Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 10
O Baile


Notas iniciais do capítulo

Enfim um capítulo que eu posto no dia! Assisti Divertida Mente essa semana, recomendo para todos, filme lindo, bem bolado e a psicologia é perfeita. Mas voltando ao capítulo, acho que esse vai agradar muitas pessoas e espero poder me redimir pelo capítulo anterior que não ficou tão bom assim :/ Para os que não sabem, eu tenho uma certa paixão por fotos, e esse capítulo vai ter muitos auxílios visuais que são na verdade desnecessários, quem não quiser ver os hyperlinks não será prejudicado, eu quis basicamente ajudar na imersão da história e testar algo que quero usar em uma fanfic futura.
Sem mais blábláblá, boa leitura!



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Seth terminou de dar o nó na gravata de seu smoking e contemplou sua imagem naquele grande espelho. Fazia algum tempo desde que tinha assumido seu visual desleixado e ver-se agora de barba feita e cabelo bem penteado chegava a ser estranho. Achou que seu colar com uma raposa não ficava tão bem com a roupa então pediu para Li transformá-lo em um broche e o colocou na lapela da roupa.

Depois de borrifar o perfume e comtemplar sua imagem mais um pouco, ele pegou o convite azul e prateado que estava em cima do criado-mudo e saiu do quarto.

– Marin? – perguntou ele depois de bater na porta fechada do quarto. – Você está pronta?

Ainda vou demorar um pouco! – gritou ela de dentro do aposento. – Pode ir na frente, eu encontro você no palácio!

Ok. – o mestre disse e desceu para a frente da Casa Principal onde sua carruagem branca o aguardava, assim como a de Marin, era automática então ele iria sozinho.

Seth não queria admitir, mas estava, em sua opinião, vergonhosamente nervoso por estar indo sozinho. Todas as vezes que esteve no palácio, estava acompanhado de Marin ou de outra pessoa e agora se sentia o pobre órfão que não sabia como portar-se na frente de um rei novamente.

No caminho, outras carruagens surgiram, muitas automáticas, mas tantas outras eram puxadas por belos e fortes cavalos. Seu nervosismo aumentou imaginando que tipo de pessoas estariam presentes, ou mesmo quantas seriam. Era evidente que todos os ministros estariam ali, junto com vários nobres de outros reinos, e ele não queria fazer feio na frente dessas pessoas. Sabia disfarçar bem, mas algumas vezes queria ser confiante como Marin e Cassandra, ou mesmo como sua mestra, Liara, era. Repetiu a si mesmo que não havia razão para estar assim.

Chegando perto do palácio, as carruagens fizeram duas filas. Logo, ele chegou ao portão prateado e dourado com o brasão de Astra (uma galáxia) adornado, que dava para o grande, florido e iluminado jardim. Um canteiro com arbustos de amora dividiu as já formadas filas de veículos, antes de chegarem até a fonte, onde havia uma escultura com cinco sereias.

Mais próximo da construção era possível ver como não era tão extensa comparada há outros palácios mais luxuosos. Tinha dois andares, o de baixo onde geralmente aconteciam os eventos e festas e o de cima onde a família real passava a maior parte do tempo, onde havia uma sala de jantar menor e os seus quartos.

Quando a carruagem parou em frente às escadas que levavam para duas grandes portas, onde dois criados de cada lado recebiam os convites daqueles que passavam. Respirando fundo, Seth abriu a porta de sua carruagem e assumiu uma posição séria enquanto subia os degraus, tentando se concentrar nas janelas de vidro para se acalmar.

Depois de entregar seu convite para o criado, agradeceu mentalmente pelo caminho que devia seguir estar ladeado de guardas e os cômodos que não seriam usados estarem com as portas fechadas, assim não se confundiria por aonde ir.

Enquanto caminhava pelo corredor, observou as pessoas e o ambiente ao seu redor. Muitas mulheres usavam vestidos exageradamente brilhantes com penteados absurdos e isso o fez querer rir, mas se conteve. Percebeu também que os guardas tinham além da lança em mãos e da espada embainhada, uma pistola com três orbes do tamanho de bolas de gude.

Eram as novas armas do reino que Marin tinha falado no dia anterior. Se tratava de uma pistola comum, mas não possuía balas. O mecanismo que deveria impulsionar a bala, na verdade batia em uma das orbes, que com um mecanismo rotatório poderiam ser trocadas, e lançava a energia.

A orbe amarela somente nocauteava o atingido fazendo-o desmaiar, a verde causava enjoos e mal-estar e a cinza matava instantaneamente. Essas armas eram práticas, pois não precisavam ser recarregadas com balas e as orbes poderiam ser usadas centenas de vezes antes de serem recarregadas, mas o mestre ainda nutria um certo receio quanto aquilo.

Decorridos alguns segundos, passou pelo salão de jantar. Largo e espaçoso, tinha duas longas mesas onde a ceia seria servida mais tarde. E dali pôde ver que o baile estava acontecendo no salão que dava para a varanda, possibilitando aos convidados admirarem o jardim dos fundos e se assim desejassem, passear por ele. Também perceberviu que a iluminação dos lustres agora era realmente pela energia de orbes, o que o tranquilizou, já que sempre achou perigosos aqueles objetos suspensos estarem repletos de velas.

Chegando ao salão, foi inevitável a nostalgia lembrando do baile que fora feito para sua Geração. O ambiente era extenso e as paredes brancas eram adornadas de dourado, prateado e azul. Três grandes lustres de cristal iluminavam o ambiente que possuía várias portas abertas levando até uma grande varanda com uma escada que dava no jardim de trás, mais extenso e enfeitado do que o da frente.

A varanda estava de frente para a porta que Seth entrou, a sua esquerda estavam os seis tronos com a família real na frente deles de modo que pudessem observar por completo o salão. Em cada parede lateral havia uma grande mesa com vários tipos de petiscos e bebidas, e algumas mesas redondas perto destas. Seis guardas estavam espalhados pelo cômodo e uma pequena banda estava no canto, depois de onde estava a família real, tocando para os que dançavam no espaço vazio que tinha no recinto.

Seth estava um pouco receoso sobre falar com a família real sem Marin, já que ela os conhecia mais do que ele, mas por sorte, um ministro, que por mais que tentasse não conseguia lembrar o nome, o convidou para sentar-se com ele e outros dos políticos. Apesar de simpáticos e animados, os ministros pareciam querer falar de trabalho, por mais que por conta da bebida fizessem alguns comentários inapropriados.

O mestre fazia o possível para acompanha-los nas risadas, porém na maior parte dos assuntos não se sentia confortável. Era incrível que mesmo em uma festa aqueles homens não soubessem como se divertir. Mas se iriam ter uma reunião para falar sobre o perigo que o reino corria, precisava pelo menos ter uma afinidade com eles.

Sentado de frente para a porta por onde os convidados entravam, Seth quase pulou da cadeira e correu quando viu Marin chegar, deixando os seis ministros sem entender o que havia acontecido.

Marin havia parado depois da porta e pareceu procurar por algo, e quando viu o amigo se aproximando foi até ele também.

– Você está... Espetacular. – disse Seth para ela. Marin usava um belo vestido azul e o cabelo estava preso numa trança, seu colar pendia em seu colo. Ela corou com o elogio.

– Não seja bobo. Onde está sentado? – perguntou segurando no braço dele enquanto a levava para a mesa dos ministros. – Maravilha... Os homens de negócios.

– Sorria. – disse ele quando chegaram perto da mesa, sustentando seu próprio sorriso.

O que se seguiu foram alguns cumprimentos simpáticos e a mestra recebeu mais elogios. Não se demoraram muito ali, Marin somente deixou sua bolsa na mesa e pediu para Seth acompanha-la, novamente segurando em seu braço.

Uma fila havia se formado para cumprimentar a família real, mas Marin achou aquilo bom, para poder observar aquelas pessoas que há tanto tempo não via.

Theodore era o rei de Astra, um homem alto e forte, meio conservador e um tanto avesso à magia, pois muitos de seus ancestrais haviam sido atacados por lobisomens, mas era corajoso, capaz de fazer o que fosse preciso por seu reino. Devido a sua aversão por magia, acabou dando um fim nas aulas semanais que seus filhos deveriam ter com Marin, por ser a mestra residente na Casa Principal, para aprenderem sobre o mundo mágico e autodefesa. Seus cabelos loiros estavam cuidadosamente penteados para trás, e ele usava um fraque.

Ofélia era a rainha, esposa de Theodore, e com ela a mestra da Classe Hélio se dava muito melhor. Era sábia e calma, e assim como o marido, corajosa. Como governava junto com o companheiro muitas vezes ela o impedia de tomar decisões impensadas ou mesmo o aconselhava. Ela usava um vestido vermelho e seus cabelos estavam presos em um penteado.

As princesas e o príncipe só viram Marin poucas vezes depois da proibição, somente em eventos oficiais. A mestra sentia falta deles às vezes, mas sabia que estavam se virando bem, eles e sua mãe eram espertos. Não deixaram de ter aulas de autodefesa e luta ou sobre magia por estar longe dos Guerreiros, mas Marin achava que teria feito um trabalho muito melhor com eles.

Alisha era a filha mais velha e herdeira do trono, tinha vinte e um anos, cabelos castanhos e era uma jovem inteligente, impetuosa e corajosa. Como Marin tinha pensado, ela não havia feito questão de usar anágua com seu vestido, mas nem por isso deixava de estar bonita. Cumprimentava os convidados com um olhar altivo, como se quisesse passar a mensagem que nenhum daqueles nobres seria capaz de intimidá-la ou subjuga-la, como Marin adorava aquela garota.

Emma era a segunda filha, tinha dezoito anos e não parecia nem um pouco interessada no baile, o livro que segurava disfarçadamente atrás de suas costas mostrava isso. Era uma excelente leitora, uma garota curiosa e bondosa, que assim como a irmã mais velha, não havia se dado ao trabalho de ficar muito luxuosa para a ocasião. Os cabelos curtos haviam somente sido penteados e ela usava uma roupa talvez simples demais para a dimensão do evento.

Camile, a terceira filha, era a única que estava vestida de modo que ao olhá-la pudesse se pensar na palavra princesa. Seu vestido era volumoso e seus cabelos ruivos tinham sido cuidadosamente arrumados. Não era fútil no fim das contas, era somente a mais delicada entre as princesas, gentil e fofa, raros eram aqueles que não sorriam de volta para a dama de dezesseis anos quando ela sorria.

Por fim, Chris era o mais novo, o jovem príncipe loiro de apenas quatorze anos era um pouco desastrado e realmente tímido, por isso muitos o chamavam de bobo, mas esses apenas não compreendiam que ele era apenas um rapaz de poucas palavras. Talvez por isso tenha optado por usar aquela roupa que o deixara tão bonito e transmitindo poder, mostrar que estava a altura de suas irmãs e seus pais.

A família estava enfileirada de lado, mas as princesas não conseguiram se controlar e correram até os mestres, dizendo seus nomes quando os viram.

– Marin! Há quanto tempo! – disse Alisha depois de abraçar forte a antiga mentora. – Sentimos muito sua falta!

– Nem me diga. – respondeu a mentora. – Você já é uma mulher.

– E ela não é a única. – falou Emma com um sorriso travesso.

– Claro que não! – disse abraçando a garota de azul. – Você também ficou linda Emma, assim como você Camile. – completou virando-se para a princesa que falava com Seth.

– Obrigada, mestra. – agradeceu com aquele sorriso irresistível, curvando-se. – A senhora também está cada dia mais bonita!

– Não conseguiram se controlar, não é meninas? – disse Theodore se aproximando com Ofélia e Chris.

– Perdão, papai. – desculparam-se as três em uníssono.

– Não é nada de mais, queridas. – disse Ofélia enquanto Chris beijava a mão de Marin e apertava a de Seth. – Sempre é bom ver antigos amigos.

– Eu concordo. – falou Seth. – Sempre um cavalheiro não é Chris?

– Obrigado, mestre. – agradeceu o garoto ficando levemente vermelho.

– Mas podemos falar com vocês rapidamente? – pediu o mestre ao rei e a rainha.

– É claro. – disse Theodore. – Crianças, podem voltar para nossos lugares e continuarem dando boas vindas aos convidados, já nos juntaremos a vocês. – os quatro filhos permaneceram parados com olhares penetrantes dirigidos ao pai. – Desculpem, será que os adolescentes podem voltar para lá, por favor? – pediu ele em tom de deboche, mas com um sorriso seus filhos voltaram para seus lugares na frente dos tronos e os quatro se afastaram um pouco.

– Do que se trata? – indagou a rainha.

– Gostaríamos de convocar uma reunião depois do baile com vocês e os ministros. – explicou Marin. – É um assunto urgente.

– É realmente grave? – perguntou o rei e os mestres assentiram. – Sendo assim, faremos essa reunião após o baile, fiquem tranquilos.

– Obrigada.

– Ah, Marin! – chamou Theodore quando começaram a seguir direções diferentes. – Sei que já tivemos nossas diferenças, mas saiba que nunca desejei o mal de nenhum de vocês. Espero poder ajudar com o que quer que seja discutido nesta reunião.

– Tudo bem. – respondeu ela surpresa.

– E lembre-se: é uma festa! Procure se divertir. – e com um sorriso, ele e sua mulher foram para perto dos filhos.

– Eu disse que ele não era tão mal. – falou Seth com um sorriso enquanto voltavam para a mesa.

– Não começa.

As primeiras horas do baile foram calmas, os mestres comeram e beberam com os ministros em conversas animadas, mas ainda de negócios.

– E então Marin, como acha que vai ficar o futuro de nosso reino? – perguntou um ministro de cabelos e barba pretos tomando mais um gole de sua bebida. – Quero dizer, o que acha que nossos jovens monarcas farão no futuro?

– Bem, eu não os vi mais, não sei que tipos de pessoas se tornaram. – respondeu envergonhada a mestra.

– Ora, eles se tornaram tudo aquilo que você disse que seriam! – rebateu um careca.

– Sendo assim... – ela pensou um segundo antes de responder. – Alisha será uma rainha excelente, tenho certeza. Emma poderia se tornar uma diplomata facilmente ou talvez a conselheira da irmã, Camile pode ser nossa representante pelos outros reinos e Chris... Faria estratégias para nossos exércitos, creio eu. – a mestra foi aplaudida pelos homens, e ao tomar um gole de seu vinho, parou a taça a centímetros da boca ao ouvir uma melodia familiar.

– Você também reconhece não é? – perguntou Seth com um sorriso torto. – É a música que dançamos naquela noite.

– É... É sim. – falou bebendo seu vinho.

– Venha. – disse ficando de pé e puxando-a pela mão antes que protestasse, até o meio do salão onde pudessem dançar. Era uma música lenta, então Seth simplesmente pôs suas mãos na cintura de Marin, enquanto ela colocou as suas nos ombros dele. – Ainda se lembra daquela noite?

– Você sabe que sim.

– Do que se lembra?

– Que você era um péssimo dançarino. – disse provocando-o, e em resposta ela a trouxe mais para perto de seu corpo.

– Eu era um dançarino excelente!

– Se excelente quiser dizer péssimo então era.

– Mas não é bem disso que mais me lembro. Sabe do que é?

– Ter medo de que o palácio pegasse fogo porque eles usavam velas nos lustres? – o mestre reprimiu um sorriso.

– Sabe do que eu estou falando. – insistiu ele aproximando seus rostos. – Foi aqui que demos nosso primeiro beijo.

– Ah... Isso. – disse Marin olhando para seus pés.

Flash Back On

Seth e os outros de sua geração tinham dezoito ou dezenove anos naquela noite. O baile em questão estava sendo dado para eles, comemorando sua graduação. Ao contrário da noite presente, não havia mesas onde as pessoas pudessem sentar, somente na varanda. Ele estava encostado no pequeno muro de pedra que impedia que as pessoas tivessem uma queda de pelos menos um metro e meio até o chão do jardim.

Ajeitava sem parar a gravata de seu terno, nervoso, pelo que estava prestes a fazer, mas sempre acabava desistindo. Passou a mão por seus cabelos e continuou observando a garota de cabelos prateados dentro do salão, sozinha e encostada em uma das mesas com comida, provando alguns dos petiscos. Marin usava uma versão mais jovem da roupa que usava no presente uma versão mais jovem da roupa que usava no presente, e para Seth estava deslumbrante.

Ele respirou fundo, dizendo a si mesmo que faria aquilo, mas desistiu e voltou a se encostar-se à pedra.

– Hm... Tá mal hein Seth. – disse uma garota de cabelos azuis com um vestido cinza se aproximando e ficando ao seu lado. Assim como ele, ela tinha um colar dourado com uma raposa. – Já faz o que, uns dez minutos que você fica nesse vou não vou e acaba não indo?

– Cala a boca Daph. – falou o moreno. – Eu só... É que... Ainda não tocou a música perfeita.

– Sério? – rebateu ela um tanto indignada virando se para olhá-lo, deixando á vista o dragão de prata em sua orelha. – Essa é sua desculpa? Pelo visto esse baile vai acabar e você não vai chama-la pra dançar!

– Chamar quem pra dançar? – perguntou um rapaz de terno com cabelos prateados como os de Marin, se aproximando com uma taça de champanhe na mão.

– A sua irmã, Charles. – entregou Daph, com um sorriso travesso.

– Wow, é sério cara?

– Daph, qual o seu problema?! – reclamou Seth entre dentes, recebendo de volta uma risada da garota.

– Tranquilo, se alguém tem que dançar com a minha irmãzinha, que seja você! – e tomou um gole de sua bebida.

– Ah cara... – resmungou o moreno levando as mãos do rosto e recebendo mais risadas.

– Oi pessoal. – cumprimentou-os Cassandra quando chegou. Seu cabelo estava preso em um coque e ela usava um vestido que Seth considerava simples demais para um baile. Charles pôs seu braço ao redor do pescoço da garota, que o abraçou de volta e deu um beijo no rosto. – Do que estão falando?

– De como o Seth é frouxo. – relatou Daph sentando-se no muro de pedra.

– Parece interessante.

– Muito! – disse a de cabelos azuis bagunçando os cabelos do garoto envergonhado.

– Mas... A mestra Liara não disse nada de poderes no baile?

– Sim senhora, e estou obedecendo totalmente.

– Mas aquele não é o Emmet, perto da comida quase usando o dom natural dele? – e apontou para um rapaz cor de chocolate usando um colete, que enchia uma bandeja com comida e parecia ter algo quase brotando dos ombros.

– É sim, esse tapado! – disse Daph com uma cara um pouco assustada. – Vai estragar tudo!

– Quer que eu fale com ele? – perguntou Charles.

– Não dá, estão quase brotando! – quase berrou a garota. – Eu resolvo! – e rapidamente, flutuou de onde estava, e com um impulso das pernas, voou em alta velocidade por entre os convidados até onde o companheiro de Classe estava e pulou apoiando-se em seus ombros fazendo os calombos desaparecerem. – Sem magia Emmet! Você tá ficando doido?

– Eu vi você voando até aqui tá? – disse ele virando-se para a amiga comendo os petiscos. – Você pode e eu não?

– Acontece que voar é algo encantador. – respondeu ela com as mãos na cintura. – Membros extras são nojentos!

– Olha aqui...

– Olha aqui vocês dois! – interrompeu uma mulher de vestido amarelo um pouco ousado e cabelos roxos, inspiração dos cabelos azuis de Daph, e um colar de raposa dourado. – O que foi que eu falei?! – e pegou os dois pelas orelhas e puxou de volta para a varanda. – Acharam bonito?! Assustaram todo mundo!

– Mas mestra... – tentou Daph fazendo uma careta devido à dor em sua orelha.

– Nada de mas! – e soltou os dois ao ficar do lado de um homem e uma mulher. – Eu disse nada de magia! Quanto menos dons naturais! – continuou ela. – Vocês não estão me vendo fazer as coisas levitarem estão?! Ou a Irene ficar invisível?! – perguntou apontando para a mulher loira ao lado, que chamava atenção com seu vestido colorido. Ela tinha um colar com uma lontra dentro, e riu daquela situação. – Ou mesmo o Jed quebrando algumas paredes?! – apontou para o homem de cabelos pretos com terno praiano, totalmente inapropriado. – Estão? Não! Agora fiquem quietos ai como boas crianças que ainda precisam ficar perto dos mestres para ficarem sem fazer bobagem!

– Maravilha... Castigo. – resmungou Emmet.

– Eu disse quietos!

– Muito bem Liara. – elogiou Jed entre risos. – Firmeza total!

– E discrição total também! – gargalhou Irene.

– É, eles se deram mal. – disse Charles. Ele, Cassandra e Seth haviam assistido a cena toda.

– Bem feito. – falou Cassandra. – Ah, querido, pode pegar uma bebida para mim, por favor? – pediu para o rapaz de cabelos prateados.

– É claro. – ele deu um leve beijo em seus lábios e retirou-se dali.

– Beleza Seth, vai! – declarou Cassandra quando Charles não podia mais ouvi-los.

– O que? – indagou confuso o moreno.

– Anda, eu não fiz isso tudo para você ficar ai parado, vai lá! – ainda confuso Seth deu um agradecimento rápido e andou rapidamente pelo salão, com uma coragem que não sabia de onde veio.

– Você é uma garota má. – falou Charles voltando e entregando o champanhe para a garota. – Armou tudo isso não foi?

– Talvez eu tenha dito para o Emmet que o buffet estava livre e os canapés deliciosos. – disse ela voltando a abraça-lo. – Ele nunca iria chama-la para dançar com vocês aqui fazendo essa pressão.

– Você é muito inteligente sabia?

– Por isso você me ama.

– É um dos motivos. – falou colocando as taças no muro de pedra. – Agora, quer dançar?

– É claro. –aceitou ela com um sorriso, e foram para o salão.

Seth aproximou-se de Marin devagar, mas quando ela notou sua presença e acenou para ele, não adiantava fingir que estava procurando os amigos.

– O que foi aquele vexame? – perguntou ela quando Seth estava perto o suficiente.

– Sabe como Daph e Emmet são.

– Sim. – riu ela.

– Você está linda.

– Obrigada Seth, pela terceira vez. – riu novamente, fazendo-o corar.

– Você... Quer dançar...? – e ofereceu a mão. A garota de cabelos prateados o observou alguns segundos antes de responder.

– Quero. – e segurando na mão dele, foram para o salão. Desajeitado, o rapaz parecia querer imitar uma valsa, segurando uma das mãos dela um tanto forte. – Você não é muito bom nisso né? – ele tornou a corar e riu envergonhado. – Não é tão complicado. Só sinta a música tá? – ela pôs as mãos do amigo em sua cintura e as suas em seus ombros. – Viu?

Conversaram um pouco, embalados por aquela suave melodia, mas em um certo momento, Seth somente a observava com um olhar apaixonado, e foi a vez dela corar. Ele puxou delicadamente seu queixo até que seus lábios se tocaram. Foi um beijo doce, profundo e sem pressa com algumas carícias. Nenhum dos dois jamais esqueceu aquele momento.

Flash Back Off

– É, isso. – disse Seth para a amiga.

– Por que está tentando lembrar esses dias logo agora Seth? – perguntou Marin um pouco agoniada. – Quando está tudo tão difícil?

– Eu não sei, só... Gosto de lembrar de quando tudo era perfeito. Eu era feliz e nem tinha a noção de como. Mas quando fomos anunciados como novos mestres... Você terminou tudo.

– Porque não daria certo. – explicou ela. – Ser mestres significava vivermos separados, isso jamais funcionaria.

– Poderia funcionar se tivéssemos tentado. – eles agora dançavam uma valsa e rodopiavam pelo salão. – Charles e Cassandra planejavam se casar depois que ele terminasse sua viagem, eles deram certo.

– Charles morreu, Seth. – lembrou-o Marin. – Ele viajou por anos, querendo conhecer cada canto que pudesse antes de se permitir viver o amor que sentiam pelo resto da vida, e morreu antes que o fizesse. Eu não poderia viver com essa dor, ou alguma parecida. Você viu como Cas foi forte durante o sepultamento, mas quando chegou e também depois da cerimônia... Ela chorou. Eu nunca a havia visto chorar Seth. Por favor, não insista no assunto. –pediu ela.

– Mas quando tudo isso acabar... Não poderia pensar nisso? – suplicou ele.

– Eu pedi por favor Seth...

– Lembra-se do chalé que eu falei? Que havia construído na beira de um lago para nós?

– Antes de sermos anunciados mestres! – disse ela duramente.

– Ele ainda está lá Marin, ainda nos espera.

A mestra se controlou para não chorar, e só não o fez, pois sentiu um leve arrepio. Era lua cheia, quando ela se tornava mais sensível, então olhou em volta enquanto dançavam, embora quisesse de todo modo fosse encontrar um motivo para parar de olhar nos olhos de Seth. Viu as princesas e o príncipe brincando e rindo, sujando um ao outro com a cobertura dos pedaços de bolo na mesa do lado direito do salão.

Virando seu olhar para outra direção, viu o rei e a rainha felizes e conversando, sentados em seus tronos. Mas a mestra percebeu algo. Um pouco a esquerda de Theodore, onde não havia ninguém, somente uma parede vazia, viu algo que era como se uma cortina invisível balançasse ao vento.

– Uma... Ilusão?


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Notas finais do capítulo

E é isso, espero que tenham gostado, e por favor comentem! Quem tiver visto os hyperlinks me diga o que achou também ^^ muito obrigada!