Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 17
Mármore


Notas iniciais do capítulo

Olá novamente seus lindux!



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Alguns dias depois...

Uma carroça parou na frente da Casa Principal, parecida com a de Fox, mas puxada por um velho barbudo. Ele trazia um grande bloco de mármore, com o qual seria feito a estátua de Mia, para seu funeral. Hunter observou da janela enquanto Li recebia o bloco e o carregava para dentro como se fosse minúsculo.

— Chegou né? – perguntou Caleb as suas costas.

— Aham. – suspirando, Hunter sentou-se em sua cama e tocou uma calma melodia com sua gaita, uma canção que sua mãe costumava cantar para ele. Britt havia morrido há três anos, e a contragosto do pai, ele tinha ido ao enterro. Engraçado como todos de quem ele gostava estavam morrendo em uma velocidade que ele não esperava, mesmo tendo se preparado para algo assim por ser um Guerreiro.

Caleb saiu do quarto, aquela era uma canção muito melancólica e ele já estava triste o bastante. Foi até a sala de combate, onde para sua surpresa, Drica estava treinando movimentos, sozinha.  Ambos se encararam, os olhos da garota parcialmente cobertos por seus cabelos ruivos molhados de suor, quando ela fez menção de ir embora.

— Espera. – pediu o moreno, tirando sua blusa e indo até o tatame. – Você tá com raiva de mim, certo? Hora de descarregar, isso não pode ficar atrapalhando a gente pra sempre.

— Tem certeza que não vai fugir quando eu chegar perto? – perguntou ela ironicamente, mas como resposta o moreno ficou em posição de luta, então ela o imitou.

Não demorou para que ela desse o primeiro soco, que Caleb bloqueou com os braços, mas isso deu uma brecha para que Drica lhe desse uma rasteira que o fez cair no chão com força e quando percebeu, ela estava sentada em seu peito, tentando aceitar seu rosto.

— Seu idiota! – cada palavra era um soco que ela dava nos braços do moreno. – Você nunca escuta! Você não devia ser o líder! Você não merece, nem sabe o que tem que fazer!

Inesperadamente, Caleb levantou o tronco, dando uma cabeça na ruiva, o que só a atordoou o suficiente para que a socasse na barriga e a tirasse de cima dele. Os dois rolaram pelo chão até que Drica o jogasse para longe, dando tempo de ambos se levantarem. Dolorido, o rapaz foi na direção da oponente, mas antes sequer de tocá-la, ela rapidamente puxou sua cabeça para baixo de modo que foi atingido pelo joelho dela e antes que caísse no chão devido à tontura, ela repetiu o golpe. Caleb caiu zonzo no chão, enquanto Drica, de pé, curou os próprios e poucos ferimentos e saiu da sala.

Depois de alguns segundos, ele conseguiu cambalear até a enfermaria, que era anexada ao quarto de Li, que com Drica presente, perdia sua função de enfermeira, mas o moreno tinha certeza que era melhor recorrer à enfermeira. Perto do quarto, Lena estava vindo, trazia uma caixa repleta de ferramentas para esculpir, ele não entendeu bem o que ela disse ao vê-lo, mas se deixou ser carregado até a maca onde deitou.

— Não, não, tudo bem. – ouviu Lena dizer, provavelmente para Li em seu quarto. – Eu cuido dele, pode deixar. – um barulho de porta fechando, em seguida sentiu dedos em seu rosto. – Uau, que tal me contar o que aconteceu enquanto eu limpo isso?!

— Bom... – sua voz saiu meio estranha enquanto ouviu som de água corrente. – Eu deixei a Drica me bater.

— E pra que isso?  Minha nossa você tá muito sujo de sangue. – sentiu a amiga limpar seu peito.

— Sei lá... Provavelmente porque eu não ia conseguir fazer em mim o estrago que ela consegue. Ai! – gritou quando Lena finalmente começou a limpar seu rosto com água e um pano macio por alguns minutos. – E ai? – perguntou quando sua visão não era mais um borrão vermelho e pôde ver os cabelos de mel a sua frente.

— Bom... Eu não consigo ver seu nariz, mas com certeza seu rosto fica melhor com ele. Sorte sua a Li ter tanta coisa, porque eu sou péssima em cura.

— É... Sou muito sortudo.

A garota colocou uma espécie de pomada onde ficava o nariz de Caleb e recitou um encanto. Foi preciso quase uma hora para o nariz de Caleb voltar ao normal, mexer com ossos, tecidos e nervos era difícil, apenas Drica conseguia fazer aquilo com facilidade.

— Tá até bom. – disse Lena cutucando o nariz. – Vai ficar meio doído, mas deve funcionar. Hora de cuidar desses hematomas aqui nos braços. - e começou a passar a pomada nos lugares em que a ruiva havia socado.

— Lena... Eu precisava falar uma coisa pra você... – perguntou a si mesmo se realmente ia fazer aquilo, mas não via motivos para não fazer.

— Fala. – ela fazia pequenos círculos massageando as feridas.

— Sabe... Eu meio que... Sempre fui apaixonado por você. – levantando um pouco a cabeça pôde ver o meio sorriso que ela lhe lançou. – Você já sabia né?

— É... Já sabia. Não que você não tenha disfarçado bem, mas é que depois de tanto tempo a gente começa a perceber as coisas. – terminando de passar a pomada, voltou a recitar o encanto.

— Só que... Na verdade, ultimamente eu comecei a duvidar um pouco disso. Acho que eu só achava que era apaixonado por você, ou tenha sido e superado há muito tempo, sei lá, eu apenas... Não me sinto mais como era antes. Como se algo tivesse mudado.

— Talvez você tenha percebido o que sente por outra pessoa. – comentou Lena depois de terminar, guardando a pomada. – Eu tenho que ir agora, mas pensa no que eu disse tá?

O moreno ficou ali, olhando para o teto enquanto sentia seu corpo formigar.

~*~

Marin tinha o rosto entre as mãos enquanto Seth andava em círculos por seu escritório.

— Pela última vez, NÃO! – gritou ela.

— Mas nós temos que checar! – protestou ele novamente.

— Theodore pode checar isso pra nós, não?

— Não temos tempo Marin! Nem pra lidar com burocracia, nem pra ter o povo entrando em pânico se visse um guarda real morrer, é nosso trabalho!

— Sua última informação era uma merda de armadilha! Por que essa seria diferente?!

— Na última vez eu cruzei informações, isso aqui é diretamente de informante, sem erro, eu juro!

— Não vou arriscar mais nenhum Guerreiro, entendeu Seth? – indagou a mulher de cabelos brancos pondo as duas mãos na mesa.

— Marin, você precisa confiar em mim! Sei que agora eu tô certo, precisa confiar em mim!

— Quantas vezes confiar em você me trouxe algo bom? – aquilo o magoou, mas ele não se deixou abater e um silêncio se seguiu no cômodo enquanto Marin organizava o que derrubou ao bater na mesa e Seth virava-se de costas.

— Eu sei que já decepcionei muito você... Mas se não enviarmos os garotos ao porto podemos perder uma oportunidade única, e eles não precisam atacar. Queremos informações, se ao menos soubermos para onde aquele navio vai... Por favor, Marin... – ela suspirou e cedeu.

— Okay... Mas eles vão com o dragão! – acrescentou antes que ele se animasse. – E sem o Derek, e se algum deles voltar com um arranhão que seja eu vou culpar VOCÊ!

— Entendido. – respondeu ele. – Prometo que não teremos mais baixas.

— Você não é Vidente, querido. – comentou pesarosa.

~*~

A Classe Hélio estava montada novamente em Luna, Derek não estava satisfeito em ter sido deixado de fora e tinha preferido ficar no quarto.

— Lembrem-se, nada de atacar, você tem que descobrir pra onde o navio vai e voltar o mais rápido possível. Vão pousar em Arcturus, se infiltrar no porto Asteroide e fim! Certo? – instruiu Marin e depois segurou o rosto de Caleb. – Agora repete pra mim.

— Pousar em Arcturus, entrar em Asteroide, descobrir pra onde o navio vai e voltar pra casa.

— O mais rápido possível!

— O mais rápido possível.

— Perfeito.

Era para ser uma viagem rápida, então além de estarem indo com Luna, levavam apenas suas armas para diminuir o peso e voarem mais rápido. Os quatro estavam tensos, querendo ou não tinham medo do que poderia acontecer agora, não se sentiam confiantes para lutar ou o que quer que fosse.

Pousaram no jardim de uma casa abandonada em Arcturus, puxaram os capuzes e antes de irem, checaram se a escada de cordas na sela de Luna estava bem presa e certificaram de levar um apito para chama-la, caso fosse preciso.

Foi fácil se misturarem na cidade, fazia frio então muitos usavam casacos e capuzes como os deles. Era uma cidade muito fortificada e estruturada, pois abrigava o maior e mais importante porto de Astra.

O fluxo de pessoas e mercadorias era intenso, muitos planadores, que se tratava de grandes tábuas feitas geralmente de granito alimentadas por uma orbe na parte inferior, o que o permitia flutuar e levar objetos muito pesados.

Acharam facilmente um pequeno trem que os levaria direto ao porto, e chegando lá, se misturaram aos trabalhadores, que os olhavam estranho ao perceber sua presença, mas não pareciam se importar muito, deviam estar acostumados a tipos bizarros.

Andaram por um bom tempo, checando cada trabalhador e nenhum deles era um demônio. Mas devia haver pelo menos um Nox que fosse naquele local, para gerenciar o tal navio.

— Senti alguma coisa. – disse Hunter, transformando seu nariz em focinho. – Venham! – todos seguiam o amigo enquanto ele corria por vários metros, desviando de trabalhadores, flutuadores e caixotes, até finalmente chegar a uma parede de caixas, perto de onde um navio prateado com desenhos vermelhos estava atracado. Ele cheirava compulsivamente as caixas. – São orbes e amato, dá pra sentir o cheiro.

— Perfeito! – disse Caleb se dirigindo a uma saleta com janela de vidro ali ao lado, onde era guardada toda a papelada do navio, arrombou a porta rapidamente e começou a mexer nos papéis, e todos o imitaram, meio agachados para que ninguém os visse de fora. – Vamos, vamos, qualquer coisa...

A maioria dos papéis era inútil, diziam apenas o a carga do navio, evidentemente falsa, muitos não tinham procedência ou destino e sequer o nome da embarcação. Enquanto procuravam, Lena olhou para o navio, onde uma garota de cabelos castanhos e roupas de couro dava ordens para os carregadores. A garota ficou estática, e vagarosamente saiu da saleta, em direção ao navio.

— Que droga... Coloquem tudo nos bolsos, tudo o que puderem carregar, vamos analisar mais tarde quando voltarmos pra casa. – ordenou Caleb impaciente e foi obedecido pelos amigos, porém, só então percebeu que faltava alguém ali. – Lena? Cadê ela?

— Ali! – apontou Drica. Lena não estava com o capuz no rosto e tampouco escondida, estava na frente da saleta, olhando a embarcação, totalmente á vista. Logo, os outros três Guerreiros correram até ela.

— O que pensa que está fazendo! – perguntou Caleb a garota, mas ela não se mexeu. - Já temos o que precisamos, vamos embora. Lena? – ela olhava fixamente para frente, e seguiram seu olhar. Ela observava a garota dando ordens.  Aquela voz... A garota vestida de couro tinha uma voz igual a de,,,

— Mia. - pronunciou alto, Lena.

A garota de couro parou e olhou devagar para os quatro, antes de se virar totalmente. Era Mia. Os olhos de ouro em um misto de confusão e espanto ao vê-los ali, os lábios vermelhos semiabertos...  As roupas coladas valorizavam seus músculos definidos. Definitivamente era Mia, ela estava viva, de algum modo.


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Notas finais do capítulo

Reviews, please!!



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