Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 32
O acidente




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O enjoo logo passou e Sam imaginou que deveria estar impressionada e que, na verdade, tudo deveria ser decorrente do exagero do almoço, já que resolveu fazer lasanha e comer demais.
– Tô de saída amor – falou Freddie, beijando a esposa.
Sam não disse nada e Freddie perguntou:
– Está tudo bem? Estou te achando um pouco pálida.
– Não é nada amor, uma queda de pressão, mas já passou. Hoje tá muito quente. Bom trabalho bebê.
Freddie despediu-se de Isabelle com um beijo no rosto e saiu.
Nos dias seguintes, Sam não sentiu mais mal-estar e logo afastou da cabeça a ideia de gravidez.
Carly convidou Sam e Isabelle para passarem a tarde no shopping. O trio saia do local, passando no estacionamento.
– Mamãe, eu queio (quero) godão (algodão) doce – pediu Isabelle apontando para o moço com o carrinho do outro lado do estacionamento.
– Já comeu doce demais, depois fica tão agitada que não deixa a mamãe em paz – negou Sam.
– Ah, que lindo! – exclamou Carly apontando para um sapato na vitrine de uma loja que dava para o lado de fora do shopping.
– É bonito mesmo Carly – concordou Sam, desviando o olhar da filha para a vitrine.
Isabelle aproveitou o descuido da mãe para correr em direção ao vendedor de algodão doce. Um carro veio em direção à menina. Sam virou-se e entrou em pânico. O alerta materno disparou e, sem pensar duas vezes, correu, puxou Isabelle da frente do carro e recebeu o choque da lataria contra o seu corpo, caindo no chão.
– Sam!!! – gritou Carly, desesperada, correndo até a amiga – Fala comigo Sam.
– Tá doendo muito Carly! – falou Sam, segurando a barriga.
– A culpa não foi minha, a criança se jogou na frente e depois a mãe – justificou o motorista, descendo do carro apavorado.
– O senhor tava com velocidade alta demais para um estacionamento – retrucou Carly.
– Carly, me ajuda. Aaiii! – gritou Sam, chorando, e chamando a amiga, ainda segurando a barriga.
– Eu vou ligar pra ambulância, fica calma – disse Carly, pegando o celular.
– Mamãe – chamou Isabelle, chorando, abraçando a mãe caída no chão.
– A mamãe vai ficar bem – falou Sam, contendo os gemidos de dor.
Carly voltou:
– Sam, eles não vão demorar.
– Carly, eu estou sangrando – falou Sam, mostrando que sua calça jeans estava manchada de sangue.
– Ai meu Deus! – disse Carly, nervosa, começando a chorar – Será que a batida estourou um de seus órgãos internos?
– Muito obrigada Carly, está me ajudando muito. Aii!
– Aguenta firme Sam, por favor – implorou Carly, nervosa.
– Carly, quero que prometa uma coisa. Se eu morrer...
– Isso não vai acontecer!
– Se eu morrer, jura que vai criar a Belinha como se fosse sua filha? Com todo o seu amor e carinho e que nunca vai abandoná-la?
– Você nem precisava me pedir pra jurar uma coisa dessas. Eu sou a segunda mãe dela. Você quis assim quando me deu sua filha em batismo. Mas, você não vai morrer coisa nenhuma. Tem que estar viva para cumprir a sua promessa de ser a madrinha do meu filho.
A ambulância chegou, imobilizou Sam e a levou. Carly pegou Isabelle no colo e a levou para o seu carro, a fim de acompanhar a ambulância. Lembrou-se que precisava avisar Freddie e fez isso assim que chegaram ao hospital.
Freddie chegou ao hospital desesperado:


– Onde está a Sam? O que aconteceu? É grave?
– Calma Freddie, respira. O médico já vem trazer notícias - respondeu Carly.
– Papai – chamou Isabelle levantando os bracinhos.
Freddie pegou a filha no colo e a abraçou dizendo:
– Minha querida, a mamãe vai ficar bem, ela tem que ficar bem. Ela vai voltar pra nós, porque não sabemos viver sem ela – não conteve as lágrimas.
O médico apareceu:
– Vocês são parentes de Samantha Puckett Benson?
– Eu sou o marido – respondeu Freddie, secando as lágrimas.
– Então tenho duas notícias para dar ao senhor, uma boa e uma ruim.
– A Sam vai ficar bem, não vai? – perguntou Freddie, aflito.
– Sim, é essa a notícia boa. A senhora Samantha está fora de perigo, mas o bebê que esperava não resistiu. Ela sofreu um aborto.
– Bebê? – perguntou Freddie sem entender – Ela estava grávida?
– Sim, estava, de aproximadamente 5 semanas.
– Você sabia disso Carly? – perguntou Freddie.
– Não. Nem a Sam sabia, se ela soubesse certamente teria me contado – respondeu Carly.
Pouco depois, Carly, Freddie e Isabelle tiveram autorização para ver Sam.
– Mamãe! – disse Isabelle, tentando escalar a cama para perto da mãe.
Freddie colocou a filha na cama, que abraçou a mãe. Sam apertou a filha em seus braços e beijou sua cabeça:
– Nunca mais faça isso sua pestinha! Porque se se jogar na frente de um carro de novo serei obrigada a me atirar pra te salvar mais uma vez e não sei se terei tanta sorte.
– Oh meu amor. Não diga isso. Nunca senti tanto medo na vida como hoje, medo de te perder – falou Freddie, aproximando-se e beijando a esposa.
– E eu então? Nunca senti tanto desespero. Achei que você ia morrer sangrando na minha frente – disse Carly.
– Por falar nisso, Sam você sabe qual foi o motivo do seu sangramento? – indagou Freddie.
– Sei lá, eu pensei que minhas tripas tinham arrebentado, mas se nem me operaram, não deve ter sido isso – respondeu Sam.
– Sam, nós íamos ter outro filho – contou Freddie.
– Como assim? – perguntou Sam, surpresa – Eu não estava grávida, ou estava?
– Estava – confirmou Freddie.
– O nosso bebê morreu? – perguntou Sam, sentindo um aperto no peito – Me perdoa meu amor.
– Eu não tenho que te perdoar. Foi um acidente.
Os dois se abraçaram. No dia seguinte, Sam teve alta, mas a tristeza nublava seus olhos azuis.
– Tem que ficar deitada meu amor e descansar – disse Freddie afofando o travesseiro de Sam – Hoje não vou a Pera Store, tirei uma licença pra cuidar de você. Belinha vai passar o dia com a minha mãe para que você possa ficar sossegada.
– Não gosto quando ela fica muito tempo com a sua mãe.
– Qual é Sam? Você e a minha mãe tem as suas diferenças, mas você não pode negar que ela ama a nossa filha.
– Tá, que seja – rendeu-se Sam – Eu tô com fome, prepara alguma coisa pra mim que não sejam aquelas suas receitas que acabam em gororoba.
– Eu peço frango frito, está bem?
– Está ótimo!
A comida não demorou a chegar e os dois comeram em silêncio, que foi quebrado por Sam:
– Freddie, nós podemos ter outro filho, se você quiser.
– Não Sam. Não quero que me dê um filho por estar se sentindo culpada agora pela morte do bebê que nem sabíamos que existia.
– Mas, quando eu descobri que ele existia e que morreu, dentro da minha barriga, que nem teve a chance de ser amado, como eu amo a Belinha, me causa muita dor – disse Sam, chorando.
– Não fica assim, meu amor – abraçando a esposa – Deus sabe o que faz. Vai ver não estava mesmo na hora de termos outro bebê.
O tempo foi passando e Sam ficou com a ideia fixa de que iria engravidar, mas não acontecia. Temia não poder mais gerar depois do acidente, embora o médico lhe garantisse que não ficara nenhuma sequela.
– Sam, você não consegue engravidar porque não tira isso da cabeça. Isso é psicológico – aconselhou Carly.
– Falar é fácil! Eu queria ver você no meu lugar.
– Eu ia levar numa boa, tentar me acalmar e deixar acontecer.
– Sei.
– Além disso, se quer saber minha opinião...
– Mesmo que eu não queira você vai dar.
– A Belinha ainda nem completou 3 anos e você já tá no desespero pra ser mãe novamente. Sam, você parou sua vida pra cuidar dela. Mas, você pode matriculá-la na pré-escola no próximo ano e procurar um emprego.
– Eu não gosto de trabalhar! Não quero um chefe no meu ouvido me dando ordens e me proibindo de comer. Além do mais, eu tenho um marido com um bom emprego.
– Se não quer trabalhar, estude, mas invista em você. Faça uma faculdade. Você sempre gostou tanto de comer e de fazer comida, porque não entra no curso de gastronomia como o Brad?
– Até que não é má ideia.


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