Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 86
Se não fosse amor - Cap. 43: Um ótimo e feliz natal.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite kiridaaaas!
Mais um capítulo fofo, por que chega de dramas né? (Ou não...) hahaha
Espero que gostem!



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POV Matthew Davis

Cheguei em casa do trabalho e estava tudo muito silencioso. Tirei o paletó, o colocando em cima do sofá e afrouxei a gravata, levantando as mangas da minha blusa. Andei indo em direção a cozinha, mas parei em frente ao jardim quando vi Sophie brincando com Baby e Cristal. Fazia algumas semanas que estávamos em casa e ela vinha respondendo muito bem a recuperação. No começo ela ainda sentia dores de cabeça e nas juntas, mas foram sumindo gradativamente, principalmente quando os exercícios físicos foram liberados, não era nada muito pesado, apenas caminhadas de 30min e ioga para ajudar a relaxar, mas fizeram milagres.

Apoiei-me na parede com as mãos no bolso a observando, ela estava usando shorts e uma camiseta branca, cabelos presos e descalça, jogando uma pequena bola para que eles fossem buscar, rindo de orelha a orelha. Depois de ter feito isso três vezes, ela olhou para o lado e ficou surpresa quando me viu.

“Faz tempo que chegou?” Ela disse vindo em minha direção.

“Agora a pouco.” Falei e a puxei, a beijando.

“Estou toda suada!” Ela falou rindo, mas não a soltei.

“Está linda.” Sussurrei em seu ouvido e ela cerrou os olhos.

“Você diz isso todo dia, depois não reclame se eu acabar acreditando.” Ela me beijou rapidamente, me fazendo sorrir e entrou em casa enquanto os monstrinhos continuavam a tentar destruir o jardim.

“Foi caminhar hoje?” Perguntei sentando em um banco na cozinha.

“Sim...” Ela falou enquanto abria a geladeira, pegando uma garrafa com água. “Lenny foi comigo, cheguei a pouco tempo.” Ela sentou no balcão.

“E Luke e Kenny?” Apoiei meu queixo em sua coxa e ela começou a passar a mão pelo meu cabelo.

“Eles não estavam quando eu cheguei, mas liguei para Luke e ele me falou que foram só fazer umas compras para cá. Daqui a pouco devem estar chegando.” Ela pôs a garrafa ao seu lado. “Ah, o seu smoking chegou hoje!” Sophie disse animada.

“Já tinha me esquecido disso...” Brian e Mabel resolveram se casar no ano novo e os preparativos estavam a todo vapor, já que faltavam poucas semanas.

Sophie e eu decidimos só resolver algo sobre o nosso casamento depois que Brian e Mabel fizessem a cerimônia deles, por que queríamos que todo esse tempo fosse dedicado a eles dois exclusivamente e quando passasse isso, nós começaríamos a organizar o nosso.

“Você tem que experimentar hoje ainda, por que se faltar algum ajuste você leva amanhã no caminho para o trabalho.”

“Então eu vejo isso de manhã.”

“Não mesmo!” Ela falou incrédula.

“Por que não pode esperar até amanhã?” Perguntei confuso.

“Porque desde que chegou eu estou imaginando você o usando e você sabe como eu tenho um fetiche com você de smoking...” Ela disse com diversão.

“Vou experimentar agora.” Levantei rapidamente e ela desceu do balcão rindo.

“Deixa eu tomar um banho pelo menos...”

“Eu tomo banho com você.” Disse e ela riu.

“Nossa, mas alguém chegou hoje com energia em casa!” Ela cruzou os braços.

“Isso me faz lembrar que eu quero falar sobre uma coisa com você...” Disse sério e ela me olhou preocupada.

“O que foi? Algo na empresa?”

“Não, não... Está correndo tudo bem lá. É sobre nós dois.”

“E o que foi?” Ela perguntou impaciente. “Vai terminar comigo? Não... Ah, mas não vai mesmo. Só se estivesse doido você ia querer terminar, porque eu tenho a prova de que você escolheu passar o resto da vida comigo.” Ela levantou a mão mostrando o anel de noivado. “E não tem mais volta.” Eu gargalhei, mas ela continuou me olhando séria.

“Espera aqui.” Saí indo para a sala e tirei um envelope do bolso do meu paletó, voltando depois para a cozinha.

“O que é isso?” Ela perguntou quando viu o envelope em minhas mãos.

“Lembra quando fomos comprar o presente de casamento de Brian e Mabel naquela agência de viagens?”

“Sim, as passagens para a lua de mel deles.”

“Eu fiquei um pouco balançado com uma das opções e acabei fazendo uma loucura...” Sorri e ela cerrou os olhos, pegando o envelope das minhas mãos e o abrindo.

“Comprou passagens para o México?” Ela me olhou em choque.

“Para um resort no México, a beira mar.” Aproximei-me dela. “Eu fiquei pensando no que te dar de presente de natal, mas não ia aguentar esperar pra te dar e acontece que desde que você teve alta, não temos tido muito sossego aqui, já que a casa quase nunca está vazia.” Sorri. “Eu falei com o Ian e ele disse que não tem problema você viajar, ele só quer que você vá lá fazer um check-up, apenas para ter certeza de que está tudo bem e ele disse até que vai fazer bem para você ficar em um lugar onde possa descansar. Então achei que depois do casamento de Brian, a gente podia ir fazer uma pré-lua de mel, só nós dois. O que você acha?”

“Tá brincando comigo?” Ela olhou para as passagens de novo e pulou em cima de mim, quase me fazendo cair. “A gente vai pro México!” Ela disse animada, me fazendo rir.

“A gente vai pro México!”

POV Sophie Trammer

Era noite de natal, a primeira que passaríamos em nossa nova casa. A decoração estava linda, com uma enorme árvore de natal na sala, quase todos já haviam chegado e eu estava terminando de me arrumar. Escolhi um vestido azul que havia ganhado de Matt, eu não me importava mais se iam ver minha cicatriz na perna ou não, isso era um detalhe muito superfulo para merecer minha atenção. Prendi um lado do cabelo, deixando o outro lado solto com algumas ondas e quando terminei de me arrumar, Matt surgiu na porta do closet me observando.

“Linda, como sempre.” Matthew sorriu, me fazendo sorrir também.

Todos os dias, não importava se eu estava arrumada como naquele momento, ou com roupas simples de casa, ele sempre dizia que eu estava linda. Não era um presente, não era nada comprado, nada que era possível estipular um valor, mas era o que eu mais gostava de ganhar. Eu não sabia se ele entendia como era importante me sentir bonita para ele e de alguma forma, quando ele me elogiava, eu sentia mais vontade ainda de me cuidar e de ficar realmente linda por causa dele.

“Gostou?” Levantei dando uma volta e ele bateu palmas para mim, vindo me beijar.

“Só faltam os seus presentes para colocar na árvore.”

“Estão aqui.” Andei até uma prateleira pegando as sacolas com os presentes que tinha comprado para todos.

“Hum... E tem algo para mim? Eu fui um bom menino esse ano.” Ele riu.

“Tem dois presentes para você...” Sorri docemente.

“Ah... Dois?”

“Sim. Um está dentro de uma dessas sacolas...” Mordi seu lábio. “O outro é só mais tarde.”

“Já sei que vou gostar...” Ele riu maliciosamente e descemos juntos, de mãos dadas.

A família de Matthew tinha acabado de chegar quando descemos. Nicholas, Clarice, Marissa com Mia em seu colo, o seu marido, Simon e Megan. Luke, Ethan e Kenny os recepcionaram. Brian, Mabel e Eleanor estavam terminando de arrumar a mesa. Mia abriu um enorme sorriso assim que viu Matthew, ele colocou as sacolas embaixo da árvore de natal para poder pegá-la no colo, Marissa a pôs no chão e ela veio correndo para ele.

“Titio!” Ela gritou e ele a levantou, a rodando no ar.

“Minha princesinha!” Ele disse lhe dando vários beijos.

“Ela está enorme Marissa!” Disse para ela, que me deu um breve abraço.

“Já está com dois anos, dá para acreditar como passou rápido?” Ela sorriu.

“Passaram voando mesmo. Tudo bom Simon?” Perguntei para o marido de Marissa, enquanto nos cumprimentávamos.

“Tudo ótimo. Obrigado por nos receber!”

“Ela vai fazer parte oficialmente dessa família em pouco tempo...” Megan o interrompeu rindo e me abraçou. “Tem mais é que nos receber mesmo!”

“Em que espaço de tempo você ficou mais alta que eu?” A olhei de cima a baixo incrédula. Eu havia conhecido Megan quando ela era uma adolescente, novinha, uma criança praticamente e agora ela já iria fazer 18 anos.

“Essa família tem uma boa genética...” Ela deu de ombros rindo e Nicholas se aproximou de nós.

“Acredite, também ainda não consigo aceitar que ela tenha crescido tão rápido.” Ele falou com diversão. “Você está ótima Sophie, estamos todos contentes que esteja bem agora.”

“Obrigada, é um grande alivio. Sinto como se tivesse nascido de novo!”

“E não é para menos...” Marissa disse e Matthew se aproximou de nós.

“Richard vai se juntar a nós?” Nicholas perguntou para Matthew.

“Nós o convidamos, mas não sei se ele irá vir.” Matt respondeu.

“Ele deve ter coisas mais interessantes para fazer...” Ouvi pela primeira vez ali a voz de Clarice.

“O que seria mais interessante de se fazer no natal do que passar com a própria filha?” Matthew disse a olhando feio e todos nós ficamos em silêncio.

“Mas ela não é, de fato, a filha dele.” Clarice disse e olhou para mim. “Não é verdade querida?”

Matthew ia responder algo, mas coloquei a mão em seu braço, como um pedido para que não fizesse.

“Sim, querida.” A respondi ironicamente. “Eu não sou filha de sangue dele. Algum problema quanto a isso?”

“Eu nenhum.” Ela riu irônica. “Mas você deve ter todos. Imagina só, não saber nada sobre sua família, ser sozinha no mundo... Isso é muito triste.”

“Tem pessoas bem piores que eu, pode ter certeza.” Falei com desdém.

“Enfim, já chega.” Nicholas falou. “As duas.”

Um silêncio constrangedor se instalou na sala, até Mia ficou nos olhando confusa, como se tentasse entender o que estava acontecendo ali, quando finalmente a campainha tocou. Luke apressou-se em ir abrir a porta, Matthew veio para meu lado e colocou Mia no chão, ela segurou sua mão e a de Simon e quando Luke abriu a porta, Richard estava ali parado, com uma sacola nas mãos. Ele veio?! Eu tinha certeza que ele não iria aparecer, eu nem pretendia convidá-lo, mas Matthew e Brian insistiram, já que se não fosse isso, ele passaria o natal sozinho. Amy tinha ido ficar com sua família e tecnicamente a única família em vida que ele tinha era eu.

“Boa noite.” Richard falou e todos responderam, menos eu. Ainda estava tentando digerir tudo.

“Que bom que você veio, meu amigo!” Nicholas foi até ele e os dois trocaram cumprimentos.

“É... Era a melhor opção que eu tinha.” Richard respondeu esboçando um sorriso e enquanto todos se distraiam com a presença dele e conversavam entre si, saí de fininho para pegar um ar.

Acho que era um pouco de informação demais. Esse monte de gente aqui, quando eu costumava passar o meu natal apenas com Luke... Mas definitivamente não era mais só Luke e eu. Isso era bom por um lado, era legal quando todos nos reuníamos, o laço que criamos com o passar do tempo era muito importante para mim, já que essas pessoas estiveram presentes em todos os meus bons e principalmente, nos meus piores momentos também, mas não deixava de ser assustador. Talvez pelo fato de fazer tantos anos que eu não passava o natal com Richard, se é que aquilo poderia ser chamado de ‘passar o natal’. Eu sequer sentava a mesa com ele e Amy, algum empregado deixava uma bandeja em meu quarto na hora do jantar e a árvore nunca tinha um presente para mim, o que não era um problema, eu já estava acostumada com isso, mas agora ele estava ali e eu sabia que ele estava tentando alguma forma de reaproximação. Ele e Matt estavam mais próximos, eu ouvia eles conversando pelo telefone e sabia que ele tinha se tornado uma presença frequente no prédio da Trammer’s. Eu havia proibido a entrada dele quando fiquei com a maioria das ações, mas depois de tanto tempo desacordada... Eu não tinha mais poder de mandar quem poderia entrar lá ou não.

O fato de estar afastada do trabalho me incomodava um pouco, mas eu sabia que não era hora para voltar agora, eu não sentia mais aquela necessidade desesperada de estar no controle de tudo, de mandar em todo mundo, de trabalhar horas e mais horas seguidas, quase sem intervalos. Acho que no fundo, isso era apenas uma válvula de escape que eu tinha para evitar os dramas e problemas da minha vida pessoal. Mas agora a minha vida pessoal estava em ordem, ou pelo menos quase. Eu tinha um noivo lindo, que me amava, que estava comigo o tempo todo e uma família incrível, os únicos problemas que me restavam eram uma futura sogra que me odiava e um projeto de pai que eu não conseguia perdoar, por mais que eu tentasse. E acreditem, eu tentava muito.

“Atrapalho?” Ouvi uma voz e quando virei na direção dela, vi Ethan parado atrás de mim.

“Não.” Sorri e voltei a olhar para o céu.

“Precisava de uns minutos?” Ele ficou ao meu lado.

“Algo assim...” Disse e ele assentiu.

“Ela vai aprender a gostar de você, você sabe disso... Não dá pra ter raiva de você.” Ele falou e eu o olhei confusa. “Sua amável quase sogra.”

“Ah...” Disse e ri. “Ela vai ter que me engolir.” Disse com diversão.

“Seu noivo está dando uma bronca nela, nesse exato momento. Então ele deve estar tentando obrigá-la a te engolir.” Ethan falou rindo com mais vontade e ficamos alguns minutos em silencio. “Mas não é só isso que está te incomodando, não é?” Fiz que não com a cabeça. “Richard está tentando Sophie e isso é notório.”

“Eu sei... É só...” Parei por um minuto tentando organizar as ideias. “Faz tanto tempo que ele deixou de ser uma presença na minha vida. E quando eu digo presença, quero dizer alguém que quer estar ali na minha companhia, não só por obrigação e eu acho que não sei mais como é ter ele por perto.”

“Ele não é minha pessoa preferida no mundo, eu presenciei várias discussões diferentes entre vocês, mas olha só você... A oportunidade que a vida te deu, essa outra chance. Talvez essa outra chance seja para você fazer a diferença.”

“Eu não consigo perdoá-lo. Eu até compreendo algumas atitudes, principalmente depois de conhecer Beatriz, mas... Não dá.” Suspirei derrotada e ele pôs a mão em meu braço.

“Esse perdão não vai fazer só bem para ele, mas vai fazer bem para você também. Devia pensar nisso.” Eu concordei em silêncio, por que não queria estragar meu humor com aquela conversa.

“Já vamos servir o jantar!” Eleanor apareceu sorridente e pareceu não se importar ao me ver ali com Ethan.

“Estamos indo amor.” Ethan disse docemente e ela sorriu para ele, saindo logo depois.

“Como estão as coisas entre vocês dois?” Perguntei, mas por mera formalidade. Qualquer um poderia ver que eles estavam completamente apaixonados um pelo outro.

“Ela é maravilhosa.” Ele sorriu. “Chegou no momento certo na minha vida.” Eu sorri também ao ouvir isso.

“Eu fico muito feliz Ethan e principalmente por não termos nos afastado. Sei que a situação é no mínimo um pouco bizarra entre nós quatro...”

“É muito bizarra.” Ele falou rindo. “Mas somos adultos Sophie. Nós dois tentamos e o tempo que passamos juntos foi muito especial para mim, mas não deu certo. Você seguiu sua vida e eu segui a minha... De uma forma um pouco torta, eu admito.” Nós dois rimos. “Mas eu quero que você saiba que eu estou sempre aqui para você, no que precisar.”

“Obrigada, de verdade.” O abracei forte e ele me deu um beijo no rosto.

Nós entramos e nos dirigimos para a sala de jantar, onde a mesa estava toda posta e o serviço de Buffet que tínhamos contratado, já havia deixado tudo preparado para nossa ceia. Sentei ao lado de Matthew e lhe dei um beijo rápido.

“Desculpe pelo o que houve...” Ele disse um pouco sem graça.

“Não tem problema. O que seria de um jantar em família, sem um pouco de drama?” Esbocei um sorriso, mas ele continuou sério.

“Eu a fiz prometer que vai ser menos desagradável com você.”

“Relaxa amor...” Segurei sua mão. “Você vai ver como nós duas vamos acabar nos entendendo.” Sorri e ele pareceu ficar um pouco mais aliviado. Só em outra vida nós duas vamos ser capazes de nos entender...

Nossa ceia seguiu tranquilamente, fomos capazes de ficar por alguns minutos sem algum comentário desnecessário. Quando terminamos de comer, abri a porta do jardim, para Baby e Cristal entrarem em casa e eles fizeram a festa. Mia ficou encantada por Cristal, que também não ficou atrás, estava apaixonada por ela.

A música de fundo era animada e estava havendo uma espécie de competição de dança, Luke estava ganhando de lavada e arrancando muitas risadas nossas. Marissa e eu ficamos conversando por um bom tempo, ela me contou como estava sendo a rotina agora depois de ser mãe.

“É muito trabalhoso, com toda certeza.” Ela riu. “Mas é muito prazeroso vê-la crescendo a cada dia.”

“Eu imagino.” Sorri observando Mia, Matthew e Megan brincando com os cachorros. “Matt nem esconde que é caidinho por ela.”

“Ele sempre adorou crianças. De nós, era o único que sempre falava de ter filhos...” Ela parou de falar, me olhando constrangida. “Me desculpe, eu não...”

“Nem liga pra isso.” A tranquilizei. “Essa história de não poder ter filhos não é uma questão para mim, não mais pelo menos.” Falei honestamente. “Eu já havia conversado com ele há um tempo sobre adotar.”

“Isso é ótimo! Então vocês pensam em adoção mesmo?” Ela disse animada. “Ia ser muito bom mais uma criança na família.”

“São planos futuros.” Sorri. “Vamos primeiro pensar no casamento, depois vamos nos preparar para ser pais.”

“Claro, com certeza. Vocês merecem curtir bastante a vida a dois, depois de tudo o que aconteceu... Precisam aproveitar bastante, por que com a paternidade vem muito trabalho duro.”

“Sim... Inclusive, ele planejou uma viagem para nós dois depois do casamento de Brian e Mabel. Uma espécie de pré-lua de mel.”

“Olha só!” Ela disse com diversão. “E para onde vocês vão?”

“México.”

“Vai ser uma viagem incrível, eu tenho certeza!” Ela sorriu.

“Mamãe!” Mia gritou a chamando.

“Com licença, o dever me chama.”

“Fique a vontade.” Disse para Marissa que saiu indo para onde os seus irmãos estavam e eu fui pegar outra bebida.

Fui até a cozinha encher minha taça, não ia beber muito, era apenas a segunda taça de champanhe e eu pretendia parar por ali. Quando me servi e virei para voltar para a sala, onde todos estavam, dou de cara com Clarice, me encarando com as mãos na cintura.

“Com uma saúde tão frágil...” Ela se aproximou e encheu uma taça para ela também. “Não deveria estar bebendo.”

“Com a sua idade, você também não deveria.” Sorri. “Devo mandar fazer uma sopinha para você? Algo que fique melhor de se digerir e não force a dentadura.” Ela me fuzilou com os olhos e eu comecei a caminhar para fora.

“Eu só quero o bem dele, Sophie.” Ela disse, me fazendo virar novamente em sua direção.

“E você acha que eu não quero o mesmo que você?”

“Já ouvi muito sobre você. Sobre como não se apega a ninguém, não cria laços, não gosta de compromissos...”

“Isso foi há muito tempo Clarice. Não sei se você soube, mas várias coisas aconteceram desde então.” Disse impaciente.

“Eu não vou deixar que você me afaste dele.”

“Não seja por isso, nem vou precisar ter esse trabalho...” Falei e ela me olhou confusa. “Você mesma já está fazendo isso.”

“Acha mesmo que ele escolheria você a mim? Sério?”

“Clarice, por que você não usa um pouco da inteligência que eu sei que você tem?” Coloquei minha taça em cima do balcão e me aproximei dela. “Você casou, teve seus filhos, tem sua casa, seu marido... Tem sua vida já feita. A do Matthew só está começando e ele decidiu ter uma vida comigo. No fim das contas, ele vai acabar se afastando de você de qualquer forma.” Dei de ombros.

“E você espera mesmo que eu comece a tratá-la como a nora que eu pedi a Deus?” Ela disse irônica.

“Eu realmente pouco me importo se você gosta de mim ou não. O que era mais difícil e que para mim foi até fácil, eu já consegui. Que no caso é seu filho.” Ri com sarcasmo. “Você aprovar ou não, não muda o fato de que eu vou casar com ele.”

“Como conseguiu o deixar tão cego?” Ela falou perplexa.

“Ele não está cego Clarice, está apaixonado. Da mesma forma que eu sou apaixonada por ele.” Disse séria. “Apenas aceite que eu o amo e não é você que vai me fazer abrir mão da minha felicidade.” Ela ficou em silêncio e depois suspirou derrotada.

“O que você sugere?”

“Bom... É de conhecimento público que eu não vou muito com a sua cara e você meio que me odeia.”

“Conte algo que eu não saiba.” Ela bufou.

“Acontece que ninguém precisa saber do seu ódio gratuito por mim.” Falei e Clarice cerrou os olhos. “Podemos fingir que nos aturamos, deixamos todos felizes, principalmente o Matthew e francamente, não vamos ter tantos encontros assim... Alguns feriados ou férias, nada demais. Fala sério, você consegue atuar um pouquinho, não é assim tão difícil.”

“Essa é boa... Ter que fingir que somos melhores amiga!” Clarice riu com desdém. “Me poupe!”

“Você quem sabe sogrinha.” Enfatizei a última palavra. “Sua presença não vai me fazer a menor falta mesmo.” Peguei minha taça e saí da cozinha a deixando sozinha.

“Eu estava te procurando!” Matt disse andando em minha direção.

“Só fui pegar outra bebida.” Olhei ao redor e vi que alguns já estavam trocando presentes. “Não deveria ser só a meia noite?” Perguntei com diversão e Matthew riu.

“E eles aguentam esperar por acaso?” Ele segurou minha mão e Clarice apareceu. “Olha só... As mulheres da minha vida.” Matthew colocou o outro braço ao redor dela, ficando entre nós duas.

“Na verdade amor, eu e sua mãe conversamos agora a pouco...” Falei e olhei para Clarice.

“Conversaram?” Ele repetiu incrédulo.

“Sim... Nos desculpamos pelos nossos pequenos desentendimentos e resolvemos começar do zero. Não é sogrinha?” Achei por um momento que era possível sair raios pelos olhos, pela forma que ela me olhou, mas depois ela abriu um sorriso forçado.

“Claro. A sua felicidade vem em primeiro lugar para mim, meu filho, e se vocês querem ficar juntos, eu vou dar total apoio.” Clarice disse e Matthew nos olhou desconfiado.

“Tudo bem então...” Ele falou. “Eu agradeço pelo esforço das duas.” Ele deu um beijo na testa de Clarice e um selinho em mim.

“Eu vou procurar seu pai.” Clarice falou e ele assentiu.

“Sogrinha?” Ele cerrou os olhos me encarando. “Minha mãe dizendo que nos apoia?” Ele cruzou os braços. “Eu tenho cara de idiota, ou o quê?” Ele tentou conter o riso.

“De uma forma não convencional e um pouco torta, demos uma trégua. É isso que importa!” Disse rindo também.

“Uma negociadora nata!” Matthew gargalhou.

“Um fato inegável.” Richard falou, se aproximando mais de nós.

“Não posso mesmo negar minha aptidão para os negócios.” Esbocei um sorriso.

“Gostou do jantar?” Matthew perguntou para ele.

“Sim, muito agradável, mas eu já estou de saída só vim me despedir.”

“Por que tão cedo?” Perguntei e percebi que havia soado interessada demais. “Quero dizer... É que ainda vamos servir a torta e os outros aperitivos.”

“Não tenho mais 20 anos Sophie...” Ele esboçou um sorriso. “Já estou velho e cansado. Depois dos 40, a gente só pensa no conforto da nossa casa e principalmente, da cama.” Assenti em silêncio. “Enfim, eu queria entregar-lhes um presente.”

“Não precisa Richard, só em ter vindo já foi muito importante.” Matt disse cordialmente.

“Eu insisto, por favor.” Ele entregou para mim a sacola que ele trouxe e eu tirei uma pequena caixa azul. Entreguei a sacola para Matt e abri a caixa onde tinham duas alianças de ouro.

“São...”

“São as alianças dos meus pais.” Richard me interrompeu. “Eu espero que aceitem e que as usem.”

“Não podemos aceitar isso Richard.” Matt disse para ele.

“Eu insisto. Eu não sei se os tamanhos vão ficar bons, mas eu conheço um lugar de minha confiança que pode ajustar da melhor forma para vocês.” Richard disse e eu olhei perplexa para Matthew.

As alianças dos meus avós sempre foram de domínio do Richard, era basicamente a única coisa que ele fez questão de guardar deles, eu que ainda havia ficado com algumas poucas peças de roupa, algumas joias, fotos, até mesmo cartas que eles trocavam. Richard nunca fez questão de nada disso, exceto aquelas alianças, que me deixaram bastante surpresa quando ele não usou quando casou com Amy, mas acho que é por que no fundo ele sabia que não era uma boa pessoa para ele e ele não queria usar algo tão puro com quem não merecia.

“Olha o que tem escrito dentro...” Falei para Matthew e ele pegou a aliança maior, que era de meu avô.

“Eu sou da minha amada e minha amada é minha.” Ele leu e me olhou sorrindo. Peguei a aliança que era da minha avó e mostrei para ele.

“Eu sou do meu amado e meu amado é meu.” Li e ele me beijou rapidamente. “Sempre gostei das inscrições por dentro delas.” Olhei para Richard. “Eu sei que significam muito para você, tem certeza que quer que usemos?”

“Claro, não tem motivos pra deixar isso guardado em casa, vocês vão fazer melhor uso.” Olhei de novo para a aliança ainda em choque com o que tinha acabado de acontecer. “Eu já vou indo então, vou me despedir do seu pai Matthew. Boa noite e feliz natal.”

“Obrigado Richard, feliz natal pra você também.” Matthew falou e eles apertaram as mãos.

“Boa noite pai... Richard... Quero dizer...” Me enrolei com as palavras e ele apenas sorriu e saiu. “É o fim dos tempos mesmo.” Olhei chocada para Matthew.

“Eu sei...” Ele falou rindo. “Mas são muito bonitas, se você concordar eu quero usá-las quando nos casarmos.”

“Eu quero, claro que eu quero!” O devolvi a aliança para ele guardar. “Vai significar muito para mim usar essas alianças, vai nos dar sorte.”

“Eu tenho certeza que sim.” Ele guardou os anéis na caixinha e a colocou de volta na sacola.

“Ah, já que estão todos trocando presentes...” Coloquei os braços ao redor do seu pescoço e ele riu.

“Vou ganhar o meu agora?” Ele disse sem conseguir esconder a animação.

“Vai sim! Espera aqui.” Fui andando rapidamente até a árvore e peguei a caixa com o presente dele. Voltei para onde estávamos e a entreguei.

“O que será?” Ele fez suspense e apoiou a caixa na mesa a abrindo, revelando uma outra caixa. “Nossa amor, obrigado. Eu estava precisando de uma caixa mesmo, como você adivinhou?” Ele me olhou com diversão e eu bati em seu braço.

“Tem que abrir a outra caixa, seu besta!” Disse e ele assim o fez, revelando outra caixa. E assim seguiu mais quatro vezes.

“Vai me dar um pingente, é isso?” Ele me olhou confuso segurando uma caixa pequena. “Ou vai me pedir em casamento? Por que agora não conta mais, eu que pedi primeiro.”

“Eu não sei, você tem que abrir.” Dei de ombros.

Ele abriu a caixa e olhou para mim.

“Uma chave?” Ele a retirou da caixa e me olhou incrédulo. “É o símbolo da Ferrari...” Ele observou o desenho nela. “Você me comprou uma Ferrari? Tá falando sério?”

“A gente vai ter que ir até a garagem pra saber...” Sorri maliciosamente e ele me puxou pelo braço para a garagem e quando acendeu a luz, o conversível prata estava lá, apenas o esperando.

“Você tem noção que você me deu uma Ferrari?” Ele falou ainda sem acreditar.

“Eu tenho plena noção.” Assenti. “Você gostou?” Perguntei receosa e ele me olhou boquiaberto.

“Se eu gostei?!” Ele repetiu e me abraçou me rodando no ar e quando finalmente me pôs no chão entrou no carro admirando tudo.

Não demorou muito para todos descerem para a garagem, os homens cercaram o carro fazendo comentários técnicos sobre o motor e outras baboseiras que eu não entendia nada. Mabel, Marissa, Megan, Eleanor, Clarice e Mia ficaram junto a mim, olhando entediadas para eles.

“Não me entendam mal, é um carro muito bonito, mas precisa disso tudo?” Mabel falou e todas nós concordamos.

“Eu sinto como se tivesse dado um doce para uma criancinha obesa que não comia açúcar há muito tempo...” Falei pensativa.

“Eu acho que não foi uma ideia muito boa esse presente.” Marissa falou contendo um riso.

“Sim, serei trocada por um carro.” Disse rindo e todas riram também. Até Clarice riu, para minha surpresa. Mas acho que ela só estava animada com a ideia do filho dela se interessar por algo que não fosse eu.

O fato de não ser completamente aceita pela família de Matthew, por que a ovelha negra ainda não gostava de mim, não me preocupava em nada. No fim, passar por tudo o que passamos ajudou a fortalecer o relacionamento que tínhamos, já que cada segundo que eu passava com ele, era especial para mim. Não perdíamos mais tempo discutindo por bobagens como fazíamos antes, sempre que discordávamos em algo, um dos dois acabava cedendo de boa vontade, por que não adiantava perder o nosso precioso tempo com coisas que não valiam a pena. Eu sabia como ele se sentia sobre mim e ele sabia como eu me sentia sobre ele. Antes de existir amor, existia confiança e amizade. E a verdade é que eu não via a hora de poder dizer ‘Aceito’ e me tornar oficialmente a Sra. Davis.


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