Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 21
Segredos de um passado.


Notas iniciais do capítulo

ALERTA DE SPOILER!
Passado da Sophie com Connor revelado nesse capítulo.

Espero que gostem meninas! Beijãaaaao.



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Connor está aqui. Matthew está aqui. Sophie está aqui. Sophie vai se dar muito mal...

“Senhorita?” Emily me chamou me fazendo voltar a realidade.

“Está tudo bem?” Matthew colocou sua mão sobre a minha.

“Está tudo maravilhosamente bem.” Tentei sorrir. “Ér... O Sr. Hastings disse sobre o que ele queria tratar?” Perguntei a Emily tentando conter meu nervosismo.

“Não, ele apenas disse que precisava muito conversar com a senhorita e em particular.” Emily disse, olhei para Matthew.

“Eu posso voltar depois.” Ele esboçou um sorriso e se levantou indo até a porta.

“Então... Pode deixar subir, eu acho.” Assenti e Emily saiu junto com Matthew.

O que ele quer? Luke ia ficar puto quando eu contasse que Connor veio atrás de mim no trabalho, no mínimo ia querer ir esfolar ele. Respirei fundo, ajeitei minha roupa, passei a mão nos cabelos, tirei meus óculos e eis que alguém bate na porta.

“Pode entrar.” Falei e Connor adentrou em minha sala. Ele usava um blazer, calças jeans e parecia tenso.

“Olha só você...” Ele falou sorrindo. “Nem parece a mesma menina que eu namorei.”

“Você também está diferente Connor. 10 anos mudam a gente.” Esbocei um sorriso. “Sente, por favor, fique a vontade.” Falei educadamente. “Eu confesso estar surpresa com a sua visita... Aconteceu algo?”

“Aconteceu. Quer dizer... Eu espero que aconteça.” Ele respirou fundo sentando. “Eu quero que você saiba que eu pensei muito antes de vir aqui falar com você Sophie, pensei muito mesmo, mas resolvi arriscar.”

“Arriscar?! Arriscar o quê?” Perguntei confusa.

“Eu preciso de ajuda. Da sua ajuda. E preciso que mantenha a mente aberta para o que eu vou pedir.”

“Como eu posso ajudar?” Não estou gostando do rumo dessa conversa...

“Depois que terminamos... Eu... Eu conheci outras mulheres, me relacionei com outras pessoas, mas nenhuma despertou em mim o que você despertava. De modo que hoje, já com trinta anos, nunca casei ou tive um relacionamento que durasse mais de um ano.”

“Aonde você está querendo chegar?” Apoiei os cotovelos na mesa e cerrei os olhos.

“Com o passar dos anos Sophie, eu mudei. Você mesma disse que os anos nos mudam. Eu era infantil, imaturo, não queria nada sério, mas hoje é diferente. Faz bastante tempo que eu venho alimentando um desejo, um desejo muito grande de ser pai.”

“Connor...” Pisquei várias vezes. “Eu sinceramente não entendo como eu posso ajudar com isso.”

“Eu quero um filho. E quero que você seja a mãe dele.” Ele disse por fim me olhando receoso.

“Você...” Comecei a rir. “Você só pode estar brincando comigo não é?”

“Na verdade é muito sério... Você é inteligente, determinada, linda, cuidadosa, atenciosa... Não consigo imaginar outra pessoa que seja melhor mãe que você.”

“Você está ficando louco Connor. Acha que eu vou pra cama com você só pra engravidar e ter um filho seu?”

“Eu estive pensando em fazer um procedimento de inseminação, mas se você quiser da maneira tradicional, eu não me incomodo com isso.” Ele riu.

“Mas nem morta Connor.” Gritei levantando. “Por que raios você achou que eu ia aceitar uma barbaridade dessas?”

“Eu sei que errei muito com você...” Ele se levantou ficando de frente a mim. “Mas, eu quero consertar tudo.”

“Com outro filho?” Sorri irônica. “Não acha que um já foi o suficiente?”

“É justamente pelo o que aconteceu que eu quero uma nova chance. A Annie não teve oportunidade de ver o pai que eu poderia ter sido, o pai que eu quero ser agora.” Ele colocou a mão em meu braço e eu dei um passo para trás me afastando. “Desde que eu te vi aquelas outras vezes... É impossível não pensar nela Sophie. Eu tenho visitado o túmulo dela quase todos os dias... É doloroso demais pra mim.”

“E você acha que para mim não é?” Cruzei os braços e senti lágrimas enchendo os meus olhos.

“Eu não estou dizendo que não é... As coisas entre nós deveriam ter sido diferentes. Deveríamos ter uma família agora e não temos, grande parte é culpa minha.”

“Eu tenho tentado ser educada com você, cada vez que nos encontramos Connor. Mas, você ultrapassou todos os limites agora.” Cerrei os dentes. “Saia daqui agora e tenha a decência de não me procurar mais.”

“Sophie...” Ele abaixou o olhar. “Se tivéssemos um filho...”.

“Se tivéssemos um filho?” Gritei e andei para o outro lado da sala. “Você sequer assumiu a Annie, o que te faz pensar que eu confiaria em você para ser o pai de um filho meu?” A porta abriu e Matthew entrou a tempo de ouvir a última parte, ele me olhava com surpresa, olhos arregalados e depois voltou sua atenção para Connor que o encarava também. “Você poderia, por favor, aprender a bater na porra da porta antes de entrar?” Bati com o punho fechado na mesa.

“Eu... Eu...” Matthew começou a gaguejar e eu o olhei impaciente. “Emily disse que esses documentos precisam da assinatura de nós dois e que é urgente, achei que não teria problema em trazê-los aqui para você.” Ele andou até a mesa e colocou os papéis na minha frente.

“Nós já terminamos aqui Connor.” Disse sem olhar para ele.

“Sophie, por favor...” Ele suspirou.

“Olha Connor, embora eu queira muito te ajudar e a sua proposta ser muito tentadora.” Disse sarcástica. “Eu não posso ter filhos.”

“Eu tenho certeza de que pode.” Ele falou confuso e eu revirei os olhos.

“Não eu não posso.” Olhei para ele. “Muita coisa aconteceu depois... Bom, você sabe. Eu tenho problemas para engravidar, não sou fértil como uma mulher normal. As chances de eu conseguir gerar um filho são de uma em um bilhão. E mesmo se eu conseguisse essa proeza, não conseguiria chegar ao fim da gestação, o feto morreria nas primeiras semanas. Satisfeito?” Ignorei o olhar de Matthew e mantive o meu firme em Connor.

“Eu não tinha ideia disso Sophie.” Connor passou a mão nos cabelos. “Seu sonho sempre foi ser mãe.” Ele me olhou com pena.

“Eu sonhava muita coisa aos 15 anos Connor, realizei muitos deles. Vou sobreviver a isso.” Disse fria.

“Não imaginava o tamanho do estrago que eu tinha causado. Eu realmente sinto muito Sophie, espero que consiga me desculpar. Embora ache que talvez seja tarde para me desculpar.”

“Ah você acha que está tarde para se desculpar? Imagina... Foram só mais de 10 anos de atraso.” Sentei e comecei a assinar os papéis que estavam na minha frente. “Já acabamos aqui Connor, agora faça o favor de desaparecer da minha vida.” Ouvi a porta fechando, mas me recusei a olhar. Respirei fundo e engoli em seco o nó em minha garganta. “Pronto, era só isso?” Entreguei os papéis para Matthew, ele os pegou e ficou me encarando.

“Tem alguma coisa que você quer me contar?”

“Todo mundo tem um ex. Apenas isso.”

“Sophie... Você tem uma filha?!” Ele perguntou incrédulo.

“Acho que se eu tivesse uma filha, você já saberia não é?” Revirei os olhos.

“Eu quero saber o que estava acontecendo aqui.”

“Matthew, isso são coisas pessoais minhas, não é da sua conta.”

“É claro que é da minha conta. Por que você insiste em guardar seus problemas só pra você? Quando você vai entender que não está sozinha, não precisa carregar o mundo nas costas.” Ele disse num tom firme que nunca tinha usado comigo. “Eu exijo saber o que aconteceu entre você e esse Connor, por que o que quer que tenha sido, te deixou visivelmente abalada.” Apoiei minha cabeça em minhas mãos e Matthew se ajoelhou ao meu lado. “Deixa eu te ajudar, eu estou aqui com você, você não está sozinha.” Ele segurou minha mão e eu respirei fundo.

“Lembra aquele pingente que você encontrou quando nos conhecemos? O com as iniciais.”

“Sim, lembro. A.T.”

“Annelise Trammer.”

“Quem era Annelise Trammer?”

“Era minha filha.”

“O que aconteceu com ela?” Ele apertou minha mão mais forte.

“Eu comecei a namorar o Connor quando tinha 13, 14 anos. E eu era completamente apaixonada por ele, mas, ele tinha dificuldades em cumprir a parte da ‘fidelidade’ no nosso relacionamento, eu o vi várias e várias vezes com outras, mas eu não sei...” Parei por um minuto. “Eu não conseguia terminar com ele, não conseguia me imaginar sem ele. E isso soa muito patético agora.” Esbocei um sorriso. “No meu aniversário de 15 anos, ele terminou comigo e eu fiquei sem chão. Achei que era por que eu não dava para ele o que as outras davam. Mais tarde, naquele dia, estava comemorando meu aniversário com uns amigos e depois convenci Connor a me levar pra casa. Subimos e foi assim que eu perdi minha virgindade. Com ele morto de bêbado e durou cerca de três minutos. O que foi mais patético ainda. Nós ficamos de vez enquando, mas ele nunca me assumiu como namorada de novo. Umas semanas depois eu comecei a me sentir enjoada, cansada... Luke me obrigou a fazer um teste de gravidez, daqueles de farmácia e deu positivo. Eu não posso negar que uma parte de mim tinha ficado com esperanças de que o Connor ia voltar pra mim por causa do bebê, mas obviamente isso não aconteceu. Ele falou que não poderia assumir meu bebê e muito menos a mim...”.

“Filho da puta...” Matthew me interrompeu.

“É...” Sorri amarga. “Ele é um grande filho da puta.” Suspirei.

“Mas e então? O que aconteceu?”

“Eu fiquei péssima. Entrei numa terrível depressão, Richard e Amy me deram as costas, meus amigos me deram as costas... Eu só tinha Luke. Eu bebi, usei drogas... Fiz tudo o que uma mulher grávida não poderia em hipótese alguma fazer. Luke me levou para o médico, aliás, me obrigou a ir, eu não tinha ido a nenhuma consulta que ele havia marcado. Foi quando eu fiz uma ultrassom, o médico me disse que era uma menina e eu a vi pela primeira vez. Eu não sei o que aconteceu comigo, mas... Eu senti tanta vontade de cuidar dela, de ser uma pessoa boa para ela, de ser alguém que ela iria querer seguir como exemplo. Eu queria mudar e estava disposta a mudar pela minha filha. Devido aos meus descuidos, o médico me alertou que era um gravidez de risco, a minha pressão arterial estava muito alta, ele pediu que eu tentasse ficar o mais relaxada possível, por que emoções muito fortes poderiam fazer mal para o meu bebê. E assim eu fiz. Tomei todos os remédios, segui a risca a dieta que ele passou... Mudei da água para o vinho. Um dia, tinha chegando em casa e Amy...” Fiz uma cara feia lembrando daquela noite. “Nós começamos a discutir e ela me disse coisas horríveis. Eu subi as escadas muito rápido, eu chorava muito... Eu não lembro quanto tempo passou até eu começar a sentir muita dor na barriga, notei que eu estava sangrando e liguei pro Luke, ele veio correndo no carro do seu pai e me levou as pressas pro hospital. Eu precisava de um responsável legal para autorizar a cesárea, mas Richard, como sempre estava muito ocupado. Passei quase duas horas morrendo de dor até que ele finalmente chegou e eu fui para a sala de cirurgia. Antes de me darem a anestesia, eles me falaram que não daria para salvar as duas. Ele tinha que escolher entre mim e Annie. Não pensei duas vezes, implorei a Richard que ele deixassem salvar a ela e não a mim. Ela não tinha culpa de eu ter sido tão burra, ela era só um bebê.” Olhei para Matthew que estava com os olhos cheios de lágrimas.

“E o que Richard fez?” Ele secou os olhos com uma mão.

“Bom... Sou eu quem está aqui agora.” Dei de ombros. “Se ele tivesse tido ao menos um motivo nobre para me escolher e não Annie... Sabe, se ele tivesse me dito que não conseguiria me perder, por que afinal, eu sou sua filha, eu teria entendido melhor. Eu teria sofrido o mesmo que sofri, mas eu iria entender por que ele escolheu a minha vida e não a dela. Mas, sabe qual motivo o fez tomar essa decisão? Ele disse que esse seria meu castigo. Viver o resto da minha vida com a culpa de ter matado minha filha.”

“Você tinha me dito uma vez que você não tinha sido muito fácil de lidar na adolescência, mas que seus problemas com seu pai começaram muito antes disso...”.

“Richard me odeia desde que eu nasci. Isso é um fato. A única coisa que mudou entre nós a partir daquela noite é que desde então eu odeio mais do que ele odeia a mim. Depois de tudo isso, Connor vivia atrás de mim querendo voltar, para namorar mesmo, mas... O estrago já estava feito. Não conseguia mais sequer olhar para ele, não conseguia me relacionar com outros rapazes, passei anos sozinha até conseguir ao menos sair para jantar com alguém.”

“Oh Sophie...” Ele me puxou e me abraçou. “Por quanta coisa você já teve que passar meu Deus...”.

“Está tudo bem agora. Eu só... Eu não gosto de falar sobre isso. Eu não fui ao seu enterro, nunca visitei seu tumulo, não consegui chorar seu luto... Eu tenho muita vergonha de mim mesma e de ter sido uma mãe tão ruim para ela.”

“Você não foi ruim.” Ele alisou meu rosto. “Você era uma menina Sophie. Deus... Você tinha a idade da Megan, era uma criança ainda e só tinha o Luke ao seu lado. Você não teve o apoio que precisava, não se culpe por isso.”

“Como eu não vou me culpar? Eu me arrependo tanto, mais tanto de tudo isso. Se eu tivesse tido um pouco mais de juízo... Tudo poderia ser diferente agora. Minha menina iria estar aqui, mas, acontece que ela não está. Ela morreu Matthew e Richard conseguiu o que queria, por que culpa e o remorso me consomem desde aquele dia. Eu vivo num luto eterno por ela.”

“Olha quem voltou!” Megan abriu a porta e Baby veio correndo para mim. “Aconteceu alguma coisa?” Ela perguntou reparando minha cara que deveria estar péssima e Matthew com os olhos vermelhos lacrimejando.

“Nada não lindinha. E você meu amorzinho, quebrou alguma coisa lá embaixo?” Peguei Baby no colo e ele começou a me lamber.

“Quebrar não, mas digamos que ele marcou o território numa plantinha da recepção.” Megan esboçou um sorriso.

“Nada que não podemos consertar. Ou limpar.” Olhei para ela tentando sorrir.

“As meninas me convidaram para ir conhecer a nova loja de roupas que vocês vão abrir no centro. Posso ir Matt?”

“Claro, ér... Só cuidado e volte antes das 18hrs.” Ele ficou de pé, Megan sorriu e saiu. “Você quer alguma coisa?” Ele olhou para mim.

“No momento, ficar sozinha.” O olhei séria.

“Tudo bem, eu vou respeitar seu espaço, porque imagino que não foi fácil falar e lembrar tudo isso. Mas, quando quiser companhia é só gritar e eu venho correndo. Literalmente falando... É que dá pra ouvir você gritando da minha sala.” Ele tentou sorrir, beijou minha testa e saiu.

Coloquei Baby em cima da minha mesa, ele ficou cheirando os papéis que estavam em cima dela, mordeu um lápis até não restar mais nada dele e fez cocô em cima de uns cheques que eu tinha que enviar.

“Tranquilo Baby, são só cheques de 50 mil dólares, nada de muito importante, pode usar como banheiro.” Disse sarcástica e ele ficou me observando com atenção. “Ai Baby...” Suspirei. “Por que tudo na vida da mamãe tem que ser tão complicado?” Ele se aproximou e começou a lamber meu nariz me fazendo sorrir. “Você é a coisa mais fofa desse mundo.”

Já era fim de tarde, fui à sala de Matthew avisar que estava indo embora, mas quando abri um pouco a porta vi que ele estava no telefone falando em outra língua. Provavelmente eram aqueles investidores Alemães de novo. Voltei e pedi a Emily que se ele perguntasse, avisasse que eu já tinha ido embora. Desci com Baby e fui dirigindo para casa. Quando subi, abri a porta e o coloquei no chão. Estavam Kenny, Luke e para variar, Ethan na sala.

“Comprou um cachorro?” Luke me olhou rindo.

“Ganhei um cachorro.” Sorri.

“Deixa eu adivinhar...” Ethan se virou em minha direção. “O namorado, que não é namorado, mas age como namorado te deu de presente para tentar se desculpar.” Ethan falou irônico.

“Sabe qual a melhor parte de brigar com o namorado, que, definitivamente, não é meu namorado, mas age como namorado?” Perguntei sorrindo inocentemente.

“Qual?”

“Fazer as pazes na cama.” Pisquei pra ele e ele me olhou boquiaberto.

“Inveja daquele bocó...” Ele sussurrou cruzando os braços, igual uma criança mimada.

“Ele é muito lindinho.” Kenny veio em minha direção. “Qual nome?”

“Baby.” Falei sorrindo.

“Baby?!” Ethan repetiu e o pegou no colo. “Você sabe que é um cachorro macho né?”

“Sei. E ele é não deixa de ser macho por que se chama Baby.” Revirei os olhos.

“Ei garotão, boa sorte com a mãe que te arranjaram, você vai precisar.” Ethan sentou no chão com ele e os dois começaram a brincar.

Luke tinha feito café, coloquei um pouco na minha xícara, tirei meus sapatos e sentei no sofá. Estava presente de corpo, mas a cabeça estava há anos luz de distância. Pra quê eu fui contar aquilo tudo pro Matthew? Eu não devia ter feito isso, devia ter inventado alguma coisa... Com a minha experiência, contar muita coisa sobre sua vida pessoal para terceiros não era nada bom, era melhor guardar as coisas só para si do que ficar divulgando. Agora ele vai contar para Megan, que vai contar só pra Deus sabe quem... E resumindo, todo mundo vai saber que Sophie Trammer, empresária conhecida a nível internacional, teve uma filha aos 15 anos, que morreu por sua culpa. Ah que maravilha...

“Sophie?!” Kenny colocou a mão em meu braço.

“O que foi?” Perguntei voltando ao mundo real.

“Eu perguntei qual sua opinião.” Luke disse me olhando confuso.

“Minha opinião? Ah claro, minha opinião... Eu acho que o tempo está muito frio mesmo.” Dei um gole em meu café e Ethan começou a rir.

“Luke perguntou sobre aonde vamos jantar. Você está drogada ou algo do tipo?” Ethan falou debochando.

“Dia cheio. Apenas isso. Claro que você não sabe o que é ter um dia cheio de trabalho, isso é privilegio para quem tem um trabalho de verdade.” Sorri irônica.

“Como consegue ser tão insuportável?” Ele cerrou os olhos.

“Sai naturalmente...” Me recostei de volta no sofá.

“Vocês não vão começar a querer se matar de novo né?” Kenny falou. “Então, para onde vamos?”

“Eu vou ficar por aqui mesmo, não estou muito afim de sair hoje.” Falei levantando e indo para a cozinha, Luke acompanhou todo meu percurso sem tirar os olhos de mim.

“Vocês se importam de irem sozinhos? De repente me bateu uma preguiça também.” Ele disse se esticando.

“Por mim tranquilo.” Ethan deu de ombros.

“Não tem problema eu ir?” Kenny perguntou para Luke.

“Claro que não tem. Nos vemos mais tarde.” Luke falou, Kenny o beijou no rosto rapidamente e saiu com Ethan. “Muito bem, o que aconteceu?”

“Como assim o que aconteceu?”

“Pra cima de mim Sophie? Te conheço como a palma da minha mão. Você está distante, com essa cara mais enjoada do que o de costume... Desembucha.” Ele parou ficando de frente a mim.

“Nada demais Lu...”.

“E nada demais quer dizer que...”.

“Só que Connor foi até a empresa, disse que queria ter um filho comigo, Matthew entrou na sala e ouviu boa parte da conversa e eu acabei contando pra ele sobre a Annie. Apenas isso.” Ignorei a sua cara de choque e surpresa e andei voltando para o sofá.

“É muita informação para eu processar. Espera.” Ele balançou a cabeça. “Aquele imbecil do Connor foi até a Trammer’s dizer que quer ter um filho com você? O quão idiota ele é? Aonde eu estou com a cabeça que não vou atrás desse inútil pra quebrar a cara de pau dele? Ele não assumiu Annie e agora acha que você teria um filho com ele? Não como se você pudesse ter um filho, mas mesmo se pudesse isso nunca, jamais, em hipótese alguma, iria acontecer.”

“Foi exatamente o que eu disse pra ele.”

“E como assim contou pro Matthew sobre a Annie?” Ele sentou de frente para mim. “Eu não sei se eu fico feliz por você ter se aberto sobre isso para alguém ou se eu fico chocado por você ter se aberto sobre isso para alguém.”

“Eu sei, eu estou em choque até agora. Mas, foi tudo tão rápido, quando dei por mim já estava falando sobre toda minha vida para ele e...” Parei por um momento. “Até que ele não reagiu tão mal.”

“Claro que ele não reagiu mal, ele gosta de você, provavelmente só quer te apoiar.”

“É... Foi mais ou menos o que ele disse.” Respirei fundo. “As coisas entre a gente estão... Acho que estão ficando sérias. Sabe o que eu quero dizer?”

“Não, não sei. Faz tanto tempo que eu não te vejo namorando alguém que não consigo imaginar você apaixonadinha.”

“Alto lar!” Gritei. “Apaixonadinha já é um pouco demais né? Nós conversamos ontem e ele perguntou se eu queria ficar com outras pessoas.”

“E o que você respondeu?” Ele disse curioso.

“Falei que não queria.” Choraminguei e cobri o rosto com a almofada.

“E qual problema?” Luke começou a rir. “Ele disse que queria ficar com outras pessoas?”

“Essa é a pior parte.” Falei e Luke me olhou sério. “Ele falou que está satisfeito só comigo.” Cobri meu rosto de novo e Luke gargalhou.

“Sophie... Sinto informar, mas acho que você está namorando.”

“Não estou não. E não repita isso, essa palavra me dá nervosismo e alergia.” Comecei a me coçar. “Ele só queria fazer as pases por que vai passar o natal com a família na Califórnia.”

“Espera... Ele vai sozinho? Você não vai?”

“Porque eu iria? É a família dele, não minha.”

“Eu sei, sua bruta. Acontece que ele deveria querer te levar... Ele te convidou pelo menos né?”

“Não. Ele só falou que ia.”

“E você não se incomodou com isso?”

“Não mesmo. Eu lá tenho cara de que gosta de passar o natal com a família dos outros?” Bati em sua cabeça e levantei. “Vou passar com a minha família. Você, Kenny e meu Babyzinho.” Olhei para Baby que estava correndo atrás do próprio rabo. “Você sabe que se morder seu rabo vai doer né?” Disse e ele caiu de bunda no chão, tonto de tanto rodar.

“Correção.” Luke ficou atrás de mim com a mão em meu ombro. “Eu, você, Kenny e Ethan.” Olhei para ele fazendo careta.

“Será se Matthew me levaria nem que seja dentro da mala?” Coloquei a mão no queixo pensativa.

“Ah qual é... O Ethan não é tão ruim assim.”

“Ruim sou eu. Aquilo é o próprio satanás.” Peguei Baby e fui deitar no sofá com ele.

“Sabe Sophie, ele passou muita coisa também.”

“Eu imagino o que ele tenha passado. No máximo pegou alguma DST...”.

“É serio.” Luke disse tentando conter a risada. “Você não é a única que teve um começo difícil. Só lembre disso, ok?” Ele beijou minha cabeça e saiu.

Ethan passando alguma dificuldade? Acho bem difícil acreditar nisso. Fiquei brincando com Baby no sofá, ele passeou por cima de mim e depois de morder meu cabelo e andar em cima do meu rosto, ele finalmente se deitou na minha barriga e ficou mordendo meu dedo da mão. Os dentinhos dele eram tão pequenos que não doía, faziam cocegas ao invés disso. E desse jeito, caí no sono.


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