Como amar o Natal, segundo Rose Weasley. escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

É uma fanfic apenas para descontrair e aproveitar o Natal de uma maneira leve, há tempos que não escrevo, mas espero que esteja agradável de se ler! Aproveitem a leitura e o Natal!



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Olhando pela janela é possível ver a manta branca que cobre todo o chão do lado de fora de Hogwarts, e quando se presta muita atenção também é possível ver os flocos descendo do céu e se acomodando delicadamente sobre aqueles que já haviam chegado ao destino final.

Era estranho o fato de que as poucas pessoas que ficaram não estavam aproveitando a neve que finalmente tinha caído. Rose tinha esperado um bom tempo por aquilo, por um momento achou que não nevaria esse ano. Achou que fosse a maldição por não ter um Natal Weasley. Desde pequena Rose se lembra do quanto os natais em sua família eram agitados e repletos de parentes.

Para ela seria impossível não ser apaixonada por esse momento do ano. Ela aprendeu a ganhar suéteres, a comer comidas de todos os tipos e a brincar na neve com seus primos. A única coisa que ela não entendia nessa época eram as pessoas que odiavam o Natal.

Ele era uma dessas pessoas.

Rose se aborrecia por nunca conseguir entendê-lo. Ela entendia tudo, sabia sobre tudo, era a ela que procuravam quando precisavam de ajuda para matérias bruxas e assuntos trouxas. Só que quando perguntavam sobre Scorpius a resposta era sempre a mesma.

Nada. Rose Weasley não sabia nada sobre Scorpius. Nada além do que todo o resto de Hogwarts conhecia.

Ele voa bem, mas não faz parte do time de Quadribol. Ele se sai bem nas aulas, mas nunca é visto na biblioteca. Parece pálido e doente, mas sempre repete as refeições. Pertence a Grifinória, mas sempre tem as cores das outras casas consigo. E ele sempre sorri pra ela, mesmo depois das discussões e brigas.

— Um dia descubro qual é o seu problema. – Rose suspira olhando para a lareira e vendo Scorpius escrevendo algo em suas folhas.

Não que houvesse algo para descobrir.

Scorpius tinha a convicção de que nunca escondeu nada de ninguém. Exceto o fato de ele ter pedido para entrar na Grifinória, pedido mentalmente, porque não conseguia entender muito bem a Sonserina. Ele sempre gostou de ler e adorava fugir para a biblioteca de seu pai. Foi lá que descobriu para qual casa de Hogwarts queria ir.

Qual menino não sonha em ser herói? Bom, Scorpius descobriu que a maioria dos heróis vinha da Grifinória e mesmo que seu pai sempre falasse o quanto era importante manter a tradição dos Malfoy na Sonserina, para ele era mais importante salvar o mundo.

O chapéu seletor não acreditou muito em seus pensamentos, mas resolveu que talvez algumas tradições devessem ser quebradas e o garoto tinha um coração dourado e vermelho.

Naquele ano foi o primeiro Natal de Scorpius sem pressão, sem histórias apavorantes, e sem ver seu pai estressado com a visita dos seus avós. Scorpius não odiava o Natal. Ele odiava o Natal na casa dos Malfoy.

— Já escrevi todas as cartas. – ele falou sozinho enquanto conferia os nomes nos envelopes. – Mãe, Pai, Avós, e...

Levantou seus olhos e encontrou uma Rose pensativa observando o lado de fora do castelo. Os cabelos da garota estavam presos. Ele os preferia soltos, mesmo que fossem volumosos e quase sempre fizessem cosquinhas em seu rosto quando sentava-se atrás dela. O cheiro que era bom, cheiro de baunilha.

Ele gostaria de ler os pensamentos dela, porque sempre parecia tão distante e com uma expressão confusa no rosto. Scorpius sempre quis aparatar dentro da cabeça da garota, só assim iria conseguir entendê-la.

Era o primeiro Natal dela em Hogwarts.

O primeiro Natal em que ele se preocupou com presente.

O primeiro Natal juntos.

Rose viu o loiro juntar todos os papéis e sair da sala comunal. Ela quase foi para perto da lareira ver se o fogo revelava o que Scorpius tanto fazia ali, mas resolveu que já era hora de colocar sua roupa especial de Natal, afinal pelo menos uma das tradições tinha que continuar. Sua mãe tinha lhe dado o vestido mais lindo que ela já usou. E sempre que ela colocava um vestido vermelho se sentia bonita, e aquele vestido fazia com que ela sorrisse esquecendo que era o primeiro Natal sem o pai implicando com os biscoitos sem gosto que sua mulher fazia.

— Uau... Alguém acha que estamos no baile de inverno. – Scorpius riu assim que a garota voltou para a sala comunal.

— Cala a boca Malfoy. – Rose replicou cruzando os braços.

— Alguém te avisou que vamos comer no lugar de sempre? Com as pessoas de sempre? – Ele questionou, mas depois balançou a cabeça na negativa. – Deveriam ter feito um manual de instruções para Rose Weasley.

— É Natal... Natal... Você sabe o que isso significa Malfoy?

— Hum... Árvores bregas, suéter estranho, muita comida e pessoas estressadas. – Scorpius suspirou.

— NÃO!!! – Rose gritou. – Natal é um dia para ficar com a família, para dar abraços apertados, para ajudar o tio Jorge a pregar peças em todos os outros, principalmente no meu pai. É ganhar o suéter mais quentinho do mundo com um R na frente, é ver fotos e pensar o quanto eu me pareço com o papai. É poder comer o dia todo. E também é dia de colocar o vestido bonito.

— E você realmente gosta disso? – Scorpius suspirou demonstrando tristeza. – Que triste isso.

— O que?

— Você deveria poder fazer isso todos os dias, porque precisa do Natal?

— Você não entende... – Rose disse e naquele momento ela estava muito chateada.

— Me explique...

Ela não queria mais conversar com aquele garoto chato, mas como já havia sentado e parecia esperar por alguma explicação ela acabou suspirando profundamente.

Por que nunca conseguia fugir de uma explicação?

Maldito hábito de ser uma das alunas mais inteligentes da escola.

Rose começou lentamente.

— Eu gosto do natal, qual o problema?

— Você sabe que isso não é uma explicação, né? – Scorpius implicou chutando o pé da garota levemente.

— Por que você odeia o Natal?

Rose odiava quando Scorpius acabava sendo mais esperto que ela.

— Primeiro me explica o porquê você gosta e depois eu coloco meus pontos de vista na roda.

— Eu gosto de poder ficar com minha família, de ajudar a vovó com a comida, de ver que mesmo depois de anos minha mãe ainda é péssima com a cozinha, mas que é excelente em organizar as pessoas para tirar fotos. Gosto de brincar com meus primos mesmo que metade deles estejam aqui comigo o tempo todo. Gosto de ficar um pouco longe da escola e sentir falta daqui... Natal é especial. Simples assim. Tem tradições que existem apenas para transformar as pessoas em seres melhores. O Natal é a minha tradição.

— Essa é uma boa explicação. – Scorpius disse com a expressão séria.

Rose respirou fundo. Estava satisfeita com suas palavras. Estava quase esquecendo a falta que estava sentido de casa.

— Agora é sua vez.

— O contrário de tudo que disse. Meu pai fica irritado com o vovô, minha mãe tenta ser simpática, mas no fundo está preocupada com o que Draco Malfoy vai fazer. Os presentes são legais, mas não vale o momento.

— Sério? Eu nunca pensei...

— Rose, nem todos nascem em uma família Weasley, Granger, Potter. – Scorpius dá de ombros, mas sorri.

— Mas seus pais não parecem tão ruins, estão sempre te mandando cartas. – Rose estava tentando ver o lado bom, mas realmente a família dela era incrível.

— O problema não é minha família, é o Natal. Nos outros dias do ano tudo é tranquilo. Na verdade o problema é juntar a família. Tudo fica melhor quando cada um fica na sua.

Scorpius já estava acostumado com tudo aquilo, mas parecia que suas palavras abalaram Rose.

— Rose, está tudo bem, eu realmente gosto de passar o Natal aqui.

— Mas...

Ela não entendia como podia ter sido tão irritante com o loiro. Ele não tinha uma família tão unida, e ainda precisou contar isso para ela. Eram amigos, mas não melhores amigos. No fundo ela estava muito envergonhada.

— Acho melhor eu ir para o salão...

— Hei... Espere. – Scorpius parou a garota. – Eu não gosto do Natal, mas como você gosta...

Ele pegou a varinha e com um gesto trouxe um presente do quarto dos meninos até as mãos da garota.

— Feliz Natal, Rose.

— Scorpius... – Ela sorriu e se jogou nos braços do garoto. – Obrigada! É meu primeiro presente desse ano, tirando o vestido.

O garoto ficou quase da cor do tecido do vestido de Rose depois do abraço. Não esperava uma reação tão espontânea da garota.

— Espero que goste.

O embrulho era prata com fitas rosas. Rose adorou a embalagem, mas a abriu rapidamente, sua curiosidade era enorme.

Dentro do pacote tinha uma touca de lã, era vermelha e assim que Rose a viu teve a certeza que jamais sairia de Hogwarts sem ela. Pelo menos enquanto fosse inverno.

— Scorpius, ela é linda! Combina com meu vestido, e com meu cabelo! – Rose a colocou na cabeça e sorriu como não o tinha feito ainda naquele dia.

— Ficou ótimo em você.

— Eu não te comprei nada. – Rose disse chateada. Queria ter lembrado de comprar o melhor presente do mundo para o menino.

— Hei, eu odeio o Natal. Lembra? – Scorpius disse rindo.

— Meu presente vai ser te fazer gostar do Natal... – Rose disse. – Vem comigo. – e o puxou para fora do salão.

Rose não sabia o que estava fazendo, mas tinha uma certeza. Scorpius iria adorar o natal, nem que ela precisasse usar uma poção nele, ou algum feitiço. Outra certeza era que não existe coisa melhor no natal do que as comidas. E o melhor lugar para levar o garoto era onde a mágica acontecia. A cozinha.

Quando sua mãe luta pelos direitos dos elfos domésticos isso lhe rende bons frutos no futuro. Rose gostava de colher esses frutos.

— Nós podemos entrar aqui? – Scorpius questionou.

— Malfoy, você talvez não possa. – Rose riu. – mas Rose Granger Weasley pode e hoje você está comigo.

Quando entraram na cozinha Scorpius ficou boquiaberto com o tamanho da recepção que a garota teve. Os elfos pareciam idolatrar a menina, abraçando e perguntando por que tinha demorado tanto para voltar a visitá-los.

— Eles te adoram. – Scorpius suspirou.

— E quem não adora? – Rose disse rindo. Ela sabia que muitas pessoas detestam seu jeito.

— Por que estamos aqui?

— Isso é uma cozinha, o que acha que vamos fazer? – Rose riu. – Vamos comer! Porque Natal precisa de comida boa.

— Mas poderíamos comer no salão principal.

— Pobre Malfoy! Não conhece o que acontece na cozinha da própria escola. Você precisa de um Natal especial para gostar, eu garanto que aqui é melhor que no salão. Confie em mim.

Scorpius olhou para a menina no seu lindo vestido vermelho, com a touca que ele havia dado, e pensou que seria impossível negar qualquer coisa a ela.

— Eu confio.

Por um momento eles ficaram apenas se encarando. Provavelmente esse foi o maior tempo em que ficaram sozinhos. Sempre tinha Alvo, sempre tinha professores, sempre tinha amigos por perto. Mas ali na cozinha estavam sozinhos e se conhecendo melhor. Finalmente se conhecendo.

Naquele momento as comidas começavam a ficar prontas e eles iriam degustá-la antes de qualquer um do castelo. E isso era uma sensação incrível.

— Sério, por isso tem dias em que você não aparece nas refeições, né? – Scorpius disse comendo um pedaço de torta de abóbora. Diferente da maioria ele não via problema em começar o jantar pela sobremesa.

— Não conte a ninguém. – Rose respondeu e seus lábios estavam vermelhos por causa do suco de amora que bebia.

— Isso aqui é incrível...

— Eu sei.

Claro que eles comeram até não aguentar mais. Scorpius misturava doces com salgados, enquanto Rose mal conseguia respirar. Estavam certos quando diziam que ela era uma cópia perfeita do pai. E na verdade ela sempre teve muito orgulho disso.

— Agora vamos para o segundo passo.

Rose piscou, e segurou na mão esquerda do loiro. Novamente o arrastou pelo castelo. E mais uma vez Scorpius a seguiu, agora mais confiante e ansioso para descobrir a próxima surpresa.

Primeiro foram para o salão comunal e a garota pegou uma enorme caixa. Quando Scorpius se ofereceu para carregá-la percebeu que, apesar de grande, era bem leve. Não fazia ideia do que estava guardado ali, mas Rose o proibiu de espiar, e seguiram em frente para o próximo passo que mudaria a opinião do loiro sobre o Natal.

Próxima parada, o Corujal.

Quando finalmente chegaram ao espaço das corujas, os bichos olhavam para ambos sem entender o que faziam ali. Rose pegou a caixa de Scorpius e a colocou lentamente sobre o chão.

— Certo, agora vamos ao segundo passo mais legal do Natal. – Rose sorriu. – Enfeites de Natal!

— Sério? Isso não faz sentido.

— Malfoy, você não reconhece o espírito natalino? Por favor, é claro que faz sentido! E eu adoro essa parte da festa.

— Ainda não entendi porque estamos aqui.

— É o único lugar sem enfeites. Pobres corujinhas, elas merecem um lar mais bonito, pelo menos no Natal. – Rose pensou um pouco. – Pareço a Lily falando, assustador.

— Ela também gosta de natal?

— Os Weasley amam natal, é simples assim. – Ela sorriu dando de ombros.

Scorpius ainda não entendia o porquê de Rose gostar tanto da tal festa, mas naquele momento ele percebeu que é possível gostar um pouco mais dela. Da festa. E de Rose.

A garota espalhou enfeites por todo o corujal e até colocou um chapéu de tricô na sua coruja. Ela era pequenina e tinha um nome engraçado. Em algum momento entre o segundo e terceiro ano, Rose contou que a coruja era um dos filhotes da corujinha que seu pai tinha e que mais parecia um membro da família do que um animal de estimação.

Quando tudo parecia muito diferente, os dois garotos sentaram com as costas se tocando.

— Estou cansado. – Scorpius disse, mas seus lábios pálidos exibiam um sorriso cheio de vida.

— Scorpius Malfoy, acabei de descobrir porque não joga Quadribol: não tem fôlego suficiente. – Rose brincou enquanto soltava uma gargalhada que poderia iluminar o mundo.

— Não jogo Quadribol porque acho sem sentido a provocação entre as casas. Além disso, seus primos não suportariam dividir os holofotes. – Ele explicou, não parecia chateado. Estava apenas se abrindo pela primeira vez com ela.

— Por que usa os cachecóis de todas as casas, Malfoy? Não acha isso estranho? Nós devemos defender nossa casa até o fim.

— Eu defendo, mas acredito que as outras casas também precisam de defesa. E eu gosto de azul e verde, assim como amarelo e vermelho. Então porque me limitar a uma única cor?

— Eu me lembro da primeira vez que te vi. Meu pai disse para não me tornar muito sua amiga. – Rose sorriu. – Foi o único conselho dele que eu ignorei.

— E não se arrependeu?

— Nesse momento percebo que não.

Eles continuaram conversando por vários minutos. Sobre as casas, sobre Quadribol, sobre o porquê de Scorpius evitar a biblioteca, sobre os professores, sobre quase tudo.

Quando já não existia mais assunto ele resolveu voltar para o assunto principal. O Natal.

— Já fizemos tudo que mais importa no Natal?

— O terceiro item mais importante é ficar perto de quem a gente gosta, e saber que essa pessoa também gosta da gente. – Rose respirou fundo. – Eu gosto de você.

— Eu também gosto de você, Rose. – Scorpius respondeu sorrindo.

— Então vamos para o final perfeito de Natal!

Rose voltou a puxá-lo.

Dessa vez foram para fora do castelo. A neve caía lentamente formando cada vez mais montes. Os flocos prendiam no cabelo cheio da menina e se amontoavam sobre a toca vermelha.

Scorpius ficou apenas observando os sorrisos e giros da garota.

— Vamos patinar!

A garota o puxou para perto de si, mas ele acabou caindo. Rose começou a rir ainda mais sem esperar pelo puxão que levaria. Ela sobre ele, ambos rindo. E um momento perfeito.

— Está vendo? Isso é o Natal.

— Cair na neve?

— Não. Se divertir, comer bem, sorrir.

— Se sentir feliz?

— Exato.

Ela deslizou para o lado dele, respirando profundamente.

— Rose?

— Hum...

— Feliz Natal...

Scorpius a beijou. De leve. O tempo de um suspiro.

Um beijo que visto de longe é monótono, chato, sem emoção. Mas que de perto faz com que todo o gelo do mundo derreta, com que o coração bata forte, e a felicidade tome o lugar de tudo.

Um selinho.

Sem azevinho.

— Feliz Natal, Scorpius. – Rose sorriu com o rosto em chamas.

Não foi o natal típico, não teve muitos presentes e nem a família reunida. Scorpius não se encantou com a data e Rose continuou com saudades da família, mas mesmo assim foi o melhor natal da vida deles. Pelo menos até aquele momento.


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Notas finais do capítulo

N/B: OMG, gente. Quanta fofura num Natal só. Como eu disse pra Anny, poderia haver um Natal por mês, para termos fics assim, fofas, sempre *-*
Possíveis errinhos ortográficos e gramaticais são culpa minha. E, a propósito, me senti como Rose e Scorpius na cozinha, degustando a fic antes de qualquer um. E isso é uma sensação incrível.. Feliz Natal *---*

N/A: Um Feliz Natal!!! Aceito reviews de presente hahaha Beijos!!!