Enquanto Theon quebrava, ele pensava em Sansa.

Sansa, para ele, era pura dualidade. Cabelos tão vermelhos quanto as folhas de outono que se espalhavam no chão, porém possuía cheiro de primavera. A pele era branca como a neve de inverno, mas os olhos tinham o exato tom das águas do mar iluminadas pelo sol no verão.

Sansa. Sansa. Repetia o seu nome mentalmente, como se fosse uma oração. Orava por dias esquecidos, momentos roubados e aqueles lábios suaves, as bochechas rosadas pelo prazer de ouvir ele dizer que a amava; que queria casar com ela, se pudesse. Lord Eddard nunca permitiria, ambos sabiam, mas valia a pena dizer. Valia a pena porque só assim ela saberia o quanto valia para ele, e só assim ele receberia aquele sorriso que era só dele, que era puramente Sansa.

E o que mais gostava em Sansa — além daquela sensação de paz que apenas ela podia trazer, apenas ela — eram os seus olhos. Os seus olhos azuis tinham uma profundidade tão grande quanto a do mar. Seus olhos eram o mar, e ele se afogava neles. Bebia deles como um náufrago tolo. Theon não se importava.

E se antes ele sentia saudades do mar, hoje sentia saudades ainda mais intensas de Sansa.

E, ainda que quebrado — destroçado — Theon sabia que uma parte de si, a que estava com ela, sempre estaria inteira.