Seddie, a história continua escrita por Nany Nogueira


Capítulo 143
A guarda de Cris


Notas iniciais do capítulo

Aos leitores ansiosos, um capítulo novinho!



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O julgamento começou com a palavra à Melanie. Ela tinha a difícil missão de convencer os 3 magistrados de que o recurso de August não tinha fundamento.

A loira vestiu a toga preta e se colocou no púlpito, iniciando o discurso:

– Bom dia Excelências! Estou aqui para demonstrar aos senhores que a guarda do menor Cristopher Shay deve permanecer com a mãe adotiva Carly Shay. Digo isso porque é evidente a diferença entre a mãe adotiva e o pai biológico. Enquanto minha cliente Carly Shay é uma mãe dedicada e pessoa de moral ilibada, possuindo emprego fixo e família constituída, podendo passar a Cristopher uma educação pautada em valores, August Peterson é um homem de moral duvidosa, que levou anos para procurar o filho e que não tem emprego fixo, vivendo de bicos como segurança, embora seja formado em engenharia. Além disso, nunca foi casado, tampouco possui compromisso sério com alguém, tendo vida desregrada baseada em noitadas com mulheres e bebidas, não podendo ensinar nada de bom ao menino.

– Eu protesto! - gritou o advogado de August – Ela não pode provar o que está dizendo e está difamando meu cliente.

O Magistrado-Presidente interveio:

– Dra. Puckett, a senhora pode provar o que alega?

– Posso sim Excelência. Contratei um detetive particular que fez fotos de August em um final de semana “animado” - respondeu Melanie, caminhando até o Presidente e entregando um envelope.

O Magistrado-Presidente olhou as fotos e passou para os demais membros do Tribunal, dizendo:

– Prossiga a sua explanação Doutora.

– Outro fato que depõe, por si só, contra August é a história dele com a mãe biológica de Cristopher. August conheceu Faye numa festa de faculdade quando ela tinha apenas 15 anos. Isso mesmo excelências, 15 anos! Enquanto ele já era um homem de 20 anos! Ele seduziu a pobre menina inocente, não satisfeito, deixou-a grávida. Um homem sem coração que abandona uma adolescente a própria sorte depois de se aproveitar dela.

– Eu protesto! Meu cliente errou por ser jovem, mas está aqui hoje buscando a guarda do seu filho sofrendo de arrependimento – interrompeu o advogado de August.

– Protesto indeferido. Deixe a Dra. Puckett terminar sua explanação – determinou o Presidente.

– August está tão arrependido que contou a Cristopher, rindo, que seduziu Faye por ser uma mocinha inexperiente, incentivando o garoto a agir da mesma forma quando crescer. Contou isso durante uma visita, aliás, visita esta determinada por um Julgador que foi afastado e declarado suspeito por esta Corte pelo fato de ser tio de August. Tal conduta deixa muito clara a personalidade do pai biológico do menor cuja guarda está sendo disputada nesse momento.

O Presidente interrompeu:

– Seu tempo está acabando Dra. Puckett, faça suas considerações finais.

– Excelências, sei que são magistrados experientes e sensatos, habituados a realizar julgamentos justos. Porém, nesse caso, além de justiça, peço sensibilidade. Imaginem que no lugar de Cristopher Shay poderia estar um filho ou um neto dos senhores e certamente gostariam que ele ficasse não com uma pessoa irresponsável e leviana, mas com uma pessoa que pudesse lhe fazer mais feliz, proporcionando ao garoto um futuro digno e uma vida saudável. Eu asseguro aos Meretíssimos que essa pessoa para Cristopher Shay é Carly Shay!

Melanie desceu do púlpito sob aplausos, que logo foram interrompidos pelo pedido de ordem pelo Presidente do julgamento.

Foi dada a palavra ao advogado de August, um senhor de meia idade, calvo e com olhar astuto. Ele subiu ao púlpito, trajando a toga preta, e começou:

– Bom dia Excelências! Venho até aqui desempenhar fielmente a minha função de promover a justiça como jurei no dia de minha formatura no curso de direito. É com muita honra que labuto na defesa de August Peterson, um homem que como todos nós já errou na vida, mas que está disposto a reparar o seu maior erro. Tudo o que ele quer é que os senhores tenham bom coração e compreendam a dor de um pai que procura recuperar o tempo perdido com seu único filho. É verdade que num gesto de fraqueza, August acabou indo beber num bar num final de semana, mas isso foi provocado pela mãe adotiva de Cristopher, que impediu a sua aproximação e proibiu as visitas ao menor, causando depressão em meu cliente.

– Protesto! - disse Melanie, lavantando-se – Quem causou mal à minha cliente foi August, arranjando confusão num dia de visita que fez a pressão de Carly Shay subir, provocando um parto prematuro, conforme a prova que eu juntei aos autos do processo, às quais os senhores têm acesso.

– Protesto aceito. Não há qualquer prova da relação do consumo de bebida alcóolica por August Peterson com uma conduta praticada por Carlotta Shay Gibson – falou o Presidente.

– Enfim... Nem tudo pode ser provado, mas afirmo aos Meretíssimos que meu cliente é uma pessoa sensível e não suportou afastar-se de seu filho. Ele se preocupa muito com o menino e jamais permitiria que qualquer mal lhe ocorresse, ao contrário da mãe adotiva, que permitiu a convivência do menor com Brad Devens, seu ex-marido, hoje cumprindo pena de reclusão em regime fechado pelo crime de sequestro. Pasmem Excelências, a vítima de tão pavoroso crime foi justamente o infante Cristopher Shay. Tal fato não teria ocorrido se a mãe adotiva fosse mais atenta e não tivesse colocado o filho sob o mesmo teto de um bandido.

– Protesto! - falou Melanie – Minha cliente separou-se de Brad assim que descobriu seu caráter duvidoso.

– Mas isso não impediu o sequestro da criança algum tempo depois – completou o advogado de August – Suas Excelências podem verificar no processo, na documentação por mim juntada constam informações do processo de Brad.

– Protesto indeferido! O processo consta nos autos – decidiu o Presidente – Prossiga Dr. Denski, nas suas alegações finais, pois seu tempo está se esgotando.

– Meretíssimos, tenho a certeza de que os senhores honrarão a tão nobre incumbência de representar a justiça, proferindo uma decisão que irá reparar uma grande injustiça, pois não há injustiça maior que privar pai e filho da convivência. Percebam que Carlotta Shay Gibson não é tão santa quanto quer fazer crer a nobre colega defensora, da mesmo forma que August não é tão mau quando ela pinta. Coloquem os dois lados na balança da Deusa da Justiça e vejam que meu cliente possui as melhores condições de criar Cristopher Shay, colocando-o a salvo de qualquer experiência traumática como a que já foi experimentada sob a guarda da mãe adotiva.

– Debates orais encerrados. Antes da decisão do colegiado, passo à oitiva do maior interessado na causa, Cristopher Shay – falou o Presidente.

Cristopher entrou desconfiado e tímido e foi para o púlpito. O Presidente começou:

– Senhor Cristopher, tem 10 anos, certo?

– Sim senhor.

– Estuda onde?

– Ridgeway.

– Gosta da sua escola?

– Sim.

– É perto da sua casa?

– Um pouco.

– Tem amigos lá?

– Sim.

– Gosta de onde mora?

– Gosto.

– Com quem o senhor mora?

– Com a minha mãe, meu pai e minhas irmãs.

– A que pai se refere?

– Ao marido da minha mãe, foi ele que me criou.

– Como é a sua relação com a família adotiva?

– Muito boa.

– Sente diferença no jeito que te tratam e no jeito que tratam suas irmãs?

– Não senhor, sou o único menino da família.

– E como é a sua relação com o seu pai biológico, August?

– Não muito boa.

– Explique melhor. O que aconteceu para a sua relação com ele não ser boa?

– Eu não gostei das coisas que ele me falou durante um passeio no shopping. Ele foi desrespeitoso com a minha mãe Faye e com a minha mãe Carly e ainda queria que eu tomasse cerveja porque é coisa de macho.

– Você não quis mais sair com ele depois desse dia ou sua mãe Carly não permitiu que saísse com August depois depois desse dia?

– Eu implorei à minha mãe Carly para não deixar mais o August me levar. Daí ele brigou com o meu pai e minha mãe passou mal quando minha irmãzinha nasceu.

– Como a briga começou? O senhor estava presente?

– Sim, eu estava. August ameaçou bater na minha mãe, que tava grávida, porque ela não queria deixar ele me levar. Daí meu pai foi defender a minha mãe e os dois começaram a brigar de soco, então minha mãe passou mal e meu pai teve que levar ela pro hospital.

– Sua mãe adotiva teve outro marido antes do atual, certo?

– Sim senhor.

– E você gostava dele?

– Não.

– Por que?

– Ele era mau e não gostava de mim.

– Por isso ele te sequestrou?

– Não, ele me sequestrou pra se vingar da minha mãe que não queria mais saber dele.

– Sua mãe não cuidou bem do senhor e permitiu que fosse maltratado e sequestrado pelo seu ex-marido?

– Não! Minha mãe sempre cuidou muito bem de mim. Brad nunca me maltratou na frente da minha mãe, porque sabia que ela não iria permitir. Brad aproveitou um parque de diversões cheio para me sequestrar sem que ninguém visse.

– Se o senhor pudesse escolher com quem ficar, escolheria sua mãe adotiva Carlotta ou seu pai biológico August?

– Minha mãe adotiva, sem dúvida, eu a amo e quero continuar com ela.

– Estou satisfeito. O senhor pode se retirar agora.

Cris passou por Carly no Tribunal e sorriu, tendo a mãe retribuído o sorriso com os olhos cheios de lágrimas, sussurrando:

– Eu também te amo.

O Presidente pediu a todos para que se retirassem a fim de que Colegiado pudesse decidir por meio de votos.

Do lado de fora, Carly estava aflita:

– Estou com medo Melanie. Acho que esse sequestro arquitetado pelo Brad pode me prejudicar. E se os Magistrados acharem que eu tive culpa?

– Isso não vai acontecer. O depoimento do Cris foi muito esclarecedor.

Sam, Freddie, Spencer e Audrey aproximaram-se para dar força à Carly. Gibby havia permanecido em casa cuidando das filhas. Cris abraçou a mãe, assim que viu August aproximar-se.

Algum tempo depois, o escrivão chamou todos de volta à sala da sessão de julgamento.

O Presidente expôs a decisão:

– Analisando os autos e a prova aqui produzida, tendo em vista o melhor interesse da criança e considerando que a adoção é um ato, em regra, irreversível, podendo ser desfeito apenas em situações excepcionais, isto é, quando o adotante não desempenha adequadamente a sua função ou quando um vício contamina o ato, como o de consentimento alegado pelo Senhor August, decidimos, por maioria de votos negar o recurso feito por August Peterson, mantendo a adoção do menor Cristopher Shay para Carlotta Shay Gibson, considerando que é da vontade do infante, consideando que a mãe adotiva desempenha adequadamente a sua função, bem como que o vício alegado por August não existe, uma vez que estava desparecido à época da adoção, não necessitando consentir.

Carly não conteve a alegria. Ela e Melanie abraçaram-se. August saiu revoltado, mas sabia que mais nada poderia ser feito.

Quando chegaram em casa, Gibby já sabia da decisão, pois Carly havia ligado para contar e, então, ele preparou uma festa com a ajuda de sua mãe Charlotte e de seu irmão Guppy.

Isabelle aproximou-se de Cris:

– Quer dizer que não vou mais me livrar de você? Que pena.

– Conta outra Belinha. Eu sei que iria chorar se eu fosse embora, não saberia viver sem mim.

– Tem razão, minha vida seria muito sem graça sem você para eu bater e xingar. Por falar nisso, veja o que eu fiz – disse Isabelle, mostrando uma meia rosa.

– Agora está atuando no ramo das meias, como o Meião?

– Não, esta meia serve pra isso – batendo no braço de Cris.

– Ai! Isso dói! O que colocou dentro?

– Baterias.

– Onde conseguiu?

– Tirei dos seus mini games.

– O que?

– Se reclamar leva no outro braço.

Mabel apareceu:

– Já estão brigando de novo né? Vocês não têm jeito.

– Olha o que ela fez para me agredir – falou Cris, mostrando a meia para Mabel.

– Não foi para te agredir, apenas – disse Isabelle.

– Ei, essa meia é minha! - observou Mabel.

– Era priminha, era.

Gibby anunciou que a comida estava pronta e Isabelle correu para a cozinha, seguida pelos demais.

Mais tarde, Melanie despediu-se da filha e de todos, pois precisava voltar para Cambridge.

Carly disse a ela:

– Serei sempre grata pelo o que fez por mim Melanie.

– Imagina Carly, foi de coração.

– Eu sei. Sempre será muito bem-vinda em minha casa.

– Você também, sempre será muito bem-vinda na minha casa.

– Isso é muito importante para a Mabel – observou Gibby, contente.

No dia seguinte, Marissa, finalmente, foi embora do apartamento de Sam e Freddie.

Freddie ajudava a mãe a carregar a mala de volta para o seu apartamento. A senhora parou na porta e olhou para Sam, dizendo:

– Muito obrigada pela hospedagem.

– Eu ouvi bem? A senhora está me agradecendo?

– Sim, devo agradecer por ter me deixado ficar na sua casa Sam. Saiba que se um dia precisar, poderá ficar na minha casa também.

– Tá bom – disse Sam, perplexa.

Isabelle observava e disse:

– Você e a vovó não vão mais brigar?

– Eu nem sei o que esperar da sua avó. Ela é a pessoa mais louca que eu conheço depois da minha mãe.

No final daquela tarde, Freddie chegou do estágio empolgado:

– Sam! - chegou chamando.

– A mamãe tá no banho – informou Eddie, enquanto jogava video-game com Nick.

Freddie foi à suíte do casal. Sam saiu do banheiro de roupão, secando os cabelos.

– Sam, você não vai acreditar... - começou Freddie, empolgado.

– O que aconteceu? - perguntou ela, interessada.

– Fui convidado para uma festa da Microsoft.

– Que coisa boa, deve ter boa comida e de graça. Mamãe gostou.

– Não é só isso. Lá poderei estar em contatos com Diretores e, talvez, até conseguir um trabalho mesmo em vez de um estágio. Aproveito a festa para fazer contatos.

– Interessante nerd. Voltando à comida, sabe qual será o cardápio?

– Sam, tô falando sério. Vamos a essa festa no próximo final de semana. Só te peço que seja um pouco mais educada.

– Está me chamando de mal-educada? Se tem vergonha da sua esposa é melhor nem me levar não é mesmo?

– Calma Sam, não foi isso que eu quis dizer. Não tenho vergonha de você, muito pelo contrário. Quero que todos vejam a mulher linda que eu tenho. Apenas, quero que você não seja tão sincera e direta. Nesse meio temos que ser simpáticos, engolir uns sapos, entendeu?

– Sou loira, mas não sou burra.

– Sei disso. Posso contar com você?

– É claro que pode, bebê.

– Essa é a minha Sammy – disse Freddie, beijando-a.

No final de semana, Sam e Freddie deixaram as crianças no apartamento de Carly e Gibby e partiram para a festa da Microsoft, numa casa de festas refinada em Seattle.


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