Just A Kiss escrita por Miss Hope


Capítulo 1
Just A Kiss Goodnight


Notas iniciais do capítulo

"Apenas um beijo em seus lábios ao luar
Eu não quero confundir as coisas
Eu não quero forçar demais
Apenas um tiro no escuro e você poderá
Ser o quem eu estive esperando por toda minha vida
Então, querido, eu estou bem
Com apenas um beijo de boa noite"
Just A Kiss, Lady Antebellum



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JUST A KISS

by Miss Hope

.

O vento frio bateu contra seu rosto, causando-lhe arrepios.

Andava lentamente em direção ao avião, com a passagem em suas mãos tremulas e a mochila preta pendurada no ombro direito, que agora parecia pesar mais do que deveria. Olhava da aeronave para as pessoas ao seu redor, que, como ela, embarcariam naquele mesmo voo, que pousaria em Tóquio dali a 19 horas.

Ficava cansada só de pensar na demora que seria a porcaria do voo, com crianças chorando e comida ruim sendo servida pelas aeromoças. Pior do que isso era somente o pensamento do quão pouco havia aproveitado seu tempo nos Estados Unidos.

Olhou para o prédio do aeroporto, do qual acabara de sair, aonde a sala de espera ficava no segundo andar, com uma grande vidraça que dava a vista para a pista de decolagem e pouso. A vidraçaria não lhe impedira de ver a figura alta parada em frente a mesma, olhando na direção dela.

Estava perfeitamente vestido com seu terno preto Armani e os cabelos ébanos, estrategicamente bagunçados, contrastando com a pele alva. Os óculos de sol escondiam os olhos da mesma cor dos cabelos e a barba rala lhe dava um charme adicional. Estava completamente ereto, com as mãos no bolso... Estava tenso – apesar de não ter total certeza disso, arriscaria dizer, pois sentia conhece-lo como a palma de sua mão.

Viu-o levantar a mão, como se acenasse para ela. Não hesitou nem um segundo em retribuir. Não queria simplesmente acenar para ele, queria voltar correndo para dentro do aeroporto, jogar-se nos braços dele e dizer que ficaria, sim, com ele em Miami e que se danasse o resto.

Sorriu com o pensamento.

Aquilo a faria imensamente feliz, mas não era idiota. Não poderia deixar sua vida de lado por causa de um cara que conheceu há, apenas, um mês – por mais que parecesse uma vida. Não poderia deixar seu emprego de lado, sua família e seus amigos. Batalhou muito a vida toda por tudo que havia conquistado e não deixaria de lado. Era uma escolha dolorosa, mas era a mais sensata.

Cada passo que dava naquela escada em direção a entrada da aeronave, engolia em seco, focalizando-se no pensamento de que estava fazendo a escolha mais sensata que existia. Focando-se no pensamento de que aquele romance de um mês era como nos filmes de romances que passavam cinco vezes na semana no Telecine Touch, mas a diferença entre a vida real e os filmes era que os finais felizes não existiam. Ela sabia disso e sua prova, mais do que concreta, era que ela iria entrar naquele avião e tudo ficaria para trás.

“Vou sentir sua falta”

Sorriu lembrando-se da voz dele contra seu ouvido, sussurrando como se contasse-lhe um segredo. Sentiu borboletas no estômago ao se lembrar do sorriso dele e do cheiro de colônia cara que ele tinha. Era perfeito, em todos os sentidos. Rico, bonito e de boa índole.

— Senhorita, sua passagem, por favor. Senhorita? – a voz da aeromoça lhe trouxe de volta para a realidade, afastando a bela face masculina de seus pensamentos.

— Ah, sim. – disse, entregando a passagem e entrando no avião quando a mulher disse-lhe que estava tudo certinho.

Poltrona 20B.

Acomodou-se como pode, entre uma mulher loira da sua idade e um moleque de, provavelmente, dezessete anos, ruivo e cheio de sardas, com os fones de ouvido no máximo. Diferente do voo de ida para a América, agora iria viajar na classe econômica. Queria guardar o dinheiro da passagem mais cara para comprar algum presente de Natal para seus pais e sua melhor amiga, Ino.

Abre a bolsa, procurando o celular. Queria colocar os fones e se esquecer do mundo, desejando chegar logo no Japão e tocar sua vida.

Um sorriso de orelha a orelha surgiu em seu rosto no momento em que ligou o aparelho. O papel de parede era uma foto de um casal, sentados numa mesa de jantar perfeitamente arrumada e uma garrafa de vinho caro estava no centro da mesa. Os dois sorriam para a câmera, ou melhor, ela sorria, muito; já ele tinha um meio sorriso charmoso nos lábios – sua marca registrada.

Lembrava-se perfeitamente daquele dia e duvidava que algum dia iria se esquecer.

Exibiu um pequeno sorriso quando ele sentou-se ao seu lado. A primeira classe tinha poltronas grandes e confortáveis, serviam comidas caras e até mesmo champanhe. Ele andou pacientemente até o assento ao lado dela e sentou-se, cumprimentando-a, e ela não deixou de retribuir.

Notou o olhar inquisidor dele para seu caderno, tentando ler alguma coisa – já que quase debruçava-se por cima dela. Sendo educada como sempre, não esperou ele perguntar alguma coisa e simplesmente explicou que aquele texto era seu projeto de graduação na faculdade de medicina. Disse-lhe que estava revendo-o, pois iria encontrar-se com a editora de uma das revistas de saúde mais renomadas da América, onde seria publicada a matéria, já que agora ela era uma renomada cirurgiã oncológica.

Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu de canto, dizendo que ela não deveria preocupar-se tanto, já que deveria estar perfeito, completando com “mesmo que eu não vá entender uma palavra do que diz aí, já que sou um homem de negócios, não um ‘salva-vidas’”. Uma risada aqui e ali fora o que bastou para conversaram praticamente a viajem toda.

— Sasuke Uchiha.

— Sakura Haruno.

Soltou uma risada lembrando-se do ridículo e cordial gesto dele pegar sua mão estendida e dar um beijo estalado nela, sem tirar os olhos dos seus. Aquela fora a primeira vez que se viram na vida, mas não a última desde que o voo pousou em Miami.

Fechou os olhos, lembrando-se que encontraram-se novamente naquela mesma semana, como ele havia dito que aconteceria. Um sorriso de deleite surgiu no rosto dele quando ela entrou pela porta do hotel, deparando-se com ele perfeitamente vestido encostado na porta do restaurante.

— Está me seguindo, Srta. Haruno? – perguntou-lhe com aquele sorriso presunçoso que nunca achou bonito no rosto de ninguém, mas estranhamente lhe caía perfeitamente bem.

— Poderia perguntar-lhe o mesmo, Sr. Uchiha.

— Bem... Eu moro aqui. – disse pegando sua mão e fazendo o mesmo gesto antiquado e ridículo que fizera no avião. – Qual a sua desculpa?

— Vim me encontrar com a editora, lembra-se?

— Sim. Claro. Shizune Hatake, editora da Life & Health, não é?

— A própria. Devo acreditar que fora pura coincidência ela ter marcado nosso almoço aqui?

— O que mais poderia ser? Interferência do destino, talvez...

— Se o destino estiver vestido em Armani dos pés à cabeça, talvez... – não conseguiu evitar sorrir ao som da gargalhada dele, era reconfortante vê-lo daquela fora, extremamente relaxado, como se fossem velhos conhecidos. – Eu adoraria ficar jogando conversa fora, mas tenho coisas mais importantes para fazer. Então se me dá licença. – disse passando por ele, enquanto ele lhe analisava de cima a baixo.

— Muito bem. Então compense essa falta de tempo hoje à noite. Às 20hrs, aqui mesmo.

Apesar de querer recusar a oferta por pura curiosidade se ele insistiria nisso ou desistira, não teve essa oportunidade, pois quando virou-se para retrucar, ele não estava mais ali. Andava tranquilamente em direção a saída, então ela deu de ombros e foi para o seu importante compromisso.

Aquela fora uma das melhores noites que já teve. Chegou recebendo elogios dele por parte do vestido longo vermelho que havia comprado horas antes, somente para jantar com ele. Sentaram-se numa mesa ao ar livre, sendo servidos com pratos chiques e um vinho caro, o qual ela nem sabia pronunciar o nome. Conversavam sobre coisas corriqueiras e trocavam elogios. Parecia um conto de fadas.

Os Uchiha’s eram uma família muito comentada para lá e para cá no Japão, mas era muito mais interessante ouvir Sasuke contando sobre sua família. Os pais dele eram aposentados e aproveitavam essa vida numa grande mansão na França, já que ele e o irmão cuidavam dos negócios da família. Itachi Uchiha era seu irmão mais velho, já casado e tinha um filho chamado Deisuke, era o chefe das Empresas Uchiha – uma rede de hotéis famosa na Ásia e Europa – e cuidava da filial em Tóquio. Já Sasuke era o filho caçula e solteiro, que resolveu trazer uma filial para a América do Norte, fazendo sucesso de primeira viajem. Ele lhe contou sobre a proposta do irmão, que era Itachi e sua família mudarem-se para a América e Sasuke tornar-se o novo chefe da Empresa, coordenando a filial japonesa. Quando ela lhe perguntou o porque dele não ter aceitado a oferta, o mesmo lhe disse que ainda não havia achado algo que fizesse-lhe voltar a cidade natal.

Depois daquela noite, saiam para almoçar e jantar quase todos os dias. Ele lhe mostrou todos os lugares interessantes de Miami. Foram à praia. Aproveitaram o tempo um com o outro. Não demorou muito tempo para que os interesses reais de ambos viessem à tona. Beijos aqui e ali chamavam a atenção das pessoas na rua, mas não era como se eles se importassem com isso, era como se o mundo não existisse, pelo menos para ela.

Sentiu o celular vibrar, distraindo-lhe das lembranças.

Sorriu para o papel de parede. Era uma foto depois do jantar. Estavam abraçados e ela tinha um sorriso enorme no rosto, já ele tinha o típico sorriso de canto e não olhava para a câmera, mas para ela. Segundos depois do flash fora o primeiro beijo deles, calmo e carinhoso, somente um encostar de lábios. Um beijo de boa noite.

Havia um mensagem por cima da foto.

De: Sasuke Uchiha.

Não me esqueça. Te vejo em breve.

Com aquele pensamento e um sorriso nos lábios, ela adormeceu, esperando que aquelas dezenove horas passassem voando e que o “em breve” não demorasse tanto quanto acreditava que iria.

Era Natal.

Fazia uma semana que havia voltado de Miami. Não havia recebido notícias dele. Não atendia suas ligações nem respondia suas mensagens. Talvez o “te vejo em breve” fosse somente um pensamento reconfortante que ela havia se apegado. Talvez não tivesse significado tanto para ele o que eles tiveram, afinal fora apenas um mês juntos.

Apenas um mês. Mais parecia uma vida.

Havia uma reunião de família aquela noite, mas ela não sentia-se muito no clima natalino que sua família estaria, então resolveu dizer que não estava sentindo-se bem e entregar os presentes outro dia. Ino Yamanaka, sua melhor amiga, havia insistido em passar aquela noite com ela, mas ela disse que estava tudo bem e que não queria estragar o Natal da amiga e do novo namorado, Gaara.

Resumindo, ela estava sozinha em seu apartamento, vestida num moletom antigo cor-de-rosa com alguns coraçõezinhos e com uma touca para proteger as orelhas do frio. Deixou a televisão ligada somente para fazer barulho, enquanto abria uma garrafa de vinho e cortava alguns queijos.

Abriu o celular, na esperança de ter alguma mensagem ou ligações perdidas. Nada. Somente a mesma bela foto deles dois. Adorava aquela foto. Era uma boa lembrança. Não se arrependia do tempo que passou com ele em Miami, nunca se arrependeria.

O som da campainha chamou-lhe a atenção. Deslizou pelo chão com as ridículas meias pretas de bolinhas brancas e ajeitou o cabelo antes de abrir a porta, quase caindo para trás quando o fez.

Ele parecia uma cara comum, vestido numa calça jeans e num moletom preto, com um cachecol escuro quadriculado em volta do pescoço alvo. Estava encostado na parede do outro lado do corredor, com a cabeça pendendo para o lado, enfeitada por um gorro de Papai Noel. Tinha um buquê de rosas vermelhas nas mãos e olhava para ela singelamente.

Sakura sentia-se paralisada, em choque. Tudo que conseguiu dizer fora:

— O que está fazendo aqui?

Ele sorriu e desencostou-se da parede, andando até ela e beijando-lhe carinhosamente a bochecha corada, oferecendo o buquê com um sorriso de canto nos lábios.

— Desculpe a demora. Não achei que demoraria tanto tempo.

— Do que está falando?

— Minha transferência para Tóquio. Meu novo cargo exigiu muito da burocracia.

As sobrancelhas erguidas e a boca levemente aberta dela fora o suficiente para Sasuke entender que ela havia captado o que ele queria dizer. Sabia que ela ficaria surpresa, era exatamente o que queria, por isso não havia dito nada à ela antes da mesma viajar.

— Por que?

— Digamos que talvez eu tenha encontrado algo que valesse a pena voltar para o Japão. – disse passando as mãos pela cintura dela, trazendo seus corpos mais perto um do outro. – Mas eu não tenho certeza se ela tem algo mais importante para fazer ou se pode me dar a honra de sua companhia.

Era a vez dela gargalhar.

— Talvez ela tenha algum tempo para você.

No começo daquele dia, ela pensou em como não ganharia nenhum presente de Natal, nada que fosse trazer um sorriso em seu rosto com a facilidade que Sasuke trazia. Ela passou as mãos pelos ombros dele, ficando na ponta dos pés e colando seus lábios aos dele. Como da primeira vez, fora um toque calmo e carinhoso, quase tímido.

Aquele era, de longe, o melhor Natal que poderia ter tido.

THE END


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Notas finais do capítulo

Observações:
♠ Life & Health → Não sei se realmente existe uma revista com esse nome, só utilizei tal porque achei que combinava.
♠ "Shizune Hatake" → Shizune, para mim, sempre vai se casar com o Kakashi, então por isso que ela tem o sobrenome dele.

Espero que tenham gostado desse pequeno especial de Natal.
Vejo vocês em outras estórias.
Um beijo e Feliz Natal!
Au Revoir ♡♡



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