Segure minha mão escrita por NT


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, desculpem não ter atualizado antes, não consegui.

Boa leitura e divirtam-se!



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Capítulo 45 — Matheus

 

Luiza

 

 

A viagem de avião demorou quase doze horas, chegamos lá as três da madrugada (horário do Brasil), os pais da Nanda nos esperavam no aeroporto.

— Mãe! Que saudade! — Nanda falou em português mesmo.

— Filha! — As duas se abraçaram demoradamente.

— Essa é a Luiza, mãe, a menina da bolsa para a faculdade, Luiza, essa é minha mãe, Sônia.

— Oi, prazer, Luiza. — Sorri entendendo a mão.

— Prazer querida! Que moça linda.

— Obrigada. — Sorri com um pouco de vergonha.

Um homem alto, de cabelos grisalhos, mas que lhe davam um toque chique veio até nós.

Cherry, essa é Luiza, nossa hóspede. — Sônia disse sorrindo, também em português. — Luiza, este é Jean. Ele também é brasileiro.

— Prazer Luiza. — ele disse simpático com um sotaque de francês muito bonito.

— Prazer.

Mesmo que eles falassem francês, eu saberia, porque tive aulas dos onze aos quinze anos.

— Vamos então? — Sônia convidou.

Fomos para o carro e não demorou muito, paramos em frente à uma mansão enorme. Era a casa deles. Me senti um pouco envergonhada até, mas Nanda fez eu me sentir em casa logo.

A faculdade era perto dali mesmo, uma quadra só. Do meu quarto se via o enorme campus e aquele gramado gigantesco, ligados a uma escada gigantesca também. Fiquei fascinada com aquele lugar, mas eu estava cansada, decidi deitar e dormir. Demorei pegar no sono, Gabriel aparecia cada vez que eu fechava os olhos. Chorei muito, depois de muitas lágrimas dormi.

Acordei as 12:00 hs, no Brasil seriam 16:00 hs mais ou menos, cheguei em Paris sete da manhã, mas no Brasil seriam três da madrugada, por causa da diferença de fuso horário.

A tarde saímos para passear.

Conheci muitos lugares em Paris, tanta coisa linda, aquele lugar todo é lindo, é mágico realmente. Um dia ali e já estava encantada, só não estava mais feliz, porque o cara que eu mais amava na vida não estava do meu lado.

Como eu queria aquele amor para sempre, como eu queria ele do meu lado todos os dias. Porque aquilo tinha que acontecer? Eu queria ter ele comigo aqui e em todo lugar que fosse, queria estar unida a ele para sempre.

Liguei para minha mãe e disse que tinha chegado bem, falei um pouco de Paris, isso aqui é lindo, ela quis me falar do Gabriel, mas sinceramente, eu acho que já chorei de mais. Não quero ouvir mais nada sobre ele, não por enquanto.

Uma semana se passou, pela manhã acordei com uma dor forte na barriga, tive que levantar da cama, corri até o banheiro e vomitei.

— Droga, sabia que aquela comida estava cheia de pimenta. — Pensei alto para mim mesma enquanto minha barriga ainda doía um pouco.

Três semanas se passaram e esses enjoos continuavam, eu achava aquilo muito estranho, mais estranho ainda, quando depois de um mês minha menstruação não desceu. Nanda viu que eu não me sentia bem, ela veio falar comigo, Sônia, que já era como uma irmã mais velha para mim — ela tinha um jeito meio adolescente — veio também, sentamos na minha cama.

— O que você tem, Luiza? Você está passando mal na faculdade, em casa... está tendo enjoos..

— Eu não sei o que é isso... — Respondi.

— Luiza... você se envolveu com alguém aqui? — Nanda perguntou.

— Não! Eu nem sequer beijei qualquer homem desde que cheguei aqui. — falei.

— Mas... isso está parecendo... — Sônia disse.

— Eu não sei... ai droga, preciso vomitar!

Corri para o banheiro e vomitei outra vez. Os enjoos estavam estranhos, mas não tem chances de eu estar grávida... ou tem?

Me lembrei da noite da formatura, eu e Gabriel... o jardim do salão... fizemos amor... a lua.. as estrelas... não usamos camisinha.. minha cabeça começou a girar um pouco, Sônia e Nanda vieram até o banheiro, me ajudaram e voltamos para a cama.

Será que eu estou grávida?

— Luiza.. não tem mesmo chances de você estar grávida? — Sônia perguntou.

Sônia já sabia de toda minha história com Gabriel também.

— Eu... eu acho que pode ter uma chance... Aquela noite da formatura... A mesma de quando eu o vi... vocês sabem.. Aquela noite nós havíamos transado e não usamos camisinha... Mas eu tomo pilula... eu achei que... se bem que... não me lembro de ter tomado aquele dia... e no outro foi a viagem... também esqueci... dai teve essa troca de fuso horário...

— Eu acho que você está grávida, Luiza. — Sônia disse aquilo sorrindo, mas para mim foi um choque.

— Mas... mas...

— Um bebê! Vamos ter um bebê! — Nanda disse eufórica.

— Desculpa, Sônia, eu não queria atrapalhar... eu vou embora.

— Que isso Luiza, você vai ter esse filho e vai continuar aqui em casa, por favor né, um bebê aqui é a melhor coisa que podia acontecer!

— Mas e a faculdade..

— Você tem direito a continuar fazendo as aulas, aí quando você achar que não dá mais, você pede licença e fecha a matrícula até o bebê nascer, depois você continua de onde parou.

— Mas será que eles vão aceitar sendo que é bolsa?

— Claro que sim, e se não aceitarem, nós podemos cobrir. — ela disse e eles podiam sim, isso não seria nada na gorda conta deles.

— Eu nem sei como agradecer. — falei emocionada. — Mas será que estou mesmo grávida?

— Mãe, marca a consulta pra hoje a tarde?

— Claro.

Sônia marcou a consulta no seu médico particular, então à tarde fomos ao consultório.

“Você está realmente grávida, parabéns”. Foram as palavras do médico.

Positivo.

Estou grávida de um mês, vou ter um filho, um filho do Gabriel.

Chorei de emoção quando o médico confirmou minha gravidez. Tomei todos os cuidados, mas fiquei com medo de contar aos meus pais. Apesar de eu ser maior de idade já, eu estava com medo da reação deles. Esperei dois meses, já estava a três meses grávida portanto. Liguei e contei para minha mãe. Contei para a Vic também, ela ficou muito feliz e começou a falar do Gabriel.

Vic, eu estou grávida. — falei depois de já termos conversado rapidamente sobre como era Paris.

Você o quê? — ela perguntou incrédula.

— Estou grávida, grávida do Gabriel. — falei me emocionando.

Como assim do Gabriel? Não entendo...

— Estou de três meses já. — expliquei.

Ele vai ficar tão feliz, Luiza! Você não tem ideia de como ele está...

Não! Eu não quero que ele saiba que esse filho é dele! Não quero Vic! — falei rapidamente.

— Mas... mas... por quê?

— Quero que ele me esqueça para sempre! Eu vou esquecê-lo!

— Mas Lu... Ele não...

Vic, por favor, eu confio em você, por favor, eu quero esquecê-lo e se um dia eu voltar ao Brasil... não quero que ele venha me procurar por causa do nosso filho.

— Mas..

— Por favor, se ele perguntar de mim, diga que eu estou grávida, que conheci um cara e estou grávida! Por favor?! — cortei ela outra vez e pedi.

— Luiza...

— Por favor?! Eu confio em você, Vic! Preciso desligar agora...

— Tudo bem, eu digo, se ele perguntar.

— Só mais uma coisa...

— O quê?

— Como ele está? Ele está bem?

— Não né. Ele está arrasado, não sai mais, não faz mais nada direito, só o curso para o vestibular e um emprego aí... Ela fez uma pausa. — Ele não sorri mais.

— Hum.

— Lu, o Gabriel não...

— Vic, preciso desligar. — falei, a ligação já estava ficando muito cara e eu não queria abusar também.

— Tudo bem... tchau, estou com saudades, e me mande uma foto do filho, ou filha quando puder.

— Eu mando, mande beijos a todos. Tchau.

— Mando, se cuida. Tchau amiga.

Desliguei o telefone e fiquei pensando nele, passei a mão na minha barriga que já estava a mostra agora.

— Meu filho, ou filha — sorri para mim mesma — o pedaço do grande amor da minha vida, minha metade, você veio em tão boa hora, eu já não aceitava mais o fato de não ter ele perto de mim, e agora você, meu bebê, veio para me dar esperança. — falei para mim mesma enquanto acariciava a barriga.

Seis meses se passaram.

Meu bebê? Vai ser um menino, já escolhi o nome: “Matheus”, eu e Gabriel sempre comentávamos que esse nome era bonito. Meu Matheus, se você for tão bonito quanto seu pai, eu vou ter muito trabalho. Estava pensando nesses coisas ainda deitada na cama, era setembro, eu estava com uma barriga enorme já, de repente senti a cama molhada, dores fortes vieram, eu gritei.

— Sônia! — Gritei alto, a dor aumentava cada vez mais.

Ela veio correndo e entrou no quarto:

— Luiza, o que foi?

— A bolsa...

— Vai nascer! — ela disse alegre, Nanda e Jean chegaram no quarto.

— Jean, o carro! O bebê vai nascer! — ela disse feliz.

Jean saiu correndo para pegar o carro, Nanda pegou a malinha que eu já tinha preparado para quando essa hora chegasse. Fomos para o hospital.

Uma hora na sala de parto, esse foi o tempo para Matheus nascer. Nanda e Sônia ficaram ao meu lado o tempo todo, Sônia gravou todo o parto, minha cara de dor, meu sorriso, meu esforço. O médico tirou meu filho de dentro de mim. Matheus nasceu. Ele começou a chorar, aquele choro de moleque manhoso. Meu menino estava ali, todo cheio de sangue nos braços do médico, chorando como se precisasse do alento da mãe, minhas lágrimas começaram a cair, meu menino... o fruto de um verdadeiro amor.

O médico enrolou Matheus em uma toalha macia e colocou-o em meus braços, ele estava com os olhinhos fechados e ao mesmo tempo parecia sorrir. Minhas lágrimas ainda caiam.

— Vamos levar ele agora, mas já, já, ele volta para seus braços. — O médico disse em francês, mas eu compreendi bem.

— Obrigada. — respondi também em francês. — Meu menino — olhei para meu filho antes do médico pegar ele. — Eu te amo muito, meu pequeno. Um dia, você vai saber de tudo, você vai saber que sua mãe te ama e que seu pai é o grande amor da vida dela. Um dia quem sabe ele te pegue no colo, te chame de filho, faça você dar risada... um dia... eu te prometo meu filho, um dia você vai conhecer ele, e te peço, não o culpe. Você vai ver que ele é um homem bom e ele vai te amar mais do que qualquer coisa nesse mundo. — Eu chorava, Sônia chorava, Nanda chorava, todos ali na sala ouviam minhas palavras e pareciam entender minha dor.

O médico pegou Matheus e o levou. Algum tempo depois, que para me pareceu uma eternidade, meu filho estava em meus braços. Eu sou mãe. Não sei descrever essa emoção, a emoção de ter seu filho em seus braços, seu menininho, aquela coisa tão pequena, feita de amor.

Saí do hospital só no outro dia, mas saí bem, com meu filho no colo.

O tempo passou, chegou dezembro, hoje faz exatamente um ano que estou em Paris, um ano que deixei o cara que mais amei na vida. Meu Matheus está com três meses já. Faz tanto tempo que não falo com a Vic, decidi mandar a foto que ela pediu do Matheus hoje.

Mandei a foto e escrevi embaixo: “Estou bem, com muitas saudades, de todos. Esse é o Matheus, meu menino. A faculdade está legal, dois anos pela frente ainda... sinto sua falta amiga. Beijos, Luiza.”

Já voltei para a faculdade e estou me dando bem, pinto quadros, tiro fotos, faço desenhos... Já pintei tantos quadros sobre a minha vida, acho que dá uma exposição bem grande já. Era isso que eu planejava, fazer a faculdade, me formar em artes e fotografia e depois abrir uma galeria, só não sabia se essa galeria seria em Paris ou se eu voltaria para o Brasil. A saudade de casa e das pessoas que eu mais amo — incluindo Gabriel — estava de mais.


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