Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira
No dia seguinte à briga, Freddie tocou a campainha do seu apartamento. Sam não atendia, apesar da insistência. Conhecendo o gênio forte da esposa, ele começou a gritar:
– Sam, abra a porta! Sei que está aí! Não vou sair daqui até que abra!
A vizinha do lado abriu a porta:
– Tá pensando o que rapazinho? Isso aqui não é a casa da mãe Joana, é um prédio de respeito! Onde já se viu ficar gritando no corredor?!
– Desculpe senhora. É que a minha mulher não abre a porta...
– Não quero saber de briga de casal. Cale a boca! – ordenou a senhora fechando a porta.
Freddie já ia desistir quando resolveu forçar a maçaneta. Para a surpresa dele, estava aberta. Ele entrou, chamando por Sam e Belinha, sem resposta. Viu um bilhete em cima da mesa, com os dizeres: “O apartamento é todo seu. Aproveite. Sam”.
Freddie saiu nervoso. Foi à casa de Pâmela Puckett. Ela demorou para atender à porta.
– Ah é você gatinho. O que quer aqui? Veio em péssimo momento – falou Pam, assim que abriu a porta.
– Quero a minha mulher e a minha filha, sei que estão aí.
– Perdeu as duas, olha só que curioso.
– Desculpe Sra. Puckett, mas não estou com humor pra brincadeiras. Chame logo a Sam.
– A Sam não está aqui. Eu nem sabia que tinham brigado.
– Não minta para mim. Eu vou entrar.
Quando Freddie começou a entrar no apartamento, viu um homem só de cueca vindo na sua direção.
– Quem é esse, docinho? Espero que não seja um ex-namorado arrependido. Perdeu, ela já tá comigo!
– Imagina cachorrão! Eu não tô pegando o gatinho aí, quem tá pegando é a minha filha Samantha. Lembra que eu te contei que tenho uma filha que casou depois que ganhou neném?
– Ah sim. Então é seu genro! Como vai rapaz? – cumprimentou o homem com mais simpatia.
– Não muito bem. Estou com pressa. Já percebi que elas realmente não estão aqui. Desculpem por eu ter atrapalhado – falou Freddie, saindo apressado.
Carly terminava de fazer uma limonada quando ouviu a campainha:
– Entra, tá aberta – gritou ela.
Freddie entrou, nervoso:
– Carly, a Sam sumiu com a minha filha! O que eu faço? Já fui na casa da Sra. Puckett, não faço ideia de onde elas possam ter ido? Será que a Sam saiu do País?
– Não viaja Freddie. Se acalma. Quer uma limonada?
– Essa sua limonada é horrível!
– Credo Freddie! Não precisa ser tão estúpido comigo!
– Tem razão, desculpa Carly. Eu tô muito nervoso. Será que nunca mais vou vê-las?
– Freddie, eu sei pra onde elas foram?
– Sabe? – perguntou Freddie apertando os ombros de Carly – Para onde?
Carly se afastou e disse:
– A Sam não quer que eu te fale. Mas, garanto que ela está bem e em segurança, com a sua filha. Ela só tá dando um tempo. Esfriando a cabeça. Daqui a pouco ela volta, tenho certeza.
– Não posso esperar. Não vou ter paz se não encontrar com elas logo. Preciso conversar com a Sam. Quero ver a minha filha, não suporto ficar um dia longe dela. Por favor Carly, me conta.
– Não posso, eu jurei pra Sam.
– Lembra-se do que aconteceu da última vez que você jurou alguma coisa pra Sam? Você me privou de acompanhar a gravidez dela, de ver a minha filha nascer! Por muito pouco eu poderia estar até hoje sem saber que era pai e veja o quanto eu amo a minha filha! Agora, vai me privar de novo do convívio com ela por causa de uma promessa boba que a Sam te fez fazer num momento de raiva? Você sabe o quanto a Sam é rancorosa e o que ela é capaz de fazer, sem medir as consequências, quando está com raiva. Se ela sumir com a Belinha e me privar de ser pai dela, de novo, a culpa será sua!
– Tá bom! Elas foram passar um tempo na casa da avó da Sam! – entregou Carly, nervosa.
– Valeu Carly, vou pra lá agora mesmo – disse Freddie, correndo.
Enquanto isso, numa espaçosa casa que abrigava uma família judaica. Sam estava com a filha no colo, sentada no sofá, ao lado do avô, que roncava. Ele começou a soltar pum e ela se afastou, pensando “O vovô não muda mesmo”.
Depois da separação, Sam queria carinho e proteção. A avó sempre foi muito carinhosa e nunca deixou faltar nada às netas, como forma de suprir as irresponsabilidades de Pamela. Tudo de melhor que tinha devia à avó, por isso o desespero de Sam quando perdeu o seu notebook na casa de Carly, há alguns anos.
– Sammy, a vovó preparou sopa com bolinhas de matzá (farinha típica da cultura judaica) pra você. Precisa se alimentar. Sempre foi de comer tanto, assim vai acabar doente – disse a avó, aproximando-se da neta com uma bandeja.
– É, a senhora tem razão. Não vale a pena ficar sem comer. Meu coração está partido, mas meu estômago continua ótimo! – concordou Sam, pegando a bandeja.
– Já dei comida à minha bisnetinha. Fico imaginando como será o bar mitzvá dela. Parece que ontem foi o seu. Como o tempo passa rápido.
– Vovó, não sei se ela será judia. Ela terá liberdade para escolher a religião que quiser ou religião nenhuma...
De repente, Sam começou a ouvir gritos:
– Sam, apareça. Sei que está aí. Sam!
– É a voz do Freddie – observou Sam.
– Fica calma Sammy, nós vamos resolver isso pra você – falou tio Carmine, que havia saído da cadeia, em condicional – Vamos lá Chaz.
O primo Chaz tirou os olhos do futebol, na televisão, e acompanhou o pai.
Freddie arregalou os olhos ao ver Carmine e Chaz, mas manteve-se firme.
– O que quer aqui rapaz? – perguntou Carmine.
– Eu quero falar com a minha mulher – respondeu Freddie, embora sentisse tremor nas pernas.
– A Sammy falou que você deixou dela – disse Chaz.
– Nós brigamos, mas ainda temos muito o que conversar.
– Ela não acha isso. Disse que nunca mais quer te ver – informou Carmine.
– Então ela mesma vai ter que me dizer isso – disse Freddie, tentando entrar na casa.
Chaz agarrou Freddie pelo colarinho:
– Eu te avisei para ser bom com a nossa pequena Sammy! Ela está sofrendo agora por sua causa!
– Você partiu o coração da nossa garotinha – completou Carmine.
– Então, agora, nada mais justo que a gente parta a sua cara também – ameaçou Chaz.
Freddie deu um chute em Chaz, empurrou Carmine e saiu correndo. Seu coração parecia que ia sair pela boca e as pernas estavam vacilantes quando se sentiu seguro para parar.
Todas as noites, Isabelle perguntava do papai e Sam dava uma desculpa.
Certo dia, toda a família saiu para uma festa da Colônia Judaica. Sam preferiu ficar em casa com Isabelle. A menina estava febril e ela suspeitava de uma gripe.
As duas foram se deitar cedo. Isabelle começou a murmurar:
– Pa-pa, kedê pa-pa, oh o pa-pa.
Sam passou a mão na testa da filha e viu que ardia em febre e, então se desesperou, pegou o celular e ligou para Freddie, mas dava fora de área.
Enquanto isso, Freddie estava num restaurante, jantando com Carly:
– Não sei mais o que fazer Carly. Eu tenho direito de ver a minha filha, mas a Sam não deixa. Ela tá fazendo isso de maldade. Desse jeito vou ser obrigado a entrar na justiça pra exigir o meu direito de visitas – reclamou Freddie.
– Calma Freddie, melhor evitar a briga na justiça. Isso só vai fazer mal à Belinha. Numa separação quem mais sofre é a criança. E como eu sei disso.
– Como assim Carly?
– Nada, deixa pra lá. Estamos falando da Belinha. Freddie, eu prometo que vou convencer a Sam a te deixar ver a sua filha. Ela está com raiva agora, a Sam é impulsiva, você a conhece, mas depois passa e ela até se arrepende. Além disso, ela sempre me ouviu muito.
– Eu sei. Você é minha única esperança. Não sei o que seria de mim sem você Carly – disse Freddie, colocando a mão sobre a mão de Carly.
Carly puxou a mão e disse:
– Como eu li uma vez em algum lugar: “um amigo me chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso e fui”.
– O que aconteceu Carly?
– Nada, o de sempre. Mais um relacionamento fracassado. Não tenho mesmo sorte no amor, não nasci pra isso.
– Você e o Austin terminaram?
– Sim.
– Eu sei que é triste Carly, mas não se sinta mal. Não é culpa sua.
– Será? Não sei o que tenho de errado.
– Você não tem nada de errado, é a garota mais perfeita que eu conheço. Qualquer cara teria muita sorte em ter o seu amor. Eu mesmo o desejei por muito tempo.
Os dois trocaram um olhar, mas Carly voltou à realidade:
– Estávamos falando da Sam. Então, amanhã vou visita-la e prometo usar de todo o meu poder de persuasão para que ela deixe você ver a Belinha.
– Valeu Carly.
Nesse momento, Sam estava na casa da avó, ligando desesperadamente para um táxi, já que a febre da filha só fazia aumentar. Lembrou-se que havia uma greve de táxi na cidade e atirou o celular na cama, com raiva.
Teve uma ideia, pegou o celular de volta e ligou para Carly. Também deu fora de área. Ligou para a residência dos Shay e Spencer atendeu.
– Alô, Carly?
– Não, ela foi jantar fora. Quem fala?
– É a Sam. Spencer é você?
– Sim, Spencer Shay falando.
– Spencer, você precisa me ajudar, a Belinha tá com muita febre, eu tô desesperada, não encontro o Freddie, minha família saiu...
– Calma Sam, calma. Eu tô indo pra ir. Vou correndo, já chego.
Spencer chegou a casa e ajudou Sam com Isabelle, enrolada numa manta, a entrar no seu carro, conduzindo-as ao hospital infantil.
O médico examinou a pequena e informou que ela estava com placas na garganta e a febre se devia à grande inflamação. Deu uma injeção na menina e prescreveu os remédios.
Na volta, Sam disse a Spencer:
– Me leve pro Bushwell Plaza. Vai ser importante para a recuperação da Belinha ver o pai.
– Você que manda – respondeu Spencer, tomando o caminho do seu prédio.
Spencer colocou o carro na garagem, no subsolo. Chamaram o elevador. Entraram. O elevador parou no térreo e Sam teve um choque quando a porta se abriu e do outro lado estavam Freddie e Carly, molhados da chuva que caia lá fora, abraçados, com Carly usando o paletó de Freddie sobre um vestido preto curto, muito elegante.
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