger
Lá estava ele, demonstrando expressões vazias. O queixo repousado na mão direita, os olhos sombrios direcionados a mim. O cabelo loiro esbranquiçado fora recentemente cortado em undercut. Draco Malfoy penetrava seu olhar em mim, como uma espada afiadíssima. Eu remexia minha sopa, sem vontade alguma de tomá-la; pois o estômago se embrulhara. Era constrangedor ter alguém me olhando tão intensamente como fazia Draco.
— Mione, está tudo bem? - Perguntou Rony ao meu lado, a boca cheia de salsicha apimentada.
— Ah, sim. Claro. - Respondi, mas Rony me conhecia a tempo o suficiente para saber quando eu estava mentindo. O mesmo poderia se dizer de Harry Potter.
— Não, você está pálida. Nem tocou na deliciosa torta de abóbora. - Disse Harry, tentando me animar. Talvez.
De repente me senti tonta. Levantei-me do banco, saindo da sala de refeição. Tentei não chamar atenção, mas era difícil quando somente uma pessoa dentre muitas outras localizadas em um salão extenso, se levanta e sai pela porta grande e dupla, necessitando escancará-la.
Não sei explicar o que exatamente senti naquele momento. Vergonha, talvez. Caminhei até o banheiro da meninas, e não me impressionei em encontrá-lo vazio. Bom, não totalmente vazio. A Murta que Geme estava chorando atrás das paredes. Encostei as vestes negras do uniforme na borda da pia, girei a válvula e deixei a água quente escorregar entre meus dedos. A sensação era boa, então fechei as mãos em forma de concha e o líquido se aglomerou em minhas palmas aprofundadas, como um recipiente. Joguei-a em meu rosto; a sensação térmica fez meus sentidos ficaram mais aguçados, como se tivesse acabado de despertar.
Puxei a varinha da capa, e olhei bem para a sua forma fina e alongada. Balancei-a e nada aconteceu. Agitei-a novamente, e um pontinho de luz verde apareceu na ponta da varinha. Achei estranho, pois eu não dissera Lumus.
Murta atravessou a parede, enxugando as lágrimas prateadas. Seu choro fora substituído por um sorriso largo e risos, enquanto voava pelo local. Ela girou ao meu redor, dizendo:
— Hum... Você aqui de novo? Ora, você não sai mais daqui, Hermione.
— É que eu não tenho me sentido muito bem ultimamente...
Murta me olhou com certa incompreensão. Ela sorriu com aqueles olhos mortos e transparentes. Sorriu novamente, depositando o olhar em minha varinha incandescente verde.
— Oh? Isso me lembra uma coisa.
E saiu, dando risadinhas, desaparecendo entre os canos da pia. Coloquei a varinha sob a veste, mas a luz não se apagou. Gritei: Apague! Mas foi em vão. Enfim, nada poderia ser feito. Saí do banheiro, mantendo a cabeça erguida. A luzinha esverdeada ganhou potência, e percebi que a medida em que eu andava, esta tornava-se mais forte. Era como se me indicasse para onde eu deveria ir.
De fato, ao dobrar o corredor, encontrei uma pessoa. Suas vestes esmeralda de Quadribol, e o cabelo loiro platinado o entregaram. Draco Malfoy estava vindo da direção oposta, também empunhando a sua varinha numa mão, e na outra, a Nimbus. A luz havia se apagado.
— Granger... - disse ele.
— Malfoy...
Ele e eu guardamos as varinhas, e com incompreensão, perguntei:
— O que está fazendo aqui?
— Me responda você. - disse ele. - Por que minha varinha me levaria até uma sujeitinha de sangue ruim como você?
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!