Freddie Benson andava nos corredores da Rideway despreocupado. Ao passar pelos costumeiros armários de Carly e Sam, só viu Sam. Perfeito, pensou. A loira estava linda usando uma blusa vermelha apertada e decotada, mas não ousada, e calça jeans escura enquanto pegava os livros da primeira aula.

— Cadê a Carly? — chegou ele e puxou assunto. Não se importava nem um pouco com a morena no momento. Tinha de falar algo de importante com a loira. Esta o encarou com seu costumeiro olhar mortal, mas ele surpreendentemente não se intimidou.

— Ela já foi pra aula e eu acho que é melhor você ir, Freddweeb. — disse ela e fechou o armário na cara dele. Ele não se intimidou novamente e segurou o pulso dela. — Perdeu o medo de morrer, Benson?

— E quem disse que eu tenho medo? — disse ele com um sorriso travesso. Ele havia acordado de bom humor e com uma vontade louca de falar a verdade. Ela apenas o encarou inexpressiva. — Eu preciso falar com você. Algo muito importante.

— Sabe que vamos perder a maldita aula do sr. Howard se continuarmos aqui, não é?

— Não me importo com a aula chata, eu só me importo com você. — ela parecia surpresa com o que ele disse. Ela abriu um sorriso largo involuntário e pressionou os livros paradidáticos que havia pegado no armário contra seu peito.

— Certo, você conseguiu a minha atenção, Fredentista. O quê quer?

— Quero voltar. — disse ele firme. Ela parecia confusa. Apertou os olhos e inclinou levemente a cabeça.

— Voltar a quê?

— A namorar com você. — ela fechou a cara e suspirou. Antes de responder, desviou os olhos e os revirou para só enfim voltar a encarar Freddie.

— A gente já tentou uma vez, Freddie. Fim da história.

— Não, esse não é o fim. O fim vai ser no nosso felizes parar sempre, mas ele ainda não chegou. Eu não me importo se deu errado, tudo o quê eu quero é você, tudo o quê eu penso é você, tudo o quê eu sonho é você. Ao acordar você é o primeiro nome que me vem a cabeça e a dormir a sua imagem é a última. Quero voltar a namorar com você, quero voltar a te beijar e sentir o gosto de presunto e outras carnes na boca, quero que você volte a ser minha, apenas minha e de mais ninguém. Pode me dizer vários nãos, me socar a vontade, princesa Puckett, mas essa é a verdade. Você quer isso e eu também. É o quê eu quero, talvez o quê eu sempre quis e com certeza o quê eu sempre vou querer. — ela pisca algumas vezes atônica como se não soubesse o quê dizer.

— Freddie eu realmente acho que não deveríam... — ele a ignora e simplesmente a puxa pela cintura para juntar seus lábios. Ela parece relutante no início, mas ele não se abala. Após alguns longos segundos ela corresponde o beijo segurando nos cabelos castanhos macios dele. Quando ele para o beijo, porque precisava de ar, ela demora a abrir os olhos. Quando os abre, ele a encara com a maior delicadeza do mundo, ainda segurando a cintura dela. O corredor está tão vazio e pacato que não parecia ter nenhuma alma viva naquela escola além daqueles dois e sendo assim ninguém os barra por estarem se beijando bem no meio do corredor durante uma aula. Normalmente eles seriam detidos por fazer algo assim com tanta urgência, mas por algum motivo não foram...

— E então? — ele a pergunta confiante. Ela o encara por alguns segundos antes de responder e ele a olha nos olhos. Nos lindos olhos dela. Tão azuis. Os olhos são a janela da alma e ele vê que nos olhos dela, que tentam ser durões, existe uma menina doce que precisa ser protegida e amada. E que ele é exatamente quem a protege e a ama.

— Sim. — ela diz por fim e ele sorri aliviado. — Eu aceito voltar a namorar com voc... — nessa hora as imagens se dissolvem. Freddie para de ver o rosto de Sam. Estava tudo escuro. Ele abre seus pequenos olhos castanhos. Ao olhar o lugar em que estava, nota que estava cercado de figure actions de Galaxy Wars. Ele percebe que estava em seu quarto deitado em sua cama. Tivera outro sonho.

Sonhos daquele tipo eram bem comuns para Freddie desde o término. Pudera ele falar tudo o que estava engasgado desde então sem levar um soco de seu demônio loiro.

Qualquer terceiro que ouvisse essa afirmação dos lábios do moreno diria que é pura neurose, afinal ela não batia nele desde um bom tempo antes de namorarem. Mas, na cabecinha dele — do mesmo garoto que por severos e longos anos apanhava simplesmente por estar vivo e era insultado apenas por ter nascido — fazia todo o sentido.

Suspirou. Queria ser corajoso (como Sam era). Mas, não era. Ele apenas tentava ser menos normal como dissera que seria no término e esperava sem chance alguma ou esperanças que a garota fizesse o mesmo que fizera no Lock-In. Mas, no fundo ele sabia que um dia não aguentaria mais e teria de tomar uma atitude de verdade.

Só que esse dia ainda não havia chegado.