Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 19
Segredos


Notas iniciais do capítulo

E é isso, repus todos os que devia, agora de volta as terças!



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Caleb abraçava Drica, ainda estavam montados em Luna, no caminho para casa. A ruiva se debatia e chorava.

— Temos que voltar! Por favor! – pedia ela entre lágrimas.

— Não dá, não dá! Se voltarmos vai acontecer o mesmo, temos que avisar os mestres e saber com o que estamos lidando! – ele a segurou controlando as próprias lágrimas. “Corvos podem voar e raposas podem correr... Mas a noite vai acha-los.” E a noite estava cada vez mais próxima.

Durante toda a viagem de volta os dois ficaram abraçados, enquanto a garota chorava no ombro de seu líder. Estava tudo ruindo, todos morrendo, o que poderiam fazer?

Luna voava por entre as nuvens emitindo seu já conhecido lamento, que se espalhou por onde passavam, e as pessoas olhavam para cima, se perguntando o que seria aquilo. Quando puderam ouvir os lamentos de Damon e Apolo responderem, souberam que chegaram a casa. Como o esperado, Marin já estava no jardim quando pousaram e ao ver apenas dois de seus aprendizes de volta, medo e preocupação a dominaram.

— Onde estão Lena e Hunter? – ela murmurou segurando o rosto de Caleb.

— Mestra... Eu não sei explicar, eles só... – mas antes que terminasse a frase, Marin se virou e começou a lançar feixes de gelo em Seth.

— Marin! – gritou Seth desviando os feixes com seu próprio poder. – O que é isso?

— Eu disse! Eu sabia! Agora você vai ser responsável, eu os perdi e a culpa é toda sua! – vendo que o outro mestre desviava facilmente seus feixes gelados, ela lhe deu um de seus tapas a distância, o fez flutuar e o jogou contra o chão com força, andando em sua direção.

— Mestra, pare! – pediu Drica quando a mulher de cabelos brancos fez o amigo flutuar mais uma vez. – Por favor, foi a Mia! – Seth simplesmente caiu no chão, com o espanto de Marin.

— O que? – indagou ela. – Vocês disseram que ela morreu... E não tem como ela ter sido possuída...

— E não foi. – esclareceu Caleb enquanto o outro mestre se levantava. – Ela tinha olhos amarelos e garras e... Deixou Lena e provavelmente Hunter também, como ela, como... Como um vírus ou uma doença.

— Ela os infectou?

— Algo assim.

— Oh céus... – sussurrou a mestra. – Levanta Seth, temos que ir pra biblioteca.

— O que? – disse o outro ficando de pé.

— Sem perguntas! – falou ela começando a correr em direção à mansão, seguida pelo amigo, que mancava levemente.

Confusos, Caleb e Drica os seguiram, cruzando a mansão e descendo pelas escadas até a biblioteca, onde Li, acompanhada de Derek ainda traduzia o livro que os Videntes deram, e virou-se curiosa para ver o que acontecia. Os mestres pararam em frente ao grande quadro de Solaris e Lune.

— Li, preciso que abra. – disse Marin para a estrela.

— Senhora? – perguntou a moça indo até a mestra, que segurou seu rosto e a olhou nos olhos.

— Precisamos que abra a porta, para os livros proibidos. – pronunciou devagar. Li ficou com os olhos vidrados, os lábios semiabertos, começou a dizer palavras que nenhum dos cinco Guerreiros ali entendiam e tocou o quadro. Sua mão brilhou, e como uma porta, o quadro se moveu, revelando um grande cofre.

— O que é isso? – perguntou Derek para os amigos.

— Não sei... Nós, não sabíamos que isso existia. – disse Drica.

Os mestres por sua vez, tocaram o cofre e este se abriu, revelando uma estante com doze livros. Marin pegou um deles, correu para uma mesa e começou a folheá-lo, com Seth ao seu lado. Os mais novos se aproximaram da estante misteriosa, que Li observava atentamente.

— Li? – perguntou Derek. – Tudo bem?

— Eles... Tinham escondido isso também.

— O que?

— Solaris, Giebra, Hélio e Torin...

— O que eles fizeram? – indagou Caleb.

— Eles... Deixaram vários comandos escondidos na minha cabeça... Como se eu fosse uma máquina, se eu receber as palavras ou estímulos certos eu entro em uma espécie de piloto automático, como quando abri isso. Eu sequer lembrava que existia...

— Caleb olha esses livros. – disse Drica, que já havia lido todos os títulos. Os livros eram grandes surrados e velhos, os onze que ainda estavam ali eram: “Quimeras – Criação, natureza, cuidado e controle”, “Tudo sobre almas”, “Tenha seu exército de demônios”, “A verdade sobre a morte”, “Elfos – É possível mata-los”, “Demonologia – Poções para fortalecê-los”, “Ensaio sobre as estrelas”, “Quando – tudo sobre viagem no tempo”, “Trazendo os mortos de volta – A ressurreição de verdade”, “As lendas de verdade – esclarecendo mitos” e “Criando vida”.

— Mestra! – perguntou Caleb indo até Marin e Seth, seguido pelos outros que não ousaram tocar em nenhum dos escritos. – O que é aquilo? Aqueles livros são... Sobre magias proibidas e coisas que você disse serem impossíveis, por que haveria livros sobre isso? MESTRA!- com um suspiro, a mulher de cabelos brancos levantou.

— Restaure as páginas do começo. – instruiu a Seth, que com seu poder sobre a luz começou a consertar as páginas danificadas. – Bem...

— Por que não sabíamos sobre aquilo? – perguntou Caleb, sério.

— Porque não podiam. Os primeiros mestres decidiram que seria melhor guardar esses livros e passar o conhecimento deles apenas pra outros mestres, já que muitas coisas que eles ensinam são erradas, ilegais, requerem morte, ensinam a matar ou podem matar.

— As respostas pra o que tem acontecido... Estão ali!

— Sim, mas não nos importa saber como construíram o exército de demônios. Eles devem ter uma cópia desse livro que Lune escreveu.

— Eu não consigo entender... – desabafou ele, caindo em uma cadeira com o rosto nas mãos. – Pra que esconder isso...

— E a Li? – perguntou Derek. – O que foi aquilo?

— Querido... Existem segredos nesta casa que nem nós sabemos, apenas a Li. Mas eles foram escondidos na mente dela pra que ninguém tente tirar, é uma medida de segurança. Inclusive só precisamos da ajuda dela para abrir a porta porque precisamos dos três mestres, e somos apenas dois.

— Isso é doentio. – opinou Drica. – Tratá-la desse modo...

— Não posso desfazer, apenas posso aceitar.

— Marin. – chamou o outro mestre, interrompendo a conversa. – Foi realmente uma succubu que eles viram. Olhos amarelos, traços animalescos... Tudo bate. – Drica levantou a capa do livro que o mais velho tinha em mãos “Succubus – As mulheres mortíferas”.

— Do que você tá falando, mestre? – perguntou Derek.

— Mia, Lena e Hunter foram transformados em umas coisas, deve ser isso que ele falou... – murmurou Caleb ainda com as mãos cobrindo a face.

— Isso. – Seth abriu o livro em uma ilustração que poderia ser Mia em seu estado atual, mas era outra mulher. – César, um dos aprendizes de Lune, as criou com todo seu conhecimento de magia proibida e o ódio que encheu o coração de uma moça. Chegou a ter um exército delas. Eram todas mulheres, mas acho que hoje esse critério não deve existir mais, mas de todo modo deveriam ter sido extintas... Como podem ter criado mais?

— Essas pessoas são obcecadas por Lune e os aprendizes. – disse Marin. – Podem ter a receita. Mas como as derrotamos?

— Bom... – ele folheou o livro. – Quando havia o exército, na época da batalha contra Lune... Aparentemente elas foram queimadas... Espera, o que?

— Qual o problema?

— No começo ele diz que elas são imunes ao fogo, ao frio, ao calor, se curam rápido... A não ser que tenham usado um feitiço, ou um tipo de fogo especial não poderiam ter sido queimadas.

— Tem dizendo como conseguir esse fogo maravilhoso ou como mata-las?

— Não, nada.

— Que ótimo. Mais um problema sem solução. – resmungou ela.

— Eu posso ver? – pediu Drica sentando-se e recebendo o livro de Seth. – Eu posso estudar isso e ver o que posso fazer.

— Senhora, ninguém irá jantar hoje? – perguntou Li. – Preciso insistir que pelo menos os jovens comam algo. – com um suspiro, Marin sorriu para ela. Mesmo com o que havia acabado de acontecer com ela, continuava atenciosa. Sabia que a estrela não os permitiria se descuidarem então meio a contra gosto, todos se aprontaram para jantar.

~*~

A baba de Drica se espalhava lentamente pelo livro. Havia passado a noite lendo, mas em algum momento acabou dormindo ali mesmo na mesa da biblioteca.

— Drica, acorda! – disse Derek sacudindo a ruiva.

— Hm? O que foi? – perguntou ela limpando o rosto e o livro com o punho.

— Eles estão aqui.

— Quem? – disse sonolenta.

— Os Noctem.

— O QUÊ? – rapidamente ela pegou o livro, o guardou no cofre, e fechou o quadro.

Ela e Derek subiram as escadas correndo e bem no hall de entrada, estavam os outros. Segurando uma lâmina de orbe que mostrava Li, no telhado.

São muitos, não é um exército, mas muitos.— dizia ela. Estava em seu posto de observação. – A mulher que a senhora descreveu não está com eles, mas posso ver Mia, Lena e Hunter. Estão bem na frente, com um dos cavaleiros.

— O que estão fazendo? – perguntou Seth.

— Agora pararam... Não podem atravessar o círculo, só pode ser desativado daqui de dentro e... Oh não.

— Li? – chamou Marin.

Entraram... Não todos, mas as succubus e o cavaleiro com eles... Entraram na propriedade senhora, estão vindo para cá...

— Pode descer Li.

Todos gritavam e discutiam, mas Marin se mantinha calada. Pensativa.

— Como podem ter entrado? – perguntou Derek.

— Mia, Lena, Hunter e aquele cavaleiro deve ser Allen... Os corpos deles podem entrar, são Guerreiros. – explicou Caleb.

— Estamos mortos. – sussurrou Drica.

— Drica. – chamou Marin. – O que conseguiu com o livro?

— Eu? Er... Não muita coisa, tinha muita história, descrição de como César as criou e algumas teorias de Solaris que eram como uma doença, falando que a inicial é a mais forte, que depois dela elas e o vírus se enfraquecem e...

— Doença? Doença é bom, é algo curável, você poderia curar eles?

— Mestra... Era uma teoria...

— Poderia ou não? Podia remover como removeu veneno do pássaro.

— Eu poderia tentar, mas só saberíamos na hora, elas são imunes a maioria dos feitiços.

— Não temos o tal fogo então essa é nossa melhor chance. - Assim que Li terminou de descer as escadas, Marin correu até ela e a segurou pelos ombros, estava ansiosa e seus braços tremiam. - Li eu preciso que você me escute bem, certo?

— O que está fazendo mestra? – indagou Caleb.

— Você vai pegar o livro que estava traduzindo, Derek e Seth e vai se esconder com eles.

— MARIN! – gritou Seth se aproximando das duas. – Que história é essa?

— Aqui dentro ou lá fora, eu não sei, mas tem que ser um lugar seguro, onde ninguém os ache. Conhece algum assim? – continuou ignorando o amigo.

— Eu... Não sei... – a estrela levou as mãos à cabeça, sentia uma dor aguda, ela devia se lembrar, tinha algo para se lembrar, mas Marin não tinha despertado, não tinha dito a palavra certa.

— Eu não vou deixar vocês aqui sozinhos. – falou o mestre virando a mulher de cabelos brancos para si. – Derek e eu não vamos abandonar vocês.

— Não é abandono. Vocês são nossa única chance, precisam se proteger, ir para um lugar seguro! Depois bolar um plano, não sei, talvez ir para as Ilhas Douradas pedir ajuda aos elfos... Se todos morrermos, terá sido tudo em vão. Os Guerreiros não podem morrer.

Li subitamente parou, ficou de pé e seus olhos ficaram vidrados. “Os Guerreiros não podem morrer.” “Lugar seguro.” Um lugar onde não fossem achados. Ela começou a flutuar, a poucos centímetros do chão. Percebendo o que ia acontecer, Marin puxou Seth para um beijo, e quando o soltou, atônito, ele nada pôde dizer. Li com uma espécie de super velocidade enquanto flutuava, segurou Seth pelo pulso, foi até Derek e fez o mesmo antes de desaparecer dentro da mansão.

Marin suspirou e abriu a mão para o topo da escada, sua alabarda junto com a espada de Caleb e os machados de Drica voaram para a mão de cada um. Não era preciso dizer nada naquele momento, os três sabiam o que se aproximavam e não teriam mais tempo para se preparar, mas aquela era a sua casa e o lar dos seus ancestrais, iriam defendê-la a todo custo.

Depois de se posicionarem, dois objetos quebraram o vidro da porta de entrada. Os colares de Lena e Hunter.

~*~

Li praticamente voou pelas escadas que levavam até a biblioteca, colocou o livro que traduzia nos braços de Derek e foi até um canto escondido do cômodo, ficou de frente para uma parede, que por um comando invisível, se abriu. Ela revelou uma porta rústica de madeira, que Li abriu com um chute, revelando uma escada. As duas portas se fecharam as costas deles enquanto desciam mais ainda para o subsolo.

Finalmente alcançaram uma sala. Quando Li os soltou, mestre e aluno estavam tontos, Derek agarrava o livro com todas as forças. Depois de alguns segundos, os orbes de iluminação se acenderam, iluminando o ambiente e mostrando sua extensão. Era uma longa sala, como um corredor, com prateleiras por todas as altas paredes.  As paredes da esquerda tinham desenhos de chamas laranja e a da direita ondas azuis. No chão havia um desenho do que pareciam duas aves, uma feita de fogo e outra de água.

Seth examinou as prateleiras, parecia que devia haver algo ali. Haviam frascos abertos e quebrados em algumas partes.

— Li... Que lugar é esse? – perguntou Seth.

— Eu... – a estrela olhou ao redor. – Não tenho certeza...


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Notas finais do capítulo

Say somethiiiiiing!!!!



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