O Segurança do Metrô escrita por 1FutureWriter


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Então minha Purple, está ai como prometido, e eu espero que você goste S2



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Mais uma manhã, mais uma manhã na populosa Chicago.

Levantei com o dia ainda raiando, apesar de odiar acordar cedo. Mas era essa a minha rotina. Ir cedo para o trabalho, e a noite para a faculdade. Apesar de meus pais terem uma condição financeira muito boa, eu prefiro viver do que ganho. Não por orgulho ou vaidade, mas sim por vontade própria. Desde pequena sempre gostei de ter responsabilidades, e quando cresci não foi diferente.

Gosto do meu trabalho, apesar de ser completamente estressante. As pessoas andam de um lado ao outro o dia inteiro, praticamente vivem com telefones pendurados nos ouvidos, e mal param para almoçar. É uma vida corrida, e é muito dinheiro envolvido, entretanto eu gosto de toda essa correria.

Na faculdade não é muito diferente. Lido com cálculos e mais cálculos. Todos os dias, do momento em que chego até o momento em que vou embora.

Não é uma vida fácil, principalmente para quem vive sozinha. Vida amorosa? Esse termo não existe no meu vocabulário faz um bom tempo, e por mais incrível que possa parecer, não é por falta de tempo.

Um cara do meu trabalho já tentou me chamar pra sair algumas vezes, contudo, eu nunca lhe dei muita confiança, quer dizer, o Albert é legal, mas somos somente amigos, e além do mais eu tenho interesse em outro.

Bom, na verdade não é bem interesse, é mais um tipo de atração, porém, ele sequer me nota. Eu o vejo todos os dias, e pra mim essa é a melhor hora do dia, a hora em que estou indo para a faculdade.

Ele está sempre no mesmo lugar, vestido com sua farda de segurança, óculos escuros e semblante sério. Parece um gigante perto de mim que tenho míseros um metro e sessenta.

Olhar pra ele chega a dar calor, mas eu duvido muito que aconteça o mesmo quando ele me olha. É difícil saber, já que ele está sempre imóvel no mesmo lugar.

Hoje, porém, eu não tive sorte de vê-lo. Assim que cheguei na plataforma, o procurei com os olhos, e não o encontrei. Era estranho, pois todos os dias nesse mesmo horário, ele estava ali.

Na verdade muitos seguranças que costumam estar ali, hoje não estavam. Era estranho, porém, acabei não dando importância.

O problema aconteceu quando o metrô chegou. Todos os seguranças que estavam "sumidos" resolveram aparecer de uma só vez.

Eles tomaram conta de toda a estação, em busca de alguma coisa. Na verdade estavam atrás de alguém.

Não deixaram que ninguém entrasse ou saísse do veículo férreo até que fosse todo revistado, e foi justamente nessa hora que tudo aconteceu.

Foi muito rápido. Um homem barbudo, que devia ter pelo menos um metro e oitenta de altura, de aproximadamente uns quarenta anos saiu com uma arma e pegou a primeira pessoa que encontrou de refém: eu.

Os seguranças estavam todos com as armas apontadas para o cidadão, e ao mesmo tempo não podiam fazer muita coisa, já que havia uma apontada para a minha cabeça.

Eu não fazia a menor ideia do porque aquele homem agia daquela maneira, mas a principio ele não parecia querer me machucar. Não sei os motivos que o levaram fazer aquilo, porém isso não me importava, o que me importava era sair dali com vida.

– Você está cercado, abaixe a arma e deixe a moça livre! - disse um deles.

O homem riu e engatilhou a arma. É, talvez eu estivesse bem errada a respeito dele, ele não pouparia a minha vida se a dele dependesse disso. Nesse momento o pânico tomou conta de mim, e quando percebi, estava tremendo de nervoso.

Ouvi um barulho de outra arma ser engatilhada atrás de mim, mas não tinha como eu ver o que acontecia.

– Largue a arma, e deixe a moça ir, ou eu estouro os seus miolos aqui mesmo. - uma outra voz se pronunciou seca.

Aos poucos o homem foi me soltando, e quando dei por mim os dois estavam praticamente se embolando no chão, até que ouvi um disparo.

Os outros correram até ambos, minhas pernas bambearam, e meu coração gelou instantaneamente ao ver a cena. O segurança que havia sido baleado por me defender, era o mesmo que eu via todos os dias.

O homem foi preso em flagrante, e o motivo pelo qual ele agira daquela maneira não foi divulgado, já o outro, o que estava baleado, esperava a ambulância para ir até o hospital.

Enquanto as pessoas começaram a se amontoar em volta para ver o que acontecia, eu tentava a todo custo me aproximar, primeiro para saber como ele estava, e segundo para agradecê-lo.

Mesmo naquele estado, ele não perdia o semblante sério. Permanecia firme, como se nada tivesse acontecido.

A ambulância veio rápido e eu acabei indo junto para o hospital. No caminho depois de receber os primeiros socorros, ele finalmente olhou diretamente pra mim.

Seus olhos eram muito bonitos. Pareciam transmitir qualquer tipo de sentimento que ele quisesse, mesmo que nenhuma palavra fosse dita.

– Qual o seu nome? Ele perguntou por fim, com uma voz falha.

– Beatrice, mas pode me chamar de Tris. – respondi ainda vacilante. Ele pareceu pensar em alguma coisa, pois se calou por alguns minutos, enquanto olhava para o teto da ambulância.

– Sou Tobias, porém, me chamam de Quatro. - disse simplesmente.

– Quatro? - Por que alguém chamaria uma pessoa por um número? Tobias pareceu entender minha confusão e soltou um sorriso singelo. Pude notar o quão forte era a dor que ele provavelmente devia estar sentindo, já que logo depois do sorriso, uma careta surgiu em seu rosto.

– Me chamam de Quatro porque eu fui a quarta pessoa a entrar nessa equipe de seguranças. - ele explicou, mas na verdade eu estava mais focada em seu ferimento. O sangramento ainda não tinha estancado, e Tobias estava perdendo a cor.

[...]

Nenhum dos colegas de trabalho de Tobias pôde acompanhá-lo, então acabei me tornando a responsável por fazer sua ficha. Pensei em procurar o telefone de alguém, já que sua carteira e celular estavam comigo, entretanto o celular estava descarregado e na carteira não havia nenhum número para contato.

Resolvi esperar até saber se ele estava realmente bem, e perdi a noção de quanto tempo fiquei ali. Os minutos pareciam arrastar-se.

Olhava distraidamente para uma das janelas, onde uma forte chuva caía do lado de fora quando o médico apareceu.

Ele procurava por algum acompanhante do rapaz baleado, e logo me levantei da cadeira de espera.

O homem me explicou que foi preciso fazer uma pequena cirurgia para que a bala fosse retirada, mas que Tobias já estava no quarto, e logo poderia receber visitas.

Mais um longo período de espera até que finalmente fui liberada para vê-lo. Eu o vi assim que entrei no quarto. Ele estava dormindo, seu semblante era calmo e tranquilo, completamente diferente de quando está acordado.

Me permiti passar a mão por seus cabelos, contudo, tirei-a rapidamente quando ele se mexeu na cama.

Eu fui a primeira pessoa que ele viu ao acordar. Ficou me encarando por algum tempo, até que viu seus pertences em minhas mãos.

– Isso é meu? - perguntou apenas mostrando educação, já que sabia ser tudo dele.

– Sim, eu acabei vindo junto com você na ambulância e precisei mexer para fazer sua ficha na recepção. - expliquei meio vacilante.

Tobias continuou a me encarar enquanto eu lhe contava tudo.

– Ah, também tentei procurar um número de telefone no seu celular, mas a bateria descarregou. Desculpe.

Ele apenas meneou a cabeça.

– Você não vai falar nada? - perguntei direta.

– Estou com fome, será que posso comer bolo? - foi a única coisa que disse.

Novamente um sorriso singelo surgiu, porém, dessa vez ele não reclamou de dor. Apesar de não poder falar muito devido a cirurgia, passamos praticamente toda a noite juntos até que o sono me alcançou e eu precisei ir embora, com a promessa de voltar no dia seguinte.

No caminho para casa, eu pensava em todas as coisas que conversamos, e o que mais havia me impressionado era o fato de Tobias ter reparado no meu corte de cabelo. Como alguém que nem lhe conhece consegue guardar tantos detalhes seus assim?

[...]

No dia seguinte Tobias me ligou por volta das 11:00 horas da manhã, avisando que receberia alta na parte da tarde. Pediu que eu estivesse presente para ajudá-lo, já que estava debilitado.

Uma alegria tomou conta de mim naquele momento, e logo depois que desliguei o telefone comecei a agilizar meu trabalho para que assim pudesse sair no horário marcado.

Peguei o carro da minha amiga Christina emprestado e fui até o local.

Praticamente perdi o fôlego quando entrei no quarto. Tobias estava sem a camisa, e uma enfermeira velhinha fazia um último curativo em seu abdômen.

Fico imaginando o que as outras enfermeiras, as mais novas, não dariam para estar no lugar da velha senhora, cuidando de um homem daqueles.

Quando me viu, seu semblante sério se suavizou:

– Tris! - ele disse. Parecia radiante em me ver.

– Oi - respondi, acenando com uma das mãos.

– Prontinho querido. - disse a enfermeira. - Já pode aproveitar sua namorada enquanto espera o médico vir fazer uma última avaliação.

Corei no mesmo instante em que ela pronunciou a palavra namorada. Eu era apenas a pessoa que o acompanhou até aqui.

Tobias pareceu achar graça no que a mulher disse, mas não desmentiu, apenas permaneceu calado. A senhora ajudou-o a colocar a camisa e se retirou.

– Fico imaginando se a sua namorada de verdade ouvisse isso. - falei, mas eu queria mesmo era saber se existia de fato uma namorada.

– Pelo visto você quer saber se eu estou solteiro, não é? - perguntou, fazendo meu rosto queimar por completo.

Abri a boca algumas vezes, na esperança de lhe responder, mas as palavras não surgiram em minha garganta.

– Não fique envergonhada, eu iria mesmo perguntar se você está solteira.

– E por que você quer saber? - a curiosidade havia tomado conta de mim por completo.

– Bom, porque eu gostaria muito de lhe chamar pra sair.

– Como é?

– Não se faça de desentendida, eu percebo como me olha lá no metrô.

– Bom, se você percebe é porque também presta atenção no que eu faço. - respondi com os olhos semicerrados.

Tobias se aproximou tanto de mim que eu podia sentir sua respiração. Era calma e tranquila, ao contrário da minha que estava meio ofegante.

– Talvez. - respondeu-me em um tom irônico.

Talvez, como assim talvez? É claro que ele prestava atenção em mim, senão não teria notado muitas coisas.

– Anda, deixa de ser careta e aceita o convite do cara que salvou sua vida.

O famoso sorriso sarcástico que parecia ser sua marca registrada surgiu, porém antes que eu pudesse responder, o médico entrou no quarto para uma última avaliação.

Confesso que fiquei frustrada em ver que ele não precisou tirar novamente a camisa. O médico passou apenas para verificar se Tobias sentia algum tipo de dor. Receitou-lhe alguns remédios e o liberou para ir pra casa.

Com um pouco de dificuldade, veio caminhando até mim, colocou um de seus braços por cima dos meus ombros e pediu que eu o ajudasse.

Quando saímos do quarto, Tobias fez questão de se despedir da enfermeira que o atendeu, e pude perceber claramente os olhares maliciosos das outras. Uma delas ofereceu-lhe até uma cadeira de rodas para que ele não fizesse muito esforço até chegar à saída.

– Muito obrigado, mas não precisa se preocupar, pois como pode ver, estou sendo muito bem cuidado. - ele disse olhando pra mim. A mulher tentou esboçar um sorriso, e sua tentativa foi tão falha quanto a primeira de lhe oferecer ajuda.

Dali seguimos para o carro, e eu lhe deixei em casa.

[...]

Depois daquela tarde, Tobias passou a me ligar todos os dias. Às vezes era somente para desejar que eu tivesse um bom dia de trabalho, mas nunca mais ficamos sem nos falar.

Assim que tirou os pontos ele apareceu na faculdade com um buquê de rosas na mão, esperando que eu aceitasse seu pedido de sairmos. Eu aceitei, é claro, e desde então não mais nos desgrudamos.

Levou mais de um mês para que ele voltasse ao trabalho, voltasse a ser o cara sério que não sorria pra ninguém, voltasse a ser o cara por quem meu coração se derretia toda vez que o via, mas principalmente, voltasse a ser o segurança do metrô.


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Notas finais do capítulo

E ai o que acharam??



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