Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira
Notas iniciais do capítulo
Nem todos os casamentos são eternos...
A lua cheia brilhava no céu do Seattle em uma noite estrelada. Gibby chegava a sua casa depois de mais um dia de trabalho, após passar no colégio e pegar sua filha Mabel, de 3 anos, bem como no supermercado.
Ao abrir a porta, encontrou sua mãe Charlotte e seu irmão Guppy com expressões preocupadas.
– Tá tudo bem pessoal? Estão estranhos –perguntou o rapaz, desconfiado.
Mabel correu para o andar de cima a procura da mãe. Charlotte aproveitou a ausência da neta para dar a notícia:
– Gibby, meu filho, você tem que ser forte. A Melanie, ela...
Mabel desceu correndo:
– Cadê a mamãe?
– A mamãe teve que viajar Bel – explicou Charlotte.
– Como assim viajar? Para onde foi a Melanie? Sem me avisar? Eu sou o marido dela! – questionou Gibby, nervoso.
– Ela voltou para Havard – contou Guppy, sem rodeios.
Gibby atirou um vaso decorativo contra a parede, assustando Mabel.
Charlotte pegou a neta no colo e subiu as escadas. Guppy foi tentar acalmar o irmão, abraçando-o.
– A Melanie não pode me abandonar desse jeito! Não pode abandonar a nossa filha! – falou Gibby, sentando-se no chão num choro sentido.
– Ela deixou uma carta – informou Guppy, pegando um envelope na mesa de centro da sala e entregando-o a Gibby.
Gibby rasgou o envelope e leu seu conteúdo:
“Querido Gibby,
Espero que possa me perdoar algum dia. Eu estava infeliz, pois essa não era a vida que sempre sonhei. Tenho consciência de que não fui a melhor esposa e a melhor mãe nos últimos tempos. Tenho certeza de que você e sua família poderão cuidar da Mabel da melhor maneira possível, até melhor que eu. Irei visita-la sempre que puder. Eu amo a minha filha e também te amo Gibby, é uma pena que a nossa convivência não tenha dado certo e que você não tenha conseguido apoiar o meu sonho. Fui embora sem me despedir, porque não conseguiria fazê-lo.
Com amor,
Melanie Puckett Gibson”.
Gibby rasgou a carta e voltou a chorar:
– A Melanie é uma falsa! Como eu pude amar aquela cobra!
– Calma cara! Você precisa ser forte pela sua filha – aconselhou Guppy.
Gibby não teve forças, nem mesmo pela sua filha. Passava os dias mergulhado na mais profunda depressão, trancado em seu quarto, recusando comida, começando a perder peso. Charlotte estava desesperada com a situação do filho e dedicava-se a ele, acabando por deixar Mabel um pouco de lado. Percebeu que a neta andava tristonha e chorando sem motivo, demonstrando fragilidade emocional. Então a avó tomou uma decisão.
Numa tarde de sábado, Sam, Freddie, Isabelle e os gêmeos preparavam-se para passear na pracinha.
– Isabelle, pegou seu capacete e seu protetor de joelho? – perguntou Sam à filha.
– Sim mamãe. Não sei pra que tanta coisa só pra andar de bicicleta – reclamou Isabelle.
– Você ainda não sabe andar. Vai cair algumas vezes e não quero que se machuque – explicou Sam.
– Você é exagerada que nem a vovó Marissa – observou Isabelle.
Freddie não conteve o riso.
– Não me compare com aquela jararaca. Se não quer usar as joelheiras, eu não ligo. Use o capacete para não quebrar a cabeça. Se ralar o joelho só não vem chorar pro meu lado – disse Sam.
A campainha tocou. Sam abriu a porta e se surpreendeu ao ver Charlotte com Mabel no colo. A senhora falou:
– Boa tarde Sam! Será que tem um minuto?
– Eu estava de saída Dona Charlotte, mas se a senhora for breve.
Freddie propôs:
– Eu vou na frente com a Belinha, depois você leva os gêmeos.
– Beleza – concordou Sam.
Isabelle convidou a prima:
– Bel, quer vir andar de bicicleta comigo na pracinha?
– Quero – respondeu a menina animada.
Então Freddie saiu com Mabel, Isabelle e a bicicleta rosa desta.
Charlotte começou a conversa:
– Você já deve saber que sua irmã Melanie foi embora de casa.
– Sim, eu soube. Ela me ligou de Havard contando o que fez e eu já adianto para a senhora que não aprovei a conduta dela.
– Eu imaginei que não. Sam, eu vejo que você é boa mãe.
– Obrigada. Não sou perfeita, mas me esforço. Eu e Melanie não tivemos muita referência materna, não que isso justifique a conduta dela.
– Eu entendo. O fato é que Mabel está precisando muito do carinho de uma mãe. Ela sofre demais desde que Melanie foi embora, e sofre ainda mais por ver o pai daquele jeito.
– Gibby está mal mesmo né? Não aparece no restaurante há um tempão.
– Ele não quer nem comer.
– Pelo menos perde uns quilinhos.
Sam percebeu que a piada foi de mal gosto pela expressão de desagrado de Charlotte, então se desculpou:
– Foi mal Charlotte, eu não quis ofender.
– Tudo bem. Como eu estava dizendo, Mabel precisa de cuidados e atenção, mas eu mesma não posso dar, porque meu filho Gibby precisa de mim nesse momento. Pensei muito a respeito e cheguei à conclusão de que minha neta precisa sair daquele ambiente baixo astral para o bem dela e o melhor seria estar no meio de um ambiente familiar com alegria e amor.
– Deixa eu adivinhar: esse ambiente familiar é aqui.
– Exatamente. Sam, eu lhe imploro para que cuide da minha neta por um tempo. Só até o Gibby melhorar. Faça isso por ela, a Mabel é sua sobrinha, eu creio que você a ame.
– É claro que eu amo a Mabel, mas a senhora tem que entender que eu tenho 3 filhos e mal dou conta de cuidar deles. Eu conto com a ajuda da minha sogra, porque trabalho fora e agora, ainda mais, já que tenho que dar conta do serviço por mim e pelo Gibby.
– A gente pode fazer um acordo: eu cuido da Mabel durante o dia e ela vem pra cá a noite, também passa os finais de semana aqui com vocês. Assim ela só estará com você no mesmo período que seus filhos estiverem. Você pode pegá-la no colégio e trazê-la para cá, porque ela estuda no mesmo local que seus filhos.
– Eu não sei se é uma boa ideia. Seria mais uma criança para dar conta.
– Sam, você é mãe! Estou falando de mãe para mãe! Eu preciso da sua ajuda para cuidar da Mabel enquanto o meu Gibby não se recupera. Eu não sei a quem mais apelar. É uma garotinha abandonada pela mãe que precisa de afeto e proteção.
As palavras de Charlotte tocaram o coração de Sam:
– Está bem! Onde comem 3 crianças comem 4.
Charlotte abraçou Sam agradecendo seu gesto.
Sam foi para a pracinha com os gêmeos e encontrou Freddie brincando com as meninas. Ele segurava as pequenas na bicicleta enquanto elas treinavam o equilíbrio. A loira se sentou num banco e tirou os meninos do carrinho, permitindo que brincassem na caixa de areia com pazinhas e baldes.
Isabelle e Mabel se cansaram da bicicleta e correram para os balanços. Freddie foi se sentar ao lado da esposa no banco. Ela disse:
– Se prepara Freddinardo, ganhamos mais uma filha.
– O que está dizendo? Você não pode estar grávida!
– E não estou. Mas Mabel será nossa responsabilidade por um tempo.
– Como assim?
Sam explicou toda a situação a Freddie.
– Nós vamos cuidar dela com muito amor. Ela está precisando – falou Freddie, ao final da narrativa da esposa, comovido com a situação da sobrinha.
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