Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 12
O poder do álcool.


Notas iniciais do capítulo

Oi lindaaas! Boa tarde, o capítulo ficou um pouco maior que os outros, mas não dava pra cortar ao meio, vocês iriam me matar! rs Beijo :***



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Luke acordou quase 16hrs da tarde, a essa altura eu já tinha tomado banho, ido a academia, dormido, acordado, feito o almoço, almoçado e começado a separar as roupas dele para fazer as malas para a viagem.

“Até que enfim, bela adormecida.” Falei de dentro do seu closet quando ele se encostou na porta.

“Eu nunca mais vou beber...” Ele disse pondo a mão na cabeça.

“Você disse a mesma coisa semana passada.” Sorri irônica e continuei separando suas roupas. “Vai estar frio lá, eu já separei alguns casacos pra você escolher, já peguei as calças, calçados e só faltam as blusas.”

“Oh Deus... Por que eu não caso logo com você mesmo?” Ele sentou no chão e começou a escolher as roupas que eu tinha separado.

“Por que eu sou gostosa demais pra você. E a ressaca?”

“Argh... Nem me fale. Só terminar essas malas eu vou deitar na cama e desmaiar.”

“Preguiçoso...” Revirei os olhos.

Foram longas e põem longas, horas arrumando essas benditas malas. Luke fez questão de provar todas as roupas para saber se iriam ficar boas nele. O que nem era preciso, ele era muito lindo, o corpo perfeito... Desconfio que se ele colocasse um saco de lixo, ainda ficaria gato do mesmo jeito. Quando enfim terminamos de arrumá-las e de guardar as roupas que ele não iria levar, de volta para o closet, já havia escurecido. Pedimos o jantar e ficamos deitados na minha cama vendo séries.

“Então... Ontem a noite... Você e o Matthew...” Luke falou sorrindo maliciosamente.

“O que tem?” Falei impaciente.

“Vocês conseguem notar a química que vocês têm ou são tão tapados a esse ponto?”

“Eu sei que rola alguma coisa. Só quem é cego não vê que rola.”

“E quando você vai agir?”

“Na verdade, acho que não vou nem precisar agir...” Sorri triunfante. Luke olhou me interrogando e eu continuei explicando. “Acontece que ele está se soltando mais quando o assunto é sobre nós dois. Ele solta indiretas, olhares que não são nada discretos... Eu acho que pode ter algo a mais sim.”

“Se não me engano... Ele fez uma proposta um tanto quanto indecente ontem...” Comecei a rir lembrando da promessa do strip tease.

“Sim e ele que começou com essa história.”

“Liga pra ele então, chama pra fazer algo!”

“Ai Luke... Não dá né. Ele ainda está com a demônia... E sem contar que eu tenho que dar espaço pra ele, deixar que sinta minha falta.”

“A guru dos relacionamento entra em ação!” Luke cerrou os olhos.

“Ele vai vir pra mim Luke... E pelo que eu estou vendo, em breve.” Pisquei e continuei comendo.

Nossa noite foi bem tediosa, estávamos morrendo de preguiça, por isso nem cogitamos a ideia de sair de novo. Dormimos no meu quarto mesmo, ele sabia que eu não curtia muito dividir a minha cama com alguém, mas eu abria uma exceção para ele, óbvio. Domingo cedo fomos para a piscina, Luke viajaria no dia seguinte e queria estar com o bronzeado intacto. Eu aproveitei para trabalhar um pouco no notebook e ficamos papeando como sempre. Matthew não deu sinal de vida todo o fim de semana, mas desde que a mocréia chegou, isso tinha se tornado muito comum. Tentei não me abalar com isso, afinal, ele demonstrava interesse por mim. Mais cedo ou mais tarde ele iria perceber que estar com a Lindsay era pura e total perda de tempo e eu esperaria, não tinha a menor pressa, mas confesso que estava louca pra ver a cara de decepção dela quando Matthew enfim terminasse esse noivado estupido.

“Bom dia Emily.” Cheguei ao trabalho e me dirigi a sua mesa. “Como foi seu fim de semana?”

“Bom dia senhorita, foi ótimo. E o seu parece que foi excelente!” Ela falou sorrindo.

“Foi mesmo!” Sorri também. “O voo do Luke é as 22hrs, eu preciso sair daqui umas 19h30min, para ir busca-lo em casa. Pode, por favor, não deixar eu esquecer o horário. Se ele perder essa viagem, vai me matar!”

“Pode deixar senhorita, eu lhe lembro, fique tranquila.”

“Ótimo. E Matthew já chegou?”

“Chegou sim, mas...” Ela fez uma cara feia. “Eu não iria falar com ele agora, se fosse a senhorita?”

“Ué... Por que?” perguntei confusa.

“Ele não está de muito bom humor hoje. Pra ser sincera, eu nunca o vi tão bravo.” Ela falou cautelosa. Matthew de mau humor? Isso é por que ele não me viu hoje ainda...

“Besteira Emily. Como se um homem mal humorado fosse me assustar.” Sorri e fui andando para sua sala. Bati na porta e ouvi o ‘Entre’, só que dessa vez de uma forma seca. Achei estranho, mas entrei mesmo assim. Ele estava de cabeça baixa, lendo algumas folhas, barba mal feita, camisa branca, gravata vinho e o paletó na parte de trás da cadeira e não levantou o olhar quando entrei. Respirei fundo. “Bom dia bonitão!” Disse animada.

“Péssimo dia.” Ele respondeu grosseiramente, o que me fez recuar um passo.

“Alguém acordou com o pé esquerdo hoje...” Falei com divertimento.

“Você quer alguma coisa ou só veio perturbar mesmo?” O olhei incrédula.

“Aconteceu alguma coisa?” Tentei esconder a preocupação na voz.

“Não. Eu sou esse poço de alegria todos os dias.” Ele olhou sarcástico pra mim.

“Ok... Definitivamente aconteceu alguma coisa.” Sentei na cadeira de frente pra ele. “O que foi?”

“Sophie eu não estou nenhum pouco afim de conversar com você no momento.” Ele abaixou a cabeça para os papéis que estava lendo antes de eu entrar.

“Tudo bem.” Levantei. “Só que ninguém tem culpa do seu mal dia.” Falei com a voz firme.

“Você é tão ou mais mal humorada todos dias e ninguém te enche por isso. Posso ter o meu péssimo dia em paz?”

“Pois é, só que eu sou assim sempre. Sem motivo algum. E sou a chefe, então vocês são obrigados a aguentar o meu mau humor sempre que eu quiser.” Cruzei os braços.

“Certo, ‘chefe’.” Matt disse a última palavra com um certo desprezo. “Só que você não é obrigada a ficar aqui. A porta é logo ali.” Ele apontou para atrás de mim. Sorri amargamente.

“Por isso eu me afasto das pessoas. Sempre que eu começo a me preocupar de verdade com alguém, eu sou empurrada pra longe.” Me virei e andei em direção à porta.

“Espera!” Ele disse quando um pouco antes de eu abri-la. “Você tem razão, desculpe. Eu só... Eu tive um fim de semana de merda e eu não sei como lidar com isso.” Matthew se levantou, deu a volta em sua mesa e se apoiou nela. “Lindsay foi embora ontem.”

“Não eram esses os planos? Ela ir mais cedo para organizar a ceia e você viajar na quarta para o feriado?”

“Ela foi embora, no sentindo literal.” Ele disse nervoso. “Nós terminamos.” Uou... Espera ai. Ele terminou com ela? Mas já? Tudo bem que eu já estava esperando ele dar um fora naquela bruxa... Mas assim tão rápido? Preciso conter minha alegria, preciso mesmo.

“Então... Como ela reagiu quando você terminou?” Ele me olhou confuso.

“Quando eu terminei? Foi ela quem terminou comigo!”.

“Espera.” Fechei a porta e me aproximei dele. “Foi ela quem terminou com você?”

“Por que raios eu terminaria com ela?” Matthew disse como se fosse a coisa mais absurda do mundo ele terminar o noivado. Eu fiquei sem reação ao ouvir aquilo? CLARO!

“Eu pensei que... Bom é que...” Gaguejei e ele continuava me olhar sem entender nada. Eu pensei que tinha algo rolando entre nós seu idiota. “Esquece. Enfim.” Tentei manter minha respiração calma, mas só queria sair e logo da frente dele. Todo aquele clima que eu achei que estava rolando, o interesse... Eram coisas da minha cabeça então?

“Pois é. Eu não sei o que eu vou fazer... Eu não tenho a mínima vontade de ver minha família agora. Como eu vou dizer pra eles que não vai mais ter casamento?” Ele falou nervoso.

“Lindsay e eu terminamos. Não vai mais ter casamento. Fim.” Falei irônica. “Desse jeito.”

“Pra você é muito simples...” Ele sorriu amargo. “Alguma vez já sequer amou alguém? Ou pelo menos gostou pra valer de uma pessoa que não fosse você mesma?” Engoli em seco o comentário. “Você não sabe o que é amar uma pessoa e essa pessoa simplesmente por um fim em uma história de anos como se fosse nada.” Uma única palavra veio em minha cabeça: Connor.

“Eu só acho...” Comecei a falar e ignorei o nó em minha garganta. “Que não vale a pena tanto desespero por quem não merece.”

“É muito fácil falar isso quando o relacionamento mais duradouro que se tem é de uma noite com qualquer cara. No dia que você sentir amor de verdade, vai entender o que eu estou passando.”

“Quer saber?” Falei séria. “Posso ser tudo o que você falou. Não conseguir gostar de outra pessoa que não seja eu, ir pra cama com qualquer um, mas uma coisa eu te garanto, jamais perderia meu tempo com um relacionamento tão podre como você tinha. Então me desculpe ser tão insensível, mas eu estou muito contente que ela terminou com você. E não se preocupe Matthew, relacionamentos começam e terminam o tempo todo... Para de agir igual a uma mulherzinha, você vai sobreviver.” Sai batendo a porta. Entrei em minha sala e a tranquei.

Era essa a imagem que ele tinha de mim? Que eu era uma vadia que sai com qualquer um? Isso é um absurdo. Eu sou uma mulher adulta, independente, eu faço o que eu quiser com a minha vida e saiu com quem eu quiser. Se fosse um homem, solteiro, saindo e se divertindo... Ninguém falaria nada, mas claro, na cabeça deles, ser mulher significa ficar em casa, grávida, esperando o marido voltar do trabalho. POUPE-ME!

Resolvi me afundar em trabalho, pra manter a cabeça longe de tudo. Eu me afundei tanto, mais tanto, que não teria nem lembrado de comer se Emily não tivesse pedido meu almoço e meu jantar. Mas, resolvi tudo o que tinha pendente, pelo menos uma coisa boa ao fim das contas. Matthew não tentou falar mais comigo ao longo do dia, o que eu adorei, não tinha a mínima vontade de vê-lo.

“Senhorita são 19hrs, não se esqueça de sair às 19h30min.” Emily falou ao telefone.

“Nossa... Já? Hoje o dia voou.” Falei distraída. “Tudo bem Emily, obrigada, já estou saindo.” Desliguei.

Terminei de responder uns e-mails e comecei a arrumar minhas coisas. Guardei meus pertences na minha bolsa e saí da sala. Matthew estava encostado na mesa de Emily, tratando de algum assunto, que eu realmente não estava interessada.

“Com licença.” Falei sem olhar para ele. “Eu já estou indo Emily, poderia avisar o Luke? Acho que meu celular morreu de vez.”

“Claro senhorita, eu vou ligar pra ele agora. E vou lembrá-la de comprar outro aparelho.” Ela sorriu sem graça, notando o clima tenso.

“É, está na hora de deixar as coisas velhas para trás.” Olhei para meu celular e entreguei a ela. “Amanhã de manhã eu compro outro.” Esbocei um sorriso. “Boa noite.” Falei e sai andando para as escadas.

Dirigi até em casa, guardamos as malas no carro e fomos para o aeroporto. Decidi não contar nada para Luke, sobre a discussão e o término de Matthew, pelo menos até ele voltar. Queria que esses dias fossem tudo sobre Luke. Então coloquei a minha melhor cara de ‘Está tudo maravilhosamente bem’ e fiz de tudo para não tocar em nada que fosse sobre Matthew.

Chegamos, finalmente, ao aeroporto. O trânsito estava um caos, todos viajando para o feriado quinta feira, ainda bem que saímos cedo de casa, senão com certeza Luke perderia o voo. Fizemos o check in e fomos tomar algo enquanto esperávamos a hora do embarque.

“Então um brinde, ao meu maravilhoso, gostoso e talentoso amigo...”. Levantei o copo. “Que em algumas horas vai mostrar ao mundo o quão lindo ele é.” Ele sorriu e brindamos.

“Eu não posso dizer que estou 100% feliz, por que francamente, te abandonar aqui no feriado é...”.

“Shiu!” Fechei a cara. “É só uma semana que tem um feriado tosco no meio. Eu vou aproveitar e descansar e apenas isso. Ironicamente você vai estar trabalhando e eu descansando. Trocamos os papéis!” Disse rindo.

“Mas, você jura que vai me ligar a cada trinta minutos?” Ele fez beicinho.

“Você tá louco?! Vou ligar a cada dez!” Ele sorriu aliviado.

“Pelo menos a demônia já foi viajar, você e Matthew têm dois dias para aproveitar.” Apenas sorri e tentei mudar o assunto.

A hora dele embarcar chegou e eu tive que conter minha emoção. Eu estava tão feliz, mas tão feliz por ele... Tão orgulhosa, que se eu pudesse, andava com uma placa pendurada no pescoço com esses dizeres para todo mundo saber. Despedimo-nos e claro que fomos mais dramáticos do que o normal, ele começou a chorar e eu me controlei para não fazer o mesmo.

“Me liga assim que por os pés em solo inglês!” Falei ainda agarrada ao seu pescoço.

“Eu ligo, pode deixar.” Ele me apertou, beijou minha testa e entrou no portão de embarque.

Voltei para casa e como era um voo sem escalas, ele deveria chegar por volta de 5hrs, 6hrs da manhã. Fiquei rodando dentro de casa, lavei louça, arrumei meu closet e quando olhei para o relógio, ainda era 23hrs. Que merda de hora que não passa... Decidi que iria ser melhor tentar dormir um pouco, afinal eu tinha que ir para o escritório cedo de manhã, tinha um congresso para participar as 9hrs. Deitei, liguei a televisão e logo peguei no sono.

Acordei com o telefone tocando. Olhei para o relógio 1h30min da manhã. Será que Luke? Será se aconteceu alguma coisa? Levantei correndo e fui atender.

“Alô?!” Disse nervosa.

“Senhorita Trammer, me desculpe por lhe acordar...” Uma voz de homem falou. “É Leonard, o garçom.” Ah, sim... O garçom do restaurante que fui jantar com Matthew a primeira vez.

“Ér... Leonard? O que deseja?” Perguntei confusa. Por que ele estaria ligando aquela hora?

“Senhorita, aquele rapaz que jantou com aqui outro dia, o Sr. Davis...” Puta merda... “Ele chegou aqui e senhorita, ele está muito bêbado e se recusa a pegar um táxi. Não podemos deixar ele dirigir no estado que ele se encontra, seria um suicídio. Eu não sabia para quem ligar...”

“Não Leonard, você fez bem em me chamar. Em dez minutos eu chego ai!” Desliguei o telefone e fui colocar uma roupa. Era só o que me faltava.

Coloquei uma calça jeans, sapatilha e uma blusa com ombro caído, desci correndo para garagem e fui para o restaurante. Chegando lá procurei Leonard, que já estava me aguardando. Ele me levou até o bar onde Matthew estava sentado, bebendo uísque puro.

“Pode deixar, eu assumo daqui.” Falei para Leonard.

“Qualquer coisa me chame senhorita, estou às ordens.” Eu assenti e ele saiu.

“Vamos pra casa Matthew.” O puxei pelo braço, mas ele se recusou a levantar.

“Eu não vou pra casa, eu vou ficar aqui.” Ele falou enrolado. Deus, ele estava morto de bêbado.

“Você vai pra casa sim!” Falei firme. “De boa vontade ou a força. Você escolhe.”

“Não vou pegar um táxi.”

“Eu te levo pra casa Matthew, só levanta dai e para de beber. Já chega por hoje.” Ele tentou ficar em pé, mas ao invés disso ia caindo, eu o segurei. “Ai Jesus, você pesa.” Ele fez uma cara feia.

“Eu não sou gordo.” Ele protestou.

“Não. Só bêbado e idiota mesmo.” Resmunguei e fomos andando para a saída, Leonard e um dos seguranças ajudaram Matthew a entrar em meu carro.

“Tem certeza que não quer que um de nós acompanhe senhorita?” Leonard falou preocupado. Matthew já estava dormindo no banco do passageiro.

“Não, está tudo bem. Muito obrigada por me ligar Leonard, qualquer um teria deixado ele ir embora de qualquer forma.” Sorri sincera.

“Imagina senhorita. Eu que agradeço ter vindo e me desculpe incomodá-la tão tarde. Tenham uma boa noite!” Ele disse educadamente e eu entrei no carro.

O trânsito ainda estava um pouco cheio, parece que ninguém dorme nessa cidade. Será se eu lembro o endereço? Fiquei tentando lembrar aonde era o condomínio que Matthew morava. Eu já tinha lhe levado pra casa como que duas vezes, quando o carro dele estava na oficina, mas não tinha certeza se lembrava do caminho certo, das duas vezes ele é quem me dizia aonde dobrar e por aonde ir, mas ele estava meio impossibilitado no momento. Comecei a reconhecer a rua que eu estava, depois de entrar em vários lugares errados, finalmente acertei. Apertei a campainha uma, duas, três vezes... Até que por fim, um porteiro apareceu, com cara de sono. Coitado, deve ser cansativo passar a noite acordado.

“Em que posso ajudar?” Ele bocejou.

“Eu preciso desovar um corpo aqui.” O portei arregalou os olhos assustado. “É maneira de falar...” Revirei os olhos. “Eu estou com um morador daqui no carro, Matthew Davis.”

“Aconteceu algo com o Sr. Davis?”

“Sim. Levou um pé na bunda da namorada e está tão bêbado que não sei como ele não entrou em coma alcoólico.”

“Ah...” Ele falou tentando conter um riso. “Eu só preciso de um documento de identificação da senhora.”

“É senhorita.” O corrigi. Peguei minha bolsa e mostrei minha carteira de motorista.

“Tudo bem senhorita...” Ele apertou o olhos para enxergar. “Trammer.” Ele olhou de novo para a carteira surpreso. “A senhora, quer dizer, senhorita é a Sophie Trammer?”

“Em carne e osso.”

“Por favor, entre, eu vou abrir os portões, me desculpe por fazê-la esperar.” O porteiro disse nervoso e foi abrir os portões para eu entrar com o carro. Parei o carro próximo a ele.

“Pode me dizer em qual apartamento...”.

“A senhorita deve desovar o corpo?” Ele me interrompeu rindo. Assenti sorrindo também. Ele verificou no computador e voltou. “409, no sétimo andar.”

“Obrigada.” Estacionei e agora viria a parte difícil, acordar Matthew. Tentei de todas as formas, empurrei, cutuquei... E nada. Abri a porta do passageiro e comecei a puxar ele pelo braço que começou a protestar.

“Eu quero ficar aqui!” Ele nem abriu os olhos, parecia uma criança birrenta falando.

“Você não pode dormir no meu carro.”

“Por que não?”

“Por que é meu!” Disse impaciente. Continuei obrigando ele a sair e finalmente ele ficou de pé, se segurando em mim. Praticamente o arrastei para os elevadores. Entramos e apertei o número sete.

“Elevador...” Ele falou rindo. “Boas lembranças...” Revirei os olhos. As portas se abriram e continuei o arrastando até chegar a porta do seu apartamento.

“Preciso das chaves.”

“Que chaves?” Ele perguntou confuso.

“As do apartamento!” Ele não moveu um dedo. Comecei a procurar nos bolsos ao redor da sua calça.

“Ei cuidado ai... O Matthew Jr. é sensível.”.

“Por que homem é tão complicado? Vocês não podem simplesmente ficar em casa, comendo chocolate e chorando ouvindo Adele como as mulheres fazem quando terminam os namoros?”

“Adele...” Matthew começou a rir. “Adele é um nome engraçado. É divertido falar. Adele. Seu nome é Adele?” Ele disse ainda rindo. Oh meu Deus, por favor, me dê paciência pra não espancar um bêbado.

Finalmente achei suas chaves e abri a porta. Nunca tinha entrado no apartamento dele, não sabia o que esperar. Mas ele não decepcionou, era tudo muito bem arrumado e limpo. Era menor que o meu, mas muito bem decorado. Arrastei ele até o sofá, o sentei e comecei a tirar os seus sapatos. Ele parecia que estava dormindo, olhos fechados, em silêncio, mas às vezes se mexia, o que me deixava crer que estava acordado. O puxei pra cima, coloquei um braço seu ao redor do meu pescoço, o outro ao redor das suas costas e fomos andando a caminho do quarto. Glória!

“Espera...” Ele parou bruscamente, fazendo eu quase cair. “Que cheiro bom...” Falou cada palavra mais lentamente do que o necessário. Obrigada álcool, pelos seus efeitos colaterais. Ele se aproximou, colocou o rosto em meu pescoço e cheirou. “Muito gostoso.” Ele fechou os olhos, depois olhou pra mim e colocou a mão em meu rosto. “Você é tão bonita... Alguém já te disse que você é linda?” Eu sorri e fiz que sim com a cabeça. “Se você me desse uma chance...”.

“Se eu te desse uma chance?” Disse ainda sorrindo. “É você quem geralmente me dá os foras Matthew, não eu!”

“Eu nunca te daria um fora.” Ele falou ofendido. “Se você deixasse, eu ia te ensinar o que é amor.” Bêbado e poeta. Ótimo...

“Eu sei o que é amor Matthew.” Tentei o afastar, sem muito sucesso. “É por isso que eu corro pra longe dele.”

“Não corra pra longe de mim. Nunca.” Ele falou sério.

“Por que não?”

“Por que...” Matthew se aproximou e me beijou. Nossos lábios apenas se tocaram, o suficiente pra eu sentir aquela energia que eu sentia quando estávamos assim tão próximos. De repente ele se afastou, curvou o corpo e simplesmente vomitou. Tava bom demais pra ser verdade... “Desculpe.” Ele falou tentando se limpar.

“Não... Tudo bem.” Tentei sorrir. “É esse o efeito que eu causo nos homens.” Agora eu preciso te dar um banho, que maravilha.

Andamos até o quarto e consegui sentar ele no vaso sanitário do banheiro. Olhei-me no espelho, estava toda suja de vômito de Matthew do pescoço para baixo. Que nojo... Decidi que depois de bar banho nele, iria dar banho em mim mesma. Tirei sua blusa, calças e o deixei só de cueca. Que era box, preta, linda e deixava ele mais gostoso do que ele é. Foco Sophie. O coloquei embaixo do chuveiro e o liguei, ele ficou parado com a cabeça encostada na parede.

“Matthew?” Ele não respondeu. O cutuquei. “Você dormiu ai? Matthew?” Então ele pega meu braço e me puxa para debaixo do chuveiro com ele. “Seu imbecil.” Protestei e ele começou a rir. Sai de dentro do box e desliguei o chuveiro. “Sai logo dai, por favor, e vai dormir por que nós dois temos que acordar cedo.” Joguei uma toalha pra ele que começou a tirar a cueca, virei de costas tampando os olhos.

“O que foi? Nunca viu um homem pelado?” Ele debochou.

“Só guarda seu Matthew Jr. ai e vai deitar pelo amor de Deus... Já se enrolou na toalha?”

“Sim senhora!” Virei para ele e o ajudei a sair do banheiro.

Com muito esforço o deitei na cama e o enrolei, cobrindo tudo antes de tirar a toalha. E eu? Eu estava um completo desastre. Cabelo molhado, roupa molhada e suja... É isso que dá fazer caridade.Peguei uma toalha limpa, uma camiseta e uma cueca do seu armário e fui tomar banho. Quando terminei, peguei minhas roupas e coloquei na máquina para lavar e fui limpar a bagunça que estava no chão da sala. Finalmente, tudo estava direito. O chão limpo, Sophie limpa, Matthew limpo e dormindo.Podemos ir para casa? SIM! PODEMOS! Passei pelo seu quarto para colocar minhas roupas, que agora estavam limpas também, para secar. Tudo bem, em uns vinte minutos já estarão sequinhas e cheirosas para mim. Sentei ao lado de Matthew na cama e fiquei o olhando dormir. Chega até a ser engraçado, o estrago que uma mulher (uma mulher não, uma demônia), poderia fazer a um homem desse tamanho. Mas, pelo menos ele parecia tão tranquilo dormindo... Até compensou todo o sacrifício que foi fazer essa criatura ir pra cama. Tirei uma mecha de cabelo seu que estava sobre sua testa e ele se mexeu.

“Sophie?!” Ele perguntou sem abrir os olhos.

“Oi!” Sorri mesmo sabendo que ele não estava vendo, sentei mais próximo do seu corpo e continue acariciando seu cabelo.

“Você está indo embora?”

“Estou.” Ele resmungou.

“Queria que você estivesse aqui...” Olhos ainda fechados.

“Mas eu estou aqui.”

“Não vai embora não. Deita aqui comigo.”

“Mas... É que...” Eu queria ficar? É... Eu queria ficar. Mas ele provavelmente não está consciente do que fala.

“Por favor.” Ele disse quase dormindo de novo. “Quando eu sonho com você, você sempre acaba indo embora. Só por hoje, fique.” Eu não respondi, apenas deitei de frente pra ele e me cobri até a cintura com o lençol. Ele pôs o braço ao redor da minha cintura e me puxou pra mais perto. “Acho que eu bebi demais.” Ele enrugou a testa.

“Eu concordo. Nunca mais beba assim.” Alisei seu rosto.

“Não... É que parece mesmo que você está aqui, nos meus braços.”

“Aonde mais eu estaria?” Poucos segundos ele voltou a dormir e eu não aguentei acordada por muito mais tempo, também cai no sono.


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