Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 74
Se não fosse amor - Cap. 31: The bitch is back.


Notas iniciais do capítulo

Boa noiteeee!!!
Muitas surpresas boas no capítulo, espero que gostem,
Beijão e boa leitura!



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POV Matthew Davis

Eram 15h40min. Estávamos Richard, Brian, Laila e eu na sala de reuniões, Black e Emily se juntaram a nós, um pouco depois de chegarmos e eu não entendi o motivo de eles estarem ali, mas eles apenas disseram que a presença deles foi requerida. Richard já estava bufando de raiva por ter que ficar esperando.

“Não marcamos 15hrs?” Ele perguntou impaciente para Laila.

“Sim senhor, eu informei o horário da reunião.” Ela respondeu.

“Não precisamos da presença dele aqui, só precisamos do documento assinado.”

“Fizeram questão de entregar o documento pessoalmente Sr. Trammer.” Laila falou e eu percebi um esboço de sorriso.

“Isso é ridículo...” Resmunguei.

“Algum problema Matthew?” Richard me encarou.

“Todos os problemas. Tenho coisas a fazer mais importantes do que ficar esperando um cara que não sabe cumprir horários.” Disse.

“Calma...” Brian sussurrou para mim.

“É... Odeio concordar, mas um homem que não consegue chegar na hora certa em uma reunião, me faz questionar o dom para os negócios.” Richard falou.

“Não é um homem senhor...” Laila disse e todos a olhamos. Ouvi uma risada e voltei minha atenção para Black, ele e Emily trocaram olhares e tentaram disfarçar.

“Você me disse que era um comprador.” Richard encarou Laila.

“Não. O senhor deduziu que era um comprador.”

“Laila, está tentando perder o seu emprego?” Ele cerrou os dentes.

“Muito pelo contrário... Estou garantindo ele.” Ela riu abertamente.

Comecei a ouvir barulhos vindos do corredor, parecia algo batendo no chão... Saltos? A porta se abriu e todos viramos em sua direção. Fiquei em completo estado de choque quando eu vi quem estava na minha frente.

“Sophie?” Richard, Brian e eu dissemos ao mesmo tempo e nos entreolhamos.

“Lar doce lar!” Ele respirou fundo e sorriu entrando na sala e fechou a porta. “Desculpem o atraso, mas eu tenho esse hábito de não conseguir chegar na hora, vocês já devem estar acostumados.” Era a Sophie e eu não estava tendo uma alucinação e cacete... Ela estava linda. Os cabelos mais cumpridos, cacheados e ela não usava mais a antiga bota ou muletas, ela estava conseguindo andar sem ajuda alguma.

“O que você está fazendo aqui?” Richard a perguntou.

“Eu vim entregar um documento em mãos.” Ela deu a volta na mesa e entregou um papel para Laila, que não parecia nenhum pouco surpresa em vê-la.

“Posso saber que documento é esse?” Richard cerrou a mandíbula.

“Ah, não te contaram?” Ela sorriu irônica. “Eu comprei as ações da Trammer’s!”

“Isso é impossível...” Ele falou com raiva e todos nós ficamos em silêncio, apenas os observando.

“Não é não, mas permita eu contar uma breve história.” Sophie sentou em cima da mesa, entre Richard e Laila, balançando as pernas. Ela estava diferente... Mais solta, mais relaxada... Não era a mesma Sophie que saiu daqui fugindo, com toda certeza. “Era uma bela tarde de sol em Mônaco, havia saído para passear com o meu lindo filho Baby e quando voltei para o nosso incrível e maravilhoso hotel, vi um e-mail que tinha recebido do nosso querido amigo Black.” Ela olhou para ele, que assentiu sorrindo. “Com um documento bastante interessante... Pode me entregá-lo Black?” Black se levantou um pouco, a entregando.

“Que documento é esse?” Richard perguntou impaciente.

“Ah, meu caro, eu tenho aqui em mãos uma cópia do testamento do nosso querido Ryan Trammer. E não me interessa o que digam, ele era meu avô.” Ela falou séria e depois voltou a colocar o sorriso sarcástico no rosto. “Eu queria ler um trecho dele para vocês, se não se importarem.” Ela olhou para todos nós e todos concordaram, eu apenas continuei a encarando. “Vejamos...” Ela continuou. “Eu, Ryan Trammer, blá blá blá... E mais blá blá blá... Ah, aqui! A parte que nos interessa.” Sophie limpou a garganta e continuou. “Deixo para minha neta, Sophie Marie Evans Trammer... Que no caso é essa que vos fala.” Ela levantou o dedo. “Um valor igualitário de ações as do meu filho, Richard Trammer, da empresa Trammer&Trammer’s Enterprises. Todo o lucro recebido destas ações deverá ser depositado em uma conta-poupança e entregue assim que minha neta atingir a maior idade, para usos pessoais futuros de interesse da mesma.” Sophie colocou o papel em cima da mesa e cruzou os braços.

“Não estou entendendo aonde quer chegar.” Richard falou cinicamente.

“Eu te explico.” Ela deu um tapinha em seu ombro. “Acontece que, segundo o testamento, eu deveria ter tido direito a 50% das ações da empresa e ter recebido os lucros de todos esses anos, porém, nunca ouvi falar dessa conta e você me cedeu, nada gentilmente, apenas 35% e eu comprei mais 7% com o meu próprio dinheiro.” Ela ficou séria e eu olhei para Brian que estava tão perplexo quanto eu. “O meu primeiro pensamento foi deixar isso para lá. Eu já tenho o meu próprio dinheiro, então não faria questão dessa conta que talvez nem tenha sido aberta para mim, mas aí fiquei meio mexida sobre os valores das ações. Consultei um advogado e ele me instruiu a ir atrás dos meus direitos, afinal, eu não estava fazendo nada de ilegal, mas uma ligação mudou tudo isso. Nossa outra amiga, Emily...” Sophie a olhou por cima do ombro. “A propósito, meus parabéns pela promoção, você merecia isso fazia tempo, eu só não queria perder você.” Emily riu e assentiu. “Eu soube da sua idéia de vender ações e soube também, que você pôs à venda 10% das minhas próprias ações.” Sophie pulou descendo da mesa e nossos olhares a acompanhavam, ela parou atrás de Laila e pôs as mãos em seus ombros. “Entrei em contato com Laila, que além de ser uma profissional incrível, mostrou ser uma amiga fiel.” Laila sorriu e colocou sua mão sobre a de Sophie. “Falei que queria fazer uma proposta pelos 20%, mas que queria ficar em sigilo. Você nunca iria aceitar vender as ações para mim.” Ela deu de ombros. “Mas agora vamos a uma aula de matemática básica!” Ela riu e ficou de frente para Richard. “Se eu tinha 42% e você 58%, tirando 10% de cada um ficamos com 32% e 48%, respectivamente. Agora adicione 20% aos meus 32% e me diga o que acontece.” Ela apoiou seu braço na mesa.

“Você fica com 52%.” Richard a fuzilou com os olhos.

“Não, meu caro Richard. Eu fico com a empresa.” Ela sorriu triunfante. “Agora eu sou a chefona por aqui, oficialmente e como o meu primeiro ato, eu queria com todo o prazer do mundo te dizer Richard, que você está demitido.”

“O quê?” Ele disse incrédulo.

“Como eu posso te explicar...” Ela parou por um momento pensativa. “O seu setor teve um corte. Estamos tendo uma retenção de gastos. Você não é mais operacional.” E então ela riu. “Em outras palavras, está despedido.”

“Você perdeu a noção do perigo. Não pode me demitir da minha própria empresa!” Ele gritou.

“Era a sua empresa, agora é minha.” Sophie gritou também. “E eu posso fazer o que eu quiser. Mas não precisa se preocupar em relação ao dinheiro vai continuar sendo depositado todo mês na sua conta, você só não vai mais poder entrar aqui.” Richard abriu a boca para falar algo, mas nenhum som saiu. “Eu te disse que você ia me pagar e pode ter demorado mais tempo do que eu gostaria de ter esperado, mas valeu a pena.” Ela sorriu. “A sua cara agora está impagável.” Richard ficou em pé, levantando a mão para bater em Sophie. Black, Brian e eu levantamos.

“Não ouse encostar um dedo nela.” Falei com os punhos fechados. Ele olhou para mim, mas Sophie não se moveu.

“Deixa ele bater.” Ela disse o encarando. “Bate com força, para ficar a marca, igual da última vez.” Richard abaixou sua mão.

“Acha mesmo que isso vai ficar assim? Eu levo esse caso para os tribunais se for preciso!”

“Fique à vontade Richard, até por que, ia adorar conversar com um juiz sobre o fato de você ter falsificado a minha assinatura em um documento.” Richard desviou o olhar dela. “Eu não assinei nenhuma autorização para vender as minhas ações e até onde eu saiba, falsificação de documentos ainda é crime nesse país. Então marque uma audiência, vou comparecer com todo prazer.”

“Você não passa de uma mal agradecida...” Ele a olhou com desdém.

“Não, não sou mal agradecida. Reconheço tudo o que você fez por mim, mas eu sou justa. Já está na hora de seguir a minha vida sem nenhuma interrupção sua.” Ela andou até a porta e a abriu. “Você saí por bem ou eu chamo os seguranças? É a mim que eles obedecem agora.” Richard andou rapidamente para a porta, esbarrando de propósito nela e saiu batendo a porta com força.

Um clima de tensão ainda existia no ambiente, ela suspirou r se virou para nós.

“Mas gente... Pra quê essas caras de enterro? Ninguém ficou feliz em me ver?” Sophie falou e todos se levantaram e foram até ela a abraçando, exceto eu, que voltei a sentar em minha cadeira.

“Sua pequena terrorista!” Brian a pegou no colo e falou rindo. “Que saudades de você!”

“Eu também estava com saudades de vocês todos!”

“E esse look todo poderoso?” Emily falou e Sophie deu uma volta.

“Gostou? Tive que comprar tudo de novo, saí daqui com a roupa do corpo praticamente!” Ela sorriu.

Eles continuaram conversando animados com ela, perguntando como tinha sido a viagem e comemorando ela ser a nova dona da empresa... Eu não sabia o que estava sentindo naquele momento e decidi tentar sair despercebido. Levantei e saí de fininho, me escondendo por detrás das pessoas, quando senti alguém puxando o meu braço.

“Não vai falar comigo?” Sophie falou sorrindo.

“Eu... Ér... Tenho umas coisas para fazer.” Soltei-me dela e ela franziu a testa.

“A gente pode conversar depois?” Ela perguntou e apenas assenti.

“Eu vou para o meu escritório, pode subir quando puder.”

“Eu vou já já.” Ela riu. “Acho que eu lembro o caminho ainda.”

“Ótimo.” Esbocei um sorriso e saí.

Fudeu... Fudeu... Fudeu... Ela voltou. Andei para o elevador, apertando o botão insistentemente, como se isso fosse o fazer chegar ao meu andar mais rápido. Assim que as portas abriram, entrei quase desesperado para me manter um pouco afastado de tudo. Afrouxei o nó da gravata e respirei fundo, em uma tentativa de manter a minha sanidade que estava por um fio a essa altura. As portas abriram em meu andar rotineiro e eu saí andando em direção ao escritório.

“Ocorreu tudo bem na reunião?” Jason perguntou e eu me assustei um pouco, por estar distraído.

“Foi...” Parei tentando escolher as palavras corretas. “Foi surpreendente, eu diria.” Jason me olhou curioso e eu continuei a fazer meu caminho até minha sala.

Entrei, fechando a porta e afundei-me em minha cadeira, apoiando o rosto nas mãos. Cacete, por que estou nervoso? Olhei minhas mãos, que estavam um pouco trêmulas. Ela não vai mexer comigo desse jeito... Eu me recuso a isso. Levantei e peguei uma garrafa com água, a bebendo um pouco e senti meu celular vibrando no bolso. O peguei e era Luke.

“Acabei de receber uma mensagem de Brian, mas ele não me atende. É verdade?” Luke falou e eu voltei a sentar em minha cadeira.

“É verdade...”

“Eu não acredito!” Ele gritou animado. “Mande ela me ligar nesse exato minuto!”

“Eu não estou na mesma sala que ela, mas ela vai te ligar assim que puder, com certeza...”

“Por que você não parece animado?”

“Por que eu não sei o que eu estou sentindo agora, eu não esperava por isso.”

“Matt eu sei, foi um inferno para nós, para você principalmente... Mas acabou, nossa Sophie voltou!”

“As coisas não são assim tão simples Luke, ela decidiu me excluir da vida dela e se ela acha que tudo vai estar exatamente igual mesmo depois de um ano, ela está muito enganada.”

“Olha, apenas não se matem. Vocês têm muitas coisas para resolver mesmo e...”

“Não tenho nada para resolver com ela. Nada que não esteja relacionado ao trabalho.” O interrompi e falei secamente.

“Matthew...” Ele suspirou. “Por favor, ela acabou de voltar, não a coloque pra correr.”

“Foi ela quem quis assim, não é minha culpa.”

“Tudo bem, o pior é que entendo você estar tão magoado assim... Mas eu espero que vocês consigam se acertar, de todo coração.”

“Obrigado por compreender Luke, mas isso não vai ser mais possível.” Ouvi uma risada do lado de fora. “Eu preciso ir agora, nos falamos mais tarde?”

“Claro, sem problemas. Quer sair para jantar? Acho que nós dois merecemos uma noite para conversar.”

“Sim, só me avise o restaurante e o horário.”

“Ok Matt, até mais tarde.”

“Até Luke.” Desliguei o celular e levantei, andando até a porta.

Quando a abri, vi Sophie conversando com Jason e os dois riam como se fossem amigos há anos.

“Ah, imagina, deveria ter orgulho de dizer de onde você é. O Texas é um lugar maravilhoso!” Ela disse sorrindo.

“A senhorita já foi lá?” Jason perguntou.

“Não...”

“É por isso que está dizendo isso.” Ele falou rindo e ela começou a rir também, voltando seu olhar para mim, quando percebeu que eu estava vendo tudo.

“Onde você achou ele?” Ela me perguntou e olhou para Jason.

“Foi indicação de Emily.” Respondi secamente e percebi Jason ficando sem graça ao sentir o clima tenso entre nós dois. “Vejo que já conheceu a Srta. Trammer, Jason.” Disse para ele, que assentiu.

“Não, ele conheceu a Sophie.” Ela sorriu e olhou para ele. “Só Sophie, por favor.”

“Como a senhorita, quero dizer, como você quiser.” Jason falou cordialmente.

“Você pode verificar se o Sr. Davis pode me receber?” Ela disse com ironia e eu a olhei feio.

“Eu vou me reunir agora com a Srta. Trammer.” Falei para Jason e ignorei Sophie revirando os olhos. “Peça para o técnico do telefone vir de novo, ainda está com problema. Qualquer coisa você pode me chamar.”

“Sim senhor, vou providenciar agora.” Jason disse e eu virei de lado, deixando o caminho livre para Sophie.

“A senhorita primeiro.” Ela riu e passou por mim, depois virou me encarando com os olhos cerrados.

“Cortou o cabelo...” Ela disse mais como um pensamento e continuou fazendo o caminho até minha sala.

Entramos e eu fechei a porta, ela ficou observando tudo.

“Incrível... Não mudou nada!” Ela pôs as mãos na cintura e me olhou rindo, apenas dei de ombros e sentei, colocando umas pastas em cima da mesa e ela as olhou, curiosa. “O que é isso?” Ela sentou também, na cadeira de frente a minha mesa.

“Esses são os relatórios mensais dos lucros e gastos do último ano e a sua sala continua da mesma forma de antes, não deixei que mudassem.”

“E por quê eu deveria saber disso?”

“Porque se você vai voltar para a presidência, deve querer saber como ficou nossa economia enquanto esteve fora e a sala é sua, deve fazer o que quiser com ela.”

“Eu não vou voltar para a presidência.” Ela falou com diversão e eu franzi a testa. “Por que achou isso?”

“Como não vai?” Repeti confuso. “Eu achei que você tinha comprado as ações para...”

“Ah... Não, não.” Ela me interrompeu. “Aquilo foi só pra provar ao Richard o que todo mundo já sabia, que eu sou melhor e mais inteligente que ele.” Ela deu de ombros. “Esse era um dos assuntos que eu queria falar com você, vai assumir a presidência oficialmente e Brian vai ser o novo vice-presidente.”

“Não quero ser o presidente da empresa.” Falei perplexo. Definitivamente era muita informação de uma só vez.

“Não se trata de você querer ou não querer. Não ouviu meu discurso? Eu que mando agora.” Ela cruzou as pernas. “Eu tenho me mantido atualizada sobre a economia da empresa, você e Brian fizeram um ótimo trabalho. Mesmo com toda essa crise econômica, não deixaram isso nos abalar, fiquei realmente muito feliz com o trabalho de vocês dois.”

“Então se eu vou ser o presidente e Brian o vice, o que você vai fazer?”

“Ah... Sei lá...” Ela riu. “Passear com o Baby e a Cristal, fazer compras, ir ao salão de beleza, mais compras... Essas coisas.”

“Quem é Cristal?” Falei confuso.

“É a namorada do Baby. Você tem que ver, ela é uma coisa de linda! É husky também, só que ela tem um pêlo todo branco sabe? E também...”

“Espera aí!” Gritei levantando. “Uma coisa de cada vez. Você não pode resolver voltar e colocar tudo de cabeça para baixo, você não tá sequer me dando um tempo pra raciocinar sobre isso tudo! Eu tenho perguntas para fazer também!” Ela ficou um pouco boquiaberta e piscou algumas coisas levantando e ficando de frente para mim.

“Você tem razão. Pode perguntar o que quiser perguntar.”

“Ok, primeiro, por onde esteve todo esse tempo?”

“Muitos lugares.” Ela sorriu. “Londres, Roma, Paris, Rio de Janeiro...”

“Eu já sei disso...” Bufei.

“Como sabe?” Ela perguntou e eu tirei uma pasta menor de dentro de uma das minhas gavetas a entregando.

“Black me manteve atualizado.” Sophie abriu a pasta e começou a passar as folhas.

“Mandou ele me vigiar?” Ele me olhou com divertimento e sentou em cima da minha mesa lendo rapidamente as folhas. “Então você sabe por onde eu estive. Próxima pergunta.”

“Eu sei os países, as cidades. Não sei o que andou fazendo, é isso que quero saber.”

“Algumas coisas... Nada demais.” Ela disse indiferente.

“Então você ficou longe de casa por um ano por motivos insignificantes?” Falei cruzando os braços, parando na sua frente e ela me olhou com a cabeça inclinada.

“Como conseguiu ficar tão ranzinza em apenas um ano?”

“Eu não sou ranzinza. Você que é uma inconseqüente.” Disse com raiva. “Achou que ia passar um ano fora e quando voltasse ia estar tudo do mesmo jeito que você deixou quando foi?” Olhei para as suas pernas e ri com sarcasmo. “Da última vez que te vi, ainda andava com muletas. O que aconteceu?” Ela desviou o olhar de mim.

“Muita coisa aconteceu, Matthew.” Pela primeira vez desde que ela chegou, ela parecia estar falando sério e honestamente.

“O que aconteceu?”

“É que...” Ela sorriu. “Eu não sei nem por onde começar.” Ela suspirou e eu sentei na cadeira que ela estava sentada antes. “Ok...” Ela cruzou as pernas. “Quando eu saí daqui, fui para Londres. Eu só queria dar um tempo de tudo, eu tava chateada com tudo o que tinha acontecido, mas...” Ouvi alguém batendo na porta.

“O que foi?” Gritei e a porta abriu um pouco, era Jason.

“Desculpa senhor, a Stra. Willians ligou pra confirmar o almoço de amanhã.”

“Diga que está confirmado, no mesmo restaurante de sempre.” Disse educadamente, Jason assentiu e fechou a porta. Voltei minha atenção para Sophie, que me olhava chocada.

“Willians?” Ela disse incrédula. “Voltou a namorar com a Lindsay Demônia?”

“Eu acho que isso não é mais da sua conta.” Sorri irônico e ela me olhou surpresa. Sophie desceu da mesa e começou a andar em direção à porta e eu fiquei de pé.

“Aonde você vai? Não vai me contar o que aconteceu com você?”

“Eu ia...” Ela parou segurando a maçaneta da porta e me olhou por cima do ombro. “Aí eu lembrei que isso não é mais da sua conta.” Ela falou com sarcasmo e abriu a porta. “E a propósito...” Ela me olhou de cima a baixo. “Odiei seu cabelo e essa barba.” Sophie saiu batendo a porta e eu me recusei a ir atrás dela.

Já chega de correr atrás dessa mulher, se ainda te resta algum pouco de dignidade, você vai ficar aqui Matthew! Meu subconsciente me repreendeu. E realmente, já bastava. Tudo tem limite e Sophie já tinha ultrapassado todos eles.

O resto da tarde foi completamente improdutiva, eu odiava admitir, até tentei mentir para mim, mas era difícil vê-la. Era como se não tivéssemos colocado um ponto final na nossa história, mesmo ela já tendo acabado, por que para mim era claro, ela só conseguia amar a si mesma e eu não estava disposto a ser sempre colocado de lado. Que garantias eu tinha de que se acontecesse algum problema, ela não iria ir embora de novo? Eu entendia o porquê dela ter ido, naquela situação onde tudo estava tão confuso... Ela merecia um tempo para si e eu tentei ser o mais compreensivo possível, mas já tinha cansado de mendigar o amor dela, quando eu com certeza nunca iria ter.

Ao fim do dia, passei em casa rapidamente, apenas para mudar de roupa. Coloquei uma calça jeans e blusa de mangas branca e saí para ir jantar com Luke, Kenny tinha viajado e só voltaria no fim de semana. Cheguei ao restaurante e o avistei de longe na mesa, nos cumprimentamos e assim que sentei, pedi um whisky puro.

“Pela sua cara...” Luke bebeu sua água. “Não foi um reencontro muito bom.”

“Foi péssimo.” Recostei-me na cadeira, esticando as pernas por debaixo da mesa. “Já a viu?”

“Ainda não. Quando passei em casa, um pouco antes de vir para cá, o pessoal do condomínio estava terminando de colocar as coisas dela no apartamento. Sabia que tem dois cachorros agora?” Ele riu.

“Ela comentou comigo...” Dei um gole em minha bebida, que desceu rasgando pela minha garganta.

“Acha que ela volta quando a trabalhar? Daria tudo para ver a cara daquele azedo do Richard quando soube que ela que comprou as tais ações.”

“Ela não vai voltar a trabalhar.”

“Não?” Ele falou surpreso. “Como não?”

“Isso mesmo.” Virei o copo, bebendo todo o líquido e levantei o copo para o garçom, pedindo outro.

“Eu não estou entendendo nada...” Luke disse confuso.

“Bem vindo ao time então!” Falei sarcástico.

O garçom trouxe minha bebida e Luke pediu alguns petiscos. Tomei mais um gole e engasguei quando vi quem estava vindo em nossa direção com uma cara de poucos amigos.

“O que ele está fazendo aqui?” Sophie cruzou os braços me encarando.

“O que ela está fazendo aqui?” Perguntei para Luke.

“Eu fui convidada.”

“Eu também fui convidado.” Voltei a encará-la.

“Vocês brigam depois!” Luke se levantou. “Não vai me abraçar sua vadia ingrata?” Sophie esboçou um sorriso e os dois se abraçaram. “Argh que saudade que eu estava de você!” Luke se afastou sorrindo.

“E eu meu amor! Você está incrivelmente muito gato!” Ela riu.

“Eu queria te pedir desculpas, agora pessoalmente. Por toda aquela história de você e do Richard... Eu deveria ter contado e...”

“Esquece isso Luke!” Sophie o abraçou de novo. “Você não sabia como me contar e estava com medo de como eu ia receber a noticia, eu entendo. Já passou, deixa isso para lá.” Luke assentiu.

“Mas e você heim?! Que corpo é esse? Que look é esse?” Ele fez Sophie dar uma voltinha. Ok Luke, entendemos... Chega de me torturar.

“Gostou?” Ela colocou as mãos na cintura. Não olhe para o decote, Matthew. Não olhe para o decote.

“Claro que sim! E você está de salto... Já consegue andar bem, então?”

“Posso correr uma maratona se quiser.” Ela riu e tirou o casaco, o colocando em sua cadeira e sentou de frente para mim. “Garçom!” Um rapaz se aproximou tirando o caderno para anotar o pedido.

“Suco ou vinho?” Luke perguntou.

“Um martini, por favor. Bem forte.” Sophie pediu ao garçom, ele assentiu e saiu.

“Desde quando bebe martini?” Perguntei.

“Isso também não é da sua conta.” Ela sorriu irônica e eu bebi mais um gole da minha bebida.

“Tem razão, o que você faz ou deixa de fazer não é da minha conta mesmo.” Falei com desdém.

“Lindsay aprova esse seu novo visual de mendigo pós-moderno?” Ela falou.

“Acho que Lindsay não se importa com o visual dele, Sophie.” Luke respondeu por mim.

“Ah... Então você tá por dentro do lance com a Lindsay.” Ela riu debochando. “Mas é claro, vocês são best friends forever, ou algo esquisito assim...”

“Tá falando sobre o casamento?” Luke perguntou sem entender nada e Sophie o olhou perplexa. Fingi dar mais um gole em meu whisky, mas na verdade estava tentando conter o riso pela forma chocada que ela me olhou. Era legal fazer raiva a ela.

“Casamento?” Ela repetiu e o garçom trouxe sua bebida.

“Sim, a Lindsay vai casar.” Luke disse. “Matthew está cuidado do acordo pré-nupcial. Parece que o noivo dela era um amigo dos tempos de colégio e eles se reencontraram... Não é algo assim, Matt?” Luke olhou para mim e eu não consegui mais conter um riso, principalmente depois de ver a cara de alivio que ela fez.

“É exatamente isso.” Assenti e cruzei os braços a encarando e juro que ela ficou vermelha.

“Claro.” Ela esboçou um riso. “O noivo é tão bom que quer garantir um acordo pré-nupcial...” Ela disse tentando mudar de assunto e bebeu sua bebida quase toda de uma vez.

“Ela que pediu o acordo.” Falei e ela me olhou surpresa.

“Acordo para quê? O que aquela criatura tem nessa vida além de caneta e papel?”

“Na verdade, Sophie, os pais da Lindsay são donos de um hotel bem grande e conhecido na Califórnia, além de serem donos de vários imóveis que eles alugam.” Disse tentando conter a diversão em minha voz. “Ela não gosta de viver à custa dos pais, mas a realidade é que vai ser tudo dela futuramente e ela quer preservar isso.”

“Bom...” Ela limpou a garganta. “Que mulher fascinante.” Ela pegou a azeitona que tinha na sua taça e comeu.

“Olha só... Só eu que estou sentindo o clima de tensão aqui nessa mesa?” Luke disse.

“O bonitão aí que começou.” Sophie falou me acusando.

“Claro que fui eu.” Olhei para Luke. “Fui eu quem foi embora.”

“Mas eu voltei...”

“Depois de um ano.” A encarei.

“Ok, não vamos começar uma discussão.” Luke disse interferindo. “Sophie, querida... Foi um ano, não é?” Ele olhou para Sophie. “Você foi embora sem avisar, mal dava noticias, nos deixou preocupados e sentimos sua falta.” Ele olhou para mim. “Matthew, ela pode ter errado, mas o que importa é que ela está aqui de volta.”

Ficamos em silêncio uns momentos, um esperando o outro dar o braço a torcer.

“Eu...” Ela começou a falar. “Eu sinto muito por ter preocupado vocês.” Ela suspirou. “E não espero que me desculpem, vou entender se não me desculparem. Mas se eu passei esse tempo fora era por que eu precisava, não posso voltar no tempo e desfazer isso tudo.” Ela estava séria e eu sabia que ela estava sendo sincera.

“Eu não tenho o que desculpar.” Apoiei os cotovelos na mesa. “Precisava de um tempo e teve o seu tempo. O que importa é você está bem e está aqui, o resto é só resto.” Falei e ela sorriu.

“E voltamos a ser uma família feliz!” Luke disse animado. “Podemos comer em paz agora?” Sophie e eu concordamos.

“Aproveitando... Eu ainda não tinha ido em casa, mas quando fui antes de vir para cá, o seu quarto estava vazio.” Sophie olhou para Luke. “Tem alguma coisa que você queira me contar?”

Luke ficou um pouco nervoso ao falar que se mudou, mas contamos que o apartamento era apenas alguns andares abaixo do apartamento dela e obviamente, ela não poderia apenas aceitar os fatos, reclamou o resto da noite que teria que descer dois lances de escada cada vez que quisesse ver o Luke.

Não falamos sobre nós dois, nem tivemos essa oportunidade e eu não queria ter essa conversa com ela agora. Era mais fácil seguir em frente quando ela não estava aqui, por que ela parece mais bonita do que nunca, peguei-me por diversas vezes ao longo da noite, apenas a olhando, admirando ela. O jeito que os olhos fechavam quando ela ria, o som da sua risada, o corpo e que corpo... Matthew Jr. não é hora de se manifestar... Mas isso não importava mais. Eu já tinha superado essa fase Sophie Trammer da minha vida. Ou, pelo menos, eu precisava me convencer que eu tinha.


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